SIMPÓSIOS TEMÁTICOS
SIMPÓSIOS TEMÁTICOS
Segue abaixo a listagem completa dos Simpósios Temáticos do XIV Encontro Regional de História Oral do Centro-Oeste: oralidades dissidentes, narrativas plurais. Na hora de se inscrever, não esqueça de indicar três opções de STs.
ST 1 – ENTREVISTA NÃO É HISTÓRIA ORAL:
METODOLOGIA, INVENTÁRIO E PATRIMÔNIO CULTURAL
Yussef Campos
Doutor em História pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), professor da Faculdade de História e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Goiás (UFG)
O Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) é, segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), "uma metodologia de pesquisa desenvolvida pelo Iphan para produzir conhecimento sobre os domínios da vida social aos quais são atribuídos sentidos e valores e que, portanto, constituem marcos e referências de identidade para determinado grupo social" (s/d). A referência cultural é primordial para a gestão do patrimônio cultural em âmbito nacional, a partir da atuação de Aloísio Magalhães à frente do órgão nacional de proteção. Para que sejam identificadas essas referências, sua pujança e ressonância, o inventário, como verdadeiro promotor de processos de educação patrimonial, pode ser apoiado metodologicamente pela História Oral (HO). Como ensina Portelli, "a história oral é uma arte da escuta, uma arte baseada em um conjunto de relações: a relação entre entrevistado e entrevistadores (diálogo); a relação entre o tempo em que o diálogo acontece e o tempo histórico discutido na entrevista (memória); a relação entre a esfera pública e a privada, entre autobiografia e história – entre, digamos, a História e as histórias; a relação entre a oralidade da fonte e a escrita do historiador" (2016, p. 12). Considerando critérios como "escuta efetiva, valorização da alteridade, processos identificatórios, subjetividade do historiador, ressignificação e memória no contexto das entrevistas e da análise das fontes transcritas" (Liblik, 2021, p. 273) como essenciais ao uso dessa metodologia, proponho esse Simpósio para que sejam debatidos seu uso nas elaborações de inventários nos processos de patrimonialização de bens culturais nas diversas instâncias federativas administrativas competentes para tal. Cumpre destacar que esse método possibilita a forja de fontes, a partir de “acontecimentos históricos, instituições, grupos sociais, categorias profissionais, movimentos, conjunturas etc. à luz de depoimentos de pessoas que deles participaram ou os testemunharam” (Alberti, 2013, 24), sem esquecer que "no campo conflitivo do patrimônio, a história oral é um compromisso ético e político que possibilita caminhos para a participação cidadã" (Bauer; Borges, 2018, p.09).
Palavras-chave: Inventário participativo; História Oral; Patrimônio Cultural.
Referências:
ALBERTI, Verena. Manual de história oral. Rio de Janeiro: FGV, 2013.
BAUER, Letícia; BORGES, Viviane (org.). História Oral e patrimônio cultural: potencialidades e transformações. São Paulo: Letra e Voz, 2018.
IPHAN, Inventário Nacional de Referências Culturais. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/685/. Acesso em outubro de 2022.
Liblik, Carmem Silvia da Fonseca Kummer. A entrevista na História Oral: notas sobre intersubjetividade e relação historiador-depoente. História Oral, v. 24, n. 2, p. 273-291, jul./dez. 2021.
PORTELLI, Alessandro. História Oral como Arte da Escuta. São Paulo: Letra e Voz, 2016.
ST 2 – MEMÓRIAS, ENSINO DE HISTÓRIA, PATRIMÔNIOS:
PERCURSOS E REFLEXÕES DE/NO ENSINO-APRENDIZAGEM
Jaqueline Aparecida Martins Zarbato
Professora do curso de História da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFMS/CPTL e do polo do PROFHISTÓRIA da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)
Maristela Carneiro
Professora da Faculdade de Comunicação e Artes (FCA) da Universidade Federa de Mato Grosso (UFMT) e do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Cultura Contemporânea (ECCO/UFMT)
Cristiano Nicolini
Doutor em História pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), professor da Faculdade de História, do Programa de Pós-Graduação em História e do polo do PROFHISTÓRIA da Universidade Federal de Goiás (UFG)
Esse simpósio visa abordar a produção de diálogos do Ensino de História e Memória na interface com os saberes culturais, que podem representar diferentes perspectivas de encaminhamentos metodológicos para a pesquisa com o processo de ensino-aprendizagem, nos espaços formais e não formais. O uso da memória amplia a narrativa histórica, atribuindo sentido às identificações, identidades, experiências, saberes produzidos por profissionais da História, da Educação e de áreas afins. Aliar o que se narra, como se apresentam as rememorações de tempos passados pelo viés educativo, contribui para aprofundar as análises de ser/estar docente, das culturas e diversidades, dos patrimônios e fazeres de pessoas que transitam no tempo presente e nos evidenciam as trajetórias com os tempos passados. Como nos aponta Canclini (1997, p 286), “proliferam, além disso, os dispositivos de reprodução que não podemos definir como cultos ou populares. Neles se perdem as coleções, desestruturam-se as imagens e os contextos, as referências semânticas e históricas que amarravam seus sentidos. Os espaços-tempo de análise das memórias se constituem em pesquisas que podem fundamentar práticas de ensino em torno das “culturas híbridas”, os percursos de aprendizagem em cemitérios, museus, espaços escolares. E de que forma as narrativas projetadas nessas ações podem (re)configurar o fazer de docentes e discentes, de diferentes níveis de ensino (básico até o superior). Desta forma, esse simpósio quer congregar pesquisas, relatos, experiências que envolvem os diferentes aportes da memória no cenário das culturas que se projetam na História do Brasil, permitindo que se ampliem suas atuações no campo da história ensinada. São dimensões analíticas e metodológicas que apresentam o complexo enredo de narrar, lembrar, esquecer, difundir, preservar, questionar historicamente os percursos do ensino-aprendizagem. Perpassando espaços educativos, caminhando pelas praças, trilhando ruas, sensibilizando pelas edificações, permitindo que as memórias e histórias possam se tornar fontes históricas para/no ensino da História.
Eliene Dias de Oliveira
Doutora em História pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Câmpus Coxim (UFMS/CPCX)
Silvana Aparecida da Silva Zanchett
Doutora em História pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Câmpus Coxim (UFMS/CPCX)
A proposta deste Simpósio Temático é abrir espaço para discutir as pesquisas no campo da territorialidade, abarcando experiências de deslocamentos e diásporas do passado e do presente, bem como as pesquisas que envolvem permanências e modos de vida que tenham o território como conceito central. Nesse sentido, destaca-se o uso de fontes orais em diálogo com fontes audiovisuais e escritas pessoais, a saber: narrativas orais e a produção social de memórias, histórias orais de vida, fotografias, documentários, narrativas gravadas, documentos privados, cartas e escritas autobiográficas. Logo, interessa ao ST analisar experiências sociais, econômicas e culturais que se ocuparam em desenvolver ações conjugadas à formação de sujeitos e grupos em contextos e conjunturas de deslocamentos e permanências, contribuindo para a composição de identidades e experiências históricas.
Miriam Bianca Amaral Ribeiro
Doutora em História pela Universidade Federal de Goiás (UFG), professora da Faculdade de Educação da UFG
Cristina Helou Gomide
Doutora em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), professora da Faculdade de Educação da UFG
As fontes orais se incorporaram como componente amplo e diverso da atividade historiográfica e hoje já não mais desqualificadas no nosso campo de atuação. Elas são, hoje, reconhecidas como portadoras da possibilidade da horizontalidade das vozes na constituição e reconhecimento do que sejam acervos para a investigação e compreensão da história. Além disso, já alcançaram as salas de aula como objeto da ação educativa. Como em tudo que nos cerca, esse campo também é provido e movido pela contradição. Quais são as vozes, quais narrativas chegam às salas de aula? Quais vozes têm sido estabelecidas como narrativas oficiais e quais usos públicos têm sido estabelecidos dentro e fora das salas de aula, sob essa batuta? Quais vozes e narrativas são o contraponto e como ocupam os espaços dentro e fora das salas de aula? Nos tempos em que vivemos, quando o enfrentamento ao negacionismo da ciência se coloca como parte de nossas tarefas como historiadores e, de maneira indissociável, como nossa atitude enquanto sujeitos da história no tempo presente, discutir as relações entre usos públicos da história, ensino de história e as narrativas se coloca como parte desse enfrentamento. Como o ensino de história, dentro e fora das salas de aula, colabora ou desconstrói o negacionismo? Como os usos públicos do passado, apropriando-se das fontes orais, têm reafirmado a hegemonia ou contribuído para uma contra hegemonia? Isso é um episódio isolado ou é um projeto político que se revigora no presente? Como os usos públicos das fontes orais apresentam no presente? Quais tarefas nós temos, diante dessas questões, como professores de história, pesquisadores da história, participantes dessa história? Essas e tantas outras questões nos moveram a propor esse momento de socialização de interrogações e construções coletivas de possibilidades de investigação e posicionamento. Para tratar essa temática estamos partindo do conceito de cultura histórica e suas relações com os usos públicos da história e a história ensinada. Cultura histórica, a partir de Le Goff (Le Goff, 2003), seria o modo como as sociedades constroem e reconstroem seu passado ou o que as pessoas consideram sobre seu passado e que lugar, espaço e valor, lhe destinam num determinado momento. Nos ajuda também Raymond Williams (1979) quando nos diz que ressignificamos o passado, de onde o que nos chega como resíduo, emerge com novos sentidos no presente e, então, é ressignificado pelos interesses que nos cercam agora. Esse Simpósio Temático se propõe a aproximar trabalhos e debates que pensem as articulações entre ensino de história, fontes orais e usos públicos da história. Acolheremos abordagens ampliadas desses debates, sustentadas por contribuições teóricas diversas e não apenas as que nos referenciam.
ST 5 – A HISTÓRIA ORAL COMO ARTESANATO INTELECTUAL
Lucius Fabius Ben Jah Jacob Gomes
Mestre em História pela Universidade Federal de Goiás (UFG)
Este simpósio temático tem a intenção de convidar pesquisadores(a) que utilizam a metodologia da história oral como uma espécie de artesanato intelectual em suas pesquisas. Isto é, uma estratégia minuciosa de captura de detalhes residuais que só a fonte documental do relato memorialístico pode evidenciar. Além do mais, busca convidar pesquisas que trabalham com o método da história oral em aliança com outras estratégias metodológicas. Ademais, e ao mesmo tempo, com diversas fontes documentais.
ST 6 – HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO E HISTÓRIA ORAL:
PROJETOS, PESQUISAS E POSSIBILIDADES
Maria Zeneide Carneiro Magalhães de Almeida
Possui pós-doutorado em Educação pela Universidade Autonóma de Madrid (UAM/Espanha), é pós-doutoranda em Educação pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), doutora em História pela Universidade de Brasília (UNB), mestre em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), professora Ajunta do Programa de Pós-graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO)
Cesar Evangelista Fernandes Bressanin
Pós-doutorando em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Tocantins (UFT), doutor em Educação e mestre em História pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), técnico em Assuntos Educacionais da UFT
A História Oral está atrelada a processos culturais, sociais e históricos, que são problematizados por meio do diálogo com as experiências dos sujeitos, narrativas estas impregnadas de significações apropriadas ao longo da vida (PORTELLI, 1997). A História da Educação, como campo vasto de pesquisa, visto que diferentes áreas se interconectam neste campo, tem buscado nos aportes teóricos e metodológicos da História Oral enriquecer os seus caminhos de investigação. As contribuições da História Oral para os estudos em História da Educação evidenciam possibilidades diversas para pensar as instituições e as culturas escolares, a cultura material escolar, as práticas e as representações, a formação e as vivências docentes, as experiências discentes e tantas outras possibilidades de investigação. A proposta deste simpósio temático justifica-se pelo crescente número de pesquisadores e estudiosos da História da Educação que lançam mão da História Oral em suas pesquisas. Objetiva-se com este simpósio reunir diferentes pesquisadores para a apresentação de recortes e resultados de pesquisas recentes e em andamento, realizadas no campo da História da Educação e que utilizam a abordagem teórica e metodológica da História Oral. Desta forma, um momento de socialização destes trabalhos realizadas na região Centro-Oeste permitirá, além de debates construtivos, um mapeamento das produções acerca das opções de abordagem e das escolhas teóricas e metodológicas em questão.
ST 7 – NARRATIVAS E ORALIDADES PLURAIS:
EPISTEMOLOGIA DAS FRONTEIRAS E DECOLONIAIS
Thaynara Mariana do Nascimento
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Goiás (UFG), graduada em História pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG), Câmpus Goiânia
Marcos Rafael Andrade de Melo
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Goiás (UFG), graduado em História pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG), Câmpus Goiânia, membro do Coletivo NEGRA (Núcleo de Estudos em Gênero, Raça e Africanidades)
O presente Simpósio Temático (ST) busca reunir pesquisas que combinem História Oral, estudos Etnográficos e Antropológicos, dentro de um esforço interdisciplinar, visando o (re)conhecimento de epistemologias outras, que almejem uma subversão das amarras coloniais e patriarcais. Tem como objetivo, ainda, discutir e promover os estudos sobre as formas de construção epistêmica e de compartilhamento de saberes de sujeitas/sujeitos que foram subalternizadas pela Historiografia tradicional/Ocidental e que questionam a norma hegemônica da sociedade como mulheres, LGBTQIAP+, comunidades tradicionais, povos originários dentre outras histórias, que não dependem exclusivamente de narrativas/registros escritos de suas histórias, constituindo um sistema de trocas interculturais e de suas histórias através de narrativas baseadas na tradição oral. É urgente e necessário evidenciar a pluralidade narrativa e suas dissidências, sobretudo, tendo em vista que a História Oral possibilita a elaboração de narrativas e possibilidades outras de sujeitos/sujeitas plurais/múltiplas na historiografia, a fim de compreendermos como a(s) oralidade(s) se torna(m) presente(s) em contraponto às narrativas hegemônicas que advém de uma estrutura epistêmica colonial de saber, poder e ser. Com isso, interessam-nos narrativas que potencializem o tempo presente e que almejem esperançar o tempo futuro. Assim, serão bem-vindas pesquisas e reflexões que envolvam narrativas e oralidades plurais e diversas que aliadas a práxis das oralidades, que permeiam as histórias dos grupos colocados à margem da sociedade, partindo de análises advindas da História Oral para refletirmos a respeito das historicidades desses sujeitos/sujeitas dentro de uma episteme de fronteira sob o viés decolonial.
ST 8 – MEMÓRIA E ORALIDADES INDÍGENAS:
EDUCAÇÃO, CULTURA, TERRITÓRIO, RESISTÊNCIAS E INTERCULTURALIDADES
Eduarda Sousa Fideles
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Goiás (UFG), graduada em História pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG), Câmpus Goiânia
Thalia da Costa Carvalho
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Goiás (UFG), graduada em História pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG), Câmpus Goiânia, professora da Secretaria Municipal de Educação de Goiânia
Este simpósio temático tem como proposta suscitar discussões e socializar pesquisas que evidenciem histórias e memórias de populações indígenas que foram silenciadas e invisibilizadas em produções historiográficas muito marcadas por narrativas coloniais e hegemônicas. Nas últimas décadas, com a ampliação dos usos de fontes da História Oral e o surgimento da Nova História Indígena, os pesquisadores têm buscado uma diversidade temática para a historiografia. Este processo tem apresentado múltiplos caminhos para evidenciar histórias, culturas e conhecimentos de povos tradicionais que por muito tempo foram subalternizados e marginalizados em detrimento de narrativas conservacionistas do status quo. A intenção deste simpósio é discutir essas diferentes temáticas que tratam de questões relacionadas à educação escolar indígena e a formação de professores indígenas; a valorização da cultura, da língua e das tradições; a luta pela terra e pelo território; os movimentos de resistências e as relações interculturais. As experiências e conhecimentos das populações indígenas traçam novas contribuições para a escrita da História, portanto, a partir desta noção adotamos o entendimento de interculturalidade crítica, proposta por Catherine Walsh (2009), que parte da interação não hierárquica entre os diversos saberes, sendo capaz de produzir novos conhecimentos e novas compreensões do mundo, sem perder de vista a alteridade. A memória e a oralidade são importantes meios de dar visibilidade à participação de povos indígenas nas suas diferentes lutas e práticas de resistências. Neste sentido, evidenciar suas narrativas pode gerar um movimento que confronta às diversas colonialidades como a do ser, do saber e do poder, que, segundo Quijano (1992), provocaram um bloqueio de relação e trocas entre os diferentes conhecimentos e culturas, já que havia ali a necessidade da expressão de uma dominação colonial. Nesta perspectiva, visamos que a proposta acolha trabalhos preocupados com a construção de conhecimentos interculturais e decoloniais.
Paulo Cesar Inácio
Doutor em História Social pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), professor do Instituto de História e Ciências Sociais e do Programa de Pós-graduação em História (Mestrado Profissional) da Universidade Federal de Catalão
Rinaldo José Varussa
Doutor em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e professor do curso de história e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)
Pesquisas desenvolvidas em diferentes áreas do conhecimento têm feito uso de entrevista orais, a produção e análise destes registros se tornou possível pela legitimidade conquistada na academia. Críticas à sua produção e uso apontavam a presença da subjetividade, a desconfiança da capacidade de pessoas comuns, ao serem entrevistadas, descortinarem processos densos indicando meios conflituosos de como o presente se tornou o que é, diminuíram de intensidade. Esse reconhecimento aponta novos desafios, um deles é estabelecer e explicitar metodologias da seleção, feitura e interpretação das entrevistas. A validação e aprovação de projetos de pesquisa junto aos comitês de ética em pesquisa, revelam parte desse desafio, considerando que seus membros atuam em áreas distintas das ciências humanas. Em que pese o difícil diálogo com os Comitês de Ética em Pesquisa, pela incompreensão do uso e leitura distinta, há um outro aspecto que é a dificuldade de constituição dos procedimentos que adotamos em recortes que vão desde a seleção dos entrevistados, realização da entrevista e sua análise. A dificuldade de explicitar a “técnica”, se deve pela associação desta com a fragilização da relação política entre entrevistador(a) e entrevistado(a). O desafio é que o reconhecimento acadêmico que tem levado a institucionalizar tecnicamente o manuseio destes registros, retire o “artesanal”, ou seja, um exercício que não se restrinja a aplicação de metodologias, mas que a própria metodologia seja explicitada no fazer das entrevistas e na intepretação. O processo de construção e uso da oralidade em pesquisas constrói um contexto histórico que não fixa o entrevistado e pesquisador em um tempo e espaço social, mas visualiza, como em diferentes temporalidades e, em alguns casos, em espaços diferentes processos de dominação e resistência dão suporte ao devir social. O eixo aglutinador do Simpósio Temático se refere a pressupostos gerais que explorem a construção e uso das entrevistas orais, enquanto possibilidade de desestruturação de processos hegemônicos, aparentemente únicos do passado, abrindo o presente para memórias alternativas e projetos diferenciados de pensar o futuro. Assim, o Simpósio Temático proposto tem a pretensão de constituir um espaço, que agregue pesquisas concluídas ou em andamento que se ocupe da produção e uso de entrevistas orais, permitindo, no debate coletivo, testarmos potencialidades e desafios. O desafio de, em um mundo e sociedade, autoritárias e desigual fazermos o exercício de igualdade.
Thaís Alves Marinho
Doutora em Sociologia pela Universidade de Brasília (UnB). Possui pós-doutorado em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professora do Programa de Pós-Graduação em História (em que atua como coordenadora) e do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-Goiás), membro cofundadora da Rede Latino-americana e Caribenha de pesquisas sobre Feminismos de Terreiros (RELFET), líder do grupo de pesquisa Memória Social e Subjetividade (CNPQ/PUC Goiás), membro do grupo de pesquisa Cultura, Memória e Desenvolvimento (UNB/CNPQ).
Rosinalda Correia da Silva Simoni
Possui graduação em História pela Universidade Estadual de Goiás -(UEG - Câmpus Cora Coralina, Cidade de Goiás), é especialista em em Gestão do Patrimônio Cultural pela UEG, mestra em Gestão do Patrimônio Cultural (área de Concentração: Arqueologia) pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-Goiás) e doutora em Ciências da Religião pela PUC-Goiás. Atualmente cursa o doutorado em História pela Universidade Estadual de São Paulo (UNESP), é professora convidada na Universidade Federal do Tocantins (UFT) e faz estágio pós-doutoral em História na PUC-Goiás. Atua como pesquisadora e gestora de projetos nas áreas de antropologia, Antropologia das Populações Afro-Brasileiras, arqueologia pública e educação patrimonial. É consultora para relações étnico-racias do Espaço Cultural Vila Esperança, Diretora Fundadora da empresa Tekohá Pesquisas Patrimoniais.
Ludmila Pereira de Almeida
Doutora em Letras e linguística pela Universidade Federal de Goiás (UFG), mestra em Comunicação pela UFG, licenciada em Letras - Língua Portuguesa e bacharela em estudos linguísticos pela Faculdade de Letras da UFG. Faz estágio pós-doutoral em História na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-Goiás). Participa do Coletivo Magnífica Mundi da Faculdade de Informação e Comunicação da UFG, do OBIAH - Grupo Transdisciplinar de Estudos Interculturais da Linguagem da UFG e da Gira Leodegária de Jesus - UFG.
A historiografia goiana vem amadurecendo e alargando seus domínios, aderindo a uma perspectiva mais cultural, a partir da microhistória e da História Oral, decolonializa-se, buscando perceber para além do arcabouço eurocentrado as participações dos afrodiaspóricos na História de Goiás, com ênfase nas intersecções entre raça, classe e gênero. Mas ainda há um longo caminho a percorrer visando ampliar a historiografia, para além da História Única.Nesse sentido o objetivo desse ST se orienta nas epistemes resistentes que são forjadas críticas aos limites da matriz ocidentalizada/colonial na produção dos saberes e das pedagogias. Nosso interesse é dialogar/apresentar as criações curriculares e as alternativas pedagógicas que florescem nos becos, nas esquinas, nas ruas, nas prisões, nos terreiros, nas congadas, nos quilombos, nas águas, pedagogias essas que tem na oralidade e oralituras suas bases epistêmicas e educacionais. Assim o presente Simpósio acolherá pesquisas, concluídas ou em andamento, que tematizem os debates teórico-metodológicos sobre a história africana e afro-diaspórica no horizonte das agências, protagonismos e reinvenções negro-africanas em diáspora na região do centro-oeste, com particular interesse sobre as experiências contra-coloniais. São desejáveis trabalhos que abordem emancipação/escravização negra, associativismos e irmandades negras; territórios negros rurais e urbanos; processos de racialização, significados políticos das classificações raciais.