Plataforma OSLER usará IA e registros de voz para mapear competências de residentes e internos, garantindo privacidade e alinhamento com a LGPD
São Paulo, 31 de outubro de 2025 – Em uma iniciativa que promete transformar a educação médica, o projeto **OSLER - Observatório Sistematizado de Learning e Experiências na Residência** foi um dos selecionados para receber investimento através do Edital de Projetos 2025 da Associação Amigos da Escola Paulista de Medicina (EPM). A proposta visa criar uma plataforma de inteligência artificial para otimizar o aprendizado e a avaliação de médicos residentes e internos da EPM, uma das mais conceituadas instituições de ensino em saúde do país.
O projeto OSLER, nome que homenageia o médico canadense William Osler, um dos ícones da medicina moderna, propõe uma solução inovadora para um desafio histórico na formação médica: o acompanhamento detalhado e individualizado do desenvolvimento de competências. A plataforma utilizará registros de voz dos próprios residentes — garantindo total privacidade, sem dados clínicos ou identificação de pacientes — para mapear as habilidades técnicas e de comunicação desenvolvidas durante a jornada de formação.
A tecnologia de IA analisará esses registros para gerar relatórios de progresso, identificar pontos fortes e áreas que necessitam de aprimoramento, além de fornecer recomendações de estudo personalizadas. Para os coordenadores de residência, a ferramenta oferecerá *dashboards* completos, permitindo um acompanhamento mais eficiente e baseado em dados sobre o desempenho de suas equipes.
O OSLER se destaca por ser a **primeira plataforma do gênero desenvolvida especificamente para a realidade brasileira**, com foco exclusivo no mapeamento de competências e aprendizado, e não em registros clínicos. O sistema foi projetado com o princípio de "*privacy by design*", garantindo o uso ético e responsável da IA e a conformidade total com a LGPD e regulamentações médicas.
Com um período de execução de 24 meses e um valor total solicitado de R$ 50.000,00, o projeto tem um impacto significativo e direto na comunidade acadêmica da EPM. Os beneficiários diretos incluem cerca de 1.000 médicos residentes (de todas as especialidades), 320 alunos do internato (5º e 6º anos) e mais de 200 preceptores e coordenadores.
A iniciativa chega em um momento em que a inteligência artificial ganha cada vez mais espaço como uma aliada na educação médica global. Ferramentas de IA já são utilizadas para simular casos clínicos, personalizar trilhas de aprendizado e otimizar a preparação para provas. O projeto OSLER se alinha a essa tendência, focando em preencher uma lacuna específica no apoio à formação de especialistas.
O investimento virá do fundo patrimonial da Amigos da EPM, uma associação formada pela comunidade da Escola Paulista de Medicina que tem como missão apoiar financeiramente projetos de impacto acadêmico, científico e institucional. Em sua edição de 2025, o edital destinou R$ 250 mil para propostas que promovam o desenvolvimento do ensino e da vivência universitária. O processo de seleção incluiu uma apresentação pública dos projetos finalistas, conhecida como "Pitch Day", onde os proponentes defenderam suas ideias perante uma comissão avaliadora.
Com a aprovação, a equipe do OSLER poderá desenvolver e implementar a plataforma, com potencial de, no futuro, ser replicada em outras instituições de ensino médico no Brasil, fortalecendo a formação de novos profissionais de saúde com base em um modelo de excelência e inovação.
O projeto OSLER é liderado por uma equipe multidisciplinar de especialistas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp):
Prof. João Brainer Clares de Andrade: Professor Afiliado do Departamento de Neurologia da EPM/Unifesp e do Departamento de Informática em Saúde da DIS/EPM/Unifesp, Doutor em Neurologia e Neurociências pela Unifesp e Columbia University (EUA). É o criador de diversas plataformas digitais para modelos preditivos e suporte à tomada de decisão em Neurologia, e líder do grupo de pesquisa CNPq "Neurologia e Inovação".
Profa. Claudia Galindo Novoa: Professora Adjunta do DIS/EPM/Unifesp, Mestre e Doutora em Informática em Saúde. É Chefe do Departamento de Informática em Saúde da EPM/Unifesp.
Profa. Rita Maria Lino Tarcia: Professora Adjunta do DIS/EPM/Unifesp, Doutora e Mestre em Linguística pela USP. É pesquisadora credenciada no Programa de Mestrado Profissional Ensino em Ciências da Saúde (CEDESS/Unifesp).
Autoria da matéria: Andréa Pereira Simões Pelogi
Revisão técnica: Claudia Galindo Novoa (Docente do DIS/EPM/Unifesp)
Adaptação para divulgação científica: Andréa Pereira Simões Pelogi (Comunicação)
Data de Publicação: 07/11/2025
Aviso: As informações apresentadas neste artigo têm caráter informativo e não substituem orientação profissional especializada. O Departamento de Informática em Saúde não se responsabiliza por eventuais erros ou interpretações incorretas do conteúdo divulgado.