Terapia Ocupacional, Tecnologia Assistiva e inclusão escolar


O terapeuta ocupacional no trabalho da Tecnologia Assistiva tem um papel central nas discussões sobre as diferentes formas de acesso, na integração das funções sensoriais e motoras, no desenvolvimento da funcionalidade dos membros superiores e outras partes do corpo para o controle do meio ambiente e na aquisição da independência nas atividades de vida diária, na avaliação e adaptação da postura sentada e outras posturas para a realização das atividades diárias.

Para atender às necessidades de cada cliente, no trabalho com a Tecnologia Assistiva, é função do terapeuta ocupacional conhecer e analisar os recursos existentes e determinar quais os dispositivos que melhor se aplicam às diferentes situações do dia a dia. Cada recurso deve ser vivenciado pelo terapeuta ocupacional e incorporado à sua prática com os usuários da Tecnologia Assistiva.




Inclusão escolar

O sucesso do processo de inclusão está diretamente ligado à possibilidade de reconhecer as diferenças e aceitá-las. Isso não significa ignorá-las, isso não significa colocar crianças com necessidades educacionais especiais na sala de aula regular e esperar que elas aprendam pela proximidade com seus colegas da mesma idade.

Respeitar as diferenças é oportunizar os recursos necessários para que a criança aprenda. Muitas vezes esses recursos serão simples como letras soltas ou textos escritos em letras maiúsculas, e outras vezes, poderá ser o uso de um computador adaptado.





Comunicação Alternativa - Uma das áreas da Tecnologia Assistiva

O termo Comunicação Alternativa e Ampliada é utilizado para definir outras formas de comunicação como o uso de gestos, sinais da língua de sinais, expressões faciais, o uso de pranchas de alfabeto ou símbolos pictográficos, comunicadores, até o uso de sistemas sofisticados como o computador e tablets. A comunicação é considerada alternativa quando o indivíduo não apresenta outra forma de comunicação, e considera ampliada quando a pessoa possui alguma comunicação oral, mas essa não é suficiente para suas trocas sociais.

A Comunicação Alternativa compreende símbolos, recursos, estratégias e técnicas



Os símbolos são as representações visuais, auditivas ou táteis de um conceito.

Na CAA utiliza-se de vários símbolos como os objetos, a fala, os gestos, a linguagem de sinais, as fotografias, os desenhos e a escrita.

Há vários tipos de símbolos que são usados para representar mensagens. Eles podem ser divididos em:

Símbolos que não necessitam de recursos externos - o indivíduo utiliza apenas o seu corpo para se comunicar. São exemplos desse sistema os gestos, os sinais manuais, as vocalizações, e as expressões faciais.

Símbolos que necessitam de recursos externos - requerem instrumentos ou equipamentos além do corpo do usuário para produzir uma mensagem. Esses sistemas podem ser muito simples, ou de baixa tecnologia ou tecnologicamente complexos ou de alta tecnologia.


Tipos de símbolos

Objetos reais - Os objetos reais podem ser idênticos ao que estão representando ou similares, onde há variações quanto ao tamanho, cor ou outra característica.

Miniaturas - Os objetos em miniatura precisam ser selecionados com cuidado para que possam ser utilizados como recursos de comunicação. Devem ser consideradas as possibilidades visuais e intelectuais dos indivíduos na sua utilização.

Objetos parciais- Em situações onde os objetos a serem representados são muito grandes a utilização de parte do objeto pode ser muito apropriada.

Fotografias - Fotos coloridas ou preto e branco podem ser utilizadas para representar objetos, pessoas, ações, lugares ou atividades. Nas escolas muitas vezes são utilizados recortes de revistas ou embalagens de produtos.

Símbolos gráficos- Há uma série de símbolos gráficos que foram desenvolvidos para facilitar a comunicação de pessoas com necessidades educativas especiais.




Os recursos são os objetos ou equipamentos utilizados para transmitir as mensagens.

RECURSOS DE BAIXA TECNOLOGIA:

Pranchas de comunicação - As pranchas de comunicação podem ser construídas utilizando-se objetos ou símbolos, letras, sílabas, palavras, frases ou números. As pranchas são personalizadas e devem considerar as possibilidades cognitivas, visuais e motoras de seu usuário.
Essas pranchas podem estar soltas ou agrupadas em álbuns ou cadernos. O indivíduo vai olhar, apontar ou ter a informação apontada pelo parceiro de comunicação dependendo de sua condição motora.

Eye-gaze - pranchas de apontar com os olhos que podem ser dispostas sobre a mesa ou apoiada em um suporte de acrílico ou plástico colocado na vertical. O indivíduo também pode apontar com o auxílio de uma lanterna com foco convergente, fixada ao lado de sua cabeça, iluminando a resposta desejada.

Avental - é um avental confeccionado em tecido que facilita a fixação de símbolos ou letras com velcro, que é utilizado pelo parceiro. No seu avental o parceiro de comunicação prende as letras ou as palavras e a criança responde através do olhar.

Comunicador em forma de relógio - o comunicador é um recurso que possibilita o indivíduo dar sua resposta com autonomia, mesmo quando ele apresenta uma dificuldade motora severa. Seu princípio é semelhante ao do relógio, só que é a pessoa que comanda o movimento do ponteiro apertando um acionador .


RECURSOS DE ALTA TECNOLOGIA:

Comunicadores com voz gravada - são comunicadores onde as mensagens podem ser gravadas pelo parceiro de comunicação.

Comunicadores com voz sintetizada - No comunicador com voz sintetizada o texto é transformado eletronicamente em voz.

Computadores - Com o avanço da tecnologia têm surgido novos sistemas de CAA para as pessoas com necessidades especiais como o Classroom, o OverlayMaker, o Comunicar com Símbolos, o Boardmaker, o Invento, entre outros.



As estratégias referem-se ao modo como os recursos da comunicação alternativa são utilizados.


Exemplo: Adaptação de livros de histórias como recurso de imersão nos símbolos


Os livros são transcritos ou modificados a partir da reescrita simplificada da história impressa com letra maiúscula, tamanho 28 ou superior, fonte Arial e negrito. Quando necessário, os livros podem ser adaptados com a escrita Braille.

A associação de brinquedos ao conteúdo do livro como os bichinhos da história

A construção de pranchas de comunicação relacionadas com a história Os símbolos pictográficos Picture Communications Simbols (PCS) são elaborados como o auxílio do software Boardmaker e podem ser impressos isoladamente em cartões ou organizados em pranchas de comunicação. O objetivo principal dos símbolos é o desenvolvimento de uma comunicação alternativa que possibilite ao usuário acompanhar a história através dos símbolos, responder ou fazer perguntas e recontar a sequência de acontecimentos.



As técnicas de seleção referem-se à forma pela qual o usuário escolhe os símbolos no seu sistema de comunicação.

É importante determinar a técnica de seleção mais eficiente para cada indivíduo. Deve ser determinado o posicionamento ideal da prancha e do usuário, a precisão do acesso, a taxa de fadiga e a velocidade. O terapeuta ocupacional é o profissional que realiza essa avaliação.

As técnicas de seleção:

Seleção direta - é o método mais rápido e pode ser feito através do apontar do dedo ou outra parte do corpo, com uma ponteira de cabeça ou com uma luz fixada à cabeça.

Técnica de varredura- exige que o indivíduo tenha uma resposta voluntária consistente como piscar os olhos, balançar a cabeça, sorrir ou emitir um som para que possa sinalizar sua resposta. Nos recursos de baixa tecnologia o usuário vai necessitar de um facilitador para apontar os símbolos. Os métodos de varredura podem ser linear, circular, de linhas e colunas ou blocos.

Técnica da codificação- permite a ampliação de significados a partir de um número limitado de símbolos e o aumento da velocidade. É uma técnica bastante eficiente para usuários com dificuldades motoras graves, mas exige um maior grau de abstração .