A arte proposta para o Encontro Nacional de Geógrafos de 2020 de acordo com o tema proposto, foi logo ao centro, em destaque como símbolo de luta, os punhos cerrados para que assim possa ser construída uma AGB combativa e que a Geografia resista nesse contexto político e histórico em que vivemos.

No centro desse punho, em cor vermelha, está o continente latino-americano invertido, fazendo alusão a “América Invertida” de Joaquín Torres García, em que ele destaca a necessidade de autonomia e protagonismo da América Latina, e que eu acredito que deva ser uma importante direção para a Geografia.

Além disso a América Latina invertida está colorida de vermelho em alusão ao livro “Veias abertas da América Latina” do escritor uruguaio Eduardo Galeano, inspirada no monumento que faz alusão a obra no Memorial da América Latina, em São Paulo e que muito diz sobre a história de formação desses territórios, suas lutas e resistências.

Por fim, temos uma favela em um morro, ao fundo, muito característica da periferia brasileira, com uma bandeira do Brasil, muito comum de ser encontrada em alguns momentos esportivos ou políticos no Brasil e que fazem parte da construção desses lugares.

Como plano de fundo, a proposta de arte para o XX Encontro Nacional de Geógrafos - ENG 2020, visa trabalhar o tema “Brasil-Periferia” em duas dimensões: i) a sua condição periférica do Brasil na sua relação com o mundo, e ii) a relação centro x periferia existente dentro de nossas fronteiras. Para tal, optou-se por trabalhar uma imagem do planeta Terra a noite. Nessa imagem o planeta é apresentado de forma invertida (em relação aos padrões cartográficos hegemônicos).

Para as relações de centralidades e periferias ficarem mais evidentes, as fronteiras foram “apagadas” e o Brasil foi colocado em uma posição central, reforçando que o tema “Brasil-Periferia” evidencia uma condição do Brasil em relação ao capitalismo mundial e não a sua localização no globo terrestre. Por fim, essa imagem de fundo também possibilita “enxergar” alguns reflexos das intervenções no espaço geográfico produzidos pelo capitalismo, visíveis principalmente pelos pontos luminosos (e pela ausência deles).

Para dialogar com a questão das perspectivas periféricas, buscou-se trabalhar com elementos gráficos que de alguma forma emulem os grafites presentes nas periferias das cidades, grafites esses que podem ser interpretados enquanto formas de intervenção e resistência contra hegemônica no espaço geográfico. Outro elemento importante na composição da proposta de arte é a silhueta que representa uma cidade e suas periferias. Ao fundo dessa silhueta pode ser percebia uma luz que ilumina as contradições presente na imagem de fundo, que nesta perspectiva aparecem enquanto estrelas/constelações uma noite sem nuvens.

Por fim, na parte inferior apresentamos a entidade realizadora do encontro, um espaço para colocar os apoios e uma proposta de logo. A logo pode ser utilizada em conjunto com o cartaz ou isolada e faz uma dupla referência ao Encontro Nacional dos Geógrafos, que completa a sua 20ª edição no ano de 2020.