Helena Alves-Pinto

Helena Alves-Pinto

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  • Como você entrou na vida acadêmica?

Eu entrei na Biologia no Instituto de Ciências Biológicas da USP em 2005, e em 2007 já comecei a frequentar o laboratório de Herpetologia. Desde o começo acompanhei e ajudei alunos de doutorado e pós doutorado do laboratório, e passei a me interessar pela parte de comportamento e história natural de anfíbios. Gostei tanto que escolhi fazer minha iniciação científica neste tema. Foi um processo muito importante e muito bacana para entender como a ciência é feita, e para aprender a fazer trabalho de campo, escrever uma monografia, e posteriormente publicar um artigo. Depois disso acabei fazendo mestrado e doutorado, mas mudei muito o tema e o foco da minha pesquisa.


  • Como surgiu seu interesse por ecologia aplicada e conservação?

Depois de terminar minha graduação e de ter feito minha iniciação científica com a história natural de uma espécie de anfíbio, percebi que amava os sapos, mas que algo ainda estava faltando... Entre este período e o começo do mestrado, passei a me interessar também por temas sociais e econômicos, além daqueles ecológicos, e a perceber que essas três esferas precisam, em muitos momentos, ser discutidas conjuntamente. Isso principalmente quando queremos estudar ou discutir políticas ambientais, ou mesmo dialogar com tomadores de decisão. Essa transdisciplinaridade despertou cada vez mais meu interesse, e passei a entrar cada vez mais no mundo da conservação e da ecologia política. Hoje minha pesquisa é muito focada em temas interdisciplinares, que relacionam conservação, segurança alimentar, justiça social, restauração, desenvolvimento de políticas nacionais e pactos internacionais.


  • No que você está trabalhando agora?

Em março deste ano (2020) finalizei meu doutorado no PPGE/UFRJ. Estudei o papel de algumas áreas que não são enquadradas como Unidades de Conservação em conservar a biodiversidade. Isso porque, de acordo com a Convenção sobre Diversidade Biológica, essas áreas podem vir a ser categorizadas como “outras medidas efetivas de conservação baseadas em área”, e tais áreas podem ser contabilizadas para as metas globais de conservação da biodiversidade para 2030. A questão é que ninguém sabe muito bem se essas áreas realmente são efetivas no que se refere à conservação da biodiversidade. E essa foi a principal pergunta do meu doutorado.

Além do doutorado, eu também trabalho como gerente de projetos no Instituto Internacional para Sustentabilidade. Atuo no desenvolvimento e execução de projetos e pesquisa na área ambiental, que tem o foco em otimizar o uso da terra para conciliar a conservação da biodiversidade, a restauração ecológica e outros usos como desenvolvimento de agricultura sustentável.


  • O que você gostaria que todos soubessem?

Gostaria que todos soubessem sobre a importância da ciência para nossa sociedade. Parece besteira falar isso, mas atualmente precisamos gritar aos quatro cantos para sermos ouvidos. E nem sempre somos... Gostaria também que todos soubessem que fazer ciência é um processo difícil, solitário e frustrante muitas vezes, se você foca apenas nos detalhes. E que é muito importante que sempre se tenha e mente o porquê de estarmos fazendo o que estamos fazendo. Se conseguirmos ter este foco, todo o trabalho é muito gratificante.


  • Como seria um dia perfeito para você?

Um dia perfeito durante a pandemia seria aquele em que as reuniões se restringem a, no máximo, uma hora, e em que consigo parar para tomar café no sol enquanto olho as plantas crescerem. Fora da pandemia... talvez aquele em que se pode passar um dia na natureza. Mas o dia perfeito mesmo será quando o atual sinistro do meio ambiente cair...

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