De onde vêm os metais que usamos hoje em dia;
O que fazer com eles para que sejam úteis para nós.
Neste nosso primeiro capítulo, começamos bem, mas bem do começo mesmo! Como tudo começou? Como se formaram os primeiros átomos, como se formou a terra e porque os metais estão nesses lugares e formas químicas estranhas?
Outra temática a ser estudada neste capítulo é como obtemos os metais que utilizamos no nosso dia a dia. Por que a Idade do Bronze veio antes da Idade do Ferro? Por que demoramos tanto para utilizar metais tão legais quanto o alumínio e o titânio?
O que esse assunto tem a ver com o seu curso ou sua futura profissão?
É importante lembrar que utilizamos metais em quase tudo que construímos. Eles são quase infinitamente recicláveis e são uma matéria-prima de extrema importância na Engenharia.
Mãos à obra!
Olhe ao seu redor e possivelmente verá algum objeto metálico. Não era assim nos primórdios da civilização. Os homens antigos utilizavam madeira, couro e rochas. Quando isso mudou? Na revolução industrial tivemos um grande aumento na utilização dos metais.
Mas como os metais se formaram? Bom, vamos fazer uma viagem ao início de tudo, o Big Bang!
Figura 3: Ilustração de nosso sistema solar em formação, reunindo materiais de estrelas anteriores.
Fonte: Pixabay.
Após o Big Bang, que é a coisa mais antiga que pressupomos ter acontecido, (conforme LIRA, 2017) o universo expandiu e os primeiros átomos se formaram. O hidrogênio foi o primeiro átomo a se formar. A gravidade fez seu trabalho e uniu o hidrogênio em nuvens que se condensaram e pela pressão e temperatura dos seus núcleos se criou o segundo átomo do universo, o hélio. Esse processo de fusão iniciou a existência da luz no universo pela formação das primeiras estrelas. Essas estrelas eram muito grandes e com a pressão e temperatura em seus núcleos o lítio foi formado, seguindo formando átomos cada vez maiores até o ferro. Veja esses elementos na tabela periódica abaixo.
Os elementos químicos mais pesados que o ferro foram formados de outra forma, através da explosão da estrela, chamada de supernova. Essa violentíssima explosão iniciada no núcleo funde os átomos uns contra os outros de uma maneira que não compreendemos totalmente, mas sabemos o que ela produz, que são todos os elementos mais pesados que o ferro. Essas nuvens de elementos se unem formando novas estrelas mais pesadas e, após alguns ciclos, se formam os planetas com átomos de várias explosões de estrelas em sua composição. Isso levou dois terços da idade do universo. Na formação do nosso sistema solar, dois planetas se uniram para formar a Terra e a Lua. A Terra esfriou, adquiriu água e a vida se iniciou com cianobactérias que produziram oxigênio nos mares primordiais.
O ferro estava solubilizado nos oceanos e, com a criação do oxigênio livre, ocorreu uma reação chamada OXIDAÇÃO. Essas moléculas de óxido de ferro, pela ação da gravidade, decantaram no fundo do oceano e soergueram mais tarde com a movimentação dos continentes. Dessa forma, obtemos o minério de ferro que utilizamos para fazer o ferro metálico através de um processo chamado REDUÇÃO, que é o inverso da oxidação. Na verdade, isso aconteceu com todos os metais oxidáveis, pois o óxido metálico é mais estável quimicamente que o estado metálico do elemento.
A Idade do Bronze veio antes da Idade do Ferro porque o bronze e vários elementos e ligas chamadas de NOBRES não são tão reagentes com o oxigênio como o ferro, alumínio, titânio e outros ou são mais facilmente reduzidos a metais como o chumbo. O homem começou a utilizar primeiramente metais nobres, como ouro, prata e bronze, por exemplo. O ouro e a prata são elementos químicos, já o bronze e o aço são ligas metálicas compostas por dois ou mais elementos.
A Idade do Ferro veio somente após o homem conseguir reduzir este elemento para formar ligas ferrosas. Isso é feito a partir do minério de ferro, com adição de calcário, carbono e muito calor. As primeiras ligas obtidas eram basicamente ferro fundido cinzento, que utilizamos ainda hoje em estruturas de máquinas que precisam de bastante massa para evitar vibração, por exemplo.
Conforme Kiminami, 2013, os metais puros como o ferro e o níquel não ocorrem na natureza em sua forma pura, como os encontrados nos meteoritos, por exemplo, mas sim na forma de óxidos como hematita, bauxita, cassiterita, calcopirita galena e outros.
Processos de redução são empregados para a separação dos elementos metálicos puros (Al, Cu, Ni, Sn) ou combinados com um segundo elemento (por exemplo, Fe-C).
As combinações de elementos metálicos com outros elementos são chamadas de ligas. As ligas, pela combinação de elementos, possibilitam a ampliação de propriedades possíveis de serem alcançadas pelos metais puros para atender às especificações dos produtos metálicos, como, por exemplo, aumento de dureza por mecanismos de endurecimento ou aumento de resistência à corrosão pela adição de elementos formadores de filmes passivos.
Conforme a Wikipedia, é o metal de transição mais abundante da crosta terrestre e o quarto de todos os elementos. Também é abundante no Universo, tendo-se encontrado meteoritos que contêm esse elemento.
Figura 7: Material metálico encontrado na crosta terrestre, proveniente do espaço, meteorito de ferro metálico.
Fonte: Wikimedia Commons.
Inicialmente, os óxidos de ferro são reduzidos na parte superior do alto-forno, parcial ou totalmente, com o monóxido de carbono, já produzindo ferro metálico. No exemplo abaixo, a redução da magnetita:
Fe3O4 + 3 CO → 3 FeO + 3 CO2
FeO + CO → Fe + CO2
Posteriormente, na parte inferior do alto-forno, onde a temperatura é mais elevada, ocorre a maior parte da redução dos óxidos com o coque (carbono):
Fe3O4 + C → 3 FeO + CO
O carbonato de cálcio se decompõe:
CaCO3 → CaO + CO2
e o dióxido de carbono é reduzido com o coque a monóxido de carbono, como visto acima.
Na parte mais inferior do alto-forno ocorre a carburação:
3 Fe + 2 CO → Fe3C + CO2
Finalmente, ocorre a combustão e a dessulfuração (eliminação do enxofre) devido à injeção de ar no alto-forno e, por último, são separadas as frações: a escória do ferro fundido, que é a matéria-prima empregada na indústria do aço.
Figura 10: Alto-forno, que é o mais viável economicamente. Produz o ferro metálico com teor de carbono altíssimo, sendo chamado de ferro fundido, por ter mais que 2 por cento de carbono.
Fonte: Unsplash.
O ferro obtido pode conter muitas impurezas não desejáveis, sendo necessário submetê-lo a um processo de refinação que pode ser realizado em fornos chamados convertedores. A injeção de oxigênio no interior do metal líquido retira o carbono e outros contaminantes. Podem ser adicionados metais em forma de sucata nessa hora. Também se utiliza uma bomba de vácuo para retirar gases da liga, dependendo do aço que se queira produzir.
Figura 11: Forno convertedor, que reduz a quantidade de carbono na liga de 3 por cento até 1 a 0.2 por cento, dando origem ao aço.
Fonte: Unsplash.
Conforme Wikipedia, o alumínio é o elemento metálico mais abundante da crosta terrestre. Sua leveza, condutividade elétrica, resistência à corrosão e baixo ponto de fusão lhe conferem uma multiplicidade de aplicações, especialmente nas soluções de engenharia aeronáutica. Entretanto, mesmo com o baixo custo para a sua reciclagem, o que aumenta sua vida útil e a estabilidade do seu valor, a elevada quantidade de energia necessária para a sua obtenção reduz sobremaneira o seu campo de aplicação, além das implicações ecológicas negativas no rejeito dos subprodutos do processo de reciclagem ou mesmo de produção do alumínio primário.
A fundição é um processo no qual a liga fundida é vazada para dentro de um molde onde se solidifica na forma da cavidade do molde, conforme Kiminami, 2013.
AMORIM, Luciana Cristine Silva. Tópicos históricos e fundamentos da astronomia (livro eletrônico) Luciana Cristine Silva Amorim. Curitiba: InterSaberes, 2021.
KIMINAMI, Claudio Shyinti. CASTRO, Walman Benício de; OLIVEIRA, Marcelo Falcão de. Introdução aos processos de fabricação de produtos metálicos (livro eletrônico) São Paulo: Blucher, 2013.
LIRA, Valdemir Martins. Princípios dos processos de fabricação utilizando metais e polímeros (livro eletrônico) São Paulo: Blucher, 2017. https://pt.wikipedia.org/wiki/Ferro Acessado em: 25 fev. 2022.
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Diagramação: Marcelo Ferreira
Ilustrações: Marcelo Germano
Revisão ortográfica: Ane Arduim