Bianca Darski

Bianca Darski

(ResarchGate | Conexões Amazônicas | Lattes | Twitter: @BiancaDarski)


Pode nos contar um pouco de como você entrou na vida acadêmica?

Acho que tudo começou pela minha paixão, desde criança, pelos animais. Sempre gostei de assistir documentários sobre natureza e de estar em áreas rurais, como a granja dos meus avós no interior do Rio Grande do Sul. Quando tive que decidir sobre qual carreira seguir, fiquei muito em dúvida entre medicina veterinária e biologia. E se tivesse que escolher hoje, ainda ficaria muito em dúvida! Isso porque sinto que meu propósito de vida é cuidar do meio onde vivemos e buscar soluções para que vivamos em harmonia com tudo e todos que nos rodeiam. Quando entrei na faculdade de biologia, fiquei completamente encantada com a infinidade de formas de vida e de histórias de evolução. Sigo assim diariamente.


Como surgiu o interesse pela ecologia e educação ambiental?

Meu primeiro contato com pesquisa foi em um laboratório de neurociências, mas logo percebi que a ecologia me fascinava. Olhar o todo, entender as relações entre os organismos e o meio onde vivem... sim era isso mesmo que eu queria estudar! Até que conheci o mundo das aves através do olhar sensível do André de Mendonça Lima (in memoriam). Tudo mudou e desde então as aves se tornaram a minha paixão maior. Pelo estudo das aves (ornitologia), percorri diversos caminhos na área de ecologia, zoologia e geografia. E foi na educação ambiental que encontrei uma forma imensamente gratificante de passar o conhecimento que adquiri, de me conectar com diferentes pessoas e seguir aprendendo sempre.



No que você está trabalhando agora?

Estou envolvida em atividades de educação ambiental, mais especificamente com divulgação científica e ciência cidadã. Sou coordenadora da rede de colaboração Conexões Amazônicas, a qual visa a conectar pesquisadores(as) e a comunidade não acadêmica, facilitar o compartilhamento de dados, e criar um espaço de divulgação científica sobre a temática amazônica. Represento, na América do Sul, a Ferox australis, uma organização sem fins lucrativos australiana com foco em atividades de ciência cidadã, como levantamento de espécies (bioblitz) com uso do aplicativo iNaturalist. Também sou colaboradora do projeto de extensão Conhecendo a Fauna Marinha e Costeira do Litoral Norte do Rio Grande do Sul (RS), uma iniciativa que tem por objetivo produzir materiais educativos sobre fauna marinha e costeira do RS. E recentemente entrei para a equipe da rede Ciência Cidadã para a Amazônia, que conta com mais de 20 organizações da Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Estados Unidos, França e Peru, as quais trabalham com o objetivo de conectar pessoas e organizações, empoderar cidadãs e cidadãos e gerar conhecimento sobre os ecossistemas aquáticos e peixes na Bacia Amazônica.



O que você gostaria que todos soubessem?

Gostaria que cada pessoa refletisse sobre o fato de que um ser humano é um indivíduo da espécie Homo sapiens, que compõe uma população, uma comunidade, e que está integrado com o meio onde vive. Nossas ações têm impacto de curto e longo prazo. Somos parte dos problemas ambientais que estamos enfrentando, mas também podemos ser parte da solução. Procure saber como e você vai encontrar muita gente disposta a ser parte da solução para que vivamos em harmonia com o todo. Somos parte da natureza. E isso é magnífico!



Como seria um dia perfeito para você?

Acordar antes dos passarinhos, afofar um cão e/ou um gato e sair para ver o sol nascer e observar a natureza ao meu redor. Fotografar aves e o que mais despertar a minha curiosidade e encantamento. Voltar para casa, afofar (de novo) um cão e/ou um gato, meditar e ler um livro. Por fim, abrir as notícias e descobrir que todas as pessoas estão vacinadas contra a covid-19 e que, finalmente, a humanidade está engajada na missão urgente de cuidar do nosso planeta, nosso ar, nossos rios, campos, florestas, cidades, enfim, cuidar da nossa casa.