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Tempos Mortos • 2022 • PB • som • 2'20"
Ultrassom • 2022 • vídeo | super-8 • cor • som • 3'
Às sobras, à deambulação, à inconveniente longa duração de um enquadramento fílmico, dá-se o nome de “tempos mortos”. Empregado na análise dos primeiros filmes do cineasta Michelangelo Antonioni (1912-2007), o termo refere-se às bordas de uma cena que se estende sem pretensão sendo, normalmente, amputada pela dinâmica voraz da montagem clássica. Afinal, uma, senão a principal, das características narrativas do cinema hegemônico, a montagem, além de invisível, deve ser ágil, impetuosa. É nesses "tempos mortos", como foram chamados pela crítica francesa dos anos 1960, que se instala a crise, que emerge o mal-estar das personagens. São tempos que transbordam, provocam, incomodam. A fim de investigar o uso dos "tempos mortos" a serviço de uma crise feminina, a pesquisa deparou-se com a filmografia de diretoras mulheres dos anos 60 e 70, sobretudo, de Chantal Akerman (1950-2015), uma vez que o imobilismo da câmera, a proliferação de atos ordinários em cena e a longa duração dos planos atravessam a filmografia da artista e cineasta belga. Como resultado, entre a história do cinema e a arte contemporânea, a produção dos vídeos perseguiu em suas intersecções gestos de experimentação e resistência, ao deslocar exercícios de montagem de seu contexto originário, no cinema moderno, para os últimos anos vividos no Brasil, de 2020 a 2022. Tempos mórbidos.
Maya Guizzo. Nasceu em São Paulo em 1981. Mestranda em Artes Visuais no PPGAV-USP, graduada em Cinema pela FAAP, com especialização em Roteiro de Ficção. É professora de História da Arte e História do Cinema no Istituto Europeo di Design (IED-SP), no SENAC-SP e na Academia Internacional de Cinema. Trabalha como roteirista e colaboradora de projetos para a ZZ Imagem e Som, Filmes de Abril e Travessia Filmes. Integra o grupo de pesquisa “Depois do fim da arte”, sob coordenação da artista Prof. Dra. Dora Longo Bahia, desde 2021.
Grupo de pesquisa "Depois do Fim da Arte": https://depoisdofimdaarte.org