O Simpósio Internacional “Educação (ambiental) em tempos de complexidade: diálogos na América Latina e seus enfrentamentos” é uma iniciativa conjunta do Programa de Pós-graduação em Educação (PPGEIFG) e do Programa de Pós-graduação em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG), em articulação com o Grupo de Pesquisa Waira: Ambiente, Comunidade e Desenvolvimento, vinculado à Licenciatura em Ciências Naturais e Educação Ambiental da Universidad Pedagógica y Tecnológica de Colombia (UPTC) e Núcleo de Pesquisas e Estudos na Formação Docente e Educação Ambiental (NUPEDEA) no Brasil.
O evento internacional tem como objetivo criar um espaço acadêmico, epistêmico e político para a reflexão crítica sobre os desafios socioambientais que atravessam a realidade latino-americana, a partir de uma perspectiva complexa, transdisciplinar e intercultural. Reconhecemos que a crise ecológica atual não se limita à degradação dos sistemas naturais, mas expressa uma profunda desorganização do tecido social, ético e epistêmico, resultado de uma racionalidade instrumental, fragmentária e hegemônica que impôs modelos civilizatórios insustentáveis.
Inspirados nos fundamentos do pensamento complexo (Morin, 2005), compreendemos que tais desafios não podem ser abordados com soluções técnicas, lineares ou reducionistas. É necessário um rompimento epistêmico que nos permita integrar dimensões ecológicas, culturais, econômicas, educativas e espirituais numa leitura sistêmica e contextualizada da realidade. Neste tecido a complexidade não deve ser um entrave, mas uma condição para compreender o mundo em sua multidimensionalidade, acolhendo incertezas, contradições e emergências.
A educação (ambiental) deve ultrapassar a mera transmissão de conteúdos ou a formação de comportamentos “adequados”. Ela deve afirmar-se como uma práxis crítica de leitura do mundo, de problematização e de intervenção sociopolítica. Uma educação que articule saberes acadêmicos, populares, ancestrais e territoriais, confrontando os discursos dominantes com uma ética do cuidado, da solidariedade e da justiça socioambiental. Neste contexto, o diálogo de saberes é, assim, uma base metodológica, política e epistêmica fundamental para toda transformação educativa significativa, plural e enraizada nos territórios.
O Simpósio convoca, portanto, pesquisadoras e pesquisadores, educadoras e educadores, estudantes, movimentos sociais, comunidades indígenas, campesinas e afrodescendentes, bem como redes latino-americanas comprometidas com a transformação da educação e da realidade socioambiental. Desde a América Latina – território historicamente marginalizado pelas lógicas geopolíticas do saber – propomos repensar a educação a partir do Sul, com o Sul e para o Sul, em chave de resistência, criatividade e reexistência.
Em síntese, este evento constitui um chamado urgente para repensar a formação humana em tempos de colapso ecossocial. Diante do avanço do extrativismo, da mercantilização da vida e da instrumentalização do conhecimento, propomos um horizonte educativo complexo, dialógico e emancipatório, no qual a educação (ambiental) se consolide como eixo estruturante de transição para sociedades mais justas, sustentáveis e conscientes de sua interdependência.
Promover um espaço de diálogo, articulação e reflexão crítica sobre a educação (ambiental) em tempos de complexidade, com enfoque nas realidades, desafios e enfrentamentos vivenciados nos territórios latino-americanos, a partir de uma perspectiva transdisciplinar, intercultural e comprometida com a justiça socioambiental.
Estimular o intercâmbio de experiências formativas, práticas pedagógicas, pesquisas e saberes territoriais vinculados à educação ambiental crítica em diferentes contextos latino-americanos.
Problematizar as causas estruturais da crise socioambiental global à luz do pensamento complexo, reconhecendo suas múltiplas dimensões — ecológicas, sociais, econômicas, culturais e epistemológicas.
Fortalecer o diálogo de saberes entre academia, movimentos sociais, comunidades tradicionais e juventudes, como estratégia para construir alternativas educativas emancipatórias e territorializadas.
Contribuir para a construção de redes latino-americanas de pesquisa, ação e formação em educação ambiental, capazes de enfrentar os desafios do extrativismo, da colonialidade do saber e das desigualdades socioambientais.
Valorizar epistemologias do Sul, saberes ancestrais e práticas comunitárias como fundamentos para a reexistência e a regeneração dos vínculos entre seres humanos, territórios e natureza.
Discutir políticas públicas, práticas educativas e estratégias institucionais voltadas para a formação de sujeitos críticos, éticos e engajados na transformação social e ambiental de seus contextos.
Eixos Temáticos
O Simpósio está estruturado em três eixos temáticos principais, que buscam articular criticamente diferentes dimensões da educação ambiental em contextos de complexidade. Esses eixos possibilitam o diálogo entre perspectivas epistemológicas, territoriais, pedagógicas e científicas, visando à construção de práticas educativas emancipatórias e enraizadas nos territórios latino-americanos.
1. Epistemologias da educação ambiental e pensamento complexo
Reflexões críticas sobre os fundamentos teóricos, ontológicos e epistemológicos da educação ambiental na América Latina. Diálogos entre o pensamento complexo, as epistemologias do Sul, os saberes ancestrais e a construção de novas racionalidades educativas diante da crise civilizatória. Este eixo acolhe debates sobre os marcos conceituais da área, suas tensões e potencialidades, com foco em abordagens transdisciplinares e decoloniais.
2. Ambientes, territórios e saberes: ecologias do conhecimento e práticas comunitárias
Este eixo reúne discussões e experiências que entrelaçam saberes etnobotânicos, práticas de saúde integrativas, agroecologia,
ecopedagogia, educação popular e resistências territoriais. Valoriza-se o papel das comunidades locais, povos tradicionais e movimentos sociais na construção de alternativas ao extrativismo e à colonialidade. Enfatiza-se a importância dos saberes do território na regeneração ecológica e nos processos educativos situados.
3. Formação docente, práxis pedagógicas, interdisciplinaridade e EPT
Debates sobre a formação inicial e continuada de educadoras e educadores e trabalhadores críticos para atuar em contextos marcados pela vulnerabilidades socioambientais, desigualdades e emergência climática e no ambiente do trabalho. Enfoca-se a integração da educação ambiental nos currículos escolares e universitários, as metodologias ativas, a interdisciplinaridade e a Educação Profissional e Tecnológica (EPT) na construção de posturas críticas e uma docência transformadora e comprometida com a justiça socioambiental.
Modalidades de Participação
O Simpósio Internacional “Educação (ambiental) em tempos de complexidade: diálogos na América Latina e seus enfrentamentos” acolherá propostas que contribuam para o aprofundamento dos debates nos três eixos temáticos do evento. Serão aceitas submissões em duas modalidades principais:
1. Apresentações orais de comunicações (15 minutos).
Destinadas à socialização de pesquisas acadêmicas, projetos de extensão, ações pedagógicas ou experiências educativas e comunitárias relacionadas a qualquer um dos três eixos temáticos do simpósio.
As apresentações deverão ser realizadas no maximo por até dois autores(as).
Cada apresentação terá duração de 15 minutos, com tempo adicional para perguntas e diálogo ao final de cada sessão.
As comunicações devem evidenciar rigor teórico-metodológico, pertinência temática e compromisso com os princípios da educação ambiental crítica.
2. Oficinas formativas (40 minutos).
Espaços dedicados ao compartilhamento de práticas pedagógicas, metodologias participativas, instrumentos didáticos ou saberes territoriais, com foco na formação de educadoras(es), estudantes, lideranças comunitárias e ativistas.
Cada oficina terá duração de 40 minutos, podendo incluir demonstrações, vivências breves, dinâmicas interativas ou uso de materiais pedagógicos. As oficinas devem estar vinculadas a um dos três eixos temáticos, contribuindo de forma concreta para a qualificação dos processos formativos e a articulação teoria-prática.
Critérios gerais para submissão:
Os resumos deverão ter no mínimo 500 e no máximo 1000 palavras, explicando claramente os objetivos, a vinculação temática, a metodologia utilizada e os principais resultados ou contribuições.
As propostas serão avaliadas pelo comitê científico do simpósio, com base na originalidade, clareza, coerência e pertinência temática.
A submissão será feita por meio de formulário online disponível no site oficial do evento.
As submissões de resumos deverão ser enviadas exclusivamente por meio do formulário eletrônico oficial.
Não serão aceitas propostas enviadas fora do prazo ou por e-mail.
A programação final com os horários das apresentações será divulgada até o dia 07 de junho de 2025.
Organização do Evento
O Simpósio Internacional “Educação (ambiental) em tempos de complexidade: diálogos na América Latina e seus enfrentamentos” é organizado por instituições e pesquisadores comprometidos com a transformação educativa, o pensamento crítico e a justiça socioambiental na América Latina.
Doutor em Ciências Ambientais
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG), no Brasil. Núcleo de Pesquisas e Estudos na Formação Docente e Educação Ambiental (NUPEDEA).
Coordinador general
Mg Ciencias Naturales y Educación Ambiental
Universidad Pedagógica y Tecnológica de Colombia (UPTC)
Grupo de Pesquisa Waira: Ambiente, Comunidade e Desenvolvimento
Coordinador logístico
Universidad Pedagógica y Tecnológica de Colombia
Universidad Pedagógica y Tecnológica de Colombia
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG)
Universidad Pedagógica y Tecnológica de Colombia
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