Inteligência Artificial ajuda na classificação das cefaleias: plataforma brasileira acelera o diagnóstico com maior precisão

Pesquisadores da Unifesp, UECE e São Camilo lideram a criação do Head.AI, um sistema que usa GPT-4o para classificar mais de 200 tipos de cefaleia com 89,5% de acerto, superando ferramentas globais e prometendo revolucionar o atendimento médico

A dor de cabeça, ou cefaleia, é uma das queixas mais comuns nos consultórios médicos, mas o diagnóstico preciso de seus mais de 200 tipos pode ser um verdadeiro desafio, até mesmo para especialistas. Agora, uma inovação brasileira promete mudar esse cenário.

Uma equipe multidisciplinar de pesquisadores, com participação do Departamento de Informática em Saúde e do Departamento de Neurologia da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp), da Universidade Estadual do Ceará (UECE) e do Centro Universitário São Camilo, desenvolveu e validou uma plataforma de inteligência artificial (IA) chamada Head.AI, que demonstrou uma precisão impressionante no diagnóstico de distúrbios de dor de cabeça.

O estudo, publicado na revista BMC Neurology, foi liderado pelos professores João Brainer Clares de Andrade e Thiago Bulhões da Silva Costa, ambos do Departamento de Informática em Saúde da EPM/Unifesp, e destaca a colaboração entre as instituições para criar e validar a ferramenta.

O desafio do diagnóstico

O padrão ouro para classificar as dores de cabeça é a Classificação Internacional de Distúrbios de Cefaleia, 3ª edição (ICHD-3). Este é um manual complexo e detalhado, e a sua aplicação correta exige grande experiência clínica. A dificuldade em seguir o ICHD-3 à risca leva a diagnósticos imprecisos ou incompletos, especialmente em regiões com poucos especialistas.

"O diagnóstico de cefaleias é um desafio clínico, particularmente para não-especialistas, devido à complexidade do ICHD-3 e à ausência de biomarcadores," explica o artigo. É nesse ponto que a IA entra como uma solução poderosa.

Head.AI: A IA que pensa como especialista

A plataforma Head.AI foi desenvolvida para atuar como um sistema de apoio à decisão clínica. Ela utiliza o poder do modelo de linguagem avançado GPT-4o, mas com uma diferença crucial: ela foi estruturada com uma base de conhecimento especializada, criada por um painel de neurologistas especialistas em cefaleia.

Em vez de apenas "chutar" um diagnóstico, o Head.AI segue a lógica hierárquica e as regras diagnósticas do ICHD-3 de forma rigorosa. Isso garante que o diagnóstico não seja apenas rápido, mas também transparente e baseado no padrão científico.