VIII Jornada de Ética e Filosofia Política da UFAL (2024)

VIII Jornada de Ética e Filosofia Política

11, 12 e 13 de março do 2024 - mini-auditório da Filosofia


Programação


11/03

15h - Socialização de resultados Pibid pelos estudantes do projeto

16h30 - Mesa redonda: Pibid e o Ensino de Filosofia

Prof. Mestre Cleibson Américo da Silva

Prof. Mestre Ismar Francisco Prado Torres

Prof. Mestre Ricardo Max Lima Cavalcante


12/03

14h - Comunicações

Felipe José Gonçalves de Azevedo - Sobre a utilidade da literatura e do cinema em Walter Benjamin

Orientadora: Profª. Drª Cristina Amaro Viana

Resumo: Pretende-se expor algumas considerações a partir de duas obras do filósofo Walter Benjamin: “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica” (1935) e “O narrador” (1936), no que tange aos aspectos relacionados ao uso do cinema para fins políticos e a ineficiência de se colocar a literatura lado a lado com a sétima arte em relação à sua utilidade. No primeiro texto, o filósofo exalta o cinema por suas características vanguardistas referentes não só ao seu engajamento político e revolucionário, mas também por seus aspectos técnicos, que conferem ao cinema um patamar de obra de arte elevada; no segundo, expõe seus anseios quanto ao ocaso das experiências e da arte de narrar, cujo detrimento tem uma relação direta com o avanço do capitalismo e com a propagação dos romances, gênero textual que circunscreve o indivíduo isolado, apreciador de arte como refúgio, pois não consegue se comunicar satisfatoriamente com seus demais. Buscamos, portanto, expor algumas das especificidades e limitações do cinema e da literatura enquanto tipos de arte distintas entre si, quanto às suas utilizações (ou deficiências) para fins políticos de conscientização das massas, ou então para fins fascistas de alienação.


José Claudevan Vieira da Silva -  A alienação como conceito filosófico e social no jovem Marx.

Orientador: Prof. Dr. Artur Bispo

Resumo:  A pesquisa busca compreender a “alienação” como conceito filosófico apresentado por Karl Marx nos Manuscritos-econômico-filosóficos de 1844 sua obra de juventude. O intuito é entender como essa obra  significativa, nos abre a possibilidade de investigar a relação entre alienação e vida social alienada como constitutivos inerentes da reprodução social da sociedade burguesa. Nesse sentido, adentrar nos mecanismos da dinâmica social da exploração-alienação das relações sociais e de produção, que sob a ótica do capitalismo produz desumanização e estranhamento do ser social na produção material e concreta da vida. Nessa perspectiva, analisamos essas relações sociais do ponto ontológico do  fundamento do ser social: O trabalho. Tendo em vista que em seu primeiro momento (Nos manuscritos de 1844) - a alienação - se funda no/pelo trabalho devido a destituição do ser social dos modos e meios de produção que garantem o desenvolvimento social e espiritual dos seres humanos. No entanto, na forma privada da socialização do trabalho, se cria uma relação do homem alheio o seu próprio trabalho, pois, o seu trabalho se concretiza como servidão e expropriação de si, por conseqûencia, o estranhamento do homem além de com seu trabalho, se materializa com sua produção, consigo mesmo e com os outros seres humanos que assim como esse trabalhador são expropriados da configuração do comando social.

 

Luana Silva de Souza  - Aspectos filosóficos acerca do conceito de ancestralidade na cultura de matriz africana

Orientadora: Profª Drª Juliele Sievers

Resumo:  Para povos africanos e afrodescendentes a ancestralidade tem um significado diferente daquilo que se entende enquanto pensamento ocidental europeu. É importante fazer esse contraponto porque, dentro do Brasil, é vivenciada as duas visões e acontece de, às vezes, uma pessoa que foi ensinada a partir da visão ocidental europeia desconhecer o significado que o mesmo termo tem para os afrodescendentes, mesmo convivendo diariamente com povos pretos em diversos ambientes. Tomando como exemplo pessoas brancas estando no mesmo ambiente que a empregada doméstica negra, trabalhadora que passa muitas horas por semana em suas casas e por vezes mora junto, essa trabalhadora pode frequentar um terreiro de candomblé - dentre outros lugares com uma consciência inata acerca do povo preto - e portanto tem outra percepção de ancestralidade. O que acontece muitas vezes é que a patroa ou patrão faz questão de não conhecer a vivência, os conhecimentos e saberes daquela pessoa. Mas então, qual o significado de ancestralidade? Bem, o significado do termo sofre alterações de acordo com a cultura onde está inserido, bem como o tempo histórico também influencia. Para os ocidentais, por exemplo, significa alguém de laços sanguíneos que antecede a geração atual. Porém, nas culturas de matriz africana o termo tem um significado diferente e que foi sendo modificado com o passar dos anos. Antes dos anos 1990, segundo o professor Eduardo Oliveira (2007), o termo era compreendido enquanto uma vivência dos africanos e afrodescendentes para entender sua experiência de vida - de um modo até um pouco mítico. Desde então o termo toma um novo sentido e passa a ser entendido de duas formas nas comunidades pretas: para o povo-de-santo, é um princípio regulador - durante suas práticas, rituais, e também nas representações - e, para o povo preto, é símbolo de resistência, resgatando as tradições de matriz africana para se reafirmar culturalmente.


Michell Berg Ferreira de Araújo Júnior - A Prisão Invisível:  uma leitura da sociedade de cansaço sob o capitalismo de vigilância

Profª Drª Juliele Sievers

Resumo: neste artigo pretende-se fazer uma análise comparativa entre os conceitos de “capitalismo de vigilância”, proposto pela autora americana Shoshana Zuboff (2018) e “sociedade do cansaço”, cunhado pelo filósofo sul-coreano Byung-Chul Han (2010). Nesse contexto, Zuboff acredita que a tecnologia das grandes empresas está sendo desenvolvida com a intenção de vigiar e prever as ações das pessoas, baseadas em algoritmos e outros recursos, para o aumento do lucro empresarial; a tese de Han afirma que a sociedade atual, de forma geral, está profundamente cansada, graças a uma positividade tóxica nos meios de produção, comunicação e desempenho, que geram diversas reações colaterais nos indivíduos, a nível neuronal. Através deste estudo, têm-se a intenção de explorar também, para além da análise conceitual comparativa, os possíveis desdobramentos de ambos os conceitos, sobretudo quanto ao seu impacto em certos aspectos da vida do indivíduo de nossa sociedade atual. Neste sentido, pretende-se realizar uma análise crítica acerca das possibilidades, para tal indivíduo, de uma vida que lhe permita refletir filosoficamente sobre aspectos existenciais tais como a finitude e o propósito de sua existência, uma vez imerso nos aspectos sociais e econômicos abordados pelos dois autores em consideração. Assim, iremos expor, com esses autores, as novas configurações que apontam para os mecanismos de controle e manipulação, por parte dos economicamente dominantes que privilegiam-se de tal sistema, em relação àqueles que estão submetidos a ele de maneira exploratória.


16h

Andrey Silva Costa de Alencar Amorim - A dependência do ser e a providência divina segundo Nicolau de Cusa

Orientador: Prof. Dr. José Urbano de Lima Júnior

Resumo:  O presente trabalho tem como objetivo explorar o pensamento do filósofo e teólogo renascentista Nicolau de Cusa, visando compreender de que modo se dá a criação divina. Para tanto se faz necessário a aceitação da natureza ignorante do homem de maneira integral para não cair no problema das racionalizações complexas e imaginativas. O cusano propõe a compreensão da verdade através de operações matemáticas intuitivas, por exemplo a proposição: não pode haver nada fora do infinito e o finito é uma possibilidade do infinito, logo o infinito é a essência criadora. Tal argumento parece estranho, todavia trata-se de uma operação lógica simples em que é preciso afirmar que o infinito contém em si toda a finitude e o que há de vir a ser nada mais é que possibilidade, pois o contrário significaria dizer que há algo fora do infinito e isto é categoricamente falso. Após a análise fica evidente que há uma relação de dependência entre o ser finito e o ser infinito, onde a ignorância do homem não pode sequer entender como isso se dá de fato. Ora, não é porque as intelecções do homem não conseguem abarcá-las que a Verdade deixará de ser verdade. O Ser uno continua a estender-se da unidade à multiplicidade, resultando assim no ato da criação.


John Ewerton Veríssimo da Silva Araújo - Um Olhar Analítico sobre a Compreensão Nietzscheana de Linguagem

Orientador: Prof. Dr. Marcus José Alves de Souza

Resumo:  A proposta da comunicação é expor como o fenômeno da linguagem se acomoda no pensamento de Nietzsche; como ele a percebe e a trata; e com isso, trazer uma chave de leitura analítica da filosofia nietzscheana. A exposição se serve dos desdobramentos das concepções nas obras da juventude do filósofo, se valendo de textos como o curso "Dá Retórica" (1874) e "Sobre a Verdade e Mentira no Sentido Extra-Moral" (1873). É fato que Nietzsche não estava preocupado em desenvolver uma filosofia da linguagem como a conhecemos desde a pós-virada linguística na filosofia, e que tal proposta necessita de cuidado para não cair em ingenuidades conceituais. Contudo, entendemos que a compreensão de linguagem que Nietzsche expõe em sua fase jovem, possibilita abrir diálogo com concepções atuais de linguagem, como por exemplo o referencialismo e pragmatismo. Tal diálogo pretende sondar como as observações nietzscheanas sobre a linguagem se adéquam aos avanços conceituais e problemas trazidos pelos debates da linguagem pós-virada linguística. Buscaremos entender as limitações e virtudes das observações de Nietzsche, e como sua compreensão da linguagem impacta e reverbera ao longo de suas observações filosóficas, desembocando em suas concepções morais e autênticas que marcam seus textos, desde a forma como os escreve, até seu conteúdo.


Lidia Pereira Dias - Podemos denominar a relação mente/corpo em Espinosa de Paralelismo?

Orientador: Prof. Dr. Sacha Kontic

Resumo:  A proposição sete do livro II da Ética de Espinosa irá introduzir uma questão muito cara à filosofia de Espinosa, a saber, como foi caracterizado o problema mente/corpo. Muitos comentadores irão denominar a relação entre pensamento e extensão, os dois atributos da única substancia como paralela. Vejamos o que diz a proposição do livro sete e em seguida o que se compreende por paralelismo e porque este termo é usado para caracterizar a relação mente/corpo na Ética. Segue a proposição sete: “a ordem e conexão das ideias é a mesma que a ordem e conexão das coisas.” Com essa proposição, está afirmando o que já havia dito desde a primeira parte da Ética. Existe uma única substância e por meio da potência dela, são causadas modificações infinitas e finitas. Os atributos são modificações infinitas que exprimem a potência da substância, os modos são modificações finitas que exprimem a substância de maneira determinada. Ora, a substância causa todas as coisas através de sua potência infinita, de modo que as ideias, frutos do atributo pensamento, e as coisas, frutos do atributo extensão, seguem-se de uma mesma essência, de uma mesma ordem e conexão, por essa razão o filósofo dirá no escolio da mesma proposição: “o que quer que possa ser percebido pelo intelecto infinito como constituindo a essência da substância pertence apenas à substância única e, por conseguinte, a substância pensante e a substância extensa são uma só e a mesma substância, compreendida ora sob este, ora sob aquele atributo.” Após essa exposição o que podemos perceber? 1. Que Espinosa não é um dualista, pois concebe apenas uma substância. 2. Que as modificações dessa substância são iguais, isso implica dizer não que elas são redutíveis, mas que não há sobreposição entre ambas.


19h Conferência

Prof. Dr. Luís César Oliva (USP) - Potência e liberdade de expressão no Tratado Teológico-Político de Espinosa


13/03

17h- Sarau Filosófico

Audição das composições de músicas resultado do Pibid Filosofia


19h - Comunicações

Wellington Wanderley Ferreira - A REPRESENTAÇÃO DA MALDADE NA LITERATURA: A perspectiva nietzschiana sobre o conceito dos monstros morais de Michel Foucault

Orientador: Prof. Dr. Marcus José Alves de Souza

Resumo:  A presente comunicação tem como objetivo apresentar minha pesquisa voltada para análise da representação da maldade nas narrativas literárias à luz do conceito foucaultiano de monstro moral, segundo uma perspectiva nietzschiana. Através da análise de obras literárias, busca-se compreender como a maldade é retratada na narrativa como uma expressão das complexidades e contradições da natureza humana. Tomando como conceito referencial o deslocamento do monstro físico (morfológico) para o monstro moral (comportamental), apresentado por Foucault na obra Os Anormais (2010), buscamos apresentar uma leitura nietzschiana dos monstros morais na literatura, enquanto representação do humano, demasiado humano e como expressão do conflito trágico para construção de uma possível proposta ético-estética da vida segundo o pensamento de Nietzsche.


José Wemerson de Souza Santos - David Chalmers e o problema da consciência

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Rabenschalg

Resumo: Este estudo tem como objetivo apresentar um projeto sobre o conhecimento de David Chalmers sobre o problema da consciência e analisar o que a neurociência já aborda sobre o cérebro humano. Chalmers é conhecido em sua teoria por descrever a dupla característica da consciência, e afirma que a experiência consciente segue por dois fatores: o fator físico (neurofisiológico), que pode ser investigado pela ciência empírica, e o fator fenomênico (subjetivo), que não pode ser reduzido a nenhum tipo de explicação simplesmente física. A defesa de Chalmers é que essa dualidade da consciência é um aspecto essencial do universo e não necessita ser irrefutável por nenhum modelo científico atual.


Elizeu Salazar Idelfonso - Consciência Antepredicativa em Merleau-ponty - Uma Análise Fenomenológica

Orientador: Prof. Dr. João Dias

Resumo: Esta pesquisa visa investigar a Consciência Antepredicativa, um conceito introduzido por Maurice Merleau-Ponty em "Fenomenologia da Percepção". Trata-se de um conhecimento pré-reflexivo, anterior à expressão verbal de pensamentos, desafiando abordagens convencionais. A análise centra-se na complexidade desse conceito e em sua relação com a fenomenologia merleau-pontyana, com ênfase nos aspectos de percepção, linguagem e influência do corpo. Merleau-Ponty argumenta que nossa percepção inicial do mundo não é mediada por categorias ou conceitos predeterminados, mas sim uma experiência imersiva e direta. Na escolha deste tema, a aspiração é aprofundar, mesmo que um pouco, a compreensão sobre o funcionamento da consciência, especialmente à luz das perspectivas do filósofo Maurice Merleau-Ponty. O conceito de "Consciência Antepredicativa," apresentado em sua obra "Fenomenologia da Percepção," desafia concepções convencionais sobre a percepção do mundo e nossas relações com ele. Merleau-Ponty desenvolveu suas ideias em um contexto específico, imediatamente após a Segunda Guerra Mundial, época em que as reflexões sobre a natureza humana ganharam destaque. Sua abordagem busca uma reinterpretação radical de como vivemos e percebemos o mundo. O desafio conceitual presente nesta investigação reside na complexidade da Consciência Antepredicativa, que sugere um conhecimento pré-reflexivo, anterior à articulação verbal. Essa proposta entra em conflito com as abordagens tradicionais de compreensão. A pesquisa procura entender como esse conceito se relaciona com os fundamentos estabelecidos de conhecimento, linguagem e a influência do corpo nesse processo. A relevância atual do tema é destacada pela contínua busca por uma compreensão mais profunda da subjetividade e percepção, em um contexto contemporâneo no qual os paradigmas tradicionais relacionados à mente, corpo e interação social estão constantemente em questionamento.