Como identificar e classificar uma raiz;
Como identificar e classificar um caule;
Como identificar e classificar uma folha.
As raízes, embora na maioria das vezes não sejam vistas por estarem abaixo da terra, são de extrema importância para a planta, são das raízes as funções de absorção, fixação, armazenamento e condução (em especial da seiva bruta).
Muitas raízes apresentam importância econômica; por exemplo, o aipim, que, além de ser consumido em diversos preparos de pratos regionais, ainda origina produtos de interesse econômico tais como a fécula de mandioca, a farinha de mandioca e o polvilho. Tapioca, macaxeira, pão de queijo, farofa e vaca atolada são exemplos de comidas que levam aipim ou seus derivados na preparação.
Já o caule, nas plantas, é o responsável por fazer a ligação entre a raiz e as folhas e portanto levar água e nutrientes do solo até a parte mais alta da planta. Além da condução da seiva bruta e elaborada, o caule também é responsável pela produção e suporte de ramos, flores e frutos. Além de ser o responsável pelo crescimento e propagação vegetativa, este órgão pode fazer ainda reserva de substâncias em algumas situações especiais, como é o caso dos baobás que armazenam água; além de fazer a fotossíntese, como é o caso dos caules das plantas epífitas como as orquídeas.
Talvez a maior importância econômica dos caules na história da humanidade tenha sido o fornecimento de madeira, utilizado na construção de casas, barcos, paliçadas de proteção, fornecimento de energia e calor (madeira para fogueira), produção de móveis entre outros. Com o desenvolvimento das civilizações, os caules passaram a ser utilizados para produção de superfícies para escrita, como é o caso do papiro e até mesmo das folhas de ofício utilizadas ainda hoje.
Os caules também tiveram um papel importante na alimentação de diversos povos. A batata, por exemplo, tem o mérito de ser um dos mais importantes alimentos do mundo, sendo superado em produção apenas pelo trigo, milho e arroz. Alguns caules apresentam propriedades medicinais, como é o caso da canela em pó. Temos ainda o látex, que é produzido através da extração da seiva da seringueira.
As folhas são responsáveis pela transformação de seiva bruta em seiva elaborada através do processo de fotossíntese. Sem as folhas (exceto em casos específicos onde o caule assume essa função), as plantas não conseguem produzir seu alimento.
As folhas também são responsáveis pelos processos de respiração e transpiração. Através do controle da abertura dos estômatos, as plantas regulam a temperatura interna da planta. Além disso, as folhas fazem o processo de distribuição da seiva, que pode mudar ao longo do ciclo da planta. Quando a planta está em estádio reprodutivo, a seiva é transportada para os frutos, quando está no estádio vegetativo, a seiva elaborada é transportada para os órgãos de reserva, que podem variar de acordo com a espécie.
Vamos conhecer um pouco mais sobre esses órgãos vegetativos?
As estruturas vegetativas são compostas por raízes, caules e folhas. Abaixo, estudaremos cada uma dessas importantes estruturas dos vegetais.
As raízes apresentam como característica corpo não segmentado em nós e entre nós, além da ausência de folhas e gemas. Geralmente, as raízes são subterrâneas (com exceção das raízes aéreas e aquáticas).
Com exceção de orquídeas e aráceas, as raízes são geralmente aclorofiladas, apresentam caliptra ou coifa e pêlos radiculares. O crescimento é sempre subterminal e geralmente apresentam geotropismo positivo. Na Figura 1, são apresentadas as partes de uma raiz.
A classificação utilizada neste capítulo segue a proposta de Vidal e Vidal (2000). O primeiro passo para classificar as raízes é observar se essa raiz é aquática, aérea ou subterrânea.
As raízes aquáticas são aquelas que vegetam na água. Para esse tipo de raíz, há apenas essa classificação.
As raízes aéreas são aquelas encontradas acima da superfície do solo. Podem ser classificadas em:
Cinturas ou estranguladoras – são raízes adventícias que abraçam o outro vegetal, muitas vezes o hospedeiro morre.
Grampiformes ou aderentes – são raízes adventícias que fixam a planta trepadora a um suporte.
Respiratórias ou pneumatóforos – são raízes com geotropismo negativo, pneumatódios (lenticelas) e aerênquima bem desenvolvido.
Sugadoras ou haustórios – são raízes adventícias com orgãos sugadores (haustórios) que penetram no corpo da hospedeira para sugar sua seiva (parasitas).
Suportes ou fúlcreas – são raízes adventícias que brotam em direção ao solo, auxiliam na fixação e podem atingir grandes profundidades.
Tabulares ou sapopemas – ampliam a base da planta, dando maior estabilidade. São em parte aéreas e em parte subterrâneas.
As raízes subterrâneas são aquelas encontradas abaixo da superfície do solo. Podem ser classificadas em:
Axial ou pivotante: raiz principal muito desenvolvida e com ramificações ou raízes secundárias pouco desenvolvidas em relação à raiz principal.
Ramificada: a raiz principal logo se ramifica em secundárias e estas em terciárias e assim sucessivamente.
Fasciculada: aquela que, por atrofia precoce da raiz principal, é constituída por um feixe de raízes, todas de espessura semelhante.
Tuberosa: a raiz dilatada pelo acúmulo de reserva de nutrientes. Pode ser axial tuberosa (cenoura, beterraba, nabo, rabanete) ou secundária tuberosa (aipim).
Para ser um caule, é necessário ter o corpo segmentado em nós e entre nós. Além disso, os caules apresentam folhas e gemas, são geralmente aéreos (ou seja, vegetam acima do solo, exceto os caules subterrâneos, como é o caso do caule da bananeira).
Os caules (Figura 2) são geralmente aclorofilados, ou seja, não apresentam coloração verde porque não tem a função de fazer fotossíntese, exceto os caules herbáceos e de algumas epífitas como as orquídeas. Geralmente, os caules apresentam geotropismo negativo e fototropismo positivo.
Quanto ao habitat, os caules podem ser classificados em aquáticos, aéreos ou subterrâneos.
Os caules aquáticos são aqueles que vegetam na água, como no caso da vitória régia. Para esses caules, não há outra classificação.
Os caules aéreos eretos podem ser classificados em:
Tronco: lenhoso, resistente, cilíndrico ou cônico, ramificado.
Haste: herbáceo ou fracamente lenhificado, pouco resistente.
Estipe: lenhoso, resistente, cilíndrico, longo e em geral não ramificado.
Colmo: silicoso, cilíndrico, com nós e entre nós bem marcantes (cheios ou ocos).
Escapo: não ramificado, áfilo, com flores nas extremidades.
Aéreos trepadores
São os que sobem em um suporte por elementos de fixação, ou a ele se enroscam.
Os caules aéreos trepadores podem ser classificados em:
Volúveis: enroscam-se, mas sem auxilio de órgãos de fixação (sinistrosos – direita ou dextrosos – esquerda).
Demais tipos de caules aéreos:
Rastejantes: são apoiados ou paralelos, com ou sem raízes, de trechos em trechos.
Estolão: broto lateral apoiado no solo ou abaixo dele, que de espaço em espaço formam gemas com raízes.
Os caules subterrâneos podem ser classificados em:
Rizoma: geralmente horizontal, emitindo de espaço em espaço brotos aéreos, folhosos, dotados de nós, entre nós, gemas e escamas.
Tubérculo: geralmente ovoide, com gemas ou “olhos”, dotado de reservas nutritivas como amido.
Bulbo: formado por um eixo cônico que constitui o prato (caule) dotado de gema, rodeado por catáfilos, em geral com acúmulo de reserva, tendo na base raízes fasciculadas. Os caules do tipo bulbo podem ser do tipo:
a) Bulbo escamoso: folhas (escamas) mais desenvolvidas que o prato, imbricadas, rodeando-o.
b) Bulbo tunicado: folhas (túnicas ou escamas) mais desenvolvidos que o prato, concêntricas, envolvendo completamente o prato.
c) Bulbo composto: apresenta um grande número de pequenos bulbos.
d) Bulbo sólido ou cheio: prato mais desenvolvido que a folha, revestido por catáfilos semelhantes a uma casca.
Quanto ao desenvolvimento, os caules podem ser classificados em: aéreos, aquáticos ou subterrâneos.
Erva: pequeno porte e caule pouco desenvolvido.
Subarbusto: arbusto pequeno até 1 m de altura, base lenhosa e o restante herbáceo.
Arbusto: até 4 m, lenhoso e ramificado desde a base.
Árvore: grande porte, com tronco nítido e despido de ramos na parte inferior. Parte superior: copa.
Liana: cipó trepador que pode atingir muitos metros.
As folhas são identificadas como órgãos laminares com simetria bilateral, possuem crescimento limitado e normalmente possuem coloração verde, pois são ricas em cloroplastos. Os cloroplastos estão diretamente envolvidos com o processo de fotossíntese que ocorre no mesofilo da folha. Folhas em tonalidade verde escuro indicam maior quantidade de cloroplastos do que folhas de coloração verde claro. A quantidade de cloroplastos dentro da folha está diretamente relacionada com o ambiente em que essa planta vive e com a quantidade de luminosidade que recebe. A inserção das folhas é sempre nodal (Figura 3).
Abaixo, é apresentado o sistema de classificação das folhas.
Classificação da folha quanto à forma:
Iniciamos a classificação das folhas através da observação da sua morfologia (Figura 4). Para facilitar a localização, a classificação está apresentada em ordem alfabética. Quanto à morfologia do limbo (FORMA), as folhas podem ser classificadas em:
Folha em forma de agulha longa fina e pontiaguda. Exemplo: folha da espécie Pinus elliottii.
Folha em formato de coração. Exemplo: folha da espécie Pothomorphe umbellata.
Folha em forma de delta (triangular). Exemplo: folha encontrada na espécie Salvia splendens.
Folha em formato de elipse. Nesse tipo de folha, o comprimento é pelo menos duas vezes maior que a largura. Exemplo: folha encontrada na espécie Ficus microcarpa.
Folha em formato de espátula. Exemplo: folha encontrada na espécie Gnaphalium purpureum.
Folha em formato de foice. Exemplo: folha encontrada na espécie Acacia falcata.
Folha em formato de seta. Exemplo: folha encontrada na espécie Convolvulus arvensis.
Folha em formato de lança. Exemplo: folha encontrada na espécie Nerium oleander.
Folha estreita e comprida, cujo comprimento é pelo menos 4 vezes maior que a largura. Esse tipo de folha é característico das gramíneas (Poaceae). Exemplo: folha encontrada na espécie Zea mays (milho).
Folha mais longa que larga, bordos quase paralelos, cuja altura é de três a quatro vezes a largura. Exemplo: folha encontrada na espécie Eugenia caryophyllata.
Folha em formato de ovo invertido (parte mais larga da folha está no ápice). Exemplo: folha encontrada na espécie Buxus sempervirens (buxinho).
Folha em formato mais ou menos circular. Exemplo: folha encontrada na espécie Eichornia crassipes (aguapé).
Folha em formato de ovo (base da folha mais larga que o ápice). Exemplo: folha encontrada na espécie Hibiscus rosa-sinensis (hibisco).
Folha em forma de escudo, com pecíolo inserido no meio ou próximo, na face dorsal. Exemplo: folha encontrada na espécie Tropaeolum majus (capuchinha).
Folha em formato de rim. Exemplo: folha encontrada na espécie Centella asiatica (centela).
Folha em formato de seta, mas com os lobos pontiagudos voltados para baixo. Exemplo: folha encontrada na espécie Centella sp. (tinhorão).
Folha em formato cilíndrico, estreitando-se para o ápice pontiagudo. Exemplo: folha encontrada na espécie Allium fistulosum (cebolinha).
Quanto à NERVAÇÃO do limbo, as folhas podem ser classificadas em quatro tipos distintos, são eles:
Uninérvea: folhas que apresentam apenas uma nervura central. Exemplo: nervura encontrada na folha de Cycas revoluta conhecida como sagu-de-jardim.
Paralelinérvea: folhas que apresentam nervuras secundárias paralelas à principal. Exemplo: nervura encontrada nas folhas das espécies da família Poaceae, como o arroz (Oryza sativa).
Peninérvea: folha com nervura secundária ao longo da principal, é o tipo de nervação mais comumente encontrado nas plantas agrícolas. Exemplo: nervura encontrada na folha da soja (Glycine max).
Diginérvea: folha com nervuras que saem de um mesmo ponto. Esse tipo de nervação também é chamado de palminérvea. Exemplos de folhas com esse tipo de nervação são o mamoeiro (Carica papaya) e a mamona (Ricinus communis).
As folhas podem ainda ser classificadas quanto à CONSISTÊNCIA em quatro tipos distintos. Cabe ressaltar que a consistência é um carácter sensorial, assim é necessário, além de olhar a folha, tocá-la para identificar a que categoria pertence. As folhas podem ser classificadas como:
Carnosa: assim como as folhas das plantas suculentas, apresentam um engrossamento do mesófilo.
Coriácea: como a folha do abacateiro ou do eucalipto, que apresentam uma superfície brilhosa e resistente, que lembra couro.
Herbácea: como a folha da alface, macia ao toque e sem apresentar resistência.
Membranácea: como a folha da espada-de-são-jorge, uma folha lisa, mas resistente.
Quanto à superfície, as folhas podem ser classificadas em quatro tipos distintos, divididos em duas categorias diferentes. Primeiramente, é necessário identificar se a folha é glabra ou pilosa:
Glabra: é a folha desprovida de pêlos. Exemplo: alface.
Pilosa: é a folha que apresenta pequenos pêlos em sua superfície, como a folha da violeta.
Feita essa primeira identificação, é necessário saber se a folha é lisa ou rugosa:
Lisa: é a folha que apresenta a superfície lisa e sem rugosidades, como a espada-de-são-jorge.
Rugosa: é a folha que apresenta rugosidades, como a couve.
VIDAL, Waldomiro Nunes; VIDAL, Maria Rosária Rodrigues. Botânica: organografia. Viçosa: UFV, p. 124, 2000.
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