Começamos com o X (numeral romano para a décima edição) formado de pixels, trazendo a referência da imagem eletrônica, mas também incorporando uma degradação própria do digital. Dentro desse X, incluímos uma seleção de imagens que remetem ao fogo, cada uma à sua maneira.

A primeira traz a relação mais óbvia: um pôster de propaganda estadunidense de Joseph Pennel, produzido em 1918. A cena calamitosa conversa com o momento atual do mundo, de grande polarização política e avanço da extrema direita. 

A segunda traz o fogo em sua forma elétrica: é uma das primeiras fotografias de um raio, tirada em Paris, em 1902. 

Temos também a pintura "Desmaterialização próxima ao nariz de Nero", de Salvador Dali, 1947. Traz um pouco da selvageria ígnea do surrealismo, mas também a referência direta ao imperador infame por botar fogo em Roma.

A imagem mais recente é uma nuvem de pontos tridimensional representando uma rua urbana. Ela foi feita utilizando a técnica de LIDAR, baseada no Laser — o fogo luminoso domado pelas máquinas mais avançadas.

Por último, trazemos a pintura "A festa dos Deuses", pintada no século 15 por Jan van Bijlert. Retratando a farra dionísica, causou ardente polêmica quando, recentemente, foi referenciada na abertura das olimpíadas de Paris — e confundida com a clássica última ceia de Leonardo.