Letícia Marinho

Letícia Marinho

(Lattes)


  • Pode nos contar um pouco de como você entrou na vida acadêmica?

Em 2012, quando fui prestar vestibular, eu tinha certeza que iria fazer engenharia ambiental. Desde sempre eu quis trabalhar com meio ambiente, estudei com esse objetivo para o ENEM, mas na época a UERJ não tinha eng. ambiental e também tinha seu vestibular próprio. Então pesquisando os cursos de lá nessa área de meio ambiente eu conheci a oceanografia. É quase que automático ouvir a pergunta "Oceano o quê?" depois que eu respondia o que estudava pra alguém. Era um curso não muito conhecido, eu mesma só conheci na hora de escolher. Mas eu pesquisei muito e me apaixonei completamente. Muitos não sabem, mas é um curso de exatas. Então só amar o mar e gostar de ir a praia não basta. Tem muita física e matemática, mas também tem a parte boa, a biológica hahaha. No 4º período eu fui em busca de estágio e foi quando eu conheci a ecologia de bentos. Foi onde eu me encontrei, eu trabalhava com tudo que gostava, que era entender como os organismos respondiam ao ambiente. Fiz minha primeira iniciação científica lá e não saí mais da academia. Decidi fazer o mestrado em Ecologia na UFRJ e vem sendo um grande desafio pra mim. Ter aulas e ouvir experiências de pessoas que não são necessariamente da minha área (a maioria são biólogos) abre meus horizontes e era isso mesmo que eu buscava, sair da zona de conforto.


  • Como surgiu o interesse por ecologia bentônica?

Na época que eu estava procurando meu primeiro estágio eu vi um anúncio procurando estagiários no Projeto Costão, do laboratório de Oceanografia Biológica. Logo de cara eles me convidaram para participar de um campo e experimentar, ver se era aquilo mesmo que eu queria. A gente trabalhava monitorando a comunidade bentônica de costões rochosos em Angra e Ilha Grande, então foi muito fácil amar o campo hahahaha lugares lindos! Trabalhava triando as amostras, os campos eram bem legais, aprendi muito lá. Depois de um tempo comecei a focar mais na parte de macrofauna bentônica de praias, que também fazia parte do monitoramento, e gostei também. Poder trabalhar com "conchinhas", que me fascinavam quando criança, era e ainda é um privilégio enorme.


  • No que você está trabalhando agora?

Hoje na minha dissertação eu consegui incluir um desejo que tenho desde a graduação, que era trabalhar com poluição marinha. Mais especificamente com esgoto. Então eu uso a macrofauna bentônica da Baía de Guanabara como bioindicador de contaminação por óleo e esgoto. Vou comparar dados bióticos e de concentração de contaminantes no sedimento de 14 anos atrás com os atuais; e a partir de um índice ecológico, baseado na estruturação da comunidade bentônica, verificar se a qualidade ambiental da BG se alterou ou não nesse intervalo. Apesar de fazer parte do Laboratório de Polychaeta, eu trabalho com moluscos e crustáceos também, que são os que aparecem nas minhas amostras.


  • O que você gostaria que todos soubessem?

Que tudo que a gente joga no mar de alguma forma volta pra nós, até pior do que foi. Que é mais rentável ter a natureza preservada do que destruída. Que com informação a gente vai longe, é uma coisa que não podem tirar de nós. Que a Baía de Guanabara apesar de tudo está vivíssima e devemos sim preservá-la. Ah, e que há vida entre os grãos de areia também!


  • Como seria um dia perfeito para você?

Um dia perfeito pra mim seria com minha família e amigos conversando o dia todo, rindo bastante, independente do lugar, sem nada pra fazer no dia seguinte. Ou então sozinha fazendo meus trabalhos manuais, o que me relaxa muito hahaha