ORIGEM E CARACTERÍSTICAS DOS ALIMENTOS

Prof. Fabiano Moraes Miguel

Nesta unidade temática, você vai aprender

Introdução

Neste capítulo, iremos discutir os aspectos conceituais em relação a tudo o que envolve uma alimentação saudável, a origem e as características dos alimentos e dos micro e macronutrientes.

Quem nunca ouviu a frase: “Somos o que nós comemos”? A alimentação, ou melhor, a alimentação saudável, é uma condição essencial da nossa sobrevivência, pois é através dos alimentos que retiramos a energia necessária para a realização das funções vitais do nosso organismo, para o desenvolvimento corporal e manutenção das estruturas, para a plena condição de saúde e prevenção de doenças e para o movimento de modo geral.

Faremos uma análise sobre os micro e macronutrientes retirados dos alimentos através do processo de digestão, enfatizando as suas funções no organismo, principalmente relacionadas à saúde, a qualidade de vida de crianças, jovens, adultos e idosos e a performance desportiva.

Preparados? Então vamos ao trabalho!

ALIMENTAÇÃO

A alimentação, além de prazerosa, é essencial para a sobrevivência humana. Através dos alimentos, nosso organismo tem a capacidade de retirar os nutrientes essenciais, ou seja, aqueles que não são produzidos pelo organismo e, portanto, precisam ser retirados dos alimentos através do processo de digestão. Eles podem ser de origem animal, vegetal ou sintéticos.

Fonte: Pixabay. 

A finalidade da alimentação é saldar a demanda energética básica e a demanda energética de desempenho. Em atletas, essa compensação é ainda mais importante, pois o alto desempenho no esporte profissional somente pode ser atingido tendo como base um treinamento adequado e uma boa alimentação. A alimentação deve ser tal que garanta o equilíbrio entre balanço calórico, balanço de nutrientes, balanço mineral, balanço vitamínico e balanço hídrico. 

Fique de olho!

A boa alimentação é aquela que contempla a absorção de todos os nutrientes de maneira balanceada, ou seja, do ponto de vista nutricional, os alimentos não são classificados como bons ou ruins, desde que a combinação entre eles supra as necessidades de energia e de todos os nutrientes. 

Mundialmente conhecido, o conceito da pirâmide alimentar, criada ainda no século passado, foi desenvolvido com o intuito de ilustrar às populações, de modo geral, o que representa uma dieta balanceada e quais os alimentos compõem uma dieta saudável.

Os tipos de alimentos que compõem cada nível da pirâmide alimentar (Figura 1) podem variar dependendo do país e até mesmo da região, no entanto, devem seguir a proporcionalidade entre os níveis.

Infográfico

Como percebe-se através da ilustração, a base da pirâmide é constituída por alimentos ricos em carboidratos. No segundo nível da pirâmide encontram-se os alimentos ricos em fibras, sais minerais e água. Diferentemente dos níveis anteriores, o terceiro, que é formado por alimentos fontes de proteínas, foi dividido em três: grupo do leite e seus derivados, grupo das carnes e ovos e grupo das leguminosas. 

No topo da pirâmide, observa-se o grupo dos alimentos ricos em gorduras e açúcares. Esses alimentos encontram-se no topo da pirâmide, pois sugere-se que eles devam ocupar um menor espaço na alimentação saudável.

No quadro abaixo, temos alguns exemplos de alimentos que compõem cada nível da pirâmide alimentar e os seus respectivos principais nutrientes, adaptada à realidade brasileira. 

Quadro 1. Exemplo de alimentos por nível da pirâmide alimentar 

Fonte: Autor. 

Há consenso de que os hábitos alimentares e a própria disponibilidade de alguns alimentos ou escassez de outros acabam interferindo na composição do cardápio dos brasileiros. No entanto, há um percentual recomendado para cada grupo desses nutrientes visando uma boa nutrição, sendo 50 a 60% de carboidratos; 25 a 30% de gorduras e 10 a 15% de proteínas. Esses percentuais podem sofrer alterações com a idade, quando há interesse em reduzir o percentual de gordura, aumento da massa muscular e/ou performance esportiva. 

TIPOS DE ALIMENTOS

Os alimentos também são classificados quanto às suas funções no organismo.

Dessa forma, os alimentos são classificados em três grandes grupos:

Fonte: Pixabay. 

Alimentos construtores

As nossas estruturas teciduais se renovam constantemente diante de uma degradação natural de estruturas celulares. A construção dessas estruturas requer uma disponibilidade suficiente de nutrientes para que possa ocorrer, e fazem parte desse grupo alimentos ricos em proteínas e sais minerais.

Os alimentos encontrados no segundo e terceiro nível da pirâmide alimentar compõem, portanto, esse grupo, o que justifica sua importância dentro de uma alimentação saudável.

Alimentos Energéticos

A fonte primária de energia é o sol! A partir da energia solar, todas as outras formas de energia existem, graças à sua capacidade de transformação (Figura 2). Os vegetais utilizam a energia solar para realizar as suas reações químicas necessárias à formação dos carboidratos, gorduras e proteínas. Os animais, incluindo os seres humanos, comem vegetais e outros animais para gerarem a energia necessária para manter as suas atividades celulares.

As fibras musculares, por exemplo, convertem a energia química presente nos nutrientes que compõem o grupo de alimentos energéticos (carboidratos, gorduras e proteínas) em energia mecânica para a realização dos movimentos.

Além do sistema locomotor, os demais também requerem energia para a realização das suas funções. Mesmo em repouso ou até mesmo dormindo, nosso organismo está gastando energia para manter a homeostase e as funções vitais como a respiração, batimentos cardíacos, pressão arterial, temperatura, entre outras.

Fique de olho!

Os alimentos energéticos estão presentes em toda a pirâmide alimentar, tendo os carboidratos como base para uma alimentação rica em energia.

Alimentos Reguladores

Fazem parte deste grupo alimentos que contribuem para o perfeito funcionamento do organismo, como os sais minerais, água e as vitaminas.

As vitaminas são classificadas como micronutrientes, e desempenham funções importantes na melhora da qualidade de vida dos indivíduos, principalmente quando em deficiência severa, o que pode acarretar várias doenças. As necessidades diárias de vitaminas variam, sendo mínimas durante o repouso e maiores de acordo com alguns fatores como estatura, peso, fase de crescimento e desenvolvimento e grau de envolvimento em exercícios físicos.

As vitaminas ainda podem ser classificadas como lipossolúveis (A, D, E e K) e hidrossolúveis (C, complexo B, ácido pantotênico, biotina, ácido fólico e cobalamina). As lipossolúveis se dissolvem e permanecem nos tecidos adiposos do organismo, eliminando a necessidade de ingeri-las diariamente, enquanto que as hidrossolúveis se dispersam nos líquidos corporais sem serem armazenadas em quantidades expressivas.

Fique de olho!

Os alimentos reguladores estão contemplados na pirâmide alimentar e não devem ser esquecidos no cardápio saudável.

Os Nutrientes

O corpo humano é constituído essencialmente de moléculas em que os elementos principais são: Oxigênio (65%), Carbono (18%), Hidrogênio (10%) e Nitrogênio (3%). Esses elementos são retirados dos nutrientes encontrados nos alimentos, elementos necessários para a manutenção de todas as reações bioquímicas necessárias para o funcionamento do organismo, o que confere à alimentação uma condição essencial para o mínimo funcionamento do organismo, tarefas da dia a dia, trabalho e para o desempenho esportivo.

Os nutrientes são comumente classificados em 5 grupos principais:

Obs.: esses nutrientes serão discutidos detalhadamente e individualmente no próximo tema.

Os nutrientes essenciais para os seres humanos estão listados na tabela abaixo: 

QUADRO 2. Nutrientes essenciais 

Fonte: adaptado de Souza Junior, 2012.

As necessidades diárias desses nutrientes variam de acordo com a idade e com as demandas metabólicas individuais, composição corporal e envolvimento em atividades e/ou exercícios físicos. 

Micro e macronutrientes

Os nutrientes são divididos e estudados em micro e macronutrientes, e compõem os micronutrientes, os minerais e as vitaminas. Os micronutrientes não fornecem energia para o organismo, mas participam de inúmeras reações químicas, fundamentais para o perfeito funcionamento do mesmo. 

Os micronutrientes são necessários em pequenas quantidades e, em geral, estão presentes em todos os alimentos, em quantidades variadas, o que reforça a importância de uma alimentação balanceada. Por serem microestruturas, podem ser absorvidas diretamente pelo organismo, normalmente no intestino, sem sofrerem alterações. 

Os minerais são muito requeridos pelo organismo, tendo enorme importância nos processos bioquímicos, contribuindo para o pleno funcionamento do organismo. O cálcio, por exemplo, possui importante participação no processo de contração muscular, já o sódio e o potássio participam diretamente na manutenção do potencial de membrana celular, entre outras funções.

Uma listagem mais completa dos minerais é encontrada no quadro abaixo:

Quadro 3. Relação dos minerais essenciais para os seres humanos

Quadro 3. Relação dos minerais essenciais para os seres humanos

Fonte: adaptado de Tirapegue, 2013.

Os macronutrientes são estruturas maiores e englobam os carboidratos, as gorduras e as proteínas. Estão presentes nos alimentos energéticos e são ingeridos em grandes quantidades diariamente.

Para poderem ser absorvidos, os macronutrientes precisam sofrer quebras durante o processo de digestão até as suas menores estruturas (carboidratos – glicose / gorduras – ácidos-graxos / proteínas – aminoácidos). Essas estruturas menores participarão das vias metabólicas de geração de energia, o que será discutido posteriormente. 

O quadro abaixo apresenta as principais diferenças entre micro e macronutrientes. 

Quadro 4. Diferenças entre micro e macronutrientes 

Fonte: adaptado de Tirapegue, 2013. 

Os macronutrientes serão alvo de um estudo aprofundado e serão discutidos nos próximos temas. 

Referências

MCARDLE, W. D.; KATCH. I & KATCH V. L. Fisiologia do exercício energia nutrição e desempenho humano. 7.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. 1061 p., il.

POWERS, S.; HOWLEY, E. Fisiologia do Exercício: teoria e aplicação ao condicionamento e desempenho. 5.ed. São Paulo: Manole, 2005. xxi, 576 p., il.

SOUZA JÚNIOR, Tácito Pessoa de. Suplementação Esportiva: auxílios ergogênicos nutricionais no esporte e exercício / Tácito Pessoa de Souza Junior, Benedito Pereira. São Paulo: Phorte, 2012.

TIRAPEGUI, J. Nutrição – fundamentos e aspectos atuais. 3.ed. São Paulo: Atheneu, 2012. 

WILMORE, J. H.; COSTILL, D. L. Fisiologia do esporte e do exercício. 5.ed. Barueri: Manole, 2013. 620 p., il. 

Créditos

Coordenação e Revisão Pedagógica: Claudiane Ramos Furtado

Design Instrucional: Gabriela Rossa

Diagramação: Vinicius Ferreira

Ilustrações: Rogério Lopes

Revisão ortográfica: Ane Arduim