História

Casa do Tatuapé. Disponível em: Gazeta de São Paulo

Fundado em 1668

A história do Tatuapé começa lá com Brás Cubas em sua busca pelo ouro no interior do continente, acompanhado o traçado de um rio chamado Tatu-apé pelos povos Tupi (caminho do tatu). Chegando na foz do ribeirão, no Rio Grande (atualmente conhecido como Tietê), Brás Cubas ficou surpreso ao encontrar um terreno extremamente fértil, que por fim acabou se fixando por lá mesmo, com a criação de um pequeno rancho para produtos agrícolas, criação de gado e vitivinicultura (plantio de uva e produção de vinhos). O distrito foi fundado oficialmente em 5 de setembro de 1668, com a venda de grande parte das fazendas para o Padre Mateus Nunes de Siqueira. A casa na qual o padre morou, agora se encontra como um museu, conchecida como casa do Tatuapé, uma das mais antigas da cidade. 

A presença dos imigrantes

A partir do século 19, o pequeno bairro vai ganhando forma e se tornando cada vez mais relevante, com a implantação de novas estações para a linha de trem do norte, que ligava São Paulo ao Rio de Janeiro. O crescimento acelerou com chegada de imigrantes italianos, espanhóis e portugueses, que se instalavam nas fazendas e comércios e trabalhavam como pedreiros, marceneiros, sapateiros e artesãos. O bairro se destacava na área de olarias (produtos de argila), e suas grandes chácaras produziam verduras das mais variadas e frutas, como pêssegos, peras, caqui e uvas. 

Homens, mulheres e crianças reunidos no lado externo da Hospedaria dos Imigrantes, principal local de abrigo dos estrangeiros recém-chegados à Capital. Foto: Guilherme Gaensly. S.d. Fonte: Alô Tatuapé 

Grupo de amigos posa para as fotos e nos fornece uma ideia de como era a paisagem predominante do bairro na década de 50 . Foto: © Acervo Alô Tatuapé / doada por Barnabé Barreira 

Um bairro operário 

Após a implantação das novas estações ferroviárias, o bairro passou por uma transição de uma indústria de olarias para a têxtil no final do século 19 e início do 20. A população que ali vivia, em sua maioria, era pertencente à classe operária, de renda baixa, trabalhando nas indústrias locais e na construção das ferrovias e outras infraestruturas urbanas.

A desindustrialização

Após a forte expansão industrial ao longo do século XX, as indústrias passaram a se instalar no interor do estado pelos benefícios fiscais. Durante esse processo, espaços vazios e abandonados se tornaram mais comuns na região, que posteriormente foram comprados para ceder à construção de condomínios de classe média alta, se intensificando após a construção da Linha 3 Vermelha do Metrô. Junto à gentrificação e à saída das indústrias, a classe mais baixa também teve que se deslocar para regiões mais periféricas da cidade.

Vila operária construída na década de 50 e foi destruida em 2019 para construção de um novo edifício. Foto: Lucas Chiconi. Fonte: Blog UOL SP A PÉ

Vila operária sendo destruída em 2019. Apenas parte dela foi tombada recentemente, em setembro 2023. Foto: TV Globo/Reprodução. Fonte: G1. 

Cada vez mais prédios estão sendo erguidos na região. Atendendo em sua grande maioria uma classe média-alta. Foto autoral

Atualmente

Após a desindustrialização, o Tatuapé passa a apresentar características bem diferentes daquelas do início do século, de um bairro industrial com forte presença da classe operária, para um bairro residencial e comercial frequentado por uma classe média-alta, contrastando com a classe baixa que ainda ali vive. Os condomínios de gabarito mais alto passam a ficar mais presentes na paisagem urbana, que, infelizmente, muitos deles contam com fachadas quase totalmente fechadas para as ruas, com muros altos e cercados, contribuindo para a insegurança dos pedestres. 

Foto da capa: Da obra “Memórias do Tatuapé – A história contada por quem viveu”, de Gerson Soares. Revista Alô Tatuapé, São Paulo: dez. 2012, p. 22. Depoimentos e foto. Irinéia Vilhioti Martarello. Foto cedida pela proprietária ao acervo do Portal Alô Tatuapé  .