Protótipo Dispositivo Médico

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Miguel Caixinha criou um dispositivo que descreve cataratas como nenhum outro. E vai testá-lo em pessoas

Mário Santos, Fernando Perdigão, Jaime Santos, Marco Gomes e Miguel Caixinha desenvolveram o primeiro protótipo ESUS nos laboratórios da Universidade de Coimbra

LUCILIA MONTEIRO

O projeto ESUS promete fazer o que ninguém fez até agora: caracterizar com precisão a extensão e a tipologia de uma catarata num olho humano. O primeiro produto poderá chegar aos consultórios dentro de três anos


19.04.2018 às 13h30

Nos ultrassons, há o ir e há o voltar. O ir de uma onda em determinada frequência; e o voltar produzido pelo eco que essa onda gera ao ser bloqueada por obstáculos ou ao interagir com as diferentes matérias que estão no seu caminho. Miguel Caixinha conhece tão bem este processo de “ida e volta” que conseguiu idealizar, quando ainda era aluno de doutoramento na Universidade de Coimbra, um sistema que emite ultrassons à volta dos 20 MHz e descreve a extensão, a localização, a dureza e a tipologia de uma catarata de um olho com uma taxa de sucesso de 99,7%. O projeto despertou o interesse de duas grandes marcas dos dispositivos médicos, mas Miguel Caixinha, Jaime Santos e a Universidade de Coimbra preferiram concorrer a um financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) para desenvolver o dispositivo até ao ponto de comercialização. O financiamento de 240 mil euros acaba de ser aprovado. Miguel Caixinha prevê testar o novo dispositivo em diagnósticos com 50 a 100 pessoas. «Dentro de três anos, será possível fazer a estreia comercial. E até nem estou a ser muito otimista», garante.

Para já, o ESUS (de Eye Scan and Ultrassound System) não é mais que um protótipo laboratorial, composto por uma sonda do tamanho de uma caneta que emite ultrassons e recebe os respetivos ecos, para de seguida os encaminhar através de um cabo para uma box que processa a informação em tempo real e envia os resultados para visualização em telemóveis, tablets ou computadores. Apesar da componente experimental, Miguel Caixinha acredita que não será difícil convencer os potenciais voluntários a submeterem-se a exames de diagnóstico ou até a cirurgias com ultrassons: «Este é um dispositivo totalmente não invasivo, quem nem sequer precisa de anestesia. Os pacientes passam a ter a mais valia de poderem ser operados de acordo com informação que dantes não havia, e sem risco de poderem sofrer que rompimentos da cápsula posterior do cristalino».

Protótipo do projeto ESUS

As cataratas são uma maleita que afeta a cápsula anterior de uma parte do olho que dá pelo nome de cristalino. Nos dispositivos atualmente existentes em consultórios e salas de operações, não há forma que consiga descrever com certeza e dados quantitativos as características de uma catarata. O que significa que o grau de certeza pode variar diretamente da experiência de quem o faz – e não livra os pacientes de complicações relacionadas com o excesso de energia nos ultrassons ou lasers que são emitidos para destruir as cataratas e a cápsula anterior, mas acabam por romper igualmente a cápsula posterior do cristalino.

Com o sistema desenvolvido por Miguel Caixinha e Jaime Santos, os oftalmologistas e optometristas passam a dispor de uma ferramenta que para indicar a tipologia e localizar com precisão as áreas do cristalino que se encontram afetadas por uma catarata. O que pode ser especialmente útil para saber como é que os especialistas deverão usar os dispositivos clínicos que recorrem a ultrassons ou lasers para eliminar cataratas. «Com o ESUS, torna-se possível indicar que uma catarata tem uma dureza correspondente a x ou y pascais e qual a energia necessária que deve ser injetada para eliminar essa catarata. Deste modo, sabe-se que não há o risco de romper a cápsula posterior do cristalino, que é um tipo de lesão comum nas cirurgias em cataratas muito densas», acrescenta Miguel Caixinha.

O investigador da Universidade de Coimbra, que entretanto começou a lecionar na Universidade da Beira Interior, não receia que os fármacos que têm sido desenvolvidos para dissolver cataratas acabem por inviabilizar o aparecimento do novo dispositivo clínico. «Ao que sabemos, os novos fármacos só conseguem dissolver as cataratas quando se encontram numa fase muito precoce que ainda não afeta a visão dos pacientes… sendo que o nosso dispositivo pode ser usado para detetar as cataratas quando ainda não afetam a visão dos pacientes», refere o investigador.

Além de ser facilmente transportável, o novo dispositivo deverá ter uma segunda característica que Miguel Caixinha acredita poder fazer a diferença na hora da comercialização: «Vai ser um dispositivo com baixo custo, relativamente aos meios de diagnóstico e de terapia usados atualmente. Queremos que seja um dispositivo que os hospitais e os consultórios possam comprar».

Nos tempos mais próximos, não adiantará de muito estabelecer tentar negociar com os investigadores da Universidade de Coimbra para a comercialização do futuro produto. «Decidimos fechar esse tipo de contactos para podermos desenvolver este projeto».

PORTUGUESES DESENVOLVEM DISPOSITIVO INOVADOR PARA APOIAR CIRURGIA DA CATARATA

7 JUNHO 2016 // NUNO NORONHA // NOTÍCIAS

créditos: AFP

A catarata é uma doença ocular associada essencialmente ao envelhecimento e caracteriza-se pelo desenvolvimento de opacidade no cristalino (lente) do olho, podendo provocar a perda de visão. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que em 2020 esta condição afete 40 milhões de pessoas em todo o mundo.

créditos: DR

O dispositivo, que se encontra em fase de protótipo e já com registo provisório de patente, foi desenvolvido no âmbito de um projeto de investigação financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Tem por objetivo apoiar o diagnóstico da catarata, através da sua deteção precoce e caracterização, indicando a sua localização e extensão no cristalino. Permite também classificar o seu grau de severidade e estimar a sua dureza de modo automático.

Esta nova tecnologia baseada em ultrassons de alta frequência, usando sondas oftalmológicas, é capaz de "avaliar a progressão da doença, cuja informação é essencial para a decisão clínica", explica o coordenador do projeto, Jaime dos Santos, em comunicado da FCTUC.

O dispositivo médico a desenvolver, com base neste protótipo, pretende ser uma ferramenta de diagnóstico simples, robusta e de baixo custo, que terá grande impacto nos serviços de saúde, nomeadamente "na gestão clínica dos doentes com catarata. Os clínicos passarão a ter acesso a dados objetivos que contribuirão para um diagnóstico e uma decisão da necessidade de cirurgia mais suportados", afirma Miguel Caixinha, investigador da equipa.

Outra vantagem do dispositivo criado pela equipa da FCTUC é o facto de recorrer a técnicas não invasivas para estimar a dureza da catarata. Assim, "em tempo real é possível identificar o tipo de catarata, caracterizar o seu grau de severidade, e estimar a sua dureza e dimensão", explicam os investigadores.

A tecnologia permite ainda minimizar o risco de complicações no pós-operatório porque, apesar de segura, a cirurgia da catarata tem de ser muito precisa. É necessário "substituir o cristalino por uma nova lente intraocular sem danificar a sua cápsula posterior e a córnea, nem causar lesões na retina. Fazendo uma analogia, é como ter de implodir um prédio sem danificar o museu de arte que está à sua volta", ilustra Miguel Caixinha. É nesta perspetiva que o conhecimento da dureza da catarata a ser extraída representará uma informação valiosa na seleção adequada da energia a usar na cirurgia de facoemulsificação.

Das experiências realizadas in vitro em cristalinos de suíno e in vivo em olhos de rato (modelos animais) com diferentes tipos de cataratas, verificou-se uma taxa de sucesso de 99.7% na caraterização automática da catarata e estimação da sua dureza.

A equipa está agora na fase da realização de ensaios clínicos e procura de parcerias para futura comercialização do dispositivo. Os investigadores estão bastante otimistas: "se no olho de um ratinho conseguimos contornar os vários obstáculos que surgiram relacionados com a dimensão extremamente pequena do olho, ao passar para os ensaios clínicos o processo será muito mais simples porque a dimensão do olho humano é muito maior".

Uma equipa multidisciplinar de investigadores do Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores (DEEC) e Instituto de Telecomunicações da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) desenvolveu um protótipo de um dispositivo médico para apoio à cirurgia da catarata.