Luciana Frazão

Luciana Frazão

(Instagram: @luca.frazão, @olha_a_cobra e @pontocomciencia | Twitter: @lucafrazao | Lattes)



  • Pode nos contar um pouco de como você entrou na vida acadêmica?

Me interessei pela vida acadêmica desde muito cedo. Lembro que ainda criança, assistia várias documentários sobre vida animal e decidi que queria ser cientista que estudava bicho. Foi só na adolescência que descobri que a profissão que eu tinha em mente era a de Biólogo. A partir daí foi um caminho sem volta. Entrei na Universidade Federal do Amazonas em 2005, onde cursei Ciências Biológicas e desde do início me interessei pela Herpetofauna, que tem sido minha paixão desde então. Em 2010 iniciei meu Mestrado em Zoologia, no Museu Paraense Emílio Goeldi, onde pesquisei o cuidado parental e dieta de um sapinho ponta-de-flecha. Foram anos incríveis morando em Belém e fazendo campos em Juruti. Após o mestrado, voltei para Manaus e passei trabalhei por 3 anos em um grande projeto de pesquisa chamado Sisbiota BIOPHAM. O objetivo desse projeto era fazer um super levantamento de espécies de vertebrados em diferentes áreas remotas da Amazônia. Fui como parte da equipe de herpetofauna, responsável pelo levantamento de serpentes. Foi uma das melhores experiências da minha vida profissional. Esse trabalho acabou se tornando meu projeto de doutorado, que iniciei em 2015, onde investiguei assembleias de serpentes e como elas estão estruturadas na Amazônia.



  • Como surgiu o interesse por herpetologia?

O meu interesse pela Herpetologia começou na época em que assistia os documentários sobre vida selvagem da TV. E me lembro exatamente que assistia um episódio sobre a África e as imagens focaram nos crocodilos-do-Nilo. Lembro de ficar deslumbrada com o tamanho e imponência desses animais e como eles tinham essa aparência de "dinossauros". Na graduação, resolvi procurar um PIBIC para trabalhar com jacarés (já que não temos crocodilos-do-Nilo no Amazonas), uma pena que não muito certo. Nessa época eu já lia muito sobre os diferentes grupos da herpetofauna e tinha certeza que queria trabalhar com o grupo. Sempre foi motivo de orgulho pra mim enxergar beleza nesses animais tão incompreendidos. Nesse período, as cobras passaram a chamar cada vez mais minha atenção! Comecei a participar de um projeto na própria UFAM, com levantamento da herpetofauna associada a igarapés e meu interesse por outros grupos da herpeto foi aumentando. Queria entrar no mestrado com um projeto com serpentes, mas meu orientador me convenceu a trabalhar com os sapinhos por uma questão que mais tarde eu passei a entender como era importante para fazer uma boa pesquisa: recurso financeiro! Essas experiências trabalhando com diversos grupos da herpeto foram muito positivas, pois hoje consigo desenvolver projetos com as diferentes espécies do grupo.


  • No que você está trabalhando agora?


Atualmente trabalho junto ao CEPAM (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Amazônica), onde atua no suporte das atividades do Plano de Ação Nacional para a Conservação das Espécies Ameaçadas de Extinção (PAN), especificamente o PAN Peixes Amazônicos, que contempla espécies de peixes, arraias e um lagarto endêmico do Pará, o Gonatodes tapajonicus. Além disso, atuo como divulgadora científica e consultora acadêmica e ambiental.


  • O que você gostaria que todos soubessem?

Além de pesquisadora em si, atuo como divulgadora científica. Acho extremamente importante que os pesquisadores passam a se comunicar de forma mais eficiente com a comunidade em geral, divulgando de forma acessível seus resultados e a importância das pesquisa científica. Em tempos de descrença na ciência, como o que estamos vivendo agora, é ainda mais urgente termos o apoio da sociedade para que possamos dar continuidade em projetos científicos. E esse apoio só será possível se criarmos essa conexão com as pessoas de fora da academia.


  • Como seria um dia perfeito para você?

Acordar em meio a natureza, de preferência em algum lugar que nunca estive antes, preparar uma xícara de café e contemplar a natureza ao meu redor. Uma rede cairia bem nesse momento.