Entender os modos de manutenção;
Visualizar de uma forma ampla o que é a manutenção;
Adaptar soluções para sua realidade;
Solucionar os problemas de manutenção a que você for desafiado.
Qual a melhor maneira de fazer a manutenção?
Qual dessas abordagens é a mais assertiva?
Qual a metodologia mais simples de manutenção?
Qual a mais importante? E outras perguntas mais…
A resposta, infelizmente, não é simples e depende de muitos fatores. O importante neste momento é conhecer as diversas abordagens e estar por dentro do que está acontecendo nas empresas e no meio em que elas estão inseridas. Entendendo os modos de manutenção deste capítulo, você estará apto a visualizar de uma forma ampla o que é a manutenção, e quando necessário saber analisar as várias possibilidades e adaptá-las à sua realidade para solucionar os problemas a que você for desafiado!
Vamos conhecer?
Quando falamos de manutenção para melhoria de equipamentos, surge à mente Shingo com seu sensacional livro sobre o Sistema Toyota de Produção falando de máquinas e sua relação com autonomação:
Da mecanização à autonomação.
O próximo passo foi passar as funções de fixação, remoção e acionamento de chaves às máquinas. Mesmo depois disso feito, porém, era ainda necessário que houvesse operadores próximos às máquinas, porque a mecanização – na qual o trabalho manual passa a ser feito pelas máquinas – não foi suficiente. Havia a necessidade de uma transferência a um nível mais alto – das funções mentais humanas às máquinas, chamada de autonomação. Neste caso, as máquinas eram equipadas com dispositivos que não só detectavam situações anormais como também paravam a máquina, sempre que ocorressem irregularidades. Essa forma sistematizada de autonomação é chamada de pré-automação.
(SHINGO, 1996)
A Nippondenso Co. Ltd. foi pioneira na implantação da metodologia TPM no Japão, uma empresa pertencente ao grupo Toyota, ver Figura 1. Empresa que está no Brasil desde 1980 e possui quatro fábricas no país, chamada de Denso do Brasil. Essa implantação se deu graças à evolução da MP (Manutenção Preventiva ou Manutenção Produtiva), que foi desenvolvida a partir de 1969, e esta Manutenção Preventiva (MP) pregava a participação de todos e, por isso, era chamada de “Total PM”. Com a evolução da PM (Manutenção Preventiva), a mesma culminou com a criação do “PM Award” ou seja, um prêmio concedido pelo JIPE (Japan Institute of Plant Engineers) no ano de 1971 à Nippon Denso e, mais tarde, o prêmio seria concedido pelo JIPM (Japan Institute Plant Maintenance). Esse prêmio era concedido não somente às grandes empresas, mas também a todas as empresas que atingiam um nível de excelência da manutenção. Porém, essa Manutenção Preventiva teve origem nos Estados Unidos e evoluiu para o TPM da maneira que o conhecemos hoje, quase duas décadas depois no Japão. Os primeiros contatos das empresas japonesas com essas técnicas americanas se deram no início da década de 50. A partir daí, com a apresentação e respectiva adoção da Manutenção Preventiva, que na subsequente década evoluiu para o sistema de manutenção da produção, e que na década de 70 se cristalizou na forma japonesa, ou seja, no TPM. Anteriormente, o Japão também só se preocupava com a manutenção corretiva das quebras, ou seja, a manutenção da máquina ou equipamento após sua quebra ou falha, o que consequentemente gerava mais custos, paradas não programadas e obstáculos para a melhoria da qualidade. Tem como objetivo: perda zero relativo a problemas de origem da manutenção.
Conforme https://www.jipm.or.jp/business/tpm/, "TPM" (Total Productive Maintenance) foi proposto em 1971 pela Japan Plant Maintenance Association. O TPM é uma manutenção de produção com participação total (ou abrangente).
Nas atividades de produção, definimos a lacuna entre a melhor condição e comportamento como "perda" e visamos eliminar essa perda. Também vamos melhorar a constituição da empresa, melhorando a constituição de pessoas e equipamentos. Como resultado, não só aumentará a produtividade e a segurança, mas também levará ao desenvolvimento de recursos humanos.
A TPM tem como objetivo criar uma estrutura corporativa que busque o máximo em eficiência do sistema de produção, evitar todas as perdas com zero acidentes, zero defeitos e zero falhas em todo o ciclo de vida do sistema de produção. Atingir perda zero devido à sobreposição de atividades de pequenos grupos, com todos, desde a alta administração até os funcionários da linha de frente, participando de todos os departamentos, como departamentos de produção, desenvolvimento, vendas e gestão.
Segundo Nakazato (1998), têm-se os seguintes significados para a sigla MPT:
Significa manutenção no sentido amplo, considerando-se o ciclo total de vida útil do sistema de produção e define a manutenção que tem o enfoque nos sistema de produção de processo único, na fábrica e no sistema administrativo de produção. A manutenção do sistema de administração da produção significa a preservação desse sistema em sua condição ideal, mediante a formação contínua de uma estrutura empresarial capaz de sobreviver aos novos tempos, por meio de uma busca constante do limite de eficiência. A manutenção se define em um esforço para se adequar às mudanças da conjuntura.
Significa a busca do limite máximo da eficiência do sistema de produção, atingindo acidente zero, defeito zero, quebra e falha zero, ou seja, a eliminação de todos os tipos de perda. Em outras palavras, não significa simplesmente a busca de produtividade, mas alcançar a verdadeira eficiência através do acidente zero e defeito zero.
Tem o sentido de eficiência global ou ciclo de vida útil do sistema de produção. Tem como objetivo a constituição de uma estrutura empresarial que visa a máxima eficiência do sistema de produção. Conta com a participação de todos, desde a alta administração até os operários de primeira linha, envolvendo todos os departamentos, começando pelo departamento de produção e se estendendo aos setores de desenvolvimento, vendas e administração.
Na gestão (JIPM), as perdas são os maiores fatores de redução da produtividade. A perda é o efeito ou ato de privar parcialmente ou temporariamente de algo que se possuía ou de um resultado que deveria ser alcançado de forma satisfatória. Segundo a metodologia TPM, existem dois tipos gerais de perdas: as perdas crônicas e as perdas esporádicas.
Pode ser definida como uma perda que ocorre de forma permanente, podendo ocorrer por deficiências no projeto do equipamento ou até mesmo em sua montagem ou instalação. Pode ocorrer ainda, em alguns de seus componentes, podendo ser detectada apenas quando se fizer comparações nos processos produtivos similares (benchmark).
Pode ser definida como o tipo de perda que ocorre eventualmente, normalmente de grande capacidade de tempo e efeito. Porém, não é fácil de medir e analisar, criando assim condições diferentes da normalidade e de causas desconhecidas.
Tanto as perdas crônicas como as esporádicas geram insegurança quanto ao grau de confiança operacional do equipamento. Essa insegurança gera a hipótese de que em algum item, seja ele no projeto, na fabricação, na instalação ou ainda no funcionamento operacional, faça aparecer deficiências que geram grandes transtornos à empresa.
Indicadores de performance de manutenção:
Já ouviu falar em KPI? O termo utilizado para os indicadores de performance – Key Performance Indicators ou Indicadores chave de desempenho. Os KPIs devem medir performances realmente importantes para o seu processo. Hoje, as máquinas computadorizadas já possuem diversos softwares que monitoram os indicadores dos equipamentos.
Atualmente, muitas empresas baseiam seus indicadores em um modelo chamado SMART, que serve para definição de indicadores em qualquer área, conforme ilustra a Figura 2.
Specific – Específico: escolha KPIs simples e específicos para evitar monitorar indicadores sem importância;
Measurable – Mensurável: os KPIs devem ser comparáveis e quantificáveis com objetivos específicos. Os KPIs devem ser expressos preferencialmente em numerais;
Attainable – Atingível: os KPIs devem ter metas que reflitam a capacidade da organização, progressivas, mas não deve ser impossível;
Realistic – Realista: a meta deve ser realista com as condições atuais do equipamento e não com as condições desejáveis;
Timely – No tempo: os índices devem ser definidos em um período de tempo para que as metas possam ser efetivamente atingidas.
Etapa inicial e base para implantação da qualidade total, a metodologia 5S é assim chamada devido à primeira letra de 5 palavras japonesas:
Seiri (Classificação);
Seiton (Ordem);
Seiso (limpeza);
Seiketsu (padronização);
Shitsuke (Disciplina).
O programa tem como objetivo mobilizar, motivar e conscientizar toda a empresa para a Qualidade Total, através da organização e da disciplina no local de trabalho. Exemplos na Figura 3.
A curva da banheira é utilizada como representação gráfica da confiabilidade dos equipamentos. Mostra a probabilidade de uma máquina ou equipamento desempenharem satisfatoriamente suas funções produtivas por um período de tempo, sob um dado conjunto específico de condições de operação, conforme podemos na ver Figura 4.
No período de falhas prematuras, a taxa de falhas é alta, porém decrescente. Ocorrem durante o período de depuração ou queima devido a montagens pobres ou fracas, ou componentes abaixo do padrão, que falham logo depois de postos em funcionamento. As falhas preliminarmente são causadas por defeitos congênitos ou fraquezas, erros de projeto, peças defeituosas, processos de fabricação inadequados, mão de obra desqualificada, estocagem inadequada, instalação imprópria, partida deficiente entre outras (WUTTKE e SELLITTO, 2008).
No período de falhas casuais, as ocorrências de manutenção estão mais centralizadas em erros de operação, sobrecargas e falhas eventuais em processos de manutenção corretivas e preventivas. É o período durante o qual as falhas são devidas principalmente a falhas casuais, é a vida útil de cada componente do sistema.
O término da vida útil, sob o ponto de vista de confiabilidade, que ocorre quando o item ingressa no período de falhas por desgastes, não deve ser confundido com sua obsolescência do ponto de vista mercadológico ou produtivo. Nesta, o item é substituído por haver desaparecido o valor atribuído à função que desempenha. Naquela, a substituição ocorre por queda na confiabilidade do item em produzir o valor que dele se espera (WUTTKE e SELLITTO, 2008). A taxa de falhas tende a aumentar rapidamente devido ao tempo e a falhas casuais.
A história mostra que a cada momento surge um modo diferente de abordar a questão da manutenção e é muito grande na mídia novos conceitos, siglas, filosofias e modos de encarar a manutenção.
Neste capítulo, abordamos vários modos de manter algo em funcionamento e existem outros, também variações destes e mesclas de modos de manutenção, ver Figura 5.
É um conceito ligado à frase “dados são importantes, mas dou maior ênfase aos fatos”, de Taiichi Ohno (OHNO 1997). É uma maneira de se envolver pessoalmente e diretamente com processos e problemas reais da empresa.
Trata-se de um sistema diferente do modelo tradicional de gestão baseado exclusivamente em indicadores, números ou dados, vá ao local e converse com as pessoas.
ABRAMAN , Associação Brasileira de Manutenção, Revista oficial da Abraman, Vinte anos da ABRAMAN, (2005) n. 54.
LUZ, Daniel Fonseca da. Operações Industriais. Canoas: Editora da ULBRA, 2015. 323 p.
NAKAZATO, Koichi. Facilitadores TPM – XXXV Evento Internacional de TPM, Tokyo, Japan, JIPM, Impresso pela IMC International, 1998.
OHNO, Taiichi. O Sistema Toyota de Produção: além da produção em larga escala. Porto Alegre: Bookman, 1997.
SHINGO, Shigeo. O Sistema Toyota de Produção: do ponto de vista da engenharia de produção. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 1996. Disponível em:<https://www.jipm.or.jp/business/tpm/>. Acesso em: 27 mar. 2021.
SIQUEIRA, P. Manutenção centrada na confiabilidade. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005.
WUTTKE, R. A.; SELLITTO, M. A. Cálculo da disponibilidade e da posição na curva da banheira de uma válvula de processo petroquímico. Revista Produção Online. Vol. 8 n. 4 Dez. 2008.
Coordenação e Revisão Pedagógica: Claudiane Ramos Furtado
Design Instrucional: Gabriela Rossa
Diagramação: Marcelo Ferreira
Ilustrações: Marcelo Germano e Lucas Dias
Revisão ortográfica: Igor Campos Dutra