Naraiana Benone

Naraiana Benone

ResearchGate


  • Pode nos contar um pouco de como você entrou na vida acadêmica?

Desde criança, sempre me interessei por ciência e natureza. Adorava assistir programas e ler livros com esses temas, apesar de ter medo de insetos na época! Felizmente, esse medo foi mais do que superado e é em meio à natureza que consigo relaxar. No Ensino Médio, eu já tinha certeza que queria ser pesquisadora, só não sabia pra qual área seguir. Mas tive um excelente professor de biologia que me inspirou muito a seguir na área. Apesar das inúmeras dificuldades de ser pesquisadora no Brasil, não me arrependo e amo muito o que faço.


  • Como surgiu o interesse por ecologia de peixes de igarapés?

Durante a graduação, minha pesquisa era voltada para a sistemática e taxonomia de formigas. Apesar de ser uma área desafiadora e interessante, eu queria entender melhor porque os organismos estão aonde estão e como estão associados ao ambiente em que vivem. Por que algumas espécies são mais comuns do que outras? Por que a composição de espécies varia entre os locais? Daí percebi que queria ser ecóloga. Meu interesse pelos igarapés surgiu por eu perceber que a maior parte dos trabalhos de ecologia que eu lia serem voltados para os ecossistemas terrestres. A Amazônia abriga a maior bacia hidrográfica do mundo, mas seus rios são bem menos estudados. Os igarapés, então, nem se fala! Seus pequenos peixes são muito diversificados e parte importante da cadeia alimentar. O estudo desses peixes pode nos dar pistas interessantes acerca da diversidade aquática e do que a afeta.


  • No que você está trabalhando agora?

No momento, estou pesquisando como alterações na paisagem (agricultura, pecuária, desmatamento, etc.), a dispersão e a perda de hábitat afetam a diversidade de peixes. Paralelamente, também desenvolvo pesquisas sobre a história natural dos peixes de igarapés. Onde vivem? Onde dormem? O que comem? Quando eu puder voltar ao laboratório, quero iniciar estudos experimentais!


  • O que você gostaria que todos soubessem?

Todos sabem que o Brasil tem uma natureza riquíssima, mas ela é finita. A destruição dos ecossistemas naturais possui pontos de não-retorno, e todos sofreremos as consequências disso. Ao invés de julgar o coleguinha que tá usando um canudinho de plástico, temos que pressionar por um modelo diferente de desenvolvimento econômico e pelo investimento em órgãos ambientais de fiscalização. Além disso, temos que apoiar os cientistas brasileiros, pois desenvolvemos trabalhos de qualidade e não temos nada a dever aos nossos colegas estrangeiros.


  • Como seria um dia perfeito para você?

Qualquer dia sem esse governo atual já é bem melhor, ahahahaha! Agora, em uma escala pessoal, um dia perfeito é um dia tranquilo no meio do mato, ouvindo somente os barulhos da natureza.