A função das folhas para a planta;
A importância econômica das folhas;
Como classificar as folhas de acordo com a sua morfologia.
Saber identificar uma folha e suas partes constituintes e conhecer as suas variações (plasticidade fenotípica) é importante não apenas para o agrônomo que trabalha a campo fazendo laudo de cobertura vegetacional. Embora a identificação seja de extrema importância para os profissionais que atuam nessa área, a morfologia da folha é bastante estudada na área agrícola para desenvolvimento de novas variedades que atendam às necessidades dos produtores.
Através do melhoramento vegetacional, é possível produzir plantas que tenham mais folhas na parte superior e menos folhas na parte inferior, como já foi feito com a soja e o milho. Plantas com essas características são importantes, pois a fotossíntese em uma lavoura vai ocorrer nas folhas superiores (que são aquelas que recebem a luminosidade) e excesso de folhas na parte debaixo da planta pode aumentar o número de doenças e a transmissão de patógenos, pois a proximidade das plantas não permite a correta circulação do ar, mantendo o ambiente quente e úmido, o que é ideal para proliferação de fungos.
Fatores externos como a luminosidade podem alterar aspectos morfológicos da folha. Neste tema, você aprenderá quais são as partes da folha e como é feita sua classificação.
Vamos iniciar a nossa jornada?
As folhas são de extrema importância para as plantas, pois estes órgãos são responsáveis pela transformação de seiva bruta em seiva elaborada através do processo de fotossíntese. Sem as folhas (exceto em casos específicos onde o caule assume essa função), as plantas não conseguem produzir seu alimento.
As folhas também são responsáveis pelos processos de respiração e transpiração. Através do controle da abertura dos estômatos, as plantas regulam a temperatura interna da planta. Além disso, as folhas fazem o processo de distribuição da seiva, que pode mudar ao longo do ciclo da planta. Quando a planta está em estádio reprodutivo, a seiva é transportada para os frutos, quando está no estádio vegetativo, a seiva elaborada é transportada para os órgãos de reserva que podem variar de acordo com a espécie.
As folhas são identificadas como órgãos laminares com simetria bilateral, que possuem crescimento limitado e normalmente têm coloração verde, pois são ricas em cloroplastos. Os cloroplastos estão diretamente envolvidos com o processo de fotossíntese que ocorre no mesofilo da folha. Folhas em tonalidade verde escuro indicam maior quantidade de cloroplastos do que folhas de coloração verde claro. A quantidade de cloroplastos dentro da folha está diretamente relacionada com o ambiente em que esta planta vive e a quantidade de luminosidade que recebe. A inserção das folhas é sempre nodal (Figura 1).
As folhas possuem importância econômica e muitas culturas. No caso das hortaliças, são as folhas que apresentam valor comercial, pois são utilizadas para alimentação, como no caso da couve, da alface e do repolho.
Muitas folhas possuem importância medicinal, sendo utilizadas para fabricação de chás e medicamentos, como é o caso do guaco, do poejo e do chá verde. Folhas de culturas cujo valor agregado está em outro órgão da planta podem ainda ser utilizadas em composteiras para fabricação de adubos orgânicos.
Algumas espécies possuem folhas com valor agregado para indústria, como é o caso do sisal. As fibras do sisal (Figura 2) são extraídas das folhas da planta Agave sisalana.
Abaixo, é apresentado o sistema de classificação das folhas.
Iniciamos a classificação das folhas através da observação da sua morfologia. Para facilitar a localização, a classificação está apresentada em ordem alfabética.
Acicular – Folha em forma de agulha longa fina e pontiaguda. Exemplo: folha da espécie Pinus elliottii.
Cordiforme – Folha em formato de coração. Exemplo: folha da espécie Pothomorphe umbellata.
Deltóide – Folha em forma de delta (triangular). Exemplo: folha encontrada na espécie Salvia splendens.
Elíptica – Folha em formato de elipse. Neste tipo de folha, o comprimento é pelo menos duas vezes maior que a largura. Exemplo: folha encontrada na espécie Ficus microcarpa.
Ensiforme – Folha achatada lateralmente em formato de espada. Exemplo: folha encontrada na espécie Dracaena trifasciata (espada-de-são-jorge).
Espatulada – Folha em formato de espátula. Exemplo: folha encontrada na espécie Gnaphalium purpureum.
Falciforme – Folha em formato de foice. Exemplo: folha encontrada na espécie Acacia falcata.
Hastada – Folha em formato de seta. Exemplo: folha encontrada na espécie Convolvulus arvensis.
Lanceolada – Folha em formato de lança. Exemplo: folha encontrada na espécie Nerium oleander.
Linear – Folha estreita e comprida, cujo comprimento é pelo menos 4 vezes maior que a largura. Este tipo de folha é característico das gramíneas (Poaceae). Exemplo: folha encontrada na espécie Zea mays (milho).
Oblonga – Folha mais longa que larga, bordos quase paralelos, cuja altura é de três a quatro vezes a largura. Exemplo: folha encontrada na espécie Eugenia caryophyllata.
Obovada – Folha em formato de ovo invertido (parte mais larga da folha está no ápice). Exemplo: folha encontrada na espécie Buxus sempervirens (buxinho).
Orbicular – Folha em formato mais ou menos circular. Exemplo: folha encontrada na espécie Eichornia crassipes (aguapé).
Ovada – Folha em formato de ovo (base da folha mais larga que o ápice). Exemplo: folha encontrada na espécie Hibiscus rosa-sinensis (hibisco).
Peltada – Folha em forma escudo, com pecíolo inserido no meio ou próximo, na face dorsal. Exemplo: folha encontrada na espécie Tropaeolum majus (capuchinha).
Reniforme – Folha em formato de rim. Exemplo: folha encontrada na espécie Centella asiatica (centela).
Sagitada – Folha em formato de seta, mas com os lobos pontiagudos voltados para baixo. Exemplo: folha encontrada na espécie Centella sp. (tinhorão).
Subulada – Folha em formato cilíndrico, estreitando-se para o ápice pontiagudo. Exemplo: folha encontrada na espécie Allium fistulosum (cebolinha).
Uninérvea – Folhas que apresentam apenas uma nervura central. Exemplo: nervura encontrada na folha de Cycas revoluta, conhecida como sagu-de-jardim.
Paralelinérvea – Folhas que apresentam nervuras secundárias paralelas à principal Exemplo: nervura encontrada nas folhas das espécies da família Poaceae, como o arroz (Oryza sativa).
Peninérvea – Folha com nervura secundária ao longo da principal, é o tipo de nervação mais comumente encontrado nas plantas agrícolas. Exemplo: nervura encontrada na folha da soja (Glycine max).
Diginérvea – Folha com nervuras que saem de um mesmo ponto. Este tipo de nervação também é chamado de palminérvea. Exemplos de folhas com este tipo de nervação são o mamoeiro (Carica papaya) e a mamona (Ricinus communis).
As folhas podem ainda ser classificadas quanto à CONSISTÊNCIA em quatro tipos distintos. Cabe ressaltar que a consistência é um carácter sensorial, assim, é necessário, além de olhar a folha, tocá-la para identificar a que categoria pertence.
Carnosa – Assim como as folhas das plantas suculentas, apresentam um engrossamento do mesófilo.
Coriácea – Como a folha do abacateiro ou do eucalipto, que apresentem uma superfície brilhosa e resistente, que lembra couro.
Herbácea – Como a folha da alface, macia ao toque e sem apresentar resistência.
Membranácea – Como a folha da espada-de-são-jorge, uma folha lisa, mas resistente.
Quanto à superfície, as folhas podem ser classificadas em quatro tipos distintos, divididos em duas categorias diferentes.
Glabra – É a folha desprovida de pêlos. Exemplo: alface.
Pilosa – É a folha que apresenta pequenos pêlos em sua superfície, como a folha da violeta.
Lisa – É a folha que apresenta a superfície lisa e sem rugosidades, como a espada-de-são-jorge.
Rugosa – É a folha que apresenta rugosidades, como a couve.
Assim, é bastante comum que as folhas se enquadrem em 2 classificações neste quesito, a alface, por exemplo, é glabra e rugosa, já a violeta é lisa e pilosa, a folha da orquídea Phalaenopsis é lisa e glabra e a hortelã é rugosa e pilosa. É necessário analisar a folha para ver a qual classificação se enquadra.
Serão classificadas agora 4 folhas de temperos bastante utilizados no Brasil: sálvia, alecrim, hortelã e manjericão. A sálvia tem sua folha classificada como: lanceolada, herbácea, pilosa e rugosa. O alecrim pode ser classificado como linear, membranácea, glabra e lisa. A hortelã tem sua folha classificada como: elíptica, herbácea, pilosa e rugosa. O manjericão pode ser classificado como elíptica, herbácea, glabra e lisa (Figura 4).
Cabe lembrar que a quantidade e a qualidade da luminosidade podem afetar o formato e o tamanho da folha e, por isso, não é recomendado identificar uma planta apenas pela folha. O estudo realizado por Silva (2020) em espécies de feijoa (Acca sellowiana) demonstrou que a área foliar, a massa fresca, a quantidade de carotenoides e a espessura do limbo variam de acordo com o nível de sombreamento ao qual a planta está submetida.
SILVA, Luana Ribeiro et al. Alterações morfofisiológicas em feijoa (Acca sellowiana) sob diferentes níveis de sombreamento. Dissertação de Mestrado. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. 2020.
VIDAL, Waldomiro Nunes; VIDAL, Maria Rosária Rodrigues. Botânica: organografia. Viçosa: UFV, p. 124, 2000.
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Revisão ortográfica: Ane Arduim