Marcado pela sobreposição de diversas camadas históricas, Higienópolis revela-se como um dos espaços mais ricos da capital em linguagens arquitetônicas e artísticas de distintos períodos do processo de urbanização. Essa pluralidade se reflete não apenas nos elementos construídos, mas também nas tipografias adotadas ao redor do bairro — o que motivou sua escolha como recorte geográfico do trabalho.
Breve história de Higienópolis
Um dos primeiros bairros planejados de São Paulo, o chamado Boulevard Bouchard foi fundado pelos empreendedores alemães Martin Bouchard e Victor Nothmann em 1890, após adquirirem glebas originárias da antiga sesmaria do Pacaembu, que pertencera aos jesuítas. O loteamento destinou-se, desde o princípio, a uma elite social e econômica, caracterizando-se pela instalação de ampla infraestrutura sanitária, com água e esgoto encanados - o que viria a justificar a modificação do nome do bairro para “Higienópolis”.
Destarte, à alvorada do século XX o bairro presenciou a construção de casarões e palacetes com ares aristocráticos, que passaram a abrigar as famílias mais abastadas da cidade. Na arquitetura, era frequente o recurso ao ecletismo, com forte referência ao neoclassicismo francês, mas também algumas experimentações em outras linguagens, a exemplo do art nouveau (do qual a Vila Penteado, atual FAU Maranhão, é certamente o principal expoente).
Aos tempos fastos das mansões burguesas sucedeu a era da primeira verticalização do bairro. Inicialmente construídos como “imóveis de aluguel”, os primeiros edifícios do bairro eram um investimento privado das famílias mais abastadas, com escopo rentista e que visava a abrigar uma classe média emergente.
O novo jeito de morar, inicialmente desprestigiado socialmente, logo assume um protagonismo de forma que, entre as décadas de 1940 e 1960, Higienópolis torna-se um bairro verticalizado. E, para um novo jeito de morar, uma nova arquitetura: a linguagem moderna confere novas feições ao bairro — ainda que, socialmente, permaneça associado a uma classe social privilegiada.
A vida em Higienópolis não deixaria mais de ser associada aos edifícios de apartamentos. Nas décadas seguintes, o processo de verticalização prosseguiu. Contudo, as linguagens arquitetônicas se multiplicam, e passam a conviver, não obstante suas diferentes proposições estéticas e funcionais.
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