Iara Ramos

Iara Ramos

Facebook - Lattes

  • Pode nos contar um pouco de como você entrou na vida acadêmica?

Eu sempre quis produzir conhecimento , quando criança colecionava revistas "Ciência hoje" e também revistas sobre insetos, dinossauros rsrs...eu lia sobre ciência e nem sabia ainda. E quando entrei na faculdade de biologia, eu já entrei para bacharelado. Minha única certeza era que queria fazer pesquisa e não ser professora como minha mãe (rsrs), mal sabia eu que a docência me levaria a caminhos incríveis no futuro e que até faria a complementação de licenciatura. Mas enfim, acho que eu sempre soube que queria produzir conhecimento, foi algo natural. E vale dizer que tenho uma família que me sempre me incentivou e me apoiou na vida acadêmica, isso na academia é algo que torna o caminho um pouco menos difícil.


  • Como surgiu o interesse por coexistência humano-fauna?

Essa pergunta me faz recordar momentos de desencontros dentro da vida acadêmica, foram nos desencontros que me encontrei.

Tudo começou quando eu fui ao congresso de Herpetologia e assisti uma palestra sobre o uso e consumo de quelônios no Pará. Esse tema acendeu uma lâmpada para minha pergunta acadêmica que mais soava na minha mente nos primeiros semestres de graduação em biologia, cadê o homem como agente ecológico no ecossistema?

Bom, foi então que conheci a Etnobiologia e trabalhei nesta linha por um tempo e no meio disso conheci a licenciatura. Mas ainda não estava feliz, pra mim faltava aplicação, faltava resolução para os problemas em conservação que encontrava. Foi então que conheci a linha de Dimensões humanas da vida silvestre, e o que me levou a Coexistência humano-fauna, aí me encontrei e entendi: para fazer manejo e conservação, é preciso fazer pesquisa com as pessoas e mudar comportamentos. E aí, pronto. Foram minhas aspirações que me conduziram.

  • No que você está trabalhando agora?

Atualmente faço doutorado no PPG em Ecologia pela Ufpa e me dedico à pesquisa para Coexistência humano- felinos no Sudeste do Pará. Mas o que seria isso? Faço pesquisa social e ecológica para entender o que leva as pessoas a gerarem impactos negativos à fauna (no caso felinos) e o que a fauna pode gerar de impacto negativo às pessoas. Entendendo isso, podemos trabalhar para mudança de comportamento, para Coexistência entre humanos e fauna. O trabalho faz parte de um Plano de Coexistência, que será construído em conjunto com atores sociais da região. O objetivo é encontrar formas de minimizar possíveis impactos negativos da fauna às pessoas e aos sistemas produtivos e também reduzir os impactos negativos sobre a fauna, ou seja, conservação das espécies alvo e das demais, já que felinos são considerados espécies guarda-chuvas.

  • O que você gostaria que todos soubessem?

Acredito ser interessante, que possamos ampliar nossa visão científica e olhar para os fenômenos ecológicos, no caso da ecologia, como um processo dependente de outros campos, como economia e política. Ampliar a nossa visão é muito importante para gerarmos cada vez mais respostas que podem nos dar indicativos de como direcionar tomadas de decisão e trabalhar para mudanças sociais que possam contribuir para a conservação da biodiversidade. No livro Municípios verdes produzido pelo Imazon cita que podemos encontrar na questão ambiental uma nova forma de produção, e eu acredito nisso, podemos equilibrar os sistemas produtivos à conservação da natureza através da Coexistência humano-fauna.

  • Como seria um dia perfeito para você?

Antes, no início da minha vida profissional, eu imaginava que perfeição era estar tudo certo e lindo, tirar nota 10. Mas hoje, penso que perfeição na prática não existe e pode ser algo frustrante (rsrsrsrs). Acho que meu desejo mesmo é sempre ter coragem, alegria e amor pela vida e pelo trabalho que me proponho a realizar. Então posso dizer que “os meus dias perfeitos” são os dias em que minha coragem, alegria e amor estão em alta conta. (kkk)