Beatriz Carneiro

Beatriz Carneiro

(Lattes - Linkedin)


  • Pode nos contar um pouco de como você entrou na vida acadêmica?

Uma das coisas que queria quando criança era ser cientista, achava que lidaria com vários tubos de ensaio coloridos vestida de jaleco (e não é que lidei mesmo?). Em 2014, recém aprovada em Biologia, fiz a prova para participar do programa CAPES Jovens Talentos. Passei nessa seleção, e desde os primeiros períodos da graduação comecei a minha vida acadêmica em um dos laboratórios que me convidaram para a Iniciação Científica. Comecei pesquisando em Biologia Marinha, buscando sobre a simbiose entre corais endêmicos de Abrolhos e suas espécies de zooxantela. Agradeço muito pela oportunidade que tive pela CAPES e pelo Laboratório de Fitoplâncton Marinho da UFRJ, pois cultivei o carinho pela pesquisa e pude compreender melhor sobre o papel da academia. Hoje curso o mestrado, já em outro tema e laboratório, mas com a mesma vontade de fazer ciência!

  • Como surgiu o interesse por Sustentabilidade?

Durante a graduação cursei algumas disciplinas sobre conservação da natureza e sobre interface ciência-política. A trama dos bastidores dos grandes acordos internacionais sobre biodiversidade e clima sempre me interessou, e os painéis científicos evidenciavam a possibilidade de atuar nesse campo enquanto cientista. Após a minha graduação, passei um ano atuando na Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, e pude experimentar na prática com diversos temas interdisciplinares que me inspiraram a criar o meu projeto de mestrado.

  • No que você está trabalhando agora?

Atualmente curso o mestrado em Ecologia, e para a minha dissertação trabalho com transições sistêmicas em direção à sustentabilidade. Entre as análises do meu projeto estão os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas e também as propostas alternativas contidas em filosofias ancestrais e/ou conceitos vindos do pós-desenvolvimento.

  • O que você gostaria que todos soubessem?

Eu gostaria que todos pudessem enxergar a vida sob um olhar sistêmico. Existem diversas perspectivas sobre o futuro que queremos alcançar como sociedade global, e todas elas têm sua validade, mas se não considerarmos as outras muitas formas de vida com as quais dividimos a nossa existência – para além da espécie humana, esse futuro será cada vez menos sustentável. Apesar de a pandemia evidenciar que precisamos e dependemos uns dos outros, o respeito ao nosso planeta e à vida que ele contém ainda é secundário. Em um sistema, todas as partes que o compõem interagem entre si, podendo gerar resultados em escalas imprevistas. Se fortalecermos as interações negativas mais e mais, podemos acabar convivendo com resultados catastróficos.

  • Como seria um dia perfeito para você?

Eu definitivamente teria o dia planejado do início ao fim – sou daquelas cuja agenda está sim em uso em 2020, muito obrigada. Seria um dia tão cheio que eu teria que anotar “parar para respirar” em algum canto do meu planejamento. Eu estaria organizando e participando de um congresso ou de um ciclo de palestras, porque eu sou apaixonada pelos bastidores de qualquer evento científico. Eu também definitivamente teria que me comunicar em vários idiomas - por algum motivo eu sempre gostei dessa parte. Depois de passar algumas horas envolvida em debates sobre algum tema interessante, eu tiraria tempo para fazer as atividades da minha pesquisa – seja no laboratório ou de casa, escreveria um pouco e organizaria os dados das minhas planilhas. Leria artigos científicos ou um capítulo de livro sobre filosofias ancestrais e “alternativas sistêmicas” no transporte entre um compromisso e outro. Para relaxar seria igualmente provável que eu ainda estivesse em uma aula de teatro, costura, acrobacia, aquarela botânica, yoga, ou confeitaria. No fim do dia faria exercícios físicos para não surtar demais e assistiria uns episódios (ou uma temporada) da mais nova série boba que as plataformas digitais me fornecessem. Depois de um merecido banho, marcaria todas as tarefas cumpridas e planejaria o dia seguinte, igualmente lotado.