A Igreja Wittgenstein de Porto Alegre (SWPA), moderadamente atuante nos departamentos de filosofia e bares locais, sonha um dia herdar o Templo Positivista da foto acima, há poucos metros da gloriosa Redenção, no bairro Bom Fim. O líder da Igreja, Ludovico Waisman III, fantasia com mudança há anos. Segundo declarou a jornalistas locais, o histórico prédio positivista não necessitaria de muitas modificações. Estaria pronto, inclusive, para abrigar as diversas seitas wittgensteinianas: os místicos entrariam pela porta da direita, os resolutos pela da esquerda e os ordoxos pela do meio. O espaço é suficiente para o número estável de devotos, que nos finais de semana regularmente se reúnem para praticar aquilo que mais gostam: não dizer nada senão o que se pode dizer; ajudar moscas a saírem de garrafas; e deixar tudo como está. O presidente da Igreja, também conhecido como "Bispo", considera essa herança do prédio positivista um processo natural, sobretudo depois da tradução de algumas obras de Peter Hacker para o português. Ele salienta que os degraus de acesso à igreja deverão ser trocados por uma escada, que poderá ser jogada fora cada vez que alguém por ela ascender. O primeiro degrau da escada representará aquilo que não pode ser dito, o segundo representará uma estudante de escola primária do interior da Áustria, o terceiro, as incompatibilidades sintéticas e os últimos terão semelhanças de família entre si mas nenhum traço comum a todos.

Neste final de semana, os wittgensteinianos planejam um convescote no local, a fim de já irem se familiarizando. Também serão realizados diversos jogos de linguagem, seguidos de uma partida de futebol contra a espirituosa equipe da Sociedade Hegel de Viamão. Coerentes com sua não-filosofia, os wittgensteinianos prometem um time retranqueiro, com 10 zagueiros. A meta, eles confessam, é deixar tudo como está, inclusive o placar.