fantasia em vermelho • 2023 • conjunto de impressões a jato de tinta e guahe sobre papel de algodão • 21 × 29 cm
Os trabalhos apresentados na exposição – cadernos, colagens e impressões alteradas - fizeram parte de diversos momentos do doutorado em Poéticas Visuais: intitulado Fuga em violeta, branco e dourado, foi orientado por Claudio Mubarac e será defendido em novembro.
O conjunto de imagens é como uma continuidade de livros que produzi durante a graduação e o mestrado: Devaneio e Deriva. Aqui, no entanto, foram incorporadas novas práticas e situações.
O projeto passou por muitas transformações, e isso teve vários motivos, além das naturais mudanças que ocorrem durante esse tipo de processo. Talvez o principal deles, no entanto, tenha sido o contexto da pandemia, e coisas significativas que aconteceram em minha vida durante esse período.
Para mim, talvez, uma das principais diferenças em relação ao mestrado, é que a escrita foi ganhando cada vez mais importância, e se tornou essencial. Repetidamente me deparo com a questão: como escrever sobre imagens?
Durante o período de isolamento social, trabalhei sobre cadernos de aquarela. E se enraizou em mim um hábito da escrita diária. Passei a me interessar pelos diários enquanto gênero, e nos últimos anos essa tem sido uma de minhas principais leituras – principalmente os diários de Virginia Woolf, que já era uma referência importante no mestrado.
Através de ensaios, desenhos, colagens e pinturas, o projeto então se propôs a refletir sobre modos de olhar, e como explorar isso dentro do suporte do caderno e do livro; seja produzindo imagens, escrevendo, ou rearticulando elementos provenientes de diversas fontes. A partir de experiências pessoais, buscou-se traçar relações entre referências que podem parecer à primeira vista bastante heterogêneas como livros ilustrados, história natural, pinturas holandesas dos séculos XVII e XIX e animações de Walt Disney da primeira metade do século XX.
Dentro desse contexto, práticas e reflexões sobre edição e estrutura também se tornam muito importantes - tanto em termos de imagem, quanto de texto, como da própria estrutura física do livro.
Atualmente doutoranda em Poéticas Visuais na ECA-USP, Helena Küller já participou de muitas feiras de publicações independentes, e por alguns anos se dedicou à atividade de reprodução, tratamento de imagem e acompanhamento de impressão. Seu trabalho artístico está voltado principalmente para o universo dos livros e cadernos; tensões entre original e cópia, intersecções técnicas, relações entre artes visuais e literatura. Vive e trabalha em São Paulo como ilustradora.