Sabemos que uma organização precisa de recursos materiais, financeiros, humanos e de informações para o seu funcionamento. Este mix de recursos precisa ser gerido de forma eficiente, a fim de produzir o máximo lucro com o mínimo de custos. No caso específico de recursos materiais, podemos pensar no espaço físico do empreendimento, nas máquinas e nos equipamentos a serem utilizados no processo produtivo, nas edificações necessárias para a instalação desses equipamentos etc. Além disso, sabemos que os recursos materiais se deterioram ao longo do tempo e tudo isso envolve a saída de recursos financeiros, o que também gera impacto sobre a lucratividade. No aspecto financeiro, há também de considerar a tributação que incide sobre o lucro da empresa.
Diante disso, pergunta-se: como o gestor deve se organizar a fim de ter melhor controle sobre os ativos físicos da empresa e da sua depreciação ao longo do tempo? Como considerar a depreciação e a tributação em sua análise de investimentos? Como o controle do ativo imobilizado é importante para o balanço patrimonial da organização e, também, para o cálculo de seus indicadores financeiros?
Observe que você, empresário(a)/gestor(a), precisa saber quais são os ativos da empresa, como eles se depreciam ao longo do tempo e levar em conta, também, o aspecto tributário em que a organização está inserida, pois isso influenciará, diretamente, a viabilidade, ou não, do seu empreendimento. É crucial que as empresas conheçam e administrem, corretamente, os seus ativos fixos, afinal, este controle ajudará a empresa em processos de auditoria, concorrência em licitações, avaliação de bancos para empréstimos, auditoria externa etc.
Suponha que você é um(a) empresário(a) e precisa aplicar um método de depreciação para a sua empresa, a fim de saber o quanto deverá economizar para repor esse ativo imobilizado. Suponha, ainda, que precise compreender como essa depreciação, juntamente, com a tributação do Imposto de Renda, pode afetar o seu plano de um novo investimento. De que forma você aplicaria o conceito de depreciação e tributação da renda para a análise de viabilidade de um projeto? Como o controle do ativo imobilizado pode ser importante na gestão estratégica da empresa? Ou, de forma objetiva, de que modo o desgaste dos bens e equipamentos da empresa pode afetar o seu fluxo de caixa (receitas-despesas)? E os tributos? Sabendo que eles são um custo para a empresa, de que forma afetarão, também, o fluxo de caixa da mesma e, por consequência, a rentabilidade?
O que você precisa saber para resolver o caso proposto?
1. Definir e classificar quais são os ativos imobilizados da sua empresa.
2. Conhecer a taxa de depreciação que melhor enquadra os seus ativos.
3. Definir um método de depreciação e aplicá-lo, juntamente com o Imposto de Renda, em seu projeto de viabilidade.
4. Compreender se, ao considerar a depreciação e a tributação, o seu projeto é viável ou não.
Sabemos que uma empresa é composta por atividades e processos tão diversos que, muitas vezes, as áreas estratégicas são negligenciadas. Uma dessas áreas é o controle do ativo imobilizado. Como será detalhado, mais à frente, podemos conceituar, de forma sucinta, o ativo imobilizado como bens físicos utilizados para executar ou apoiar a atividade-fim de uma empresa, cuja validade desses ultrapassam o exercício, ou seja, possuem durabilidade maior de um ano.
Para o bom funcionamento da empresa, o ativo imobilizado deve passar por um rigoroso processo de mapeamento e monitoramento, e isso contempla o patrimônio, pois, por meio dele, é possível que o(a) empresário(a) tome decisões mais eficientes e assertivas, garantindo que as atividades empresariais não sejam interrompidas por falta de recursos.
Assim, é crucial que as empresas conheçam e administrem, corretamente, os seus ativos imobilizados, afinal, isso as ajudará em processos de auditoria, licitação, avaliação financeira etc. Conhecer a situação dos bens da organização e a sua vida útil esperada é importante para o planejamento estratégico e o balanço patrimonial, além de ser um importante aliado no cálculo de indicadores financeiros.
O ativo imobilizado é parte do grupo tangível das empresas no qual faz parte o ativo delas. Dessa forma, ele é considerado um bem que a empresa utiliza, a fim de fornecer mercadorias, serviços, locação de terceiros, finalidade administrativa etc. e que serão utilizados por mais de um período. A fundamentação jurídica para o ativo imobilizado encontra-se na Lei nº 6.404/1976, Art. 179, inciso IV, cuja redação contempla: “Considera-se Ativo Imobilizado os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens” (BRASIL, 1976, on-line).
Iudícibus et al. (2010), ao definirem o ativo imobilizado, afirmam que o mesmo é composto por bens destinados ao uso e à manutenção da empresa, englobando, também, os ativos de propriedade industrial ou comercial. Com isso, o ativo imobilizado pode contemplar diversos ciclos operacionais da empresa, inclusive, a vida toda. Os autores destacam, ainda, que os bens pertencentes à empresa e que se destinam ao processo operacional futuro também são considerados ativo imobilizado.
Fonte: adaptado de Brasil (1976, on-line) e Iudícibus et al. (2010).
Nesse sentido, um automóvel, uma máquina, um edifício utilizado por uma empresa são ativos imobilizados da mesma, haja vista que são utilizados em seu processo operacional e não com o objetivo de venda, assim, um terreno que esteja em processo de receber novas instalações também faz parte do ativo imobilizado. Destaca-se, ainda, que todo ativo imobilizado é tangível, ou seja, são itens como máquinas, equipamentos, edificações etc., bens como patente e direito autoral, cujo valor se caracteriza como direito de propriedade, são alinhados no grupo de ativos intangíveis.
Para compreender melhor o conceito de ativo imobilizado, é importante conhecer as suas classes. Uma delas é o agrupamento de ativos de natureza e o uso semelhantes nas operações de uma empresa. O Quadro 1, a seguir, exemplifica esta ideia.
Quadro 1 - Exemplos e descrição de ativo imobilizado / Fonte: Iudícibus et al. (2010).
Exemplo 1: suponha um bem cujo preço de aquisição foi de R$ 50.000,00, com vida útil de cinco anos e valor de venda, ao final deste período, correspondente a 20% do valor de aquisição. Se considerarmos um contexto sem inflação, pode-se afirmar que o valor residual desse equipamento é de R$ 10.000,00.
O exemplo aponta que 80% do valor investido, ou seja, R$ 40.000,00 não será recuperado, com isso, é preciso transformá-lo em despesa, isto é, nos resultados desses cinco anos, é preciso deduzir esse valor não recuperável sem fazê-lo, portanto, parte do lucro, e sim, da recuperação do ativo imobilizado. Seguindo esta lógica, ao transformar esse valor de R$ 40.000,00 em despesa, ocorre o processo de depreciação (IUDÍCIBUS et al., 2010).
A depreciação pode ser entendida como uma despesa ou um custo para a empresa e se refere à obsolescência, ao longo do tempo, dos ativos imobilizados. Este processo ocorre porque, com o passar do tempo, há o desgaste do bem por causa do uso na produção, fazendo com que esses ativos percam o valor.
De maneira mais técnica, pode-se considerar a depreciação o processo de transformar em despesa parte do valor de um ativo imobilizado destinado ao uso, sendo, portanto, a diferença entre o custo de aquisição e o valor residual. Chama a atenção o fato de que a taxa anual de depreciação tem, como limite, o próprio valor do bem, e isso deve ser feito de forma individualizada, observando as características de cada um dos bens utilizados pela empresa.
Fonte: adaptado de Iudícibus et al. (2010).
Dessa forma, para calcular a amortização de um bem depreciável, deve-se levar em consideração: a) a estimação da vida útil do bem; b) a estimação do valor residual, ao final da vida útil do bem; c) problema de escolha do método.
A baixa do ativo imobilizado ocorre quando o mesmo deixa de fazer parte do patrimônio da empresa, sendo necessário, portanto, considerar a vida útil do bem. É importante destacar, ainda, que toda baixa precisa estar documentada para fins contábeis.
Como já destacado, causas físicas e funcionais são fatores que limitam a vida útil de um ativo. Iudícibus et al. (2010) apontam que, com o avanço do progresso tecnológico, algumas máquinas, mesmo em condições de funcionamento, se tornam obsoletas, não sendo mais, economicamente, utilizadas. Como exemplo, temos os aparelhos de informática, que, rapidamente, evoluem em relação à sua funcionalidade, sendo necessária a troca.
O pronunciamento técnico que trata dos ativos imobilizados é o CP27. Este prescreve o tratamento contábil para esses ativos, de forma que os usuários das Demonstrações Contábeis possam obter informações sobre o investimento em seus ativos imobilizados bem como as alterações nesse investimento.
As demonstrações financeiras da depreciação são partes integrantes das Demonstrações Contábeis da depreciação.
Quadro 2 - Lançamentos das Demonstrações Contábeis / Fonte: a autora.
Importante destacar, também, que a depreciação não pode ser creditada, diretamente, na conta ativo, pois, neste caso, o custo seria perdido de vista. A depreciação, por ser uma estimativa, deve ser creditada em uma conta específica, a fim de que seja possível realizar os seus ajustes, no decorrer do tempo.
Acesse, o vídeo que mostra o passo a passo para calcular a depreciação de máquinas e equipamentos.
Há diversos métodos utilizados para se calcular a depreciação, dentre eles, se destacam: Método Linear; Soma dos Dígitos; Método Exponencial e Máquinas-Hora, os quais são apresentados e exemplificados, a seguir.
O Método Linear contabiliza, como despesa ou custo, uma parcela constante do valor do bem, em cada período.
Exemplo 2: uma empresa comprou, no início do ano, uma máquina no valor de $ 50.000,00, com vida útil estimada em cinco anos e valor residual de 20%.
Neste caso, o valor da depreciação será 50.000 - 20% = 40.000/5 = 8.000,00 anual. Para o cálculo do valor mensal, será 8.000,00/12 = 666,66. Ao final do primeiro ano, o balanço ficará da seguinte forma:
Tabela 1 - Lançamento da depreciação (Exemplo 2) / Fonte: a autora.
Já para a implantação do Método da Soma dos Dígitos, somam-se os algarismos desde a unidade até o número que representa os anos da vida útil do bem.
Exemplo 3: para o caso anterior, considerando o valor residual de $ 10.000,00, teríamos: 1 + 2 + 3 + 4 + 5 = 15.
Tabela 2 - Depreciação com valor residual (Exemplo 3) / Fonte: a autora.
O Método Saldo Decrescente, também conhecido como Método Exponencial, consiste em calcular quotas de depreciação por meio da multiplicação de um percentual fixo sobre o valor contábil, o qual decresce ao ano.
Exemplo 4: seguindo com as informações apresentadas nos métodos anteriores, teríamos o seguinte resultado:
Tabela 3 - Depreciação pelo Método do Saldo Decrescente / Fonte: a autora.
Importante destacar que o percentual anual a ser depreciado é calculado pela seguinte fórmula:
neste caso, o percentual de 27,52% foi obtido por:
as quotas de depreciação anual foram calculadas da seguinte maneira:
Quota Ano 1 = 27,52% * 50.000,00= 13.761,02.
Quota Ano 2 = 27,52% * 36.238,98= 9.973,61.
Quota Ano 3 = 27,52% * 26.265,28= 7.228,74.
Quota Ano 4 = 27,52% * 19.036,63= 5.239,24.
Quota Ano 5 = 27,52% * 13.797,30= 3.797,30.
Os saldos que serviram de base de cálculo da depreciação anual foram obtidos da seguinte maneira:
Ano 1 = 50.000,00.
Ano 2 = 50.000,00 - 13.761,02 = 36.238,98.
Ano 3 = 36.238,98 - 9.973,61= 26.265,28.
Ano 4 = 26.265,28 - 7.228,74 = 19.036,63.
Ano 5 = 19.036,63 - 5.239,24 = 13.797,30.
Compreendido esse método, passamos a apresentar o Método Máquinas-Hora, o qual é mais utilizado por grandes indústrias, que, geralmente, trabalham com diversos turnos. A ideia básica desse método consiste em estimar a quantidade de horas que a máquina será utilizada e, com base nisso, calcula-se a depreciação.
Exemplo 5: uma nova máquina adquirida por uma empresa gera o total de 33792 horas, ou seja, 16 horas diárias, em 22 dias de trabalho no mês, com 12 meses no ano, durante oito anos (16x22x12x8). Assim, a depreciação ocorre a cada hora trabalhada na proporção 1/33792, ao final do período, tem-se a depreciação do bem.
A Microsoft possui, no Excel, uma fórmula para o cálculo da depreciação. O passo a passo para a sua utilização, assim como um exemplo prático.
A questão tributária é parte fundamental na gestão de uma empresa, pois os tributos influenciam, diretamente, o seu fluxo de caixa e a sua lucratividade. O(a) gestor(a) deve ter em mente que o planejamento tributário, dentro do contexto conjuntural vivenciado nos últimos tempos, permite que a empresa torne mais eficiente o processo de maximização dos lucros, por meio de melhorias no seu fluxo de caixa, o que permitirá a atuação competitiva no mercado.
O cenário fiscal brasileiro é complexo e isso exige que as empresas reavaliem as suas obrigações, periodicamente (especialmente, ao final do exercício). Esta constante reavaliação contribui para a redução dos custos, mesmo com tributos, pois, ao conhecer as formas de enquadramento, os tipos de tributos, os benefícios fiscais e as oportunidades tributárias dentro de um processo de planejamento, melhores resultados poderão ser alcançados pelas empresas.
Aqui, verificaremos a influência do Imposto de Renda no investimento de uma organização empresarial, considerando que a carga tributária representa um ônus real para a empresa e, como já destacado, isso afeta os fluxos monetários dos investimentos, o que pode fazer um projeto tornar-se menos lucrativo, ou, até mesmo, inviável. Por isso, é fundamental a inclusão do Imposto de Renda na análise de projetos (OLIVEIRA, 1982).
De acordo com Casarotto Filho e Kopittke (2020), o Imposto de Renda incide sobre o lucro tributável das corporações e a sua faixa oscila, em média, de 15% a 25% dos lucros, dependendo da política fiscal vigente. Os autores destacam, ainda, que a alíquota é aplicada sobre o lucro apurado no final do exercício. O lucro refere-se à diferença entre o faturamento (receita) e as despesas, além de fatores como depreciação (responsável por repor os ativos da empresa), amortização de financiamento, vendas a prazo que influenciam, substancialmente, o valor a ser pago de Imposto de Renda, pois impactam, diretamente, o fluxo de caixa. Importante destacar, também, que, de acordo com a legislação tributária, é possível as empresas deduzirem a depreciação do seu lucro anual e, a partir daí, calcularem o Imposto de Renda.
Precisamos analisar os projetos após o IR. Oliveira (1982) aponta que uma dificuldade que pode surgir quando se determinam os fluxos de caixa, após o IR, é a utilização do ativo, na maioria das vezes, não coincidir com a vida contábil prevista pela legislação tributária para calcular a depreciação. O autor destaca, ainda, que podem ocorrer os seguintes casos:
Vida econômica = vida contábil: neste caso, o ativo será depreciado, integralmente, ao longo do horizonte do planejamento considerado.
Vida econômica > vida contábil: neste caso, o ativo será depreciado, integralmente, porém durante um período menor do que o horizonte de planejamento
Vida econômica < vida contábil: aqui, o ativo será depreciado, parcialmente, durante o horizonte de planejamento.
Vida econômica: se refere ao operacional de um bem.
Vida contábil: prazo de utilização funcional de um bem, ou seja, coincide com o seu período de depreciação.
Exemplo 6: suponha que uma empresa adquira um equipamento no valor de R$ 20.000,00, com vida econômica de seis anos (sem valor residual ao final deste período) com previsão de lucro anual no valor de R$ 6.000,00 e IR de 30%. Verifique a TIR para os seguintes casos:
Tabela 4 - Fluxo de caixa: Exemplo 6 (vida contábil de quatro anos) / Fonte: a autora.
Tabela 5 - Fluxo de caixa: Exemplo 6 (vida contábil de seis anos) / Fonte: a autora.
Tabela 6 - Fluxo de caixa: Exemplo 6 (vida contábil de sete anos) / Fonte: a autora.
Neste último exemplo, como o bem possui vida econômica de seis anos e vida contábil de sete anos, o valor de 2.857,14, que é a última parcela da depreciação, é considerado a diferença contábil desse investimento.
Resumo:
Tabela 7 - TIR (Exemplo 6) / Fonte: a autora.
Diante deste exemplo, é possível observar que, quanto menor a vida contábil, ou seja, quanto mais rapidamente o bem for depreciado, maior a Taxa Interna de Retorno, pois o pagamento de maiores valores de impostos é postergado, melhorando, assim, a rentabilidade do projeto. Considere, agora, o mesmo exemplo, mas com valor residual de R$ 6.000,00.
Exemplo 7:
Tabela 8 - Fluxo de caixa: Exemplo 7 (vida contábil de quatro anos, valor residual 6.000,00) / Fonte: a autora.
Tabela 9 - Fluxo de caixa: Exemplo 7 (vida contábil de seis anos, valor residual 6.000,00) / Fonte: a autora.
Tabela 10 - Fluxo de caixa: Exemplo 7 (vida contábil de sete anos, valor residual 6.000,00) / Fonte: a autora.
Tabela 11 - TIR (Exemplo 7) / Fonte: a autora.
Importante destacar que, nesse exemplo, o valor residual de R$ 6.000,00 foi acrescentado no último ano do fluxo de caixa. Destaca-se, ainda, que a diferença contábil, neste caso, é de R$ 3.142,86, que se refere ao valor contábil (R$ 2.857,14) descontado do valor residual de R$ 6.000,00.
Com isso, conclui-se que os projetos de investimento que possuem valor residual geram taxas de retorno mais elevadas, mas, da mesma maneira que no caso anterior, esse valor é mais elevado quanto menor for o tempo de depreciação do equipamento.
Os exemplos, a seguir, mostram a análise considerando a viabilidade do projeto pela ótica do Valor Presente.
Exemplo 8: suponha que uma empresa fará um investimento em um novo equipamento. Este novo investimento a ser feito será de R$ 10.000,00 e, antes da dedução da depreciação e do IR, a empresa obterá lucros de R$ 3.000,00 ao ano, durante cinco anos. Após este período, o equipamento será vendido por R$ 4000,00. Determine o VPL a 8% ao ano, não considerando IR, e após, com IR de 30%.
Tabela 12 - Valor Presente Líquido com IR e sem IR (Exemplo 8) / Fonte: a autora.
Observações:
O fluxo de caixa do ano 5 corresponde ao lucro 3.000,00 + o valor de revenda 4.000,00.
O valor contábil, sendo de 5.000,00 (10.000,00 – 50% de depreciação, ou seja 10% ao ano, durante cinco anos) e a revenda de 4.000,00 caracterizam perda contábil de 1.000, que corresponde a -1.000,00 no quadro Diferença Contábil.
O valor de 1.000,00 no ano 5, na Renda Tributável, corresponde ao lucro de 3.000,00 menos a depreciação de 1.000,00 menos a perda contábil de 1.000,00.
A taxa de depreciação considerada foi de 10%.
Como pode ser verificado, o efeito do Imposto de Renda e a depreciação reduziram, substancialmente, o valor presente desse investimento. Esse exemplo mostra como o IR e a depreciação podem impactar os resultados das organizações.
Casarotto Filho e Kopittke (2020) destacam, ainda, algumas considerações a respeito do preenchimento da planilha anterior. São elas:
Se a aquisição for financiada, será preciso incluir as colunas de juros e da amortização na planilha.
Discriminar os valores envolvendo a compra ou a venda de equipamento. No caso apresentado, poderia ser colocado, no ano 5, uma linha de lucro e outra de venda do equipamento.
A compra de um equipamento e a sua venda pelo valor contábil não são tributadas.
No caso da venda do equipamento, se o valor contábil for superior ao de venda, haverá prejuízo contábil e este será subtraído da renda tributável, se ocorrer o inverso, o lucro será somado à renda tributável.
Abatem-se as despesas da renda tributável e somam-se às receitas.
Exemplo 9: para reforçar o entendimento desse conceito, agora, exemplificaremos um caso em que há o financiamento do bem em questão. Considera-se o exemplo trabalhado, anteriormente, mas com quatro amortizações anuais no valor de R$ 2.500,00 a uma taxa de 10% ao ano. Os resultados são apresentados a seguir:
Tabela 13 - Valor Presente Líquido com IR e sem IR (Exemplo 9) / Fonte: a autora.
Novamente, é importante fazer algumas considerações a respeito da planilha:
No fluxo de caixa, antes do IR (coluna A), foram deduzidos amortização e juros.
A amortização do financiamento não é despesa, apenas, desembolso, portanto, não dedutível, assim, para o cálculo da diferença contábil, calcula-se o valor contábil (10.000,00 – 50% de depreciação = 5000,00) e deduz o valor da revenda 4.000,00, logo, a diferença contábil é de – 1.000,00.
Na renda tributável do ano 5, não deve ser incluído o valor de revenda.
Como pôde ser observado, a tributação tem impacto sobre os resultados das organizações, pois atingem, diretamente, o fluxo de caixa delas. O Imposto de Renda, em especial, deve ser considerado no planejamento das empresas tanto em alternativas financiadas como não financiadas.
Conforme Oliveira (1982), o Lucro Tributável Negativo (prejuízo contábil) ocorre quando a depreciação é maior do que os lucros previstos antes de sua dedução, neste caso, haverá uma redução no valor do imposto devido, haja vista que houve prejuízo da empresa no exercício.
Sob a ótica do projeto, em casos como este, a situação é conduzida como se a firma pagasse, integralmente, os seus impostos, e a Receita Federal, por sua vez, devolvesse ao projeto o equivalente à redução dos impostos. Oliveira (1982), em sua análise, afirma que projetos independentes podem apresentar prejuízos nos primeiros anos, mas esses são compensados, posteriormente, por meio de mecanismos fiscais que possibilitem a dedução dos lucros futuros para fins de imposto de renda.
Para uma aplicação prática, suponha a situação, a seguir:
Exemplo 10: o gerente de uma empresa está procurando inserir, em sua linha de produção, um novo equipamento com o objetivo de otimizar a produção. Esse novo investimento apresenta as seguintes características:
Quadro 3 - Dados informativos para o Exemplo 10 / Fonte: a autora.
Considerando a taxa mínima de atratividade de 10% ao ano, após os impostos, cuja alíquota de IR é de 30%, qual deveria ser o parecer/recomendação da engenharia industrial na análise desse projeto? Para responder a esta questão, verificaremos a Tabela 14, a seguir:
Tabela 14 - TIR com lucro tributável negativo / Fonte: a autora.
Observe que, para a determinação do fluxo de caixa após o Imposto de Renda, tudo se passa como se houvesse uma restituição do imposto ao projeto num montante igual à redução de imposto em relação ao que seria pago pela empresa sem o projeto. Assim, o fluxo de caixa após o IR, do ano 1 ao 4, é maior, ou seja, enquanto a empresa tem um valor depreciado maior do que o seu lucro, ela tem o IR deduzido, aumentando, assim, o fluxo de caixa do período. Como resultado final, a recomendação para o projeto em análise é por sua viabilidade, haja vista que o valor da TIR (12,51%) é maior do que a TMA (10%).
Até agora, vimos como os investimentos são afetados pelo Imposto de Renda, mostrando a importância de considerá-lo na análise de projetos de investimentos. Entretanto, como já destacado, o sistema tributário brasileiro é bastante complexo e exige do gestor bom conhecimento do seu funcionamento, a fim de otimizar os custos das empresas. Por este motivo, o planejamento tributário é vital para a sobrevivência das organizações.
Assim, cabe destacar, a seguir, as principais modalidades de tributos estabelecidos às empresas bem como a maneira com que as mesmas podem se enquadrar nos diversos regimes tributários existentes. Vejamos, a seguir:
Os principais tributos que incidem sobre a pessoa jurídica bem como os possíveis regimes tributários que as empresas podem se enquadrar são:
Imposto que incide sobre o rendimento das empresas. É cobrado pela Receita Federal do Brasil.
É uma contribuição social e acompanha o sistema tributário do IRPJ. A alíquota é de 9% para empresas, já para instituições financeiras, de seguro privado e de capitalização as alíquotas podem chegar a 15%.
É, também, uma contribuição social cuja função é obter receitas para o pagamento de abono, seguro-desemprego e participação na receita dos órgãos e entidades; a sua alíquota varia entre 0,65% e 1,65%.
Incide sobre o faturamento da empresa e é destinada ao financiamento da seguridade social.
Imposto de competência estadual que incide sobre as operações de circulação de mercadorias e alguns tipos de serviços. A alíquota varia de acordo com cada estado.
Tributo municipal incidente sobre a prestação de serviços. A alíquota é definida pelo município, mas os valores devem ser estabelecidos na faixa de 2% a 5%.
Em se tratando de regimes tributários, há três modalidades nas quais as empresas podem declarar o seu IRPJ: Simples Nacional; Lucro Presumido e Lucro Real. De acordo com Portal Tributário ([2021], on-line)¹, essas modalidades são caracterizadas da seguinte maneira:
É uma forma simplificada e engloba o recolhimento de tributos e contribuições tendo, como base, a sua receita bruta. Instituída pela Lei Complementar nº 123/2006, ela permite que sejam recolhidos IRPJ, IPI, CSLL; COFINS; PIS/PASEP, ICMS e CPP em uma única guia; neste regime, o faturamento bruto da empresa deve ser de, no máximo, R$ 4,8 milhões ao ano, e para o recolhimento do ICMS e do ISS, o limite máximo é de R$ 3,0 milhões ao ano.
Este regime engloba IRPJ e CSLL. O faturamento bruto para esta opção é de R$ 78 milhões ou de R$ 6,5 milhões ao ano, vezes o número de meses de atividade do ano-calendário anterior, quando for inferior a 12 meses. A alíquota aplicada é de 15% sobre o lucro presumido. A base legal para esse regime de tributação é a Lei nº 12.814/2013.
Neste regime, a tributação do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) é feita com base no Lucro Real da empresa, que é determinada mediante a apuração contábil dos resultados. A base de cálculo do imposto engloba os ganhos e rendimentos de capital de qualquer natureza, independentemente se tenha ou não a existência de título ou contrato escrito. Neste regime de tributação, calcula-se a diferença entre receitas e despesas, obtendo, com isso, o Lucro Real, e a alíquota (15%) é aplicada sobre esse valor. A base legal está no Regulamento do Imposto de Renda (RIR) 99, Decreto nº 3000.
A importância do controle do ativo imobilizado, de forma prática, se torna fundamental para o planejamento estratégico da empresa e para a composição do balanço patrimonial, além de ser útil em cálculos de indicadores financeiros.
É importante que você, gestor(a), administrador(a) ou empresário(a), tenha em mente três competências importantes na temática analisada nesta unidade:
Conhecer e administrar, corretamente, os ativos imobilizados da empresa.
Conhecer a situação dos bens da empresa e a sua vida útil esperada.
Considerar a depreciação e o Imposto de Renda em seus projetos de viabilidade econômica.