MINICURSOS
MINICURSOS
Com as inovações tecnológicas, as pesquisas linguísticas têm ganhado o olhar de diversas perspectivas teóricas e metodológicas. Nesse sentido, pode-se falar da Linguística de Corpus (LC), que é compreendida, por diversos autores, ora como uma área da Linguística, ora como uma metodologia de tratamento de corpora. O fato é que a LC se dedica à coleta e à exploração de textos escritos, falados ou sinalizados por meio de evidências extraídas do computador. Para isso, são usados softwares específicos que auxiliam nas buscas complexas, nas contagens, nas concordâncias, nas ocorrências, na organização dos dados etc. Um dos exemplos desses softwares pode ser o ELAN, um programa desenvolvido pelo Instituto Max Planck de Psicolinguística, na Holanda, para fazer anotações de áudio e vídeo, ou seja, é uma importante ferramenta para quem deseja analisar detalhadamente dados audiovisuais. Assim, esse minicurso tem como objetivo geral introduzir, de forma prática, conhecimentos sobre o uso do software ELAN no contexto da análise e descrição linguística de línguas orais e de sinais. Serão utilizados os estudos sobre Linguística de Corpus de Sardinha (2004), Shepherd (2009) e outros e sobre o ELAN de Oushiro (2010), Santos (2023) e outros. O minicurso será de forma dialogada e com atividades práticas, por isso, faz-se necessário que cada participante utilize seu próprio notebook, com o programa ELAN 6.9 já instalado. O download pode ser feito no seguinte endereço eletrônico: https://archive.mpi.nl/tla/elan/download. O ELAN tem se estabelecido como uma importante ferramenta em diversas áreas, como a Linguística (incluindo das línguas sinalizadas), a Antropologia, a Sociologia entre outras. Isso ocorre devido a sua facilidade em anotar e analisar detalhadamente áudios e vídeos por meio de comentários, transcrição da fala/sinalização, glosas, expressões faciais e corporais etc. Esse programa pode contribuir com pesquisadores da área da linguagem em nível de graduação e de pós-graduação, principalmente quem realiza análise linguística e descrição de línguas.
Em um estado geográfica e economicamente isolado como o Amazonas, produzir arte é em si um ato de resistência. Com o advento das tecnologias digitais, artistas das mais variadas linguagens vêm se apropriando dessas ferramentas para garantir a circulação de sua produção de modo a burlar os cercos que impedem o produtor amazonense de atingir públicos e mercados mais amplos. Nesse grupo estão inseridos os escritores, cuja produção literária encontra no ambiente virtual caminhos para fora da fronteira, não apenas contornando-a, mas reconhecendo nela um território de disputas políticas e ideológicas. Este minicurso busca identificar as estratégias de difusão utilizadas para que textos de autoria amazonense atravessem essas disputas a partir de um relato de experiência da categoria.
Nesse curso vamos falar sobre tecnologias digitais voltadas para a educação e apresentar os recursos educacionais que estão sendo desenvolvidos no contexto da formação de professores nos cursos de Letras e Pedagogia da Escola Normal Superior – ENS/UEA. Tal produção de recursos visa colocar o professor como autor do seu próprio material, discutir a necessidade de materiais contextualizados culturalmente e acessíveis a diferentes públicos. Enquanto fundamentos, trabalhamos com a proposta triangular de Ana Mae Barbosa (contextualização, apreciação e fazer artístico) e com o questionário de memórias bioculturais. Explorando ainda o universo temático (e digital) dos participantes, o mini curso pretende ser um espaço de trocas de saberes e práticas.
O minicurso Literatura Amazonense Contemporânea: Território, Identidade e Resistência nas Produções Literárias do Século XXI propõe uma introdução crítica à produção literária recente oriunda da região amazônica, em específico na cidade de Manaus. A partir da análise de obras de autores contemporâneos como Alef Vieira e Márcia Antonelli, o curso busca evidenciar como a literatura produzida nesse contexto geográfico e cultural contribui para o debate sobre identidade regional, relações sociopolíticas, diversidade étnica e resistência frente aos processos de silenciamento histórico. Serão discutidos temas como a presença indígena e afrodescendente nas narrativas, o papel da oralidade e da memória, os impactos da exploração ambiental e as tensões entre tradição e modernidade.
A Biblioteca Braille do Amazonas (BBAM) integra, promove e inclui pessoas com deficiência visual (DV) na sociedade, educação e cultura amazonense. Entre suas ações, destaca-se a produção de audiodescrição — recurso essencial de acessibilidade comunicacional que traduz conteúdos visuais em descrições — possibilitando o acesso do público DV a conteúdos audiovisuais, espetáculos e eventos culturais. Este minicurso, promovido pela equipe da BBAM, tem como objetivo geral a capacitação para a utilização da audiodescrição. Como objetivos específicos, o minicurso pretende: compreender a audiodescrição em suas aplicações e fundamentos; compartilhar vivências com audiodescrição no Amazonas; e vivenciar a construção de roteiros descritivos. A proposta alinha-se à Lei Brasileira de Inclusão (Lei n° 13.146/2015) para a construção de prática inclusiva aspirando a eliminação de barreiras comunicacionais e de aprendizagem. Em sua metodologia, o minicurso combina exposição dialogada, análise de exemplos produzidos pela BBAM e oficina de exercícios práticos, visando a construção desse recurso. Assim, como resultados, espera-se que os participantes não somente apreendam a audiodescrição e suas técnicas básicas, mas também reconheçam seu potencial como agentes de transformação pedagógica, seu papel na inclusão de pessoas com DV e apliquem os conhecimentos adquiridos em sala de aula.
O curso explora a concepção de orador ideal apresentada por Cícero (106-43 a. C.) em suas obras De oratore e Orator, destacando os atributos necessários para uma eloquência perfeita e o papel da retórica na sociedade romana. Como objetivo, busca-se analisar e compreender as características do orador ideal segundo Cícero, considerando os contextos histórico, filosófico e político das obras. Busca-se desenvolver habilidades retóricas e reflexões sobre a relevância dos conceitos de Cícero para a prática discursiva contemporânea. Como arcabouço teórico, a análise fundamenta-se em De oratore (55 a. C.), onde Cícero apresenta um diálogo entre figuras importantes da Roma republicana, discutindo a união entre sabedoria (sapientia) e eloquência (eloquentia) como base do orador ideal. Também se apoia no Orator (46 a. C.), texto em que o autor elabora um modelo do orador perfeito, que combina virtude, domínio técnico e adaptação ao público, explicitando o conceito de adequação (decorum) que conecta a teoria dos três gêneros de discurso: simples, médio e nobre (genera dicendi: tenue, medium e graue) com as três funções do orador: informar o público, proporcionar prazer e inflamar as paixões do auditório (officia: docere, delectare, mouere). As obras evidenciam a influência de tradições gregas, especialmente de Aristóteles, enquanto Cícero adapta a retórica às necessidades práticas de Roma. A partir do estudo proposto, espera-se que os participantes possam resolver exercícios práticos, que incluem a aplicação dos princípios ciceronianos em discursos contemporâneos. Como resultados, espera-se que os participantes adquiram uma compreensão panorâmica do modelo do orador ideal em Cícero, além de habilidades críticas e práticas no uso da retórica em suas próprias práticas discursivas, promovendo discursos éticos, convincentes e adaptados a diferentes contextos.
Em um contexto educacional cada vez mais atravessado pela tecnologia, ainda que forma desigual, torna-se urgente não apenas discutir o uso de tecnologias, mas também as condições em que elas estão integradas ao ensino e o tipo de letramento que promovem. Nesse cenário, o letramento digital destaca-se como uma competência fundamental para o exercício crítico e criativo da transposição didática. Este minicurso parte da ideia de que o letramento digital não se limita à competência técnica, mas envolve a apropriação crítica dos recursos e das ferramentas de automação e reflexão sobre suas aplicações na rotina do professor. O objetivo deste minicurso é auxiliar professores no uso de ferramentas digitais que otimizam e automatizam tarefas de rotina, o que promove maior eficiência e intencionalidade no fazer pedagógico. Serão explorados recursos como ferramentas e plataformas digitais que facilitam a coleta e análise de dados, a produção de conteúdo, a gestão de atividades, a organização de tarefas, a comunicação com estudantes e a avaliação automatizada. A proposta é apresentar práticas acessíveis e aplicáveis no cotidiano escolar e universitário e promover o letramento digital de forma prática, funcional e estrategicamente alinhada às demandas contemporâneas da educação. A fundamentação teórica apoia-se em Rojo e Barbosa (2015), que tratam os multiletramentos como práticas sociais mediadas por textos multimodais, atravessadas por disputas de poder e desigualdades estruturais. Assim, o letramento digital aqui proposto não se reduz a operar plataformas, mas exige desenvolver critérios éticos e políticos sobre seu uso. A abordagem metodológica combina exposições breves com experimentação direta das ferramentas, de modo a garantir que os participantes não apenas conheçam os recursos, mas os testem em situações concretas trazidas por eles. Recomenda-se o uso de notebook próprio, dado o caráter prático da atividade. Além da dimensão instrumental, haverá espaços de reflexão coletiva sobre os impactos dessas tecnologias no fazer pedagógico, com atenção especial ao contexto das escolas públicas. Espera-se que os participantes saiam do minicurso não apenas com mais ferramentas, mas com mais clareza sobre quando, como e por que usá-las, alinhando funcionalidade, criticidade e intencionalidade no uso das tecnologias.