Histórico

Memória do Instituto Franciscano de Antropologia (IFAN)


Cleonice Aparecida de Souza¹

Maria de Fátima Guimarães²


O Instituto Franciscano de Antropologia (IFAN) foi criado no câmpus de Bragança Paulista, nos idos da década de 1980, pouco depois que a Ordem Franciscana (1976) assumiu a direção dos 21 cursos de graduação do então Instituto de Ensino Superior da Região Bragantina, fundado em 1969, acontecimento que marca a origem das Faculdades Franciscanas, elevadas à condição de Universidade São Francisco (USF) através de uma portaria ministerial, no ano de 1985. A criação do IFAN se deu por determinação do Conselho de Administração Superior (CAS) das Faculdades Franciscanas (FF), em maio de 1984, e representou o atendimento de uma orientação governamental no sentido de garantir o reconhecimento da Universidade São Francisco (1985). Sob tal perspectiva, na Carta-Consulta (4/10/1983, p. 52) compreende-se que a criação do IFAN seguiu ao encontro dos objetivos da USF, que se propunha a ser “[...] uma instituição educacional viva e dinâmica, inserida e comprometida prioritariamente na sua região de abrangência e influência [...] destinada a pesquisar, assimilar, transmitir e aumentar o conhecimento humano, em todas as vertentes e ramos, promovendo e irradiando formas de cultura capazes de estender os horizontes da comunidade em que vive”. Nessa Carta-Consulta se explicitava que o IFAN deveria promover suas atividades específicas através de dois Centros de Pesquisa: o Centro de Memória Franciscana (CMF) e o Centro de Memória Regional (CMR)³ . Portanto, a criação do IFAN foi importante para o reconhecimento da USF, porque tal entidade chamou para si a responsabilidade pela pesquisa científica na USF. 


1 Doutora em Educação. Coordenadora do SIBUSF e do curso de graduação em Biblioteconomia EAD da USF. Pesquisadora e líder da Linha de Pesquisa Rastros: patrimônio cultural franciscano e educação, do Grupo de Pesquisa RASTROS: História, memória e Educação (dgp.cnpq.br/dgp/espelholinha/4940292989139124806382). E.mail: cleonice.souza@usf.edu.br 

2 Doutora em Educação. Coordenadora do Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa em História da Educação (CDAPH) da USF, professora adjunta e líder do Grupo de Pesquisa Grupo RASTROS: História, memória e Educação (dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/53926). E.mail: fatima.guimaraes@usf.edu.br 

3 Vários artigos e trabalhos publicados sobre o Centro de Memória Regional da USF trazem o ano de 1986 como a data de sua criação, porém, uma de nossas fontes oficiais, o documento publicado no Informativo das Faculdades Franciscanas (1984, maio), aponta que o CMR foi criado oficialmente no ano de 1984, pela Resolução aprovada pelo Conselho Superior de Administração da faculdade. 

No transcorrer de sua existência, o IFAN desempenhou um papel vital na promoção do estudo antropológico na ordem franciscana e na promoção do diálogo intercultural, enriquecendo, assim, a missão franciscana, aprofundando e divulgando o conteúdo da mensagem de Francisco de Assis, em termos filosóficos e teológicos, através de pesquisas realizadas em seu interior ou em parceria com outras instituições acadêmicas, considerando-se “as novas expressões culturais” (INFORMATIVO DAS FACULDADES FRANCISCANAS, 1984) do período e subsequentes.

Em 2004, o IFAN foi definido, em seu Regulamento, como o órgão suplementar da Universidade São Francisco, dedicado ao ensino, à pesquisa e à extensão nas áreas do Franciscanismo, Teologia e Ciências da Religião, Estudos Humanísticos e Estudos da Cultura Moderna, tendo sido regido pelo Estatuto e pelo Regimento Geral da Universidade São Francisco, e por um Regulamento próprio. Como órgão suplementar, respondia administrativamente à Reitoria e aos Órgãos de Deliberação Superior da Universidade, tendo por objetivos4 contribuir, por meio de suas atividades, para a concretização da Missão e dos fins da Universidade São Francisco. Desde então, o IFAN é um órgão universitário que, ao contribuir com a Missão da USF, atesta a importância da atuação dos franciscanos no Ensino Superior.

O primeiro coordenador do IFAN foi Frei Hugo Baggio, nomeado e empossado em 1984. Sua formação abrangia Filosofia, Teologia e Línguas. Foi Professor em Seminário e Mestre em Filosofia e Teologia em Petrópolis. Frei Hugo foi um pesquisador com larga experiência editorial em assuntos franciscanos. Sob sua coordenação, o IFAN realizou um seminário sobre Comunidade e Preservação da Memória em agosto de 1985, No mesmo mês, começou, no CMR, a organização de uma “biblioteca de apoio, de autores regionais e sobre assuntos brasileiros”, conforme registrado em uma entrevista dele no Informativo das Faculdades Franciscanas (1985). Tais materiais podem ser consultados, atualmente, no Centro de Documentação de Apoio à Pesquisa em História da Educação – CDAPH. 


4 Regulamento do IFAN Capítulo I Da definição, finalidade e objetivos Artigo 3. Constituem objetivos do IFAN no item VI. 

Na mesma entrevista, Frei Hugo explica que, em primeiro lugar, é um Centro de Memória Franciscana, e como tal, deveria se ocupar com a presença franciscana, suas realizações e sua influência no Brasil, desde 1500, quando os franciscanos aqui aportaram. Nessa perspectiva, Frei Hugo preocupou-se em identificar, conservar, preservar e acessar acervos, esquecidos em vários locais do Brasil. Ele ressaltou, ainda, que o IFAN constituiu o Centro de Memória Regional, destinado a fazer o levantamento da história da região, onde se localizava a Universidade, preocupando-se, ainda, com a memória da própria Universidade: “É um esforço para recolher e perpetuar a história da comunidade e sua cultura Regional” (INFORMATIVO DAS FACULDADES FRANCISCANAS, 1985).

Fato marcante no IFAN foi a atuação do historiador e professor Francisco César de Araújo, que iniciou suas atividades na USF como Assessor Cultural da Diretoria Comunitária de 1979-1984 e, em seguida, como diretor do Centro de Memória Regional. Para que o CMR pudesse funcionar, Araújo procurou orientação do Programa Nacional de Preservação da Documentação Histórica, do MEC, com o qual, mais tarde, pretendia estabelecer um convênio. Participou, ainda, do Grupo de Estudos de História Regional na Unicamp, no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, liderado pelo professor José Roberto Amaral Lapa (INFORMATIVO DAS FACULDADES FRANCISCANAS, 1985; BUENO, 2005), então Diretor do Centro de Memória da Unicamp (CMU). É possível observar que os projetos do CMR inscreviam-se em iniciativas similares às daquele Grupo, visando à identificação e à preservação de acervos documentais para pesquisas. 

Frei Hugo Baggio, em uma entrevista ao Informativo USF, em 1985, afirmou que o IFAN realizaria sua finalidade através das seguintes ações: simpósios, encontros, reuniões de cunho histórico e científico e publicações na linha da Memória Franciscana, da Memória Regional e da Memória da própria Universidade. E na mesma ocasião, destacou que “[...] originais latinos das obras dos principais pensadores medievais franciscanos foram trazidos para a língua portuguesa, com o objetivo de rastrear a filosofia, história e diversas ciências contemporâneas da Idade Média e redescobrir a contribuição dos pensadores da Escola Franciscana” (INFORMATIVO USF, 1985, p. 6). 

Outra iniciativa do IFAN, sob coordenação deste Frei, foi a organização de um curso, enviado por correio, aos interessados de todo Brasil com o título Curso por Correspondência sobre o Carisma Missionário Franciscano, contendo 23 unidades, em que cada uma tratava de um tema relacionado ao Franciscanismo5. Este Curso perdurou até o final da primeira gestão de Frei Agostinho Salvador Piccolo. 

Para Baggio, era fundamental ter um grupo de colaboradores diretos no IFAN, pois o projeto para o instituto e seus desdobramentos necessitava de um grupo de “especialistas” para levá-lo a bom termo. Ele pensava na expansão do IFAN aclarando e fundamentando melhor o objetivo de sua atuação: a educação para a Paz, com inspiração em São Francisco. Preservar a memória da Universidade, cuidar para que sua história não fosse um arquivo morto era uma de suas metas. 

Outra tarefa era a de colaborar com o Franciscanismo no Brasil, não apenas no estudo da influência dos franciscanos na História do Brasil, mas oferecendo subsídios que ampliassem tal influência. “Os trabalhos e pesquisas, aqui produzidos, serão matéria-prima para estudos, teses, etc.” (INFORMATIVO DAS FACULDADES FRANCISCANAS, 1985). Além disso, com o estudo da Memória Regional esperava contribuir para a Região redescobrir seu passado e entregar-se mais conscientemente a uma ação, onde o povo não se contentasse com “escrever” a história, mas se preocupasse em “fazê-Ia”. 


5 As unidades abordavam as seguintes temáticas: n.º 1 - Uma vanguarda evangelizadora; n.º 2 - Os fundamentos bíblicos da missão franciscana; n.º 3 - A fundamentação trinitária da missão franciscana; n.º 4 – Princípio da missão franciscana nas primeiras fontes; n.º 5 - O movimento franciscano; n.º 6 - Missionários franciscanos no passado; n.º 7 - A missão franciscana segundo fontes modernas; n.º 8 - Cooperação interfranciscana hoje; n.º 9 - A formação missionária no sentido franciscano; n.º 10 - Contemplação e missão; n.º 11 - O universalismo fundamental de Francisco de Assis proveniente de sua decisão por Jesus Cristo; n.º 12 - Fraternidade universal: reconciliação com Deus, o homem e a natureza; n.º 13 - Missão franciscana e anúncio da palavra; n.º 14 - Empenho franciscano pela paz; n.º 15 - A missão permanente dos franciscanos na Igreja; n.º 16 - Francisco e a Igreja dos pobres; n.º 17 - Teologia da libertação na visão franciscana; n.º 18 - Incultação como tarefa franciscana; n.º 19 - O diálogo com religiões não cristãs; n.º 20 - Missão franciscana entre os muçulmanos; n.º 21 - Franciscanos num mundo secularizado; n.º 22 - Atitude franciscana frente ao marxismo e n.º 23 - Interpelação franciscana à ciência e à técnica. 

No Informativo das Faculdades Franciscanas (1985), foi divulgado que uma das primeiras atividades do CMR, em abril de 1985, foi marcar presença no Encontro Regional de Arquivos Privados, promovido com o objetivo de traçar uma Política Nacional de Arquivos, além de promover o intercâmbio de experiências, viabilizando o contato com entidades congêneres e profissionais distintos. Em junho seguinte, o CMR participou do I Encontro Nacional de Arquivos Privados em Curitiba-PR. Porém, foi na visita ao Arquivo Histórico Regional da Universidade Federal de São Carlos que colheu subsídios importantes, no que diz respeito a convênios para a custódia de documentos públicos. E, em 1989, o CMR do IFAN firmou convênio com o Poder Judiciário local, razão pela qual recebeu a maior parte do acervo documental da Comarca de Bragança Paulista. Este acervo datava de 1750 a 1950, sendo de significativo valor do ponto de vista do patrimônio historiográfico (INFORMATIVO USF, 1989).

Frei Agostinho Salvador Piccolo foi o segundo coordenador do IFAN no período de 1989-1991, retornando em meados de 2001 até 2009. Franciscano da Província da Imaculada Conceição do Brasil, com sede em São Paulo, Frei Agostinho tinha formação em Filosofia e Teologia pelos Institutos da Província, e obteve Licenciatura em Letras Neolatinas pela Universidade de São Paulo (USP). Discípulo dos franciscanólogos Kajetan Esser e Fernando Uribe, concluiu mestrado em Espiritualidade Franciscana no Pontifício Ateneu Antonianum, de Roma (PICCOLO, 2005). Em sua gestão ocorreu o Primeiro Simpósio do IFAN - O homem perante o novo milênio, entre 25 e 28 de setembro de 1990.

No período de 1992 a 2001, Frei Orlando Bernardi foi coordenador do IFAN. Era formado em Filosofia e Teologia, finalizou seus estudos superiores em Roma, Anthonianum, onde defendeu sua tese em Teologia Dogmática. Trabalhou na Editora Vozes de 1989 a 1991. No IFAN, sua formação e experiência editorial contribuíram para que, no período, o instituto se destacasse nacionalmente, pelas linhas editoriais implementadas. Muitas das publicações da época tiveram sua origem nas contribuições apresentadas por diferentes intelectuais nos eventos nacionais e internacionais que o instituto realizava, o que garantia a excelência das coleções, cujos dois editores responsáveis eram os pesquisadores do IFAN, Alberto da Silva Moreira e Marcos Cezar de Freitas (CDAPH/IFAN/USF). 

No período em que coordenou o Instituto, ocorreu o lançamento, em 1992, dos Cadernos do IFAN6 , periódicos temáticos que veiculavam a produção teórico-científica do Instituto pela publicação das contribuições mais significativas apresentadas em seus seminários, colóquios e semanas de estudos, dando, assim, expressão ao pensamento e à investigação dos pesquisadores ligados às atividades do IFAN e dos demais cursos da USF. Estas publicações eram adotadas por professores e alunos como instrumentos e provocação de trabalho. Nessa publicação, o editor Alberto da Silva Moreira7 , pesquisador do IFAN, almejava que as ideias e os conteúdos vinculados suscitassem e estimulassem maior debate e aprofundamento de tantas questões relevantes para a Ciência, a Filosofia, a Religião e a Sociedade. Moreira (1999, p. 14), em seu artigo sobre São Francisco e os horizontes da modernidade desencantada, escreve:


Exatamente nessas paragens conflitivas da pós-modernidade periférica podemos

topar com Francisco de Assis. Também ele teve de fazer face à negatividade de um

sistema sócio-histórico incorporado em costumes, instituições sociais, ritos e

pessoas. Mas como chegar a São Francisco hoje? A primeira grande dificuldade é

que dele nos separam camadas grossas de interpretação, domesticação e, sobretudo,

de estetização. O São Francisco que a cultura da imagem nos apresenta e tolera é

somente aquele dos passarinhos cantando, das fontes borbulhando, do romântico

amor pelas flores do campo. Mas Francisco de Assis mesmo quem foi? Com certeza

não foi a caricatura em que a projeção dos nossos desejos piedosos o transformou.

Na verdade, o caminho de Francisco custou-lhe a abnegação de uma vida, exigiu-lhe

o empenho de todas as energias que possuía.

Frei Orlando Bernardi estimulou pesquisas, publicações e eventos do IFAN, no período da sua gestão. Tais iniciativas se deram em franco diálogo e intercâmbio com pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento e instituições acadêmicas. O trabalho desenvolvido no IFAN, no período de 1990-2002, pelo grupo de pesquisadores coordenados por Moreira acerca da economia e das relações de produção na região bragantina sensibilizou a justiça do trabalho da Comarca de Bragança Paulista para o problema do trabalho infantil nas olarias manuais. Esse grupo envolveu-se diretamente em iniciativas destinadas à erradicação do trabalho infantil nessas olarias da região.


6 Cadernos do IFAN 1992-2001, (1-30). ISSN 01042300 

7 Alberto da Silva Moreira é doutor em Teologia pela Westfalische-Wilhelms-Universität de Münster, com pós-doutorado em Ciências da Religião na Faculdade de Teologia Fundamental de Barcelona, e na Nottingham-Trent-University, na Inglaterra. Militante da Teologia da Libertação. 

Nesse mesmo contexto, no IFAN, aqueles originais latinos citados por Baggio em 1985, passados 13 anos, vieram a ser publicados em 1998, dando origem à coleção Pensamento Franciscano. Uma notícia intitulada “Resgate da contribuição franciscana” trazia o seguinte esclarecimento sobre tal coleção: “Os originais latinos das obras dos principais pensadores medievais franciscanos estão sendo trazidos para a língua portuguesa, com o objetivo de rastrear a filosofia, história e diversas ciências contemporâneas da Idade Média e redescobrir a contribuição dos pensadores da Escola Franciscana” (INFORMATIVO USF, 1998, p. 6).

O conjunto de textos publicados de Guilherme de Ockham apresenta o pensamento bonaventuriano, que unifica duas teorias aparentemente contrárias: o magistério único de Cristo e o conhecimento inato de Deus, em suas obras: Escritos filosófico-teológicos de São Boaventura, com a tradução de Luís Alberto De Boni e Jeronimo Jerkovic; Obras políticas, traduzidas por José Antônio de Camargo Rodrigues de Souza e Lógica dos termos, traduzido por Fernando Pio de Almeida Fleck. Outras publicações dessa coleção que compõem o acervo da Biblioteca do IFAN são: Obras escolhidas: carta a Clemente IV; A ciência experimental; Os segredos da arte e da natureza, de autoria de Rogério Bacon, com tradução de Jan G. ter Reegen, Luís A. De Boni e Orlando A. Bernardi; Prólogo da Ordinatio, de João Duns Scotus, com tradução e apresentação de Roberto Hofmeister Pich; Oito questões sobre o poder do papa, de Guilherme de Ockham; Crônicas de viagem: franciscanos no Extremo Oriente antes de Marco Polo (1245-1330), de João de Pian del Carpine, Guilherme de Rubruc, João de Montecorvino e Odorico de Pordenone; e, por fim, Escritos antiaverroístas (1309-1311) do nascimento do Menino Jesus, livro da lamentação da filosofia, de Raimundo Lúlio, com tradução de Bernadete Rosson, Sergio Alcides e Ronald Polito. E, em 2002, quando Frei Agostinho retorna ao IFAN, ele dá continuidade ao trabalho de publicação da coleção Pensamento Humano e a Série Estudos Franciscanos, iniciado na gestão de Frei Orlando Bernardi, sob responsabilidade de Alberto da Silva Moreira. 

Por fim, na trajetória do IFAN, suas iniciativas e as reverberações tanto no universo franciscano quanto no acadêmico, bem como no contexto sócio-histórico que acolheu a criação e atuação desse instituto, temos a presença singular da missão franciscana que 

mobiliza em torno de “uma Educação para a Paz”, sensível e atenta às convocações que o mundo global, na contemporaneidade, coloca a todos, convocações estas relativas à promoção de uma educação de qualidade, erradicação da pobreza, promoção da saúde e do bem-estar de todos, redução das desigualdades sociais, defesa da paz e justiça, garantia da igualdade de gênero, sustentabilidade na gestão dos recursos do planeta, implementação de ações contra a mudança global do clima, dentre outras. 

REFERÊNCIAS


BUENO, M. F. G. O Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa em História da Educação (CDAPH). Horizontes, Bragança Paulista, v. 23, n. 2, p. 121-126, 2005.


INFORMATIVO DAS FACULDADES FRANCISCANAS, Bragança Paulista [SP]: [s. n.], 1984-1985


INFORMATIVO USF, Bragança Paulista [SP]: [s. n.], 1985-1998. MOREIRA, A. São Francisco e os horizontes da modernidade desencantada. Bragança Paulista: EDUSF, 1999. p. 14. (Cadernos do IFAN, v. 22)


PICCOLO, A. S. Francisco de Assis: por uma pedagogia humanista. Bragança Paulista: EDUSF, 2005.


SOUZA, C. A. de. Biblioteca do Instituto Franciscano de Antropologia: histórias e memórias. 144 f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2012.


UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO. Proposta político-pedagógica para a USF. Bragança Paulista: Editora Universitária São Francisco, 1999.

Se Deus cria o mundo e os humanos, Francisco de Assis,

um pedagogo para os novos tempos, recria e reencanta!

(Frei Agostinho Salvador Piccolo, OFM,

“Francisco de Assis: Por uma pedagogia humanista”)


Foi com esse espírito, e encantados pelas palavras de Frei Agostinho Salvador Piccolo, presidente do Instituto Franciscano de Antropologia (IFAN), sediado na Universidade São Francisco (USF), que iniciamos os trabalhos de organização o I Congresso Franciscano em 2005.

O I Congresso Internacional Franciscano, sob o título e a temática "40 anos Concílio Vaticano II", aconteceu entre os dias 31 de outubro e 04 de novembro de 2005, em São Paulo, em parceria com Universidade Pontifícia Católica (PUC-SP), no emblemático Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (TUCA), que é considerado um importante marco cultural para a cidade de São Paulo, bem como para o Brasil, pois marcou na história cultural e política do país. 

Com a temática dos 40 anos do Concílio Vaticano II, e a participação de nomes como Riolando Azzi, Alberto da Silva Moreira, dentre outros e diante grandes palestras, mesas-redondas, apresentações de trabalhos, comunicações, debates e discussões, lançamentos de livros,  o I Congresso inaugurou uma fase muito rica e frutífera para o IFAN e a USF em que nos próximos anos, 2006, 2007, 2008 e 2009 foram organizados os próximos eventos que abordaram importantes temas franciscanos, reunindo inúmeros intelectuais tanto brasileiros, quanto internacionais.

Na cidade de Curitiba ocorreram os congressos de 2006 a 2009, onde a parceria da USF com a FAE-Centro Universitário, que os sediou em suas instalações, como o Teatro Bom Jesus, foi um marco para que os estudiosos do franciscanismo pudessem ter nesse espaço, um encontro anual, em que ao término de um congresso já se lançava o próximo, reservando a data do mês de outubro de cada ano, fermentando assim a produção e o debate acadêmico e científico. 

Agora em outro local, o II Congresso Internacional “São Francisco e as Fontes Franciscanas”, 2006, tratou de discussões e debates sobre as Fontes Franciscanas, com a participação de pesquisadores renomados, dentre eles, Marco Bartoli, Celso Marcio Teixeira, Frei Orlando Bernardi, Frei Vitório Mazzuco, Nachman Falbel, Jose Rodriguez e Angelita Visalli, os quais fizeram parte de um grupo maior de convidados específicos para o evento. 

Ainda sobre o seu desenho e organização, cabe ressaltar que os congressos   contemplaram participações culturais de grande relevância, trazendo a arte e a cultura no bojo da sua programação, entre apresentações musicais medievais e de coralistas.

Sob o tema do Meio Ambiente, em 2007, o III Congresso Franciscano "Meio Ambiente, Ética e Franciscanismo", teve a participação Marco Sorrentino, do Ministério do Meio Ambiente, Frei Antonio Moser, Daniel Joseph Hogan, como conferencista do tema de abertura, Alberto Moreira, João Luiz Hoeffel, como outros palestrantes convidados, promovendo intenso debate sobre questões ambientais.

No ano seguinte, 2008, o IV Congresso Internacional Franciscano "Pensamento e Atualidade de Duns Scotus - VII Centenário de sua morte", trouxe forte debate teológico e filosófico mediante tão importante tema, com a participação de Eládio Craia, Rodrigo Guerizoli, Marcos A. Fernandes, Sinivalo S. Tavares, Enio P. Giachini, dentre palestras, comunicações e apresentações de trabalhos

Adélia Prado, nossa grande poetisa brasileira, abrilhantou o V Congresso Franciscano “Caminhos da Espiritualidade, uma contribuição franciscana” 2009, bem como Frei Vitório Mazzuco e Leonardo Boff, trazendo para o campo de debates temáticas sobre a espiritualidade franciscana.

Com o espaçamento de cinco anos, em 2015, aconteceu em Curitiba o  Congresso Internacional Franciscano, realizado pela Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, sob o tema “Educação Franciscana: Esperança em uma Nova Humanidade”, o evento trouxe reflexões, debates e trocas de experiências sobre o papel dos cristãos comprometidos com a tarefa educacional, suas responsabilidades e as melhores práticas para a formação de pessoas com virtudes e valores, e teve o apoio do Colégio Bom Jesus, USF, FAE-Centro Universitário, da Conferência dos Frades Menores do Brasil (CFMB) e do Instituto de Filosofia São Boaventura.  


Diante destas iniciativas, desde 2021, alguns eventos marcantes para a vida de Francisco de Assis e para os franciscanos estão sendo celebrados: A Aprovação da Regra - 1223, O Presépio de Greccio - 1223, Os Estigmas - 1224, O Cântico das Criaturas – 1224/1225 e A Morte de São Francisco de Assis - 1226.

Para bem celebrar estes momentos tão significativos, que tocam não apenas ao mundo religioso, mas também, profundamente o campo acadêmico, a USF, o Instituto Teológico Franciscano (ITF) e a FAE-Centro Universitário FAE promoverão no ano de 2024, o VII Congresso Internacional Franciscano “Regra Bulada, Presépio, Estigma: Luzes para a atualidade do franciscanismo”, contando com diversas atividades programadas como palestras, mesas redondas, comunicações orais, lançamentos de livros e momentos culturais, a ser realizado nos dias 19 e 20 de junho de 2024, em Campinas, São Paulo, no Campus Sagrado da USF.

Com as palavras de Frei Orlando Bernardi (2007, p.19), termino aqui este breve histórico dos Congressos Internacionais Franciscanos, “Para o franciscanismo, conhecer o homem se tornou um desafio permanente, uma vez que está convencido que o próprio Deus o escolheu para se fazer presença visível no mundo.”, ávida de que o Congresso Internacional Franciscano possa contribuir para o maior conhecimento daqueles e daquelas que se ocupam de elementos importantes envolvendo o mundo franciscano, em seus aspectos acadêmicos, culturais, religiosos, antropológicos, históricos e político-sociais. 


Profa. Renata Bernardo

REFERÊNCIAS


BERNARDI, Orlando. Francisco de Assis: um caminho para a educação. Bragança Paulista: EDUSF, 2003.

PICCOLO, Agostinho Salvador. Francisco de Assis: por uma pedagogia humanista. Bragança Paulista: IFAN – Editora Universitária São Francisco, 2005.



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