O Projeto de Pesquisa

1. TÍTULO: Padrões de envelhecimento físico cognitivo e psicossocial em idosos longevos que vivem em diferentes contextos

(Título em inglês: Patterns of cognitive and psychosocial physical aging in long-lived elderly people living in different contexts).

2. RESUMO

Pesquisa descritiva, comparativa e de corte transversal envolvendo idosos com 80 anos e mais, recrutados na em ambulatórios de Geriatria e Medicina Interna, com o objetivo de identificar relações entre variáveis de risco de natureza demográfica e socioeconômica, eventos estressantes vividos na infância e na velhice, indicadores de reserva cognitiva, saúde física, recursos sociais e elementos de resiliência psicológica. Serão realizadas medidas de autorrelato, genéticas, bioquímicas, clínicas e de desempenho, por pessoal treinado. Os dados serão submetidos a análises estatísticas descritivas univariadas e bivariadas. Análises de equação estrutural de natureza multigrupos e multiníveis deverão esclarecer as complexas relações entre as variáveis de risco e as de desfecho (saúde física), mediadas por elementos de resiliência psicológica e por recursos sociais.

(ABSTRACT):

Descriptive, comparative and cross-sectional survey of seniors aged 80 and over, recruited from the outpatient clinics of Geriatrics and Internal Medicine, in order to identify relationships between risk variables of demographic and socioeconomic nature, stressful events experienced in childhood and old age of cognitive reserve indicators, physical health, social resources and psychological resilience elements. Will be held self-report measures, genetic, biochemical, and clinical performance by trained personnel. The data will be submitted to analysis univariate and bivariate descriptive statistics. structural equation analysis multigrupos and multilevel nature should clarify the complex relationships between risk variables and the outcome (physical health), mediated by psychological resilience elements and social resources.

3. EQUIPE INICIAL

Instituição Coordenadora: Universidade Estadual de Campinas - Programa de Pós-Graduação em Gerontologia (M/D) – Conceito Capes 5 (triênio 2010-2012)

Anita Liberalesso Neri (Coordenadora Geral) - http://lattes.cnpq.br/2210236741252357

André Fattori – http://lattes.cnpq.br/6208239870275573

Arlete Maria Valente Coimbra - http://lattes.cnpq.br/1651981254515593

Claudia Regina Cavaglieri – http://lattes.cnpq.br/9330989884789830

Ibsen Bellini Coimbra - http://lattes.cnpq.br/5040661934921613

Mara Patrícia Traina Chacon-Mikahil – http://lattes.cnpq.br/8879367891903864

Maria Elena Guariento – http://lattes.cnpq.br/7077811420624674

Meire Cachioni – http://lattes.cnpq.br/0974903520016451

Monica Rodrigues Perracini - http://lattes.cnpq.br/4446947795854189

Monica Sanches Yassuda – http://lattes.cnpq.br/0754786947169577

Samila Sathler Tavares Batistoni – http://lattes.cnpq.br/2437215209653597

Instituição Associada 1: Universidade Católica de Brasília - Programa de Pós-Graduação em Gerontologia (M) – Conceito CAPES 4 (2010-2012)

Vicente Paulo Alves (Coordenador Associado) http://lattes.cnpq.br/3894563475713933

Clayton Franco Moraes - http://lattes.cnpq.br/5104351623347400

Gislane Ferreira de Melo - http://lattes.cnpq.br/5065099645935473

Gustavo de Azevedo Carvalho - http://lattes.cnpq.br/7711160989704684

Karla Helena Coelho Vilaça - http://lattes.cnpq.br/0325284170759081

Lucy Gomes Vianna - http://lattes.cnpq.br/0207513465017700

Maria Liz Cunha de Oliveira - http://lattes.cnpq.br/8444432728032111

Instituição Associada 2: Universidade de Passo Fundo - Programa de Pós-Graduação em Ciências do Envelhecimento (M) – Conceito Capes – 3 (2010-2012)

Marilene Rodrigues Portella (Coordenadora Associada 2) - http://lattes.cnpq.br/5139810903269611

Ana Carolina Bertoletti De Marchi http://lattes.cnpq.br/4180557886735944

Cleide Fátima Moretto http://lattes.cnpq.br/4538022841136072

Helenice de Moura Scortegagna http://lattes.cnpq.br/5787171593059168

Marlene Doring http://lattes.cnpq.br/3664988846557298

Silvana Alba Scortegagna http://lattes.cnpq.br/9463987594630746

Ana Maria Beloni Migott http://lattes.cnpq.br/5033828635746543

4. DELIMITAÇÃO DO TEMA

Os mecanismos fisiológicos característicos do envelhecimento normal impõem a todos os seres humanos um padrão de declínio físico e cognitivo compatível com diminuição das reservas de energia, desregulação neuroendócrina, declínio da função imune, redução da resistência aos estressores e perdas em velocidade psicomotora e cognitiva (Fried et al, 2001). Os padrões típicos da senescência, ou velhice normal, interagem com aqueles que são característicos do envelhecimento dos indivíduos, dos grupos de idade e das populações, em diferentes contextos nacionais e temporais. Os estilos de vida adotados ou impostos pelas circunstâncias e os efeitos acumulativos da exposição a riscos socioeconômicos e biológicos ao longo da existência desempenham papel importante na determinação das formas de envelhecer (Bilotta et al, 2010; Robert et al, 2009; Rodrigues & Neri, 2012; Szanton et al, 2010).

Da interação entre variáveis genético-biológicas, socioculturais e psicológicas ao longo da vida e na velhice resultam diferentes potenciais para ter boa saúde e boa funcionalidade física e mental, para a continuidade do desenvolvimento em domínios selecionados, para a autonomia e para o controle sobre o ambiente entre os idosos. Como resultado, de um lado podem ser observados idosos com ótima qualidade de vida traduzidas em poucas doenças, bom nível de autocuidado, funcionalidade física e mental preservadas, altos níveis de atividade, controle e participação, avaliação positiva da própria saúde e alto nível de satisfação com a vida (Smith & Baltes, 2006/2003; Borim, Barros & Neri, 2012). Do lado oposto, predominam idosos com inatividade, incapacidades, fadiga, anorexia, sarcopenia, comorbidades, dor crônica, sintomas depressivos, autocuidado deficiente, baixo nível de participação e baixo nível de satisfação com a vida. Estas condições caracterizam má qualidade de vida na velhice, associam-se com fragilidade biológica (Cesari, 2011) e frequentemente estão associados com exposição a estresse crônico ao longo da vida (Juster et al, 2011), pobreza, baixa escolaridade, acesso deficitário aos serviços de saúde, ser do sexo feminino, idade avançada e residência permanente em instituição (Neri et al, 2013).

Entre os extremos, que abrigam duas minorias, existe uma ampla maioria de idosos que exibem condições de qualidade de vida extremamente diversificadas, expressas em diferentes combinações de condições de fragilidade, saúde, funcionalidade, atividade, participação e satisfação (deVries et al, 2011; Gill et al, 2010). A mais vistosa dessas condições é, sem dúvida, a que combina graus moderados de fragilidade biológica, doenças crônicas e perdas em capacidade funcional com atividade, participação e satisfação. Em busca de explicação para esse paradoxo, a Psicologia e a Gerontologia investem na ideia de que recursos psicológicos (entre eles a cognição, as atitudes e a regulação emocional) e recursos sociais (entre eles as redes de relações e os suportes por elas oferecidos) podem colaborar para ativar as reservas de capacidade e a plasticidade, para otimizar a adaptação e para enfraquecer o impacto ou compensar os efeitos deletérios e acumulados de variáveis adversas de natureza biológica, socioeconômica e cultural (Beutel et al, 2010; Charles & Carstensen, 2010; Carstensen et al, 2011; George, 2010; Pruchno et al, 2010).

O paradigma de velhice bem-sucedida proposto por Baltes & Baltes (1990) baseia-se no metamodelo de seleção, otimização e compensação. Para os autores, envelhecer bem não significa ausência de doenças, mas ter boa capacidade de adaptação na presença dos recursos biológicos, psicológicos e sociais disponíveis para cada um. Consideram que, embora o envelhecimento acarrete perdas e limitações em um ou mais domínios do funcionamento, envelhecer bem depende da capacidade de selecionar e otimizar as funções remanescentes e as capacidades de reserva para compensar o que foi perdido. Os mecanismos de seleção, otimização e compensação dos recursos psicológicos, físicos, sociais e ecológicos podem ser operados pelo indivíduo ou pela sociedade.

Os mecanismos de seleção, otimização e compensação são instâncias de resiliência, definida como a capacidade de recuperação dos níveis de desenvolvimento e funcionamento normal, depois de exposição a riscos, o que significa que o conceito tem como elementos centrais a exposição a riscos e a adversidades e a adaptação bem sucedida a essas ameaças, graças à interveniência de processos de regulação cognitivo-emocional e de enfrentamento de estresse; à espiritualidade e à religiosidade; a crenças de autoeficácia e bem-estar subjetivo, aos quais se somam saúde preservada, atividade, idade inferior a 75 anos e envolvimento social (Hildon et al, 2010; Neri, 2007; Neri, 2011; Smith & Hayslip Jr., 2012;).

Um quarto dos idosos que apresentam sinais de fragilidade (por exemplo, fadiga, inatividade, perda de peso, problemas de mobilidade e perda de força) não apresentam comorbidades ou incapacidades graves que os torne dependentes de outrem (De Lepereire et al., 2009). Boa parte dos idosos com sinais de fragilidade continuam ativos e participativos nas respectivas comunidades e satisfeitos com vida. Uma minoria vive em instituições sob cuidados intensivos. Bilotta et al. (2010; 2012) observaram que os correlatos independentes de pior qualidade de vida em idosos comunitários foram redução do nível de energia, estados depressivos e dependência para transferência, banho e manejo de dinheiro. Encontraram correlações entre fragilidade e baixos escores em saúde, independência, satisfação com o ambiente doméstico e a vizinhança, bem-estar psicológico e emocional, lazer, atividades e religião. Porém, não foram observadas correlações estatisticamente significantes entre fragilidade e relações sociais, participação social e circunstâncias financeiras. Além disso, entre os idosos frágeis em idade mais avançada, melhor status afetivo correlacionou-se com escores mais altos em qualidade de vida percebida.

O contexto em que os idosos vivem ou em que são contatados para pesquisa é um indicador importante de suas condições gerais de saúde, funcionalidade, independência e vulnerabilidade social. Idosos que vivem em domicílios unipessoais e conjugais são provavelmente mais saudáveis e independentes do que os que vivem em instituições de longa permanência para idosos (ILPI). Os que são muito pobres e vivem em domicílios multigeracionais marcados por condições de vulnerabilidade social, provavelmente têm pior qualidade de vida dos que os que têm renda mais alta e vivem em famílias com renda mais alta e com melhores condições de vida. Os idosos atendidos em ambulatórios de Geriatria de hospitais universitários públicos são encaminhados pela rede pública de atenção à saúde, onde a maioria dos idosos atendidos tem baixa renda, assim como suas famílias. Geralmente estes idosos apresentam muitas queixas de saúde, vinculadas às doenças crônicas, depressão e incapacidade. Os idosos que residem em ILPI acrescentam aos seus problemas atuais de saúde, condições de grave vulnerabilidade social, isolamento, estigma, perda de laços familiares e perda de status social, que os distanciam dos idosos que vivem com ou perto da sua família, em domicílios que são geralmente de sua propriedade, uma condição que os diferencia sobremaneira dos desvalidos que vivem em instituições filantrópicas.

4.1.Justificativa

As possibilidades de adaptação de idosos frágeis ou sob risco de desenvolver fragilidade biológica é assunto de enorme interesse social, até mesmo porque eles representam cerca de 60% da população idosa (Szanton et al., 2010). A evitação ou o adiamento da transição da condição de pré-fragilidade para a de fragilidade ajuda os indivíduos e suas famílias, comunidades e nações a poupar recursos materiais e humanos. São questões da maior importância para o Brasil, país que ainda convive com sérios problemas de qualidade e de má distribuição dos recursos de atendimento à saúde para toda a população e para os idosos de modo especial. Do ponto de vista da intervenção, a utilização de recursos subjetivos e interpretativos representa um avanço em relação ao uso exclusivo de práticas médicas no manejo de problemas de saúde e de funcionalidade. Do ponto de vista teórico é importante conhecer os mecanismos responsáveis pela continuidade do funcionamento e do bem-estar subjetivo mesmo na presença de fragilidade e de pior qualidade de vida, porque tal conhecimento amplia as noções correntes sobre os limites do desenvolvimento no ser humano e na velhice.

O aumento da longevidade em curso entre os idosos brasileiros impõe desafios à sociedade e aos indivíduos que envelhecem, considerando-se que viver por mais anos tem como correlatos a possibilidade de perda de capacidades físicas e cognitivas, de vivência de adversidades individuais e familiares e do aumento dos custos pessoais, familiares e sociais associados ao atendimento das necessidades de cuidar dos muito idosos dependentes e doentes. É importante que a Gerontologia brasileira dê respostas à sociedade, que se traduzam em conhecimentos sobre mecanismos do envelhecimento em idades avançadas, e sobre as variáveis que podem contribuir para uma longevidade saudável em idosos recrutados em domicílio, em ambulatórios de especialidades médicas e em instituições de longa permanência.

4.2.Objetivos

Geral

Comparar amostras de idosos com 80 anos e mais, recrutados em ambulatório de um hospital universitário, com relação a sexo, idade, renda, arranjos de moradia, biomarcadores genéticos, hormonais e de atividade inflamatória, exposição a eventos de vida estressantes na infância e na velhice, condições de saúde física, fragilidade, sintomas depressivos, cognição, elementos de resiliência psicológica e recursos sociais.

Específicos

a. Caracterizar idosos brasileiros com 80 anos e mais, recrutados em ambulatórios de Geriatria e de Medicina Interna de hospitais universitários, com relação a variáveis socioeconômicas e demográficas, à experiência de eventos de vida estressantes, a condições de saúde, à reserva cognitiva, ao apoio social e a indicadores de resiliência psicológica.

b. Investigar relações entre as variáveis de risco de natureza demográfica e econômica e as condições de saúde, relações essas mediadas por aspectos de resiliência psicológica e por recursos sociais.

c. Investigar relações entre variáveis de risco de natureza demográfica e econômica, analfabetismo, baixo nível de escolaridade e cognição, relações essas mediadas por aspectos de resiliência psicológica e por recursos sociais.

d. Investigar relações entre a exposição a eventos de vida estressantes, elementos de resiliência psicológica e biomarcadores de natureza genética (metilação do DNA) e neuroendócrina (cortisol).

e. Estudar relações entre a cognição, indicadores de atividade inflamatória (interleucina-6 e proteína C reativa) e marcadores metabólicos (colesterol HDL e LDL; triglicérides) e cardiovasculares (PAS, PAD, PAM).

4.3. Participantes

Serão recrutados 305 idosos com 80 anos e mais, em ambulatórios de Geriatria e Medicina Interna de hospitais universitários associados ao Programa de Pós-Graduação em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília.

Serão recrutados três grupos de mulheres e homens com 80 anos e mais, em domicílios familiares, em instituições filantrópicas de longa permanência e em ambulatórios de Geriatria e Medicina Interna de hospitais universitários associados aos Programas de Pós-Graduação em Gerontologia proponentes deste projeto.

Os idosos recrutados em domicílio serão sujeitos das investigações a serem conduzidas pelo Programa da Unicamp. Serão duas sub-amostras compostas pelos participantes do Estudo Fibra Campinas (SP) (n = 305) e Ermelino Matarazzo (SP) (n = 117). Por ocasião da coleta de dados dos estudos realizados nos dois locais (2008 e 2009), eles tinham 75 anos e integravam amostras probabilísticas de mulheres e homens idosos de 65 anos e mais recrutados na zona urbana das duas localidades. Essas amostras continham cotas de mulheres e homens idosos com idade entre 65 e 69, 70 e 74, 75 e 79 e 80 anos e mais proporcionais à sua presença na população urbana de cada uma das cidades. Será feita consulta ao Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) ligado ao SUS e às duas municipalidades, para identificar os idosos que faleceram entre o final da coleta de dados (setembro de 2009) e o começo da coleta de dados da pesquisa ora em planejamento. Os sobreviventes serão contatados por telefone ou pessoalmente e convidados a participar desta nova investigação que, em parte, será um seguimento do Estudo Fibra. Os casos perdidos por morte, recusa ou mudança de domicilio serão repostos por idosos da mesma idade e sexo, residentes nos mesmos setores censitário dos perdidos.

Em Brasília serão recrutados 305 idosos de 80 anos e mais atendidos em ambulatórios de Geriatria e de Medicina Interna de um hospital universitário.

O Programa de Pós-Graduação de Passo Fundo será responsável pelo recrutamento de 305 idosos de 80 anos e mais residentes em instituições de longa permanência de Passo Fundo e região. A distribuição por sexo e idade das amostras de idosos recrutados em ambulatórios e em ILPI deverão ser similares às de Campinas e de Ermelino Matarazzo.

4.3. Variáveis e medidas

1. Demográficas: sexo, idade e religião.

2. Socioeconômicas:

a. Renda familiar em salários mínimos.

b. Chefia familiar pelo idoso.

c. Percepção sobre o grau em que a renda familiar é suficiente para satisfazer as necessidades do idoso.

d. Arranjo domiciliar: unipessoal x conjugal x multigeracional.

3. Riscos psicossociais na infância e na adolescência.

4. Adversidades na velhice.

5. Saúde física.

a. Biomarcadores: genético (metilação do DNA); neuroendócrino (cortisol); atividade inflamatória (interleucina-6 e proteína C reativa), metabólicos (colesterol HDL e LDL; triglicérides) e cardiovasculares (PAS, PAD, PAM).

b. Doenças crônicas diagnosticadas por médico no último ano.

c. Sinais e sintomas no último ano.

d. Número de remédios consumidos nos últimos 3 meses.

e. Fragilidade.

f. Autoavaliação de saúde.

g. Avaliação da própria saúde em comparação com outros da mesma idade.

h. Sintomas depressivos.

i. Atividades instrumentais de vida diária.

j. Atividades básicas de vida diária.

6. Indicadores de reserva cognitiva

a. Alfabetização.

b. Anos de escolaridade.

c. Funções cognitivas básicas

7. Recursos sociais

a. Suporte social percebido.

b. Intercâmbio de ajuda entre as gerações.

· Em que o idoso ajuda? (netos, casa, outros idosos, dinheiro?).

· Em que o idoso é ajudado? (dinheiro, remédios, arrumar a casa, assuntos fora de casa, transporte, ajuda física).

8. Indicadores de resiliência psicológica

a. Bem-estar subjetivo.

b. Religiosidade.

c. Enfrentamento.

d. Otimismo.

e. Neuroticismo.

f. Controle.

g. Autonomia.

h. Autorrealização.

i. Propósito de vida.

Com exceção das medidas dos biomarcadores e de parte das medidas fragilidade, todas as demais serão de autorrelato. Os respondentes serão os próprios idosos ou seus proxies (um familiar ou um cuidador), em casos de impossibilidade determinada por demências ou outras condições incapacitantes. Serão privilegiados instrumentos validados e com bons indicadores psicométricos.

Os proponentes irão planejar os estudos derivados do banco de dados que a pesquisa vai gerar, de acordo com as especificidades de formação e dos interesses das pesquisadores. Serão realizados estudos piloto para conhecer como os idosos compreendem e aceitam os instrumentos e as medidas, a duração da sessão de coleta de dados e a adequação da linguagem. Feitos os ajustes sugeridos pelos dados do estudo piloto, será realizado o treinamento dos recrutadores e dos entrevistadores e, em seguida, o recrutamento e a análise de dados.

4.4. Aspectos éticos

APROVADO PELOS PARECERES CONSUBSTANCIADOS DOS SEGUNTES CEP:

•Brasília - Parecer número n° 1.290.368 e Certificado de Apresentação de Apreciação Ética (CAAE) n. 50075215.2.0000.0029;

•Campinas - Parecer n. 1.332.651 e o C.A.A.E. n. 49987615.30000.5404;

•Passo Fundo - Parecer n. 2.097.278 e C.A.A.E n. 60015816.1.0000.534.


Posteriormente – unificação Parecer n. 3.061.534 e C.A.A.E n. 02607018.3.1001.5404.

Todos estão em consonância com seus respectivos CEP, respeitando as normas da Comissão Nacional de Pesquisa do Ministério da Saúde. Todos os idosos serão convidados a assinar um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

4.5. Análise de dados

Os dados de cada amostra serão submetidos a análises descritivas de natureza univariada e bivariada, assim como serão feitas comparações entre os grupos de idosos. Análises de regressão univariada e multivariada serão realizadas para identificar perfis de risco em todas as amostras. Análises multiníveis e multigrupos deverão oferecer indicadores da variação conjunta das variáveis consideradas nas diferentes amostras.

4.6. Resultados esperados

O projeto de pesquisa ora apresentado deverá resultar em grande número de dados e em muitas possibilidades de análise intra e intergrupos. Em cada sub-amostra, serão obtidos dados de perfil dos idosos e serão feitas estimativas de risco para doenças crônicas, sinais e sintomas, incapacidades físicas, fragilidade, depressão, déficit cognitivo e elementos de resiliência psicológica, considerando-se como variáveis independentes ora as variáveis demográficas e econômicas, ora a vivência de eventos de vida estressantes, ora os biomarcadores.

O estudo das relações entre a vivência de eventos estressantes e os biomarcadores de estresse (de modo especial metilação do DNA e os níveis de cortisol) deverão render dados específicos e inovadores no contexto brasileiro. Também deverá ser realizado estudo específico de seguimento sobre marcadores de reserva cognitiva, bem como estudos adicionais do consumo de medicamentos e das relações entre biomarcadores e doenças crônicas em idosos ambulatoriais.

Modelos complexos de regressão oferecerão dados sobre as relações entre riscos de natureza demográfica e socioeconômica e/ou associados à experiência de eventos estressantes e os níveis de cortisol, interleucina-6, proteína C reativa, colesterol HDL e LDL, triglicérides e PAS/PAD/PAM), doenças crônicas, sinais e sintomas, fragilidade, capacidade funcional, cognição e depressão, mediadas por elementos da resiliência psicológica ou por recursos sociais. No âmbito das comparações intragrupos, análises matemáticas complexas oferecerão dados sobre a variação conjunta de todas as variáveis consideradas nas três sub-amostras.

4.7. Estratégias de disseminação dos resultados das pesquisas

O plano é utilizar os vários tipos de suporte à disposição dos pesquisadores e clínicos, entre os quais podem ser citados:

a. Teses e dissertações.

b. Relatórios escritos.

c. Resumos em eventos científicos, com publicação em anais.

d. Artigos em periódicos nacionais e internacionais.

e. Coletâneas de textos destinadas a alunos de graduação e de pós- graduação, a profissionais da atenção básica e a gestores de sistemas de saúde e de instituições.

f. Entrevistas a jornais, revistas, rádio e televisão.

g. Sites na Internet.

h. Folhetos dirigidos à população idosa.

5. Referências

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Protocolo de Pesquisa (instrumentos): subpágina a seguir.