Olá estudante, seja bem-vindo a esta Unidade. Você sabia que há um prédio em Dubai, chamado Burj Khalifa, que é o edifício mais alto do mundo, com uma altura de 828 metros, 160 andares e 57 elevadores? Anteriormente, foi conhecido como Burj Dubai. Que tipo de curiosidade esse prédio desperta em você? Bom, como estamos falando em processos, a mim desperta a curiosidade em saber como ele foi feito. Há informações que foram utilizados mais de 45.000 metros cúbicos de concreto, pesando mais de 110 000 toneladas.
E você? Como acha que poderia construir seu projeto pessoal ou profissional, a fim de torná-lo um trabalho consistente e sustentável? Walt Disney disse certa vez: “Se você pode sonhar, você pode realizar!”. Os sonhos são combustíveis para a realização de metas e objetivos.
Como vimos na primeira unidade, Sr. Amorim entendeu que precisava se dedicar ao planejamento e não apenas a área de produção, com que ele tem maior afinidade. Mas só o entendimento não produz resultados. Paulo tem senso de urgência, ele tem um perfil dominante e executor, quer o resultado para ‘ontem’, afinal de contas, a empresa não cresce há 2 anos.
O primeiro passo será analisar o ambiente ou, como vimos, acesso à realidade.
Por que, antes de construir a estratégia, é importante conhecer o ambiente?
Você já fez alguma coisa na área profissional, e depois se arrependeu por não ter feito uma análise de cenário anteriormente?
Quando alguém enfermo procura um médico, antes de prescrever a medicação ou o tratamento, o médico examina o paciente ou solicita exames complementares. Não estamos falando de saúde física, mas saúde empresarial, contudo, a analogia cabe perfeitamente. Na linguagem empresarial, o tratamento ou medicamento é a estratégia; o exame é a análise de cenário ou acesso à realidade, que, por sua vez, também é conhecido como diagnóstico empresarial.
A sorte encontra pessoas preparadas e prontas para agir. Começamos com a etapa 1: o acesso à realidade, em outras palavras, nesta etapa a empresa está, para você, como o exame médico está para o paciente. A seguir, também veremos sobre a construção do planejamento, que, particularmente, é a parte que eu mais gosto.
O planejamento estratégico sempre começará pelo acesso à realidade (análise do cenário), entender onde a empresa está é agir estrategicamente. O principal erro do gestor, nesta etapa, é achar que já sabe de tudo, que conhece sua empresa, que entende tudo do cliente e do mercado. Alguns profissionais, ou até mesmo empreendedores, podem até dizer: “eu já estou há 20 anos nesse segmento, já sei tudo”. O mercado muda o tempo todo, por isso torna-se necessário fazer um esforço consciente para saber onde e como a empresa está atuando.
Existe um conceito chamado VUCA, criado pelos professores Warren Bennis e Burt Nanus. VUCA é acrónimo das palavras em inglês: Volatility, Uncertainty, Complexity e Ambiguity, que no português siginificam: Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade. Foi criado na década de 90, no ambiente militar, porém, também se aplica perfeitamente ao ambiente de negócios na atualidade.
Figura 2 - Representação do conceito VUCA. / Fonte: o autor.
As organizações, sobretudo as micro e pequenas empresas, que, por sua vez, representam 98% das empresas no Brasil, possuem grande relevância para o contexto social e econômico do país, elas empregam pessoas e famílias, produzem bens de uso e consumo, atendem necessidades de clientes e da sociedade e arrecadam impostos. Apesar da crescente importância dos negócios, ainda é alto o índice de mortalidade delas. Isso se dá pela falta de planejamento.
O objetivo deste vídeo e da unidade 1 desta disciplina é te ajudar a compreender a importância do planejamento estratégico, como instrumento de gestão da sua empresa.
Volatilidade se refere ao volume e a agilidade com que as mudanças ocorrem, no cenário empresarial. Isso torna mais difícil a capacidade de as organizações acompanharem o mercado. A incerteza, por sua vez, é a incapacidade de prever resultados, mesmo quando as análises são baseadas em dados presentes. A imprevisibilidade é o principal elemento que dificulta a aplicação de novas soluções. Complexidade é a dificuldade de compreender as inúmeras variáveis de um problema ou oportunidade. A conectividade e a interdependência são fatores que ampliam a complexidade. Na ambiguidade existem várias possíveis respostas para uma situação ou problema. A ambiguidade é essa falta de clareza e concretude, isso dá margem a múltiplas interpretações, igualmente pertinentes.
O entendimento do mundo VUCA exige que o gestor se atualize, entenda o cenário, esteja aberto para conhecer e explorar o novo, pesquise novas formas de fazer gestão, desse modo, o que é problema se torna oportunidade. Quando a empresa criar a estratégia, falar de tendência é requisito, entender para onde o mercado está indo, quem são os influenciadores do mercado e o que está acontecendo é importante para o entendimento do cenário. E você? Já conhecia o conceito de mundo VUCA?
Inspire-se com o Guia de Tendência para Pequenos Negócios 2020 e 2021 do SEBRAE.
Ambiente externo
Nesta etapa, é importante saber o que o concorrente está fazendo, não para copiá-lo, mas para conhecer melhor o mercado. Por exemplo: como se o empreendedor fosse dono de um restaurante, mas, eventualmente, almoçasse em um outro. Participar de um grupo de discussão, com pessoas do mesmo segmento é uma boa ideia: procure saber quem está quebrando (falindo), por quê aquela empresa está passando por dificuldades, o que as originou, quem está se sobressaindo, o que está sendo feito. Ainda no ambiente externo, é importante olhar para a economia, PIB e o que for relevante para o cenário.
Ambiente interno
Aqui, o importante é analisar a empresa, ter uma visão sistêmica e interna. Neste momento, resgatamos a identidade do negócio, analisamos os objetivos, verificamos o que está sendo feito, como está sendo gerido. Considere os acertos e aprendemos com os erros, indicadores e índices de gestão, feedback de clientes e sistemas de gestão podem ajudar neste processo, tanto os pontos positivos, quantos os pontos de melhoria são considerados.
No livro Administração Estratégica e Vantagem Competitiva, os professores J. B. Barney e W.S. Hesterly, explicam o modelo VRIO, que é uma excelente ferramenta para realizar uma análise interna de uma organização. Essa metodologia ajuda os gestores a avaliarem os recursos da empresa e se eles estão sendo utilizados de maneira estratégica e competitiva.
VRIO é um acrônimo de Valor, Raridade, Imitabilidade e Organização (em inglês Value, Rareness, Imitability e Organization), antes mesmo de explicar sua aplicação, é importante entender o conceito de recursos e capacidade.
Recursos são todos os ativos intangíveis e tangíveis da organização e são utilizados para criar e implementar a estratégia. Os recursos podem ser:
Financeiros que é o dinheiro proveniente de receitas, investimentos e aplicações;
Físicos, isto é, a estrutura física da empresa, como, por exemplo: equipamentos, instalações e automóveis;
Humanos, sendo os colaboradores e toda capacidade intelectual;
E organizacional, que diz respeito a reputação, a cultura, os processos organizacionais e as interações da empresa.
Já a capacidade é a maneira pela qual os recursos são utilizados. É trazer vantagens competitivas para a empresa, por meio das habilidades em usar os recursos. O modelo VRIO objetiva analisar os recursos internos para que a empresa possa agir de forma sustentável e construir um posicionamento competitivo para que a concorrência tenha dificuldade em superar.
Valor – Um recurso tem valor quando contribui para o resultado de um negócio. Uma cadeia de valor é o conjunto de atividades de uma empresa para criar, produzir e comercializar seus produtos e serviços. Qual é o valor, em recurso e como ele pode ser obtido no mercado? Identificar o valor está na capacidade em explorar uma oportunidade ou neutralizar uma ameaça. Cada empresa tem sua própria identidade, mesmo que venda o mesmo produto, pois cada organização faz escolhas distintas. A empresa cria valor no modo como produz, atende seus clientes e vende.
Raridade – está atrelado a exclusividade e a escassez. Quão raro ou limitado é o recurso? Se poucos tiveram acesso, o recurso é uma exclusividade. A raridade pode ser um momento, não significa que o recurso será raro para sempre.
Imitabilidade – se a empresa tem recursos difíceis de imitar, tem vantagens competitivas, o que é um diferencial. A empresa deve-se perguntar: quão difícil é imitar o recurso que disponho? Um recurso difícil de imitar significa que a empresa enfrentará desvantagem de custo para obtê-lo ou desenvolvê-lo.
Organização - A empresa é capaz de usar o recurso adequadamente? De nada adianta se a empresa não souber explorar seus recursos. Os recursos só serão bem utilizados se a empresa souber aproveitá-los. A Organização potencializa suas vantagens e otimiza os recursos que possuem valor, raridade e são inimitáveis.
Fazendo a análise VRIO:
Quadro 1 - Matriz de análise VRIO / Fonte: DOYLE (2019, on-line)¹.
A representação do quadro 1 orienta a análise por meio do VRIO, as respostas serão sim ou não. Ao questionar se o recurso analisado tem valor, se a resposta for não, significa desvantagem competitiva. Caso contrário, se houve valor, mas não é raro, o resultado é a igualdade e a paridade competitividade, quando a empresa está se equiparando a outros concorrentes. Mas se houver valor e for raro, configura a vantagem competitiva como temporária; se também for difícil de imitar, mas a empresa não estiver organizada para explorar o recurso, o resultado é uma vantagem competitiva que não pode ser utilizada e, por fim, a vantagem competitiva de longo prazo é quando o recurso é valioso, raro, difícil de imitar e a empresa está organizada para utilizá-lo.
O ideal é que a empresa sempre tenha vantagens competitivas de longo prazo. A metodologia pode ser utilizada com qualquer tipo de recurso em qualquer empresa.
O produto da empresa é valioso, pois tem contribuído para que a empresa permaneça no mercado há 5 anos, mesmo que nos últimos anos a empresa não tenha crescido como gostaria. O produto não só contribui com o faturamento, mas tudo indica ser a única fonte de receita da empresa, isso pode ser um problema, pois a empresa acaba apostando todas as fichas em uma única opção de vendas, além de não ser classificada como produto raro, ou seja, comum, existem vários concorrentes no mercado brasileiro. Conclusão VRIO: igualdade / paridade competitiva.
Após o planejamento estratégico e para melhorar essa realidade, Paulo poderia pensar em alternativas para diferenciar seu produto, torná-lo raro, por exemplo: fazer alguma embalagem diferenciada, vender em kit, criar um personagem exclusivo para o público infantil, embalagem comemorativa, trabalhar o conceito de brinde corporativo ou souvenir. São várias as possibilidades e cabe ao consultor mostrar o caminho, identificar a necessidade do seu cliente. Já à empresa, cabe analisar o que faz sentido para seu negócio, conforme seus valores.
A Matriz BCG é uma ferramenta clássica de gestão que ajuda a simplificar as decisões sobre qual o produto do portfólio merece mais atenção. O método é aplicado com base no mix de produtos ou serviços da empresa, levando em consideração o desempenho no mercado e potencial de crescimento.
Isso porque, cada produto ou serviço demanda uma atenção especial dos gestores, dessa forma, é necessária uma ferramenta que os auxilie sobre qual produto ou serviço é mais rentável, traz mais resultados, qual necessita de um maior investimento em divulgação para deslanchar ou, qual produto não traz resultados e, que demanda menor investimento e pode até ser eliminado do mix.
Essa ferramenta contribui na identificação de quais produtos tiveram um bom desempenho e devem ser mantidos e, quais os produtos não estão gerando os resultados esperados.
A matriz BCG é representada graficamente por quatro figuras, sendo elas, estrela, vaca leiteira, interrogação e abacaxi, conforme figura abaixo:
A Estrela, como o próprio nome já diz é a “estrela da casa” é o produto que gera uma receita alta, porém, é um produto que requer alto investimento para alcançar esse bom resultado.
A Vaca leiteira, também são produtos que geram uma alta receita, mas diferente da estrela, não necessita de grandes investimentos, são produtos que se vendem sozinhos, pois, já estão estabelecidos no mercado.
Interrogação, são aqueles produtos que não geram bons resultados, mas também não geram prejuízos. É comum com produtos na fase de lançamento que ainda não são conhecidos pelo público. Assim como o nome diz, são uma incógnita, pois, não se sabe se dará certo ou não, no entanto, com um investimento certo, poderá se tornar uma estrela.
Abacaxi, é aquele produto que possui uma baixa performance entre os consumidores, esse é um ponto crucial do ciclo de vida desse produto, talvez seja o momento de eliminá-lo do portfólio. Lembram-se do caso da azeitona da American Airlines? Pois é! Provavelmente esse era um abacaxi da companhia, que ao decidir por elimina-la do cardápio, economizou 40 mil dólares, que puderam ser investidos em outros projetos.
Enfim, essa é uma ferramenta estratégica que auxilia a tomada de decisão quanto aos produtos ou serviços oferecidos pela empresa.
Para saber mais detalhes sobre a matriz BCG acesse o artigo disponível abaixo:
Após a análise do ambiente, inicia-se a fase de construção da estratégia, que, por sua vez, passará por quatro etapas: definição dos objetivos estratégicos; direção estratégica; recursos necessários; e sistema de gestão. Veja, na representação abaixo:
Figura 4 - Construção da estratégia em quatro etapas. / Fonte: o autor.
Como a empresa pode atrair o cliente para loja?
Como o produto chama a atenção do consumidor?
Qual reação o produto gera no cliente?
Como converte atração em experimentação e experimentação em compra?
O que o consumidor leva em consideração na escolha de um determinado produto?
O objetivo estratégico, conhecido como a aspiração vencedora, é o sonho grande do negócio, que também é alcançável e relevante. Aquilo que a empresa quer realizar e atingir; inclui inovação, resultados, aspecto da empresa, mercado, linhas de produto, entre outros. Vem ao encontro daquilo que a organização quer, por exemplo: ser mais potente, mais veloz, atingir um novo mercado, aumentar a lucratividade, assim por diante. O objetivo estratégico serve tanto para o ambiente externo, quanto para o interno.
Para a definição dos objetivos estratégicos, a empresa precisa definir perguntas estratégicas, isto é, trazer à tona quais dúvidas a organização quer responder antes de sonhar, quais perguntas ajudariam a entender os objetivos que a empresa quer conquistar. Estes questionamentos serão diferentes de empresa para empresa, pois levam em consideração o segmento de atuação, o grau de maturidade da gestão, o cenário no qual o negócio está inserido, o público-alvo que a empresa atende e outras situações.
No caso de um lojista, as perguntas serão sobre a jornada do consumidor:
A etapa número dois diz respeito às grandes direções e requer escolhas. Exemplo: para um e-commerce de roupas que objetiva crescer sua participação de mercado com os jovens de 20 a 30 anos, esta empresa irá criar uma comunicação visual que chame a atenção desses jovens. Ela também poderá entender melhor os desejos e necessidades deste público e buscar supri-los e, ao fazer isso, outros públicos que não se encaixem neste formato, se sentiriam preteridos. Este é um processo natural. Escolher uma direção requer deixar outras e se posicionar, competitivamente, para um segmento.
Este processo de direcionamento estratégico precisa ter métricas, se a entidade quer crescer, o pensamento estratégico irá definir: como ela quer crescer? De que forma? Por quê? Em qual segmento? Quanto do mercado ela quer? São métricas que contribuem para uma estratégia clara e efetiva e, por consequência, ser mais competitivo com o objetivo almejado. As métricas servem para a empresa realizar o monitoramento, para medir se o resultado está sendo alcançado.
Simon Sinek, autor e consultor de nacionalidade britânica, em seu livro “Por Quê? - Como Grandes Líderes Inspiram Ação” revela o conceito do “Círculo Dourado”. O livro é fruto de um estudo que analisou o porquê algumas empresas como a Apple que são tão inovadoras e conseguem um resultado exponencial ano após ano. Sinek percebeu que grandes líderes, como Walt Disney Company, Martin Luther King e a Apple pensam, agem e se comunicam da mesma forma.
Como explicar como algumas empresas conseguem resultados que extrapolam todas as expectativas? Simon explica que a Apple revolucionou o mercado de telefonia móvel e MP3 player com o IPhone e o Ipod, respectivamente. Ele complementa que poderia ter sido outra empresa, inclusive, algumas com mais recursos do que a própria Apple. Mas porque não foi outra empresa? Para o autor, a Apple se comunica de forma diferenciada.
Essa comunicação foi demonstrada através de um círculo, similar a um alvo. Do centro para fora: Por quê? Como? O que? Segundo a teoria, todos sabemos o que fazemos, alguns sabem como, mas apenas uma pequena parcela sabe bem o porquê. Aqueles que alcançam o sucesso, são os que conhecem bem esse porquê e começam os seus discursos com ele. Para Simon, as pessoas não compram o que você faz, elas compram o porquê você faz.
Figura 5 - Circulo dourado. / Fonte: adaptado de SINEK (2017).
Na imagem, observamos que as empresas ou líderes que inspiram multidões de pessoas se comunicam de maneira diferente. Eles têm um propósito, um motivo, uma razão de existir, um porquê bem claro e definido. Exemplo, no comercial da Apple a comunicação que a empresa passa é vender um propósito, isto é, transmitindo senso, causa e crenças.
Assista ao vídeo de Simon Sinek palestrando no TED, uma famosa organização sem fins lucrativos dedicada à disseminação de ideias, geralmente na forma de palestras curtas. O TED começou em 1984, como uma conferência em que Tecnologia, Entretenimento e Design convergiram e, hoje, abrange quase todos os tópicos da ciência aos negócios e questões globais - em mais de 100 idiomas.
https://www.youtube.com/watch?v=qp0HIF3SfI4 ou https://www.youtube.com/watch?v=ayaO26BmkPk (legendado)
Ao utilizar o conceito de persona como técnica para o direcionamento estratégico a empresa aumentará o engajamento com seus clientes e obterá resultados mais eficazes. A palavra Persona vem do latim e significa o nome dado à representação de identidades que assumimos, em busca de identificação com grupos sociais. Para o marketing, é um termo utilizado para definir o tipo de cliente ideal entre os clientes que compõem o público-alvo do negócio.
Você sabia que o estudo de personas permite que a empresa conheça mais sobre seus clientes e como agir em relação a eles? Este levantamento pode considerar dados secundários, isto é, pesquisas já existentes e dados primários, aqueles que a própria empresa irá levantar por meio de pesquisas com o cliente ou observação.
Este estudo levantará dados sobre o cliente como idade, sexo, renda mensal, hábitos sociais, formação escolar e outros que objetivam orientar o planejamento estratégico, definir novos produtos, promover melhorias de processos, criar conteúdo relevante, ser mais efetivo com os perfis de clientes atendidos. Para ficar claro a diferença, público-alvo é o conceito amplo, por exemplo: o produto da empresa objetiva atender mulheres de 20 a 30 anos que compram no shopping, já a persona é um avatar, uma figura específica que representa o cliente ideal.
Para mapear a persona pode-se utilizar do mapa de empatia, uma ferramenta que serve para desenhar o perfil do cliente ideal, com base nos sentimentos, desejos, necessidades e hábitos do consumidor. Esse levantamento pode ser feito por meio de entrevista com o cliente, pesquisas na internet ou em dados existentes e levantamento de informações conforme a percepção que a empresa tem dos seus compradores.
Veja a representação abaixo:
Figura 6 - Mapa de empatia. / Fonte: Custódio (2019, on-line)².
Este exemplo abaixo foi retirado da empresa Resultados Digitais, uma referência em Marketing Digital, tendo como objetivo descrever o cliente ideal de uma empresa de cursos de especialização à distância, vejamos o exemplo:
Juliana tem 36 anos e mora em Belo Horizonte desde que nasceu.
Estudou administração, fez MBA e hoje trabalha em uma empresa de seguros, como gestora de vendas. Para ela, a qualidade da educação é muito importante, pois sabe que ter títulos de boas instituições de ensino abre muitas portas.
Sua vida é agitada e ela se divide entre a família e o trabalho, para dar conta de tudo. Valoriza o conforto e o luxo, pois acredita que, para ser bem vista no seu mercado, precisa passar confiança, seriedade e poder por meio do seu visual. Por isso acha importante usar roupas de marcas, que refletem o seu estilo.
Tem 2 filhos e divide as tarefas com seu marido, além de contar bastante com a colaboração dos seus pais na criação deles. Sempre que precisa, os avós aposentados cuidam dos netos. Gosta de ir a restaurantes com o marido e as amigas para tirar um tempo para si, tomar seu vinho preferido no restaurante badalado do momento.
Sua mãe é sua figura de inspiração, pois foi uma profissional com uma carreira de reconhecimentos, o que Juliana também espera ter. Devido ao tempo que passou fora do mercado para cuidar dos filhos, ela se sente um pouco atrasada.
Está em busca de novos conhecimentos como gestão, metodologias ágeis, Marketing Digital e outros que possam agregar ao seu currículo e no dia a dia na empresa para melhorar seu desempenho e ser mais reconhecida, pois sonha em chegar à diretoria da empresa.
Agora que os filhos estão maiores, consegue reservar tempo para estudar e ler materiais relacionados a sua profissão. Custódio (2019, on-line)².
Figura 7 - Mapa de empatia da Juliana. / Fonte: Custódio (2019, on-line)².
Definindo a direção estratégica, serão analisados quais recursos necessários para atingir os objetivos. Como vimos no método VRIO, segue a representação dos recursos:
Figura 8 - Recursos organizacionais. / Fonte: o autor.
Quanto, em recurso financeiro, será necessário para viabilizar o projeto? Temos uma estrutura mínima para isso? As instalações e equipamentos serão suficientes? Quais conhecimentos e treinamentos serão necessários para qualificar o time? A equipe será suficiente e está preparada? Quais processos precisam ser ajustados para atingirmos o objetivo? Nossa cultura está apta para receber as mudanças? O orçamento empresarial previu esse gasto? Estas são perguntas importantes para definição de recursos a serem utilizados no cumprimento do planejamento estratégico.
Se já definimos os objetivos, a direção estratégica, dispomos dos recursos necessários, agora a empresa precisa executar. O próximo passo para a construção da estratégia é: definição de quais capacidades são necessárias para atuar. A organização precisa ser eficaz no atendimento, na organização, logística, disposição de produtos, marketing, em compreender a jornada do cliente, indicadores e por aí vai.
As competências que sustentam uma padaria não são as mesmas que administram uma farmácia e mesmo que sejam empresas do mesmo segmento, as competências serão diferentes. Por isso, é importante definir as escolhas estratégicas, qual o segmento a empresa quer atuar, de que maneira, com quais recursos, isso trará foco estratégico para o negócio atingir seus objetivos. Além de tirar a empresa de um contexto genérico, querer atender todo mundo parece ser bom, mas não é efetivo e nem estratégico. Estratégia é fazer escolhas orientadas por gestão e análise de ambiente.
Os sistemas de gestão, por sua vez, irão analisar a saúde da empresa, servem para monitorar se o planejamento está sendo feito de maneira adequada. Nos sistemas, os gestores irão verificar indicadores e acompanharão as metas e farão correção nas ações estratégicas. Operar um processo, requer um sistema que forneça segurança para o gestor administrar de modo eficaz.
O que determina o tamanho do plano é tempo necessário para fazer a mudança acontecer e a sua complexidade. Podemos dividir a construção do planejamento em três grandes fases:
Ajustes emergenciais: a primeira fase é onde ocorrerem as mudanças de direção. Exemplo: a empresa não tem plano de marketing e começa a criação de um. A empresa não faz entregas e começa a fazer. São ajustes necessários para entrar na direção correta. Esta fase dura até 3 meses.
Ações estruturantes: onde a empresa ajusta e aprimora processos e sistema de gestão. Pode levar de 6 meses a 2 anos. Traz uma nova maneira de atuação da empresa, normalmente mais ágil e efetivo.
Monitoramento da nova realidade: quando a empresa verifica se as mudanças estratégicas estão trazendo resultados efetivos. Se são necessários ajustes no plano estratégico. Aqui a empresa prova se deu certo o que ela planejou.
Figura 9 - Primeira construção do planejamento estratégico. / Fonte: o autor.
Para fins de organização, a empresa é dividida em três blocos: estratégico, tático e operacional. No bloco estratégico está a alta administração, o dono da empresa, o sócio, o presidente ou a diretoria, na qual se tem a visão geral do negócio, busca-se as ações de longo prazo (que trarão um impacto em um ano ou mais anos), são os planos genéricos que afetam a empresa como um todo. Por exemplo, transformar o modelo de negócio em rede de franquias ou abrir mais uma filial.
Já no bloco tático, ocorrem as decisões por área ou departamento, são ações de médio prazo para a organização (de 6 meses a 1 ano), representado pela pessoa do gerente ou coordenadores de área. Exemplo de planejamento tático: garantir que os pedidos do departamento comercial sejam entregues em até dois dias úteis ou reduzir em 10% o índice de falta no trabalho do departamento pessoal.
No bloco operacional, representado pelos supervisores ou líderes de área são discutidas as ações de curto prazo (até 6 meses), são objetivos pontuais (muito específicos dentro de um departamento/área). Exemplo: protocolar todas as entregas de produto para certificar que o cliente recebeu no prazo acordado ou estabelecer reuniões mensais com os colaboradores da área para promover o engajamento e reduzir as faltas. Veja a demonstração abaixo:
Figura 10 - Planejamento estratégico, tático e operacional. / Fonte: PAULA, (2015, online).
Figura 11 - Representação do fluxo de um planejamento. / Fonte: o autor.
A representação acima exemplifica a realidade de uma empresa. A alta administração (estratégico) definiu seu ciclo de planejamento anualmente, dada a velocidade de mercado. As revisões e o monitoramento do planejamento ocorrem trimestralmente. Os gerentes (tático), para o acompanhamento das ações necessárias para o cumprimento do planejamento estratégico, se reúnem mensalmente. E, por fim, os times se encontram semanalmente para tratar das tarefas operacionais e corrigir eventuais processos desalinhados.
Dica de ferramenta para auxiliar em seu planejamento estratégico!
TO-DO MICROSOFT
To-do é uma ferramenta gratuita da Microsoft que auxilia na gestão de tarefas operacionais. Disponível em aplicativo para smartphone, software para PC e acesso via internet.
Tutorial (inglês): https://www.youtube.com/watch?v=6k3_T84z5Ds
Nesta unidade aprendemos sobre acesso à realidade, também conhecido por ser o exame médico de uma organização. Dentro deste contexto, conhecemos o conceito de VUCA e a análise de ambiente pelo método VRIO. Na sequência, a parte prática mostrou as etapas da construção de um planejamento, sendo elas: objetivos estratégicos, direção estratégica, recursos necessários e sistema de gestão. Não se esqueça de colocar em prática na sua empresa ou projeto pessoal.
Figura 12 - Fonte: o autor.
Vamos continuar falando sobre o tema planejamento estratégico, vamos conversar o empresário Julio Demori, sócio das empresas Estação Grill Restaurante, Panela Brasil e Boliche Estação. Ele vai conversar conosco sobre análise de cenário, construção da estratégia e gestão de crise.