Diagnóstico de helmintos intestinais
Os helmintos constituem um grupo muito numeroso de microrganismos que inclui espécies de vida livre e de vida parasitária, são considerados um grave problema de saúde pública em diversas regiões do mundo. Sua presença está associada a baixo desenvolvimento econômico, carência de saneamento básico e falta de higiene.
No Brasil, a frequência de infecções por enteroparasitas varia de acordo com a região estudada e conforme a população. Na literatura, existem diversos trabalhos de estudos epidemiológicos na população dos municípios em diversos estados brasileiros. As principais doenças causadas por helmintos, que afetam a saúde humana, são esquistossomose, ascaridíase, teníase e cisticercose, ancilostomíase, enterobíase, estrongiloidiase, fasciolose e heminolepiase.
O ser humano é o hospedeiro definitivo e específico para várias espécies de helmintos, possibilitando que eles se desenvolvam, atinjam a maturidade e se instalem em localizações anatômicas características, comumente o intestino, podendo causar, além de alterações intestinais, problemas hepáticos, neurológicos, entre outros.
Os helmintos podem penetrar em seu hospedeiro passivamente (sendo seus ovos ingeridos com alimentos ou água ou por meio das mãos sujas) ou ativamente, como larvas, através da pele. Em algumas espécies, as larvas são veiculadas por insetos hematófagos.
Os helmintos são divididos em dois grupos: bio-helmintos e geo-helmintos. Os bio-helmintos são aqueles cujo ciclo evolutivo exige habitualmente a participação sequencial de dois ou mais hospedeiros além do ser humano; geo-helmintos são aqueles cujo ciclo evolutivo pode ocorrer, em parte, no solo (que é a fonte de infecção, contendo larvas infectantes ou ovos), prescindindo de outro hospedeiro além do humano. Os nemathelminthes são, em geral, geo-helmintos, e os platyhelminthes são bio-helmintos.
Para um grande número de espécies de helmintos que parasitam o ser humano, o diagnóstico é feito pelo achado de seus ovos ou larvas nas fezes de pessoas infectadas. As técnicas diagnósticas estão baseadas no exame microscópico direto e após diluição ou concentração desses elementos parasitários presentes na matéria fecal.
Laminário permanente de helmintos intestinais: Schistossoma mansoni, Fasciola hepática, Ascaris lumbricoides, Strongyloides sp, Taenia sp, Enterobius vermicularis, Trichuris trichiura, Hymenolepis nana.
Microscópio ótico.
Óleo de imersão.
O microscópio é usado em muitos setores dos laboratórios clínicos para visualizar estruturas ou células pequenas demais, impossíveis de serem vistas a olho nu. Devido ao fato de o microscópio ser um instrumento delicado, cuidados especiais devem ser tomados com o seu uso, limpeza e armazenamento.
Ajuste grosseiro ou macrométrico: o controle que ajusta a posição das objetivas do microscópio; usado para focar, inicialmente, o equipamento.
Ajuste fino ou micrométrico: o controle que ajusta a posição das objetivas; usado para foco preciso do objeto depois de ter sido focado com macrométrico.
Charriot: o controle que ajusta posição da lâmina, permite movimentar a lâmina sobre a platina.
Condensador: aparelho localizado abaixo da platina do microscópio, direciona a luz para a objetiva.
Diafragma: aparelho regulador da quantidade de luz que chega ao espécime examinado no microscópio.
Objetiva: lente de aumento que está próxima do objeto a ser examinado no microscópio. A objetiva pode ser de pequeno aumento (10x), grande aumento (40x) e de imersão a óleo (100x).
Ocular: lente de aumento que está mais próxima do olho do examinador. O aumento usual é de 10x.
Platina: local onde se coloca a lâmina.
Pinça: Estrutura que prende e lâmina na platina.
Revólver: local onde se insere as objetivas. Deve ser utilizado quando se troca uma objetiva pela outra.
Retirar a capa.
Conferir a voltagem (110v ou 220v) e inserir na tomada.
Conferir se a intensidade da luz está no mínimo (caso não estiver, reduzir) e ligar o interruptor (apenas quando a intensidade da luz estiver no mínimo).
Aumentar a intensidade da luz para o máximo.
Deixar na objetiva de 4x.
Abaixar a mesa (platina).
Prender a lâmina na pinça e centralizar a luz no material.
Ajustar o condensador (intensidade máxima, sem tocar na lâmina) e o diafragma (deixar aberto, intensidade de luz máxima).
Com os olhos nas lentes oculares, utilizar o macrômetro para subir a mesa até focalizar na objetiva de 4x.
Após a focalização, mudar para a objetiva 10x e focalizar utilizando apenas o micrômetro.
Mudar para o aumento de 40x e focalizar utilizando apenas o micrômetro.
Deixar a lâmina entre as objetivas e pingar somente uma pequena gota do óleo de imersão (na “mira” da luz) para colocar no aumento de 100x. Focalizar utilizando apenas o micrômetro.
Tirar a objetiva de cima da lâmina, deixando a lâmina entre duas objetivas. Não abaixar a mesa (para não perder o foco).
Soltar a lâmina da pinça e retirar (cuidado para não empurrar a mesa para baixo).
Limpar a lâmina recém-utilizada com papel higiênico.
Inserir a outra lâmina que será analisada.
Pingar uma gota do óleo de imersão (na “mira” da luz).
Voltar para a objetiva de 100x e utilizar apenas o micrômetro para focalizar.
Figura 1 - Schistossoma mansoni (esquerda: ovos/direita: cercaria)
Fonte: a autora.
Figura 2 - Schistossoma mansoni: verme adulto
Fonte: a autora.
Figura 3 - Fasciola hepática: ovos
Fonte: a autora.
Figura 4 - Áscaris lumbricoides: ovos férteis
Fonte: a autora.
Figura 5 - Áscaris lumbricoides: ovos inférteis
Fonte: a autora.
Figura 6 - Enterobius vermicularis (ovos/verme adulto)
Fonte: a autora.
Figura 7 - Taenia sp
Fonte: a autora.
Figura 8 - Hymenolepis nana (ovos/verme adulto)
Fonte: a autora.
Figura 9 - Ancylostoma sp: verme adulto
Fonte: a autora.
Figura 10 - Trichuris trichiura (ovos)
Fonte: a autora.
Figura 11 - Strongyloides stercoralis
Fonte: a autora.
1) A Ascaridíase ainda permanece como uma das principais verminoses humanas observadas na Atenção Primária à Saúde (APS). Habitualmente, não causa sintomatologia, mas pode manifestar-se por meio de dor abdominal, diarreia, náusea e anorexia. Assinale a alternativa que apresenta a principal forma de infestação da doença:
a) Ingestão dos ovos infectantes do parasita, procedentes do solo, água ou alimentos contaminados com fezes humanas.
b) Ingestão de toxinas presentes em alimentos previamente contaminados, que são produzidos e/ou conservados de maneira inadequada.
c) Contato de material contaminado (sangue de doentes, excretas de triatomíneos) com a pele lesada ou com mucosas, geralmente, durante manipulação em laboratório sem equipamento de biossegurança.
d) Transmissão do ânus para a cavidade oral, por meio dos dedos. Ocorre principalmente em crianças, doentes mentais e adultos com precários hábitos de higiene.
e) O agente etiológico da ascaridíase é a Taenia sp, responsável por causar graves distúrbios intestinais.
2) Em algumas regiões da Bahia, o número de indivíduos portadores de parasitoses é extremamente elevado. Com base no exposto, qual parasito apresenta, em seu ciclo de vida, uma fase pulmonar?
a) Todas as alternativas estão incorretas.
b) Trichuris trichiura.
c) Enterobius vermicularis.
d) Ancylostoma duodenale.
e) Trypanosoma cruzi.
3) Sobre a teníase/cisticercose, assinale as afirmativas com Verdadeiro (V) ou Falso (F):
( ) O complexo teníase/cisticercose constitui-se de duas entidades mórbidas distintas, causadas pela mesma espécie de cestódeo, em fases diferentes do seu ciclo de vida. A teníase é provocada pela presença da forma adulta da Taenia solium ou da Taenia saginata, no intestino delgado do ser humano. A cisticercose é causada pela larva da Taenia solium nos tecidos, ou seja, é uma enfermidade somática. A teníase é uma parasitose intestinal que pode causar dores abdominais, náuseas, debilidade, perda de peso, flatulência, diarreia ou constipação.
( ) Taenia saginata é a tênia da carne de porco e a Taenia solium é a da carne bovina. Estes dois cestódeos causam doença intestinal (teníase), e os ovos da T. solium desenvolvem infecções somáticas (cisticercose).
( ) A teníase é adquirida através da ingesta de carne de boi ou de porco malcozida, a qual contém as larvas. Quando o ser humano ingere, acidentalmente, os ovos de T. solium, adquire a cisticercose.
( ) O ser humano é o único hospedeiro definitivo da forma adulta da Taenia solium e da Taenia saginata. O suíno ou o bovino são os hospedeiros intermediários, por apresentarem a forma larvária nos seus tecidos.
( ) As complicações da cisticercose são: obstrução do apêndice, colédoco, ducto pancreático. As da teníase são: deficiência visual, loucura, epilepsia, entre outros.
A sequência correta para a resposta da questão é:
a) V, F, F, V, V.
b) F, V, F, F, V.
c) V, F, V, V, F
d) F, V, V, F, F.
e) V, V, V, F, F.
1) A.
2) D.
3) C.