A função das flores para a planta;
A importância econômica das flores;
Como classificar as folhas de acordo com a sua morfologia.
As flores, que embelezam o ambiente de nossas casas e jardins, possuem um papel de extrema importância para as plantas: a perpetuação da espécie. Em muitos casos, só é possível identificar um espécime botânico através de sua flor.
Conhecer a morfologia das flores permite ao(a) engenheiro(a) agrônomo(a) identificar o estágio de pré-antese, que é o momento que precede a abertura da antera e a liberação dos grãos de pólen. Esse pode ser o momento para aplicação de alguns produtos na lavoura, mas é necessário planejamento, pois também é o momento para o cuidado e a preservação dos polinizadores. A aplicação de determinados produtos pode causar a morte de insetos polinizadores, em especial das abelhas.
Mesmo em culturas cujo grão de pólen é dispensado pelo vento, como é o caso da soja, a polinização por insetos pode aumentar a produtividade em até 50%. Segundo GAZONNI (2017), a abscisão de flores de soja é muito alta, superior a 80%, sendo que o número de vagens efetivamente colhidas corresponde a 10-20% do número de flores abertas.
Vamos estudar e classificar as flores?
As flores existem nas Angiospermas por um único motivo: auxiliar na perpetuação das espécies. Todos os caracteres foram evoluindo de forma que a reprodução fosse favorecida. Flores polinizadas por insetos ganharam cores e aromas (através dos nectários) e as flores polinizadas pelo vento, como o milho, desenvolveram uma morfologia que favorece a dispersão dos grãos de pólen.
Todas as plantas agrícolas, com exceção do pinhão, apresentam flores, mesmo que você não as conheça. Nas hortaliças, por exemplo, como é o caso da couve, da alface, da rúcula e do agrião, as plantas são colhidas ainda em estágio vegetativo, mas se a alface for deixada no canteiro além do tempo de colheita, você verá a alface “pendoar”, ou seja, se formará a inflorescência.
Dentro do setor agrícola, é possível trabalhar com produção de flores. O mercado de flores e plantas ornamentais vem apresentando anualmente uma elevada importância e um crescimento significativo no Brasil. Em 2019, o faturamento foi de R$ 9 milhões, acima dos R$ 8,1 milhões de reais faturados em 2018. Holambra, interior de São Paulo, continua sendo um dos maiores polos produtores, correspondendo a quase metade da produção e comercialização nacional de flores e plantas ornamentais. Ainda, tem-se um bom mercado a se conquistar, pois sabe-se que cada brasileiro gasta em média R$ 42,00 com flores por ano, no entanto, esse valor chega a R$150,00 na Europa (IBRAFLOR, 2020).
O Brasil tem cerca de 8.300 produtores de flores e plantas ornamentais e em torno de 15.600 hectares de área cultivada, sendo o oitavo país produtor de plantas ornamentais em nível mundial, gerando em torno de 210 mil postos de trabalho direto e indiretos (SEBRAE, 2015). Também está em crescimento o mercado de flores comestíveis para restaurantes, mas elas precisam ser produzidas de forma orgânica, pois serão consumidas in natura.
Abaixo, você aprenderá sobre como as flores são classificadas, as duas partes constituintes e também as diferentes formas de polinização.
Para observarmos as flores em uma planta, o primeiro passo é verificar se esta é uma planta monóica ou de dioica. Plantas monóicas são aquelas que apresentam flores pistiladas (femininas) e estaminadas (masculinas) no mesmo indivíduo. Já as plantas dioicas apresentam em um indivíduo apenas flores pistiladas e em outro indivíduo apenas flores estaminadas, estas flores são chamadas de diclinas. As plantas monóicas podem ocorrer com flores díclinas ou monoclinas (em flores monoclinas, o pistilo e o estame ocorrem na mesma flor).
Quando a planta entra em estágio reprodutivo, um ramo com crescimento determinado, através de folhas modificadas, passa a formar as flores com um único objetivo: a perpetuação da espécie. Assim, através da ação de hormônios vegetais, folhas transformam-se em pétalas, sépalas, pistilos e estames (Figura 1).
O conjunto de pétalas é denominado corola e o conjunto de sépalas chama-se cálice. O conjunto de pistilos é denominado gineceu e o conjunto de anteras chama-se androceu.
- Pedunculadas: quando apresentam pedúnculo (ex: girassol - Helianthus annuus L.)
ou
- Sésseis: quando não apresentam pedúnculo, se originando afixadas ao caule (ex: jaboticaba Plinia grandifolia (Mattos) Sobral).
- Cíclicas: quando as peças florais são dispostas em círculos concêntricos, como é o caso do lírio.
- Acíclicas ou espiraladas: quando as peças florais são dispostas em espiral, como pode ser observado na rosa.
- Simetria radial: quando a flor apresenta vários planos de simetria. Isso significa que, independentemente da posição em que a flor for cortada, se ela for cortada ao meio, terá duas partes iguais. Exemplo: lírio.
- Simetria bilateral: neste tipo de simetria, só há uma forma de cortar a flor de forma que fiquem duas partes iguais. Exemplo: ervilha.
- Assimétrica: esta flor não tem plano de simetria. Assim, não há como cortar a mesma em duas partes iguais. Exemplo: Datura metel (Saia-roxa).
- Trímeras: quando as peças florais apresentam-se em número de 3 ou múltiplos de 3.
- Tetrâmeras: quando as peças florais apresentam-se em número de 4 ou múltiplos de 4.
- Pentâmeras: quando as peças florais apresentam-se em número de 5 ou múltiplos de 5.
- Flor hipógina: são as flores que apresentam o ovário acima da linha de inserção das sépalas. O ovário, neste caso, é súpero.
- Flor perígina: são as flores que apresentam o ovário na mesma linha de inserção das sépalas. O ovário, neste caso, é médio.
- Flor epigina: são as flores que apresentam o ovário abaixo da linha de inserção das sépalas. O ovário, neste caso, é ínfero.
Para melhor visualização, a posição do ovário está representada na Figura 2.
É importante lembrar que podem existir flores incompletas com ausência de pétalas, sépalas ou ambas.
Quanto ao número de peças do perianto, as flores podem ser classificadas em:
Aclamídeas: quando apresentam ausência dos dois verticilos protetores (pétalas e sépalas).
Monoclamídeas: quando apresentam ausência de um verticilo protetor (pétala ou sépala).
Diclamídea: quando apresentam cálice e corola.
Essa classificação é válida apenas para os verticilos florais externos (protetores - perianto) e não aplica-se ao verticilos internos (reprodutores).
A reprodução em si ocorre no gineceu. O gineceu é parte da flor que desempenha o papel feminino na reprodução sexuada. Cada unidade do gineceu possui um ou mais carpelos, que podem estar livres entre si ou fundidos e que formam o pistilo (Figura 3).
O androceu é a parte da flor que desempenha o papel masculino na reprodução sexuada. Cada unidade do androceu é chamada de estame e divide-se em filete e antera.
O grão de pólen, que é produzido na antera, é o agente de transporte do gameta masculino para o ovário da flor. Cada espécie possui um grão de pólen único, que funciona como uma espécie de impressão digital da planta. A ciência que estuda os grãos de pólen é chamada de palinologia.
O grão de pólen pode ser transportado por agentes bióticos (animais) ou abióticos (vento, água). Quanto à síndrome de polinização, esta pode ser classificada em:
Anemofilia: quando os grãos de pólen são transportados pelo vento, como acontece na cultura do trigo.
Hidrofilia: quando os grãos de pólen são transportados pela água, como acontece com as plantas aquáticas submersas.
Entomofilia: quando os grãos de pólen são transportados por insetos, como acontece na cultura do girassol.
Quiropterofilia: quando o grão de pólen é transportado por morcegos, como acontece na cultura da pitaya.
Após a chegada do grão de pólen no estigma da flor, se houver compatibilidade e através da ação de hormônios vegetais, forma-se o tubo polínico, que irá conduzir os gametas masculinos até o óvulo. Havendo a fecundação, o ovário começa a engrossar a parede e o óvulo se transforma em um embrião, formando, assim, um fruto com semente.
Há ainda um outro interesse nos grãos de pólen dentro do setor agrícola: a produção de mel. O sabor do mel, bem como suas características, como a cor e a doçura, dependem exclusivamente das flores visitadas pelas abelhas. Dependendo da florada, o mel pode ser mais escuro e ácido (como é o caso do mel de eucalipto, muito apreciado no sul do Brasil), ou mais doce e claro, como o mel de flor de laranjeira.
IBRAFLOR. Instituto Brasileiro de Floricultura. Disponível em: https://www.ibraflor.com.br/. Acesso em: jan. 2020.
SEBRAE. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Flores e plantas ornamentais do Brasil. v. 01, 2015.
SILVA, C.I. et al. Atlas de pólen e plantas usados por abelhas. 1. ed. Sorocada: CISE, 2020. Disponível em: http://rcpol.org.br/wp-content/uploads/2020/11/atlas-de-polen-e-plantas-usadas-por-abelhas.pdf
VIDAL, Waldomiro Nunes; VIDAL, Maria Rosária Rodrigues. Botânica: organografia. Viçosa: UFV, p. 124, 2000.
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Revisão ortográfica: Ane Arduim