"Não posso... tenho de cumprir o programa!" Este é o principal argumento usado por muitos docentes, na maioria das vezes contrariados, para deixar "de lado" o desenvolvimento de competências-base como os 4C (Colaboração, Comunicação, Criatividade, Pensamento Crítico). Sim, o Programa é obrigatório. Mas, afinal, O QUE É CUMPRIR O PROGRAMA?
Há duas formas de entender o currículo: uma prescritiva, alienada diria, que arrasta os alunos por todos os conteúdos mencionados, mesmo que isso implique deixar metade da turma pelo caminho, ou seja, sem aprendizagens significativas; outra, mais centrada em conceitos-chave e competências-base, que aposta em fazer chegar todos os alunos àquilo que são as aprendizagens essenciais, significativas, não implicando que cada aluno deixe de fazer o seu percurso, indo sempre o mais longe possível em termos de desenvolvimento. Definitivamente, a segunda opção parece-me mais correta, mais séria e mais justa. Neste caso, menos é mais...
Um documento curricular como "As Aprendizagens Essenciais" pode fazer toda a diferença na sala de aula, uma vez que vem legitimar esta visão mais contextualizada, flexível e holística do currículo, vem ajudar no processo de diferenciação pedagógica e vem consolidar toda uma conceção de escola de base humanista, com igualdade de oportunidades de sucesso para todos os que a frequentam, independentemente das suas características individuais.
"O referencial curricular “Aprendizagens Essenciais” implica uma mudança de ótica curricular assente na substituição da acumulação enciclopedista enumerativa pelo aprofundamento do conhecimento que se elege como essencial. Neste sentido, o ‘menos’ (rutura com o modo quantitativo- enciclopédico) passa a ‘mais’ (ganhos qualitativos de solidez, uso e aprofundamento do conhecimento” (Roldão, Peralta e Martins, 2017, p.8).
UM EXEMPLO: Comparação entre o Programa de Português para o 7º ano de escolaridade e as Aprendizagens Essenciais...
Comparando um documento com o outro, observamos, notoriamente, um esforço de "emagrecimento" do currículo, no sentido de aprender menos superficialmente e mais significativamente; mais qualidade e menos quantidade! No caso da disciplina de Português do 7º ano, o o currículo expresso em aproximadamente 10 páginas de Programa + 4 de Metas, "espremeu-se" em 4 páginas de AE com os principais temas/domínios a trabalhar, as competências a desenvolver em cada um destes, as ações estratégicas recomendadas e ainda a sua articulação com os descritores do Perfil dos Alunos... (em baixo, para consulta)