DANIELLE NORONHA

Bandeirola Carrossel • 2022 • aquarela sobre cambraia de linho sem chassi • 93 × 73 cm • fotografia de Gregório Zelada

Carrossel azul e marrom • 2022 • aquarela sobre papel arches • 38 × 35 cm • fotografia de Gregório Zelada

Carrossel vermelho • 2022 • aquarela sobre papel arches • 38 × 35 cm • fotografia de Gregório Zelada

Carrossel 3  [preto e sépia] • 2022 • gravura em metal, sobreposição de duas matrizes de água-tinta • 30 × 30 cm

Carrossel preto e amarelo • 2021 • têmpera sobre gesso • 19 × 15 cm • fotografia de Gregório Zelada

Cavalinho no ateliê • 2022 • água-tinta (sobreposição de duas matrizes) • 30 × 30 cm

Bandeirola Picadeiro • 2022 • aquarela sobre cambraia de linho sem chassi • 93 × 73 cm • fotografia de Gregório Zelada

Carrossel azul • 2022 • aquarela sobre papel arches • 38 × 35 cm • fotografia de Gregório Zelada

Carrossel 1 [preto e sépia] • 2022 • gravura em metal, sobreposição de duas matrizes de água-tinta • 30 × 30 cm

Carrossel azul • 2023 • têmpera sobre gesso crê • 19 × 15 cm

Para Rapha • 2022 • aquarela sobre gesso • 19 × 15 cm • fotografia de Gregório Zelada

Imagens refletidas; sobreposições e transparências cromáticas

O conjunto que exponho na mostra Polvo é composto por desenhos em cadernos, aquarelas, têmperas e gravuras. Ele é um trecho das muitas imagens que são fruto de minha pesquisa de mestrado, que trata das formas e manchas derivadas da observação do movimento equestre. 

Esse trabalho parte dos desenhos contidos em cadernos feitos na arquibancada do picadeiro do Parque da Água Branca onde um regimento da Polícia Militar Montada realiza seus treinos. 

Era pandemia e nesse parque eu podia tomar um pouco de sol, caminhar desviando das galinhas e, mais que tudo, somava a esse alívio uma questão que me acompanha desde pequena: como se desenha um cavalo correndo? 

Essa pergunta, tão recorrente entre as crianças, já foi solucionada pelos instantâneos precisos de E. Muybridge¹, que revelavam seu vôo momentâneo no galope, quando todas as patas do animal ficam suspensas. Mas essas fotografias reveladoras não me satisfaziam, pois não era assim que via os cavalos enquanto os desenhava agrupados no campo de areia, a galope, em pelotão. As anotações, sejam desenhadas, sejam pintadas, eram uma sobreposição de miradas — a pata de um animal, o rabo de outro, a cabeça de um quinto — pois a cada momento que meus olhos iam e voltavam do papel, eles já estavam longe dali e meus cavalos se tornaram uma somatória anatomicamente impossível, um problema insolúvel, pois desenhar esse movimento é não chegar nunca em algo exato, em linhas certeiras. 

Esses registros, por sua vez, serviram de referência para que eu pudesse pintar a repetição dessas formas inexatas, como num jogo de telefone sem fio. Esses cavalinhos passaram a ser sobrepostos por muitas camadas de cor, foram rotacionados e sobrepostos. Por meio dessas formas pude experimentar a variação de fatura que as diferentes técnicas como a aquarela, o óleo, a têmpera e a água-tinta manchavam o Cavalinho. 

Considero que essa série ainda esteja em processo: o Cavalinho ainda passeia por aqui e ainda almejo ampliar essa repetição de forma que fosse possível trazê-lo ao ateliê. Só no ateliê isso é possível. 

1. Eadweard Muybridge (Edward James Muggeridge), fotógrafo inglês (1830-1904). 


Danielle Noronha Maia é artista visual e mestre em Poéticas Visuais pela ECA/ USP.
Sua produção é voltada principalmente para a pintura, a gravura e o desenho.
Participou de residências artísticas no Brasil, na Dinamarca e na Polônia.
É professora na Faculdade Santa Marcelina, ministra aulas de pintura e desenho em seu ateliê e em cursos livres, como no Sesc Pompeia e no Instituto Tomie Ohtake.
Foi indicada e finalista on-line do Prêmio Pipa 2023.


Prêmio Pipa: https://www.premiopipa.com/danielle-noronha/  •  Portfólio: http://daniellenoronha.com.br  •  Instagram: https://www.instagram.com/noronha.danielle/  •  Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5416829148933931