A função do fruto para a planta e sua importância econômica;
Como classificar os frutos de acordo com a sua morfologia;
A função da semente para a planta e sua importância econômica;
Como classificar as sementes de acordo com a sua morfologia.
Para falarmos sobre frutos, o primeiro conceito que você deve ter em mente é que: fruto não é fruta. Quase toda fruta é um fruto, mas nem todo fruto é uma fruta. Vamos usar como exemplo o tomate: algumas fontes apontam o tomate como fruta, e outros como legume… e ambas estão erradas! Tomate é um fruto. Frutas são nomes comumente utilizados para frutos com alto teor de açúcar como a banana, o mamão, a melancia e a jabuticaba. Legume é um tipo de fruto que você verá neste tema e que nada tem a ver com o tomate.
Os frutos são resultado da polinização das flores (embora existam exceções, que estudaremos neste tema) e seu único objetivo biológico é dispersar, da melhor forma possível, as sementes, garantindo assim a perpetuação da espécie.
As sementes são embriões que contêm o material genético da planta-mãe e também uma reserva energética para que o embrião se mantenha vivo e viável até que haja condições ambientais favoráveis para sua germinação. Algumas sementes precisam passar por processos específicos para germinar, enquanto outras germinam com maior facilidade assim que se desligam da planta-mãe. Essas diferenças serão abordadas neste tema.
Vamos conhecer um pouco mais sobre os frutos e sementes?
Este tema será dividido em classificação dos frutos e formação dos frutos. Iniciaremos entendendo como os frutos podem ser classificados:
O fruto em si é chamado de pericarpo e é constituído pelo ovário maduro, podendo ou não incluir outras partes florais. O pericarpo pode ser dividido em epicarpo (parte mais externa do fruto), mesocarpo (parte localizada entre o epicarpo e o endocarpo) e o endocarpo (parte mais interna do fruto e que geralmente está em contato com a semente) (Figura 1).
Simples: chama-se o fruto que é originado do desenvolvimento de um só ovário presente em uma flor. Exemplo: mamão.
Compostos: são os frutos que se originam a partir do desenvolvimento do receptáculo de uma única flor que contém vários carpelos. Cada carpelo leva a um lóculo do ovário contendo um óvulo, então é uma flor que contém muitos óvulos. Também são conhecidos como frutos agregados Exemplo: morango.
Múltiplos: estes frutos são conhecidos como infrutescências. São os frutos originados de uma inflorescência, a partir de muitos ovários de flores diferentes que, quando fecundados, acabam se fundindo, formando um único fruto, como acontece com o abacaxi, onde cada “quadradinho” do fruto é um frutículo que se une aos demais formando um único fruto.
Pseudofrutos: são os frutos originados de outras partes da flor que não seja o ovário. Um dos exemplos mais conhecidos é o caju. Neste caso, o fruto é a castanha de caju e a parte carnosa de onde se extrai a polpa para sucos origina-se a partir do desenvolvimento do receptáculo floral. A maçã também é um pseudofruto, cujo fruto é aquele miolo que normalmente retiramos porque é muito duro para consumir. A parte macia que é consumida também é o receptáculo floral que se desenvolve.
Monospérmicos: quando apresentam apenas uma semente. Ex: abacate, pêssego, azeitona.
Dispérmicos: quando apresentam duas sementes.
Trispérmicos: quando apresentam 3 sementes.
Polispérmicos: quando apresentam 4 ou mais sementes. Ex: mamão, goiaba.
Quanto à consistência do pericarpo, é necessário identificar se é um fruto seco ou carnoso. Fruto carnoso é aquele do qual se extrai a polpa para sucos, em geral são doces e coloridos. Fruto seco geralmente possui baixa porcentagem de água e cores menos chamativas, como é o caso do trigo e das castanhas.
Drupa: são os frutos que apresentam apenas uma semente do tipo caroço, como o pêssego e o abacate.
Baga: são frutos que apresentam duas ou mais sementes, como a maçã, o mamão e o kiwi. Os frutos do tipo baga são ainda subdivididos em duas categorias: hesperídeo: são provenientes de flores com ovário súpero. O epicarpo contém essências e o endocarpo é membranoso, revestido no seu interior por numerosos pelos preenchidos por suco, sendo essa a parte comestível (ex: laranja, limão, pomelo); peponídeo: são provenientes de flores com ovário ínfero. Esses frutos, à medida que envelhecem, formam em seu interior uma cavidade central (ex: melão, melancia e abóbora).
Indeiscente: não abrem para liberação da semente após atingir maturidade fisiológica. São subdivididos em: cariopse (Ex: milho), aquênio (Ex: morango, girassol) ou sâmara.
Deiscente: abrem para liberação da semente após atingir maturidade fisiológica. São subdivididos em: folículo, vagem (Ex: feijão) ou cápsula (Ex: guaraná).
Você deve estar se perguntando como são classificados os frutos sem sementes. Esses frutos são chamados PARTENOCÁRPICOS e são bastante raros na natureza. Ocorrem quando um hormônio vegetal, a auxina, estimula o desenvolvimento do ovário sem que haja fecundação do óvulo. Essa não é uma estratégia interessante para planta, já que o fruto não cumpre o seu papel de auxiliar na dispersão das sementes, entretanto é extremamente interessante dentro da fruticultura, pois permite a produção de frutos sem as sementes e possuem maior valor de mercado por agradar mais o consumidor final. Em produções agrícolas destinadas para esse fim, o hormônio artificial é aplicado durante a abertura da flor em pré-antese (antes da abertura da antera), o que faz com que o ovário se desenvolva antes mesmo que os grãos de pólen sejam liberados.
A grande variedade de flores explica a grande diversidade encontrada nos frutos. Assim como as flores evoluíram em relação à sua polinização por muitos tipos diferentes de animais e de outros agentes, os frutos evoluíram para a dispersão por mecanismos muito diferentes (RAVEN et al., 2018).
Durante o desenvolvimento, o fruto passa por vários estádios de crescimento, isso porque ocorrem processos de diferenciação celular, alongamento e maturação das células. Segundo Souza (2006), os estádios do desenvolvimento do fruto são:
ESTÁDIO I – Constituído pelo ovário da flor em pré-antese e antese.
ESTÁDIO II – Constituído pelo fruto jovem. Neste momento, inicia-se a formação do endocarpo e do mesocarpo.
ESTÁDIO III – Nesta fase, ocorre o alongamento e o crescimento das células.
ESTÁDIO IV – Fruto adulto. Já nesta fase ocorre o amadurecimento das células, chamada de maturação do fruto. Para que ocorra o amadurecimento do fruto, ocorrem mudanças químicas no conteúdo das células e na parede celular que originam alterações morfológicas e perda de água nas células. Em frutos como a banana e o mamão, é neste momento que ocorre maior concentração de açúcar no fruto e mudança de cor.
Nos frutos secos (legumes, folículos e cápsulas), há diminuição significativa de água do pericarpo. Isso ocorre porque estes frutos precisam desidratar para abrir e liberar as sementes. Bagas e drupas mantêm uma quantidade maior de água mesmo após a maturação, por este motivo são conhecidos como frutos carnosos.
Nos frutos agregados, os frutéolos originam-se a partir de ovários unicarpelares de uma única flor. O receptáculo, que mantém no fruto maduro os frutéolos agregados, pode ser desenvolvido ou permanecer de tamanho reduzido (SOUZA, 2006). No caso do morango, por exemplo, o receptáculo é bem desenvolvido e constitui a parte comestível do morango (a parte vermelha), os frutéolos são aquênios (frutos secos) e ficam imersos no receptáculo carnoso.
Em geral, os frutos originados através da polinização abiótica possuem cores neutras e são menos vistosos, como é o caso do arroz e do milho. Já os frutos originados através da polinização de insetos são mais coloridos, como é o caso da laranja e da maçã. Este padrão é também observado nas flores, flores coloridas e aromáticas são normalmente polinizadas por insetos, flores em tons neutros são normalmente polinizadas por agentes abióticos.
A semente é óvulo maduro e fecundado formada pelo esporófito jovem (embrião) e pelo tecido que irá nutrir este embrião (o endosperma). Há, também, um envoltório protetor (PAOLI, 2006). Para exemplificar, o envoltório protetor no amendoim é aquela película vermelha que o reveste (Figura 3).
Tegumento: é a capa externa da semente, onde se localizam os pigmentos que são responsáveis pela cor do grão.
Hilo: cicatriz deixada pelo funículo que conecta a semente com a placenta.
Halo: estrutura que circunda o hilo da semente.
Micrópila: abertura próxima ao hilo através da qual se realiza a absorção da água.
Já a parte interna da semente é formada pelo embrião constituído das seguintes partes:
Hipocótilo: região de transição entre a plúmula e a radícula. Na germinação, expande-se, levando os cotilédones até a superfície.
Plúmula: pequena gema da qual procedem o caule e as folhas da planta. É formada por um meristema apical e duas folhas primárias simples (no caso das dicotiledôneas) ou uma folha primária simples (no caso das monocotiledôneas).
Radícula: raiz do embrião que origina o sistema radicular.
Cotilédone: tecido que contém as reservas necessárias à germinação e ao desenvolvimento inicial da planta.
Para auxiliar na dispersão, algumas sementes podem apresentar em seu desenvolvimento estruturas especiais. Dentre elas, destacam-se:
ASA – É uma expansão da testa ou envoltório da semente, sem a presença de xilema e floema. São sementes que utilizam correntes de vento para sua dispersão. Ocorrem com frequência em sementes produzidas em árvores altas, como o jacarandá.
PELO – Algumas sementes apresentam pelos que auxiliam na sua dispersão. Geralmente, ocorrem em plantas com o fruto seco indeiscente, como é o caso da planta daninha conhecida como algodão de seda (Calotropis procera).
ARILO – É um apêndice carnoso originado a partir do funículo (pedúnculo do ovário), encontrado ao redor do hilo e que ocorre geralmente em plantas com frutos carnosos cuja dispersão é realizada por animais, como no maracujá e no tomate.
Existem inúmeras formas de dispersão de frutos e sementes, abordaremos aqui as de maior importância para plantas relacionadas a agricultura, por serem cultivos agrícolas, daninhas ou ocorrem em ambientes de mata ciliar. A classificação segue Souza (2006):
DISPERSÃO ZOÓCORA – Realizada por animais. Se a dispersão ocorre fora do corpo do animal, é chamada de epizoócora (diásporos apresentam espinhos, ganchos ou substâncias pegajosas, como ocorre no carrapicho e no picão-preto) e, se ocorre dentro do corpo do animal, é chamada de endozoócora (realizada por animais que ao consumir os frutos dispersam as sementes);
DISPERSÃO ANEMÓCORA – Realizada pelo vento. Normalmente, os diásporos apresentam adaptações para facilitar a sua dispersão, além de apresentar pouco peso.
DISPERSÃO HIDRÓCORA – Realizada pela água. Ocorre em espécies que vegetam à margem dos rios e corpos de água. O exemplo mais famoso deste tipo de dispersão é do Coccos nucifera (coco).
COSTA, Joaquim, G. C. C. Sementes. EMBRAPA, 2020. Disponível em: https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/feijao/arvore/CONTAG01_9_1311200215101.html#:~:text=A%20parte%20externa%20(Figura%201,circunda%20o%20hilo%20da%20semente.
PAOLI, Adelita A. S. Semente. In: SOUZA, Luiz A. de. Anatomia do fruto e da semente. Ponta Grossa, UEPG, 2006.
RAVEN, Peter H.; EVERT, Ray F.; EICHHORN, Susan E. Biologia Vegetal. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
SOUZA, Luiz A. de. Anatomia do fruto e da semente. Ponta Grossa, UEPG, 2006.
Coordenação e Revisão Pedagógica: Claudiane Ramos Furtado
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Diagramação: Vinicius Ferreira
Ilustrações: Rogério Lopes
Revisão ortográfica: Ane Arduim