Quais são os tecidos vegetais encontrados nas plantas e como diferenciá-los;
Qual a função de cada tecido vegetal;
Quais são os três sistemas de tecidos de um vegetal.
Todas as plantas são formadas por tecidos. Neste capítulo, veremos quais os tecidos compõem as plantas e qual a função de cada tecido vegetal. Aprenderemos ainda como é possível diferenciar cada tecido vegetal, que é composto por um arranjo único de células.
Veremos a importância dos meristemas primário e secundário, onde esses tecidos embrionários são encontrados e qual a importância destes para o desenvolvimento da planta. Abordaremos os três sistemas de tecidos de um vegetal: sistema dérmico ou de revestimento, sistema vascular e sistema fundamental.
Ao compreender a histologia vegetal, o(a) biólogo(a) compreende melhor os processos de desenvolvimento dos vegetais, pois a histologia vegetal está intimamente relacionada com a fisiologia vegetal.
Vamos iniciar a nossa jornada?
As plantas são constituídas por três sistemas de tecidos: o sistema vascular, chamado de tecido condutor; o sistema dérmico, também chamado de sistema de revestimento; e o sistema fundamental, que está composto por tecidos que fazem o preenchimento e o armazenamento de substâncias nas plantas.
Todos os tecidos são originados a partir dos meristemas.
Os meristemas ou tecidos formativos não compõem nenhum sistema específico, mas são fundamentais para as plantas, pois são responsáveis por realizar o seu crescimento. Têm duas propriedades básicas: autoperpetuação e proliferação celular.
Podem ser classificados em dois tipos básicos: os meristemas apicais são assim chamados porque são encontrados no ápice de todas as folhas e caules. Esses tecidos são chamados de tecidos embrionários e estão envolvidos, primeiramente, com o crescimento da planta: ápice da raiz e do caule, sendo esse crescimento chamado de crescimento primário. Algumas plantas têm crescimento latitudinal, é o que acontece por exemplo conforme uma árvore vai crescendo e seu caule vai engrossando. Esse engrossamento também é realizado por um meristema, nesse caso, é um tecido meristemático responsável pelo crescimento secundário.
A partir dos meristemas, formam-se os demais tecidos. Iniciaremos o nosso estudo pelo Sistema Fundamental.
O Sistema fundamental é composto por três tecidos: o parênquima, o colênquima e o esclerênquima. Abaixo, seguem as características de cada tecido.
O parênquima ocorre em toda a planta, como tecido de preenchimento, mas esse tecido também exerce outras funções como cicatrização, fotossíntese (nesse caso, é chamado de clorênquima ou parênquima clorofiliano) e armazenamento de ar (nesse caso, é chamado de aerênquima), água (chamado de parênquima aquífero) ou outras substâncias, como é o caso do amido que é armazenado nesse tecido como substância de reserva.
O colênquima é o tecido responsável por fazer a sustentação dos órgãos jovens em crescimento. Suas células são alongadas e esse tecido é composto por células vivas. O colênquima ocorre como feixes isolados ou como cilindros contínuos sobre a epiderme, nos caules e pecíolos. Também pode ser encontrado margeando as nervuras das folhas das eudicotiledôneas, as saliências da folha do aipo, por exemplo, são formadas pelo colênquima (RAVEN et al., 2018). O colênquima é formado por feixes de células alongadas constituídas apenas por parede primária não lignificada, irregularmente espessada, cuja função é a sustentação do corpo primário da planta (folhas, caules e raízes em crescimento primário).
O esclerênquima é responsável por fazer a sustentação e a proteção mecânica de plantas com crescimento secundário. Esse tecido é composto por células vivas ou mortas. O esclerênquima pode ocorrer basicamente de duas formas dentro das plantas: em forma de esclereídes ou fibras esclerenquimáticas.
São compostas por feixes de células alongadas com parede primária e secundária espessadas, frequentemente lignificadas e mortas na maturidade. São comumente encontradas juntas ao xilema e floema para dar sustentação ao sistema vascular, mas podem ser encontradas também no córtex do caule. As roupas de algodão que você usa são constituídas de fibras esclerenquimáticas do algodoeiro.
Podem ser encontrados em toda a planta, têm forma variável e sua célula tem parede primária e secundária espessa, e geralmente lignificada. Diferentemente das fibras esclerenquimáticas podem ser vivas ou mortas na maturidade. A função dos esclereídes é a proteção mecânica, essas células ocorrem juntamente com parênquima e são de extrema importância para aumentar a durabilidade do fruto.
O sistema vascular é responsável pelo transporte de substâncias. A seiva bruta é transportada contra a força da gravidade e a seiva elaborada a favor. Vamos entender agora como cada tecido está estruturado para que esse sistema funcione.
O xilema é um tecido responsável em fazer com que as substâncias absorvidas na raiz cheguem até o ápice da planta. Certamente, você já esqueceu de irrigar alguma planta, chegou em casa e viu aquela planta murcha e imediatamente colocou água na terra. A seiva bruta é constituída de água e substâncias inorgânicas, a água que serve para hidratar a planta funciona também como um solvente para os minerais presentes no solo, é através da água que a planta irá absorver os adubos adicionados na terra.
O xilema, principal tecido condutor de água, também está envolvido na condução dos nutrientes inorgânicos, no armazenamento de substâncias e na sustentação. Juntamente com o floema, o xilema forma um sistema contínuo de tecidos vasculares que se estende por todo o corpo da planta (RAVEN et al., 2018).
O xilema pode ser encontrado nas angiospermas de duas formas: traqueídes e elementos de vaso. Ambas as células são mortas na sua maturidade, mas os elementos de vaso são mais eficientes na condução de água por ter um diâmetro maior e perfurações que permitem que a água circule mais livremente e de forma mais rápida dentro do xilema.
O floema é o tecido responsável pela condução da seiva elaborada na planta. Se a planta está em um estágio vegetativo, o transporte da seiva elaborada não utilizada normalmente é armazenado na raiz da planta. Entretanto, se a planta está em floração ou frutificação (no caso das angiospermas), a seiva elaborada é transportada para a produção das estruturas reprodutivas.
As principais células condutoras do floema são os elementos crivados, os quais são de dois tipos: as células crivadas e os elementos de tubo crivado; o termo crivo refere-se ao conjunto de poros conhecidos como áreas crivadas. Os elementos de tubo crivado são caracteristicamente associados às células parenquimáticas especializadas, chamadas células companheiras, que contém todos os componentes comumente encontrados nas células vivas das plantas, incluindo um núcleo (RAVEN et al., 2018). Na Figura 1, podem ser observados o xilema e o floema.
A epiderme constitui o sistema dérmico de folhas, partes florais, frutos e sementes, e também de caules e raízes, até que estes apresentam crescimento secundário considerável. As células epidérmicas são bastante variadas tanto estruturalmente como em função. Além das células não especializadas, que constituem grande parte da epiderme, esta pode conter células-guarda, muitos tipos de apêndices ou tricomas e outros tipos de células especializadas (RAVEN et al., 2018). Na Figura 2, observa-se o mesófilo de uma folha e os tecidos que a constituem.
Na epiderme, encontram-se os estômatos cuja a função é fazer controle de temperatura da planta além da captação do CO2 para realização da fotossíntese. Os estômatos estão compostos pelo ostíolo (poro), pelas células guarda e pelas células anexas ou subsidiárias. A epiderme é de extrema importância para evitar que a planta sofra ressecamento ou estresse hídrico. A eficiência do uso da água, bem como as características anatômicas, espessura de cutícula e relação diâmetro polar e equatorial dos estômatos são potenciais variáveis de serem utilizadas para verificar como os clones de Coffea canephora se comportam em sistema de irrigação utilizado no Cerrado (SILVA et al., 2019).
A periderme consiste em grande parte de súber ou felema, o que é um tecido morto que apresenta paredes celulares intensamente suberizados na maturidade; a periderme também inclui o câmbio da casca ou felogênio e a feloderme, um tecido parenquimático vivo (RAVEN et al., 2018).
A periderme substitui a epiderme para fazer a proteção das raízes e caules que contém crescimento secundário. A primeira camada de periderme surge logo abaixo da epiderme, à medida que a planta vai crescendo, a periderme vai engrossando. A periderme é constituída em sua maioria por células mortas suberizadas, esse tecido é chamado de súber ou felema. A canela em pau, utilizada para doces, é um exemplo de súber utilizado na alimentação, do súber também são extraídas as rolhas para vinhos e espumantes. Abaixo do felema está localizado o câmbio ou felogênio, um tecido parenquimático vivo, responsável por produzir as células do súber. Abaixo do felogênio está localizada a feloderme, que é composta por células parenquimáticas (Figura 3).
Para promover aeração dos caules, raízes em crescimento secundário, a periderme contém células frouxamente organizadas chamadas de lenticelas (Figura 4).
RAVEN, Peter H.; EVERT, Ray F.; EICHHORN, Susan E. Biologia Vegetal. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
SILVA, Elisângela Aparecida da et al. Eficiência do uso da água e características anatômicas de clones de Coffea canephora cultivados no cerrado. SIMPÓSIO DE PESQUISA DOS CAFÉS DO BRASIL, 10. Vitória, ES, 2019.
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