"Tudo o que restou foi este coração angustiado, ansioso por viver, rebelando-se contra a ordem mortal do mundo que tinha estado com ele durante quarenta anos, e ainda lutando contra a parede que o separava do segredo de toda a vida, querendo ir mais longe, ir além e descobrir antes de morrer, descobrir finalmente, a fim de ser, apenas uma vez, ser por um único segundo, mas para sempre."
Albert Camus, in O Primeiro Homem , 1994.Nos anos 80 surge o “Boom” do rock português, após o 25 de Abril, a euforia revolucionária já tinha passado e a democracia já estava instalada, havia uma abertura que nunca tinha existido antes, chamava-se liberdade. A sala de concertos “Rock Rendez Vous”, os programas, rádio, "Rock em Stock", de Luís Filipe Barros, e o "Rotação", de António Sérgio, serviam de rampa de lançamento às novas bandas. O rock era o espelho da nossa sociedade, falava da nossa vida. Esta foi uma década marcada pelas demais maquetas, muitas delas gravadas na “Senófila” e pela constante edição de singles. Poucas foram as bandas que chegaram a editar álbuns. Num mercado discográfico em mutação, tudo se gravava desde que soasse minimamente a rock. A herança deste "Boom", foi a diversidade e a experimentação, coisa nunca vista até então. Depois da explosão, a implosão e em poucos anos as bandas perderam rumo. A força da juventude não chegava. Faltava solidez nos projectos, a ingenuidade, a escolha voluntária ou mesmo o desencanto fizeram o final da história.
“Constantino e os Tóxicos” e “O Prazer dos Porcões a caminho do Paraíso” foram duas pseudo-bandas que nunca chegaram a ser.
“Decades” é a última música do álbum “Closer” da banda Joy Division. É o disco póstumo do vocalista Ian Curtis. Foi lançado em 1980 após o seu suicídio.
Here are the young men, the weight on their shoulders,
Here are the young men, well where have they been?
We knocked on the doors of Hell's darker chamber,
Pushed to the limit, we dragged ourselves in,
Watched from the wings as the scenes were replaying,
We saw ourselves now as we never had seen.
Portrayal of the trauma and degeneration,
The sorrows we suffered and never were free.
Where have they been?
Where have they been? (...)
Décadas, (2011 - 2014)Hipermédia é uma extensão do hipertexto, para além do texto também suporta links para imagens, sons e vídeos. A hipermédia é a base estrutural desta obra que tem por título: "O Primeiro Homem", retirado do livro inacabado de Albert Camus. A obra tem como introdução, dois tempos: “Rock” e “Décadas”. O primeiro reflecte os tempos vividos em liberdade no qual o Rock é sinónimo. O segundo é sobre a passagem do ser humano pelo tempo. A obra em si, divide-se em três secções que estão interconectadas: "Elo Perdido", uma série de poemas escritos na juventude, "Condição Humana" uma tese de mestrado e "Humanidade" uma pseudo-proposta de doutoramento, perfazem uma trilogia que pensa sobre o homem contemporâneo, homem esse que está exilado na tecnologia.
Em “O Exílio e o Reino” (1957) Albert Camus escreve sobre a solidão do estrangeiro, da sua marginalização e a sua "recusa à representação de um papel que a sociedade atribui-lhe ". Escreve também sobre o destino do homem perante um mundo indiferente e o lugar onde encontramos a suposta felicidade. Num dos contos, “O Renegado”, descreve-nos a natureza destrutiva do homem perante a fé cega na religião ou na ideologia. O renegado é aquele que abandona uma causa ou principio, abnega a religião, o partido político ou a ideologia. É alguém que se rebela contra os princípios estabelecidos abandonando as suas antigas opiniões, crenças ou ideais.