Compreender conceitos definidos em normas;
Relacionar conceitos com a prática do dia a dia.
Neste capítulo, conheceremos alguns termos técnicos utilizados em manutenção como função requerida, defeito, falha, pane, confiabilidade, mantenabilidade, disponibilidade, manutenção e engenharia de manutenção.
Com esses conceitos assimilados, iremos analisar os diferentes tipos de manutenção, aprender a identificar através de exemplo prático que tipo de manutenção está acontecendo em cada situação.
Também iremos analisar a taxa de falhas em relação ao tempo e identificar as fases da curva da banheira, e comparar um equipamento à nossa própria vida, iniciando com taxa de mortalidade na infância, vida adulta e envelhecimento.
Vamos lá!?
Os termos a seguir são fundamentais para a compreensão do leitor desta obra. Com o objetivo de uniformizar, a maioria das definições utilizadas é apresentada pela NBR 5462 (ABNT, 1994), e também explicadas por Seleme (2015).
Função ou combinação de funções de um item que são consideradas necessárias para prover um dado serviço.
Qualquer desvio de uma característica de um item em relação aos seus requisitos. Defeito pode, ou não, afetar a capacidade de um item em desempenhar uma função requerida.
Término da capacidade de um item desempenhar a função requerida.
Estado de um item caracterizado pela incapacidade de desempenhar uma função requerida. A pane sendo crítica, pode gerar condições perigosas e inseguras para pessoas, danos materiais significativos ou outras consequências inaceitáveis. A “falha” é um evento, diferente de “pane”, que é um estado.
Capacidade de um item desempenhar satisfatoriamente uma função requerida sob condições especificadas durante dado intervalo de tempo. O termo confiabilidade é usado como uma medida de desempenho de confiabilidade.
Capacidade de um item ser mantido ou recolocado em condições de executar suas funções requeridas, sob condições de uso especificadas quando a manutenção é executada sob parâmetros determinados e mediante procedimentos e meios prescritos. O termo mantenabilidade é usado como uma medida do desempenho de mantenabilidade.
Capacidade de um item estar em condições de executar certa função em dado instante ou durante um intervalo de tempo determinado, levando-se em conta os aspectos combinados de sua confiabilidade, mantenabilidade e suporte de manutenção, supondo que os recursos externos requeridos estejam assegurados. O termo disponibilidade é usado como uma medida do desempenho de disponibilidade.
A manutenção é a combinação de todas as ações técnicas e administrativas, incluindo as de supervisão, destinadas a manter ou recolocar um item em um estado no qual possa desempenhar uma função requerida.
Atividade de manutenção de equipamentos ou itens que pressupõe o desenvolvimento de conceitos, critérios e requisitos técnicos nas fases conceituais e de aquisição, devendo o resultado ser utilizado e mantido durante a fase operacional, assegurando o apoio à manutenção eficaz dos equipamentos.
Manutenção efetuada após a ocorrência de uma pane e destinada a recolocar um item em condições de executar uma função requerida.
Manutenção efetuada em intervalos predeterminados ou de acordo com critérios prescritos, destinada a reduzir a probabilidade de falha ou a degradação de funcionamento de um item. As ações são realizadas por medidas de precaução para evitar ou diminuir a probabilidade de falhas ou um nível inaceitável de degradação em serviço, em vez de corrigi-los depois que eles ocorrem.
Manutenção que permite garantir uma qualidade de serviço desejada, com base na aplicação sistemática de técnicas de análise, utilizando-se de meios de supervisão centralizados ou de amostragem, para reduzir no mínimo a manutenção preventiva e diminuir a manutenção corretiva. Utiliza métodos de medição e processamento de sinais para diagnosticar com precisão as condições dos equipamentos durante a operação.
Já vimos que a manutenção corretiva é a manutenção efetuada após a ocorrência de uma pane e destinada a recolocar um item em condições de executar uma função requerida.
Vamos agora para uma abordagem mais informal:
O que isso quer dizer na prática?
Tem como explicar isso em termos mais simples?
Claro que tem!
Pense assim: quando algo estraga, e você vai consertar, você irá fazer uma manutenção corretiva! Você vai CORRIGIR o problema! Daí vem o nome dela! Então, analisando de outra maneira, a manutenção corretiva só pode existir se algo já estiver estragado! Simples não? Por exemplo, um pneu furado, conforme a Figura 2.
Nas definições anteriores, vimos que a manutenção preventiva é a manutenção efetuada em intervalos predeterminados ou de acordo com critérios prescritos, destinada a reduzir a probabilidade de falha ou a degradação de funcionamento de um item.
Vamos agora para uma abordagem mais informal:
Como assim, Professor?
É fácil entender com exemplos:
Seu carro furou um pneu, então você vai fazer uma manutenção corretiva, como já vimos antes, certo?
Agora, se o pneu do seu carro está bem murcho e você enche ele de ar, você está fazendo um tipo de preventiva, se PREVENINDO, daí vem o nome dela.
O pneu está rodando, mas, se não forem tomadas providências, ele vai ter um defeito ou até falha. Então, calibrar os pneus a cada certo tempo, usando um calibrador conforme Figura 4, é uma manutenção preventiva.
Também vimos que a manutenção preditiva é a manutenção que utiliza métodos de medição e processamento de sinais para diagnosticar com precisão as condições dos equipamentos durante a operação. Ela serve para definir o momento da manutenção preventiva.
Vamos novamente para uma abordagem mais informal, Figura 5.
Professor, as outras entendi, mas esse nome… explica aí!
Que bom que está claro até aqui! Lembra-se do pneu do carro? Então, quando você compra um pneu, nas especificações dele, tem uma vida prevista em quilômetros. Isso já é um parâmetro para manutenção preventiva, simplesmente trocar a cada tantos quilômetros. Mas acontece que o pneu pode se desgastar mais ou menos que a vida prevista dele.
O ato de examinar periodicamente a profundidade dos sulcos do pneu, isto é, quanta borracha ele tem ainda disponível, é uma forma de PREDIZER quando o pneu precisará ser recauchutado ou substituído, daí vem o nome de preditiva!
Este tipo de análise é feita quando se tem um considerável número de itens para servirem de parâmetro. Usando pneus como exemplo, se você tem uma frota de caminhões que fazem sempre o mesmo trajeto, com mesma carga, provavelmente os pneus de mesma marca e modelo terão vidas muito parecidas, conforme Figura 6.
Este tipo de análise é feita quando não se tem outros ítens de comparação e é possível realizar medições periódicas de certos indicadores de desgaste. No caso de pneus, seria, por exemplo, um veículo de características únicas, que roda em terrenos variados e com cargas e condições distintas do normal, conforme Figura 7.
Figura 7: Pneus para terrenos variados e com cargas e condições distintas do normal.
Fonte: FreeImagens.
Então, é necessário um monitoramento de indicadores, estatístico ou sintomático, para construir um gráfico de evolução do desgaste, e assim poder predizer matematicamente por extrapolação da curva, o ponto de manutenção.
A vida de um ítem consiste em três fases distintas, conforme a curva de Weibull, também conhecida como a curva da banheira pela sua forma característica, conforme Figura 8.
Essa curva possui taxa de falhas no eixo y e tempo no eixo x.
Quando a vida útil de um item inicia, a chance de se ter falhas é maior. Na nossa vida, também é assim, a taxa de mortalidade no ser humano é bem maior na infância.
A parte central da curva é uma linha reta, com a taxa de falhas baixa, mas não nula, afinal podemos morrer a qualquer momento. Porém é a parte mais extensa da curva, passamos a maior parte de nossa vida nela, é nessa parte que é desempenhada a função a que o equipamento foi projetado. Podemos denominar essa parte central também como vida útil, vida operacional e fase da maturidade.
A parte final mostra um aumento da taxa de falhas devido ao desgaste natural do equipamento. Nós também ficamos velhos e por isso a tendência a falhar mais seguidamente.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5462: 1994. Confiabilidade e Mantenabilidade. Rio de Janeiro: ABNT, 1994.
SELEME, Robson. Manutenção industrial: mantendo a fábrica em funcionamento [livro eletrônico/Robson Seleme. Curitiba: InterSaberes, 2015. (Série Administração da Produção). 2 Mb; PDF ISBN 978-85-443-0341-2.
Coordenação e Revisão Pedagógica: Claudiane Ramos Furtado
Design Instrucional: Gabriela Rossa
Diagramação: Marcelo Ferreira
Ilustrações: Marcelo Germano
Revisão ortográfica: Igor Campos Dutra