Problemas relacionados à poluição da água;
Prevenção da poluição;
Caracterização de água e efluentes.
Neste capítulo, serão abordados os assuntos relacionados às fontes de poluição, parâmetros de qualidade de água e efluentes, que são utilizados para controle de poluição e sua caracterização. Para controle da poluição em águas, existem algumas estratégias operacionais, tais como o reuso e a minimização da geração de resíduos. Ambas são muito utilizadas na indústria com vistas a não geração de efluentes e diminuição dos gastos.
A caracterização é uma importante ferramenta para monitorar a qualidade dos corpos d’água, para a elaboração de projetos e monitoramento dos sistemas de tratamento, tanto de água quanto de efluentes. A maior parte dos efluentes industriais e esgotos são compostos de misturas complexas cuja caracterização pela análise físico-química e biológica de todos os constituintes da mistura é inviável economicamente. Por isso a importância de conhecer os parâmetros de controle e saber caracterizar a matriz aquosa.
Vamos estudar sobre esse assunto?
A poluição é um grande problema ambiental, preocupando profissionais das mais diversas áreas da saúde e engenharias, fazendo com que setores públicos e privados se mobilizem e unam esforços para minimizar os impactos decorrentes da atividade humana. A matriz ambiental que mais demanda atenção é a água, pois sua poluição é devido à presença de compostos químicos, físicos e biológicos estranhos ao ambiente natural, que podem causar alteração da qualidade de determinado curso ou corpo de água, direta ou indiretamente, além de torná-lo potencialmente nocivo à fauna, flora e populações humanas vizinhas que utilizam essa água. A poluição das águas pode ser causada pelo lançamento de efluentes industriais e agrícolas e esgotos domésticos, além de resíduos sólidos diversos devido à disposição irregular.
Um corpo hídrico ou lençol freático é considerado contaminado quando está impregnado de contaminantes antropogênicos, que o impeça de ser utilizado para fins de consumo estritamente humano, como água potável ou para banho. Outro fator relevante é quando o corpo d’água sofre uma radical perda de capacidade de sustento de comunidades bióticas (capacidade de abrigar peixes, por exemplo).
Forma química: altera a composição da água e reage com ela;
Forma física: não reage com a água, mas afeta negativamente os ecossistemas do ambiente;
Forma biológica: introdução de organismos ou microrganismos não pertencentes àquele ecossistema ou aumento de determinado organismo ou microrganismo já existente.
A poluição das águas ocorre à medida que aumenta a concentração humana e as atividades industriais. Essas atividades geram diferentes tipos de resíduos e rejeitos, que podem ser sólidos e líquidos.
1. A pura doutrina precisa de um consenso na proclamação tanto pública como particular.
2. “Cremos, ensinamos e confessamos” assume uma dimensão de confissão pessoal, de obrigatoriedade eclesiástica e reconfirmação sistemática da Teologia.
3. Ajuda a rejeitar o que é contrário às Escrituras.
4. Estabelece um requerimento dos estudantes de Teologia como é o caso dos candidatos ao ministério pastoral na Igreja Evangélica Luterana do Brasil dos quais se requer conscientemente uma subscrição aos documentos.
a. Efluentes Domésticos (esgoto), que são águas contendo matéria fecal e as águas servidas, resultantes de banho e de lavagem de utensílios e roupas;
b. Efluentes Industriais, que incluem os resíduos orgânicos de indústria de alimentos, matadouros e as águas residuais provenientes de atividades industriais;
c. Águas Pluviais, que são água da chuva (podem ser contaminadas);
d. Água de infiltração, que é água do subsolo que se infiltra na rede.
A poluição pode ser localizada (pontual) ou difusa (não pontual). A Figura 1 ilustra as formas e fontes de poluição localizada e difusa.
A poluição localizada é aquela em que a fonte de poluição tem origem de um ponto específico e de fácil identificação, como, por exemplo, uma tubulação de efluente industrial que deságua em um arroio. As fontes de poluição dispersas são difíceis de ser identificadas, pois formam a contaminação difusa, ou seja, que não possui origem em uma única fonte, pois pode ser gerada como resultado de acúmulo do agente poluidor em uma área ampla. Entre os principais problemas causados pela poluição de corpos hídricos por águas servidas, como esgoto doméstico e industrial, estão a depleção de oxigênio, a contribuição de sólidos, a inserção de organismos patogênicos, o aumento de nutrientes que causam a eutrofização, lançamento de efluentes e lodos contendo metais e outras substâncias tóxicas. Dessa forma, o lançamento de efluentes é desproporcional à capacidade de depuração do curso d’água.
A qualidade da água subterrânea também pode ser impactada pelas várias atividades antrópicas. As entradas de poluentes podem ser intencional e acidental, diretamente no solo ou no subsolo, e originar de fontes localizadas ou difusas. Os tipos de poluentes que podem degradar a qualidade das águas subterrâneas são ilimitados, devido às diversas atividades que podem ocorrer na superfície e que podem introduzir patógenos, substâncias químicas orgânicas e inorgânicas, radionuclídeos, além de poluentes emergentes, como os fármacos. A salinidade da água subterrânea também pode ser alterada pela introdução de água salgada que ocorre a partir do excesso de bombeamento da água doce dos poços situados nas áreas costeiras. Assim, a água se torna salobra e inviabiliza seu uso para a irrigação das culturas e para consumo humano sem prévio tratamento. A Figura 2 ilustra as fontes de poluição localizada e difusa de contaminação de água subterrânea.
Para monitorar e controlar a poluição ambiental, é importante conhecer as fontes de contaminação e as suas características físicas, químicas e biológicas. A partir disso, consegue-se propor uma forma de minimização, controle e monitoramento.
Nas indústrias, a prevenção da poluição das águas é uma boa estratégia para manter a qualidade ambiental e evitar gastos com a mitigação de danos. Para prevenir a poluição e controlar, quando existente, é necessário a avaliação do ciclo de vida de um determinado produto, estudando as entradas e saídas das operações unitárias envolvidas no processo produtivo, envolvendo desde a extração da matéria-prima até a disposição final do produto após seu uso. Para avaliar a possibilidade de prevenção da poluição, sugere-se o fluxograma da Figura 3, que é baseado na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) (BRASIL, 2010), mas que pode ser utilizado na minimização de efluentes.
Percebe-se que a prioridade é prevenir a geração, por meio de modificações de processos, substituição de matéria-prima, entre outras ações. Dessa forma, a minimização de efluentes deve ser estudada visando a redução de volume, diminuição da concentração e periculosidade do poluente, e na combinação das duas alternativas. A redução da vazão pode ser proposta e alcançada tanto em sistemas de efluentes industriais quanto em domésticos. Entretanto, a redução na concentração e periculosidade de poluentes é mais factível às indústrias.
As indústrias podem atingir redução no volume de efluente utilizando as estratégias de segregação de correntes de efluentes de acordo com suas características, conservação do uso da água em processos industriais e reuso de efluentes tratados no processo. A segregação de correntes, deve ser feita separando-as pelas suas características físico-químicas. Além dos benefícios ambientais, essa ação traz benefícios econômicos e facilita a operação da estação de tratamento de efluente (ETE). A redução na concentração de poluentes pode surgir através da inclusão em projetos com ações de tecnologias limpas, para prevenção da poluição e diminuição de resíduos. Já a minimização de resíduos tem como objetivo minimizar impactos negativos através da redução da quantidade de material residual de processos industriais. Incluem aplicações de tecnologias para controle de poluentes, substituição de reagentes e matérias-primas, tecnologias limpas e outras atividades que minimizem a geração de resíduos.
Entre os benefícios da minimização de efluentes, estão: a) redução da vazão e alimentação de efluente em plantas de tratamentos existentes com capacidade limitada; b) minimização de sobrecarga hidráulica ou orgânica e efeitos de toxicidade em unidades de tratamento existente; c) redução no tamanho de unidades de tratamento de efluentes e possivelmente dos tipos de processos; d) redução nos custos de operação e manutenção da planta; e) redução nos custos da água para usuários de grau doméstico e industrial e nos custos de produtos químicos ou manufatura para indústrias; f) redução na demanda da água em áreas com recursos hídricos com capacidade limitada; g) melhoria no atendimento aos padrões de qualidade exigidos pela legislação para descarte; h) redução dos impactos indesejáveis na qualidade da água e ecossistemas aquáticos.
A caracterização de água/efluente é muito importante, pois, a partir dos parâmetros investigados, é possível projetar e operar os sistemas de tratamento, além de assegurar os padrões de lançamento. Para uma boa caracterização, é necessário uma boa amostragem e coleta. Para a coleta de amostra de efluentes/água, deve-se ter cuidado para não contaminá-las com agentes externos ao meio. Alguns cuidados devem ser tomados, tal como identificador nos frascos e preencher corretamente as fichas de coleta, que apresentam, obrigatoriamente, os dados, como condições climáticas e coordenadas de localização dos pontos amostrados. Em ETE, para avaliação das características do efluente tratado, a amostra deve ser coletada pouco antes do mesmo atingir o corpo receptor ou tanque de armazenamento. Se for necessária a determinação do impacto do efluente sobre o corpo receptor, deve-se coletar outras duas amostras, uma a montante do lançamento e outra a jusante, que fornecerão subsídio para estudo de autodepuração do corpo hídrico (Sugere-se ler a CONAMA 357/2005 e a CONAMA 430/2011).
A dificuldades de análise para caracterização dos efluentes são relacionadas à variação da qualidade da amostra entre o instante de coleta da amostra e o instante de realização da medida.
Essa variação da qualidade da amostra pode ser relacionada a aspectos:
a. Biológicos: a degradação de certos constituintes da amostra pela ação de microrganismos, sejam eles naturalmente presentes no despejo ou devido à contaminação cruzada. Para minimizar essa degradação biológica, a amostra deve ser mantida sob refrigeração a temperaturas próximas de 5ºC;
b. Químicos: a oxidação lenta, mas gradual, pelo oxigênio atmosférico. Assim, deve-se evitar que a amostra fique em contato com o ar;
c. Físicos: a decantação e/ou coalescência das emulsões, adesão de filmes superficiais nas paredes do frasco que contém a amostra. Nesse caso, para minimizar esse problema, pode-se tentar solubilizar o filme através da adição de diminutas porções de um agente tensoativo (detergente) (problema muito comum em efluentes que contém óleos).
Água e efluente podem conter substâncias orgânicas biodegradáveis e não biodegradáveis, além de contaminantes orgânicos e inorgânicos. Espécies inorgânicas reativas são facilmente determinadas, mas a determinação de substâncias orgânicas solúveis tem sido mais problemática. Em função disso, estipula-se a utilização de indicadores de poluição medidos através dos denominados parâmetros globais. Entre os parâmetros mais comuns para a medida do teor poluente em águas, estão: sólidos, Demanda Química de Oxigênio (DQO), Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), Carbono Orgânico Total (COT), turbidez, cor, concentração de oxigênio dissolvido, pH, dureza, fluoreto, cloreto, concentração de material tóxico, temperatura, microrganismos patogênicos.
Para saber quais parâmetros devem ser avaliados na caracterização de corpos d’água e efluentes, deve ser observado o que está exposto na CONAMA 357/2005 (BRASIL, 2011), pois ela dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento e estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes. Já para avaliar os parâmetros relacionados à potabilidade da água, deve ser estudado o anexo XX da Portaria de Consolidação nº 5 do Ministério da Saúde (BRASIL, 2017). Cada parâmetro para caracterização de água e efluente tem um procedimento analítico para sua quantificação. Os detalhes relativos a esses procedimentos para medidas da qualidade de efluentes são encontrados em normas técnicas e no Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (2012). Cita-se alguns:
Sólidos dissolvidos: sólidos que têm capacidade de se dissolver na água, total ou parcialmente. Esses sólidos não podem ser removidos por tratamentos físico-químicos convencionais.
Sólidos em suspensão: são os sólidos, em estado de repouso do efluente, dificilmente decantam de forma natural. Torna-se necessária a adição de produtos coagulantes que provoquem a sua precipitação e posterior remoção por decantação ou flotação. Podem ser de origem orgânica (matéria orgânica em estado coloidal) ou inorgânica.
Sólidos sedimentáveis: constituem-se na parte mais grosseira dos sólidos suspensos. É o volume de sólidos que se deposita no fundo de um recipiente, cessada a agitação, depois de determinado tempo de repouso. São os constituintes principais do lodo das estações de tratamento.
Demanda Química de Oxigênio (DQO)
A DQO corresponde à concentração de matéria orgânica e inorgânica presente no efluente. É a quantidade de oxigênio quimicamente utilizada para oxidação da matéria orgânica e inorgânica de uma amostra. Essa análise é puramente química, que ocorre em meio ácido, ou seja, não envolve microrganismos. A oxidação é entre a ação química do Cr2O7-2 ou do MnO4- em meio fortemente ácido. A vantagem da medição de DQO é a rapidez das respostas com relação à DBO.
Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)
A DBO é utilizada para indicar o grau de poluição de um esgoto, ou seja, um índice de concentração de matéria orgânica por uma unidade de volume de água residuária. A DBO é a quantidade de oxigênio dissolvido, necessária aos microrganismos, na estabilização da matéria orgânica em decomposição, sob condições aeróbias. Em um efluente, quanto maior a quantidade de matéria orgânica biodegradável, maior é esse índice.
Turbidez
Este parâmetro está relacionado com a concentração dos sólidos em suspensão. Esgotos mais frescos ou mais concentrados possuem, geralmente, maior turbidez. Consiste na redução da transparência da água devido à presença de partículas em suspensão (essas partículas são maiores do que as que conferem cor à água). A turbidez é medida em laboratório em um aparelho chamado turbidímetro, sendo a unidade de turbidez dada em NTU. A diminuição da turbidez pode ser obtida por processos físico-químicos.
Concentração de oxigênio
O metabolismo da fauna aquática do corpo receptor, depende do oxigênio dissolvido na água para o seu ciclo vital (metabolismo). Dessa maneira, consideram-se como agentes poluentes todas as substâncias e/ou condições que, direta ou indiretamente, participem para a redução da concentração do oxigênio dissolvido (OD) do corpo receptor. A faixa crítica da concentração de OD é entre 3 e 4 ppm, mas o ideal é entre 4 e 7 ppm.
pH
O pH expressa a concentração de íons hidrogênio. É o indicador da condição alcalina ou ácida do meio. Os organismos aquáticos, em sua maioria, vivem adaptados às condições de neutralidade, ou seja, em torno de pH 7.
Dureza
A dureza é uma característica geralmente associada à presença de sais de cálcio e de magnésio contidos no despejo. Em excesso, é um problema, pois acelera o processo de incrustação de sólidos (óxidos desses elementos) em tubulações.
Temperatura
Uma elevação da temperatura do corpo receptor, causada pela temperatura do lançamento de efluente, reduz a solubilidade do oxigênio na água. A temperatura influencia diretamente na taxa de qualquer reação química, que aumenta com sua elevação, salvo os casos onde a alta temperatura produza alterações no catalisador ou nos reagentes.
Um processo de tratamento de água é um conjunto de operações unitárias que tem como objetivo condicionar a água de um corpo d’água ou subterrânea para uso industrial ou para consumo humano. Já um processos de tratamento de efluente é formado por um conjunto de operações unitárias que são instaladas em áreas industriais (no caso de efluente industrial) ou em municípios (caso seja esgoto) com o objetivo de tratar os resíduos líquidos gerados em processos industriais e/ou sistemas domésticos. As operações unitárias que compõem as estações de tratamento de efluentes podem ser compostas por processo preliminar e/ou primário, secundário, terciário ou avançado, dependendo da necessidade de controle da poluição e das características da água ou do efluente. Para selecionar a tecnologia empregada, deve-se observar alguns parâmetros que afetam diretamente na seleção das unidades de processos. Entre eles estão:
Características da água ou do efluente gerado;
Qualidade requerida da água ou do efluente tratado (Observar legislação vigente);
Confiabilidade e operação;
Custos.
A avaliação preliminar de viabilidade e custo de uma tecnologia pode ser realizada após realização de referencial teórico, englobando detalhada revisão de publicações e discussões com fornecedores de equipamentos sobre custos de investimento e operação de determinada tecnologia. Essa avaliação pode reduzir opções potenciais antes da fase de dimensionamento preliminar. As ações citadas neste capítulo têm como objetivo não interferir na qualidade ambiental do seu contexto socioambiental.
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Ilustrações: Rogério Lopes
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