O objetivo desta aula é aprender a diferença básica entre soro e plasma e quais os principais anticoagulantes utilizados na prática. A separação das frações do sangue é fundamental e deve seguir o critério do fabricante a respeito da melhor fração para a realização dos exames em questão.
A composição do plasma sanguíneo é complexa, sendo ele composto, na sua grande maioria, por água e componentes orgânicos, como as proteínas fundamentais nos processos de coagulação (fibrinogênio) e, também, na manutenção da pressão osmótica. Após a coleta do sangue, o que determina a diferenciação entre plasma e soro é a presença ou não de anticoagulante. Sendo assim, plasma é a parte líquida do sangue com presença de anticoagulante, soro é a parte líquida do sangue sem anticoagulante.
Amostra biológica fresca ou centrifugada.
Luvas.
Tubo a vácuo.
Centrífuga.
Ependorf.
Micropipetas 10 μL, 100 μL e 1000 μL.
Estante de micropipetas.
Ponteira para micropipetas.
Descarte com parede rígida.
EPIs: avental, máscara, luvas descartáveis.
Para as análises hematológicas, as amostras devem ser de sangue completo (tratado com anticoagulante EDTA), armazenado pelo período máximo de seis horas em temperatura ambiente ou em 24 horas na geladeira (4 °C). Essas amostras nunca devem ser congeladas, e o volume ideal de sangue é aquele indicado no frasco de coleta.
As dosagens bioquímicas podem ser realizadas em:
Soro – Sem utilização de anticoagulantes.
Plasma – Obtido, principalmente, pelo anticoagulante heparina.
Independentemente de qual fração seja utilizada, ambas podem ser refrigeradas por até três dias ou congeladas por 30 dias até a sua análise, sem prejuízo ao resultado. A única diferença analítica entre soro e plasma é que o primeiro não contém fibrinogênio.
Nas dosagens bioquímicas, são utilizadas, preferencialmente, sangue heparinizado no lugar de sangue coagulado, devido à facilidade na manipulação sanguínea, além da diminuição do risco de hemólise.
No caso da utilização da amostra em soro, é necessário período de espera de 30 a 90 minutos, para que seja formado um coágulo, ou, como alternativa para utilização de soro, é possível utilizar tubos com gel acelerador de formação de coágulo.
Em situações nas quais mais de um tipo de exame é solicitado, recomenda-se a coleta a vácuo, na seguinte sequência:
Tubo com citrato de sódio.
Tubo com ativador de coágulo.
Tubo com heparina.
Tubo com EDTA.
Tubo com fluoreto.
EDTA K2 (ácido etilenodiamino tetra-acético dipotássico): é o mais recomendado para análises hematológicas, pois preserva a integridade celular. Atua como quelante do cálcio, impedindo a coagulação. Tubo com tampa roxa.
Heparina: é um anticoagulante natural, sendo o mais recomendado para análises bioquímicas, pois não interfere os reagentes usados na maioria dos testes. Atua interferindo na conversão de protrombina em trombina. Pode ser usado para contagem eritrocítica, mas não é recomendado para análises leucocitárias, porque é capaz de causar agregação dos leucócitos, alterando a sua morfologia e dificultando a contagem. A heparina de lítio (não de sódio) é o anticoagulante recomendado para análise gasométrica e para hematologia em amostras de répteis e quelônios. Tubo com tampa verde.
Citrato de sódio tamponado: pouco recomendado para hematologia, por não preservar, de maneira adequada, a morfologia celular. Atua quelando o cálcio e impedindo o processo de coagulação. É o anticoagulante recomendado aos testes de coagulação na proporção de 1:9 partes de sangue. Tubo com tampa azul.
Fluoreto de sódio: similar ao citrato, é recomendado, especificamente, para a dosagem de glicose e/ou lactato, pois inibe o processo de glicólise que ocorre nas hemácias, mantendo os níveis in vitro destes metabólitos por mais tempo. Tubo com tampa cinza.
Para a obtenção do soro, recomenda-se a utilização de tubos sem anticoagulantes (tampa vermelha) ou com ativador do coágulo e gel separador (tubo com tampa amarela).
Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica Medicina Laboratorial para coleta de sangue venoso
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1) Ao analisar a importância da segregação do soro x plasma, responda:
a) Determine o mecanismo de ação da heparina.
b) Cite um exame em que haja a recomendação do uso do soro e explique o porquê.
1) A heparina administrada liga-se, reversivelmente, à antitrombina III (ATIII), formando um complexo ternário que inativa várias enzimas da coagulação e conduz à inativação quase instantânea de fatores Xa e Ha. O complexo heparina-ATIII também pode inativar fatores IX, XI, XII e, mais significativamente, a trombina. O mecanismo de ação da heparina é dependente da ATIII, aumentando em mais de 1000 vezes a atividade intrínseca da antitrombina. Atua, principalmente, na aceleração da taxa de neutralização de certos fatores de coagulação ativados pela antitrombina, mas outros mecanismos também podem estar envolvidos. A heparina impede a progressão de coágulos existentes através da inibição da coagulação adicional.
O soro é obtido após a coleta, a coagulação da amostra e posterior centrifugação, sendo que nenhum anticoagulante é utilizado. O objetivo é que haja a formação de coágulo e, neste processo, os fatores de coagulação, plaquetas e fibrinogênio são consumidos. Assim, os exames de sorologia com utilização de metodologia ELISA e quimiluminescência são recomendados na utilização do soro.