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49^o ENCONTRO DA REGIONAL SUDESTE DO FÓRUM DE PRÓ-REITORES DE EXTENSÃO DAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO SUPERIOR

FORPROEX SUDESTE

CARTA DO RIO DE JANEIRO, RJ

Reunidas(os) no Rio de Janeiro entre os dias 27 e 29 de setembro de 2017, durante o 49^o. Encontro da Regional Sudeste do Fórum de Pró-reitores de Extensão das Instituições Públicas de Educação Superior Brasileiras (Forproex Sudeste), as(os) pró-reitoras(es) discutiram formas de resistência e contraposição frente os discursos e práticas de acelerado desmonte alicerçadas no cerceamento econômico introjetado nas IES públicas.

Com o tema “Resistência e diversidade – a função social da universidade”, o Encontro colocou em pauta temas prementes para o cenário atual vivenciado pela sociedade brasileira, incluídas as IES públicas, tais como a cultura como elemento de transformação social; a relação com os movimentos sociais e as cidades populares; os processos de interiorização dos campi; o empreendedorismo social e protagonismo estudantil; e a conjuntura política, econômica e social.

A partir da interação com múltiplas vozes de movimentos sociais e estudantis, o Fórum refletiu sobre a atuação das IES públicas em uma sociedade seletiva e excludente, bem como sobre a necessária conexão da educação pública superior com as dinâmicas, causas e lutas das camadas populares, estimulando a autonomia do aparato crítico-apreciativo dos sujeitos.

Dentre as possibilidades de (re)conexão com as necessidades sociais, a cultura apresenta-se como forma de articulação, mobilização e resistência. Para tanto, o Forproex Sudeste sugere a criação de redes intersetoriais, balizadas em diálogos mais intensos com a população, de modo a estruturar outros modelos de funcionamento e fomento que valorizem processos formativos de cidadania cultural de médios e longos prazos, rompendo com a centralidade mercadológica e temporária de fruição estética.

Na reflexão sobre os processos de interiorização experimentados pelas IES públicas e sua relação com a extensão, o Forproex Sudeste reconhece a necessidade de se intensificar a atuação por meio das ações extensionistas nos territórios, a fim de consolidar os processos e práticas da extensão universitária por meio de laços sociais e sensos de identificação mais intensos.

No bojo dos processos contemporâneos, acena-se para uma disputa de sentidos sobre o presente e futuro das sociedades, em que as IES públicas estimulem e auxiliem no fortalecimento com as lutas dos trabalhadores, grupos minoritários e camadas populares, a fim contribuir para o reequilíbrio dos jogos de poder das esferas sociais, estabelecendo o exercício pleno da democracia, com inclusão e valorização das diversidades na construção de conhecimentos, e a reafirmação dos direitos sociais.

Diante das assimetrias e violências sistêmicas que caracterizam o país e a região Sudeste, o Forproex Sudeste propõe o enfrentamento dos pensamentos dominantes que procuram mercantilizar a educação e as relações entre os sujeitos. Ao reafirmar e defender a autonomia e legitimidade das IES públicas, o Fórum incentiva que os sujeitos assumam seus papéis de atores políticos, exercendo uma construção coletiva e um protagonismo propositivo, de modo a:

1. Institucionalizar o projeto nacional de extensão universitária combativo e resistente, valorizando o sentido da educação superior pública por meio da extensão.
2. Defender as práticas democráticas e a efetiva inclusão e valorização das diversidades nos espaços universitários e sociais.
3. Reiterar o compromisso social das IES públicas na formação de cidadãos aptos para lidar com as assimetrias e desigualdades sociais, econômicas, políticas e culturais decorrentes de processos de exclusão dos sujeitos, desenvolvendo e aplicando formas de trabalho que incorporem pessoas com deficiência.
4. Articular, conjuntamente com os atores e movimentos sociais, a construção de políticas públicas que auxiliem no estabelecimento do bem-viver dos povos e no desenvolvimento de modelos alternativos de sociedade, considerando as particularidades, diversidades e idiossincrasias de cada esfera.
5. Consolidar as práticas de extensão nos campi, fortalecendo a política de interiorização e a atuação nos distintos territórios dos quais as IES públicas fazem parte, como forma de resistência.
6. Auxiliar na ressignificação do campo cultural enquanto mecanismo para conexão, mobilização e articulação dos sujeitos por meio de ações formativas de cidadania cultural, revendo os modos atuais de funcionamento e fomento do setor.
7. Reconhecer a diversidade das necessidades sociais e do conhecimento incorporando os saberes das(os) estudantes, terceirizadas(os), técnicas(os), docentes e sujeitos sociais parceiras(os) da extensão.
8. Organizar ações com base nas diretrizes extensionistas de combate a violência estrutural contra a diversidade, espaços de acolhimento das(os) expostas(os) à violência e educar a contrapelo da opressão, revelando as contradições da sociedade em que vivemos.
9. Identificar os direitos humanos como tema aglutinador das questões sobre diversidade.
10. Estimular a incorporação metodologias extensionistas na prática do ensino em todos os níveis e modalidades
11. Valorizar a extensão como dimensão fundamental e indissociável do fazer acadêmico, reconhecendo a diversidade das profissões docente, técnica e administrativa, nas quais a extensão tenha a mesma importância do ensino e da pesquisa.

Por fim, o Forproex Sudeste repudia a estratégia de introdução da crise financeira nas IES públicas como política de desestabilização e desmonte da educação superior pública brasileira, reafirmando a necessidade de aumento das verbas públicas para financiamento da educação pública em todos os níveis e modalidades. Assim como, denuncia a erradicação de polos de contraposição e resistência aos poderes governamentais centrais, alertando para os retrocessos por eles praticados, tais como no Estado do Rio de Janeiro.

Forproex Sudeste, Rio de Janeiro/RJ, 29 de setembro de 2017.