Através destas [não] poucas linhas, compartilharei um pouco da minha experiência de vida. Você, leitor, com certeza tem a sua experiência de vida diferente da minha, porque Deus trata e “ama a cada um de seus filhos de forma particular”, por isso vale a pena conferir o amor de Deus na vida de outras pessoas.
Nasci em 02 de maio de 1986 em uma cidadezinha chamada Boa Nova - BA. Bem... não foi exatamente na cidade, mas foi lá que meus pais me registraram. Tive uma INFÂNCIA não muito fácil. De muitas coisas não me recordo, outras minha mãe compartilhou, e outras são marcantes, como ter um pé de umbu como principal diversão e tomar café com farinha.
Meu pai trabalhava no sul do estado em plantações de cacau. Nos meus primeiros anos de vida, ele ficava “pra lá e pra cá”. Além disso, muitas vezes vinha para salvador vender colher de pau e outros utensílios de madeira que meu próprio avô fabricava. Não parava em casa esse meu pai! Em uma dessas viagens à capital ele se converteu ao evangelho cristão. Meu pai foi acolhido pela Igreja Metodista, onde começou a trabalhar como zelador da própria igreja. Em pouco tempo, minha mãe, minha irmã e eu estaríamos em Salvador, na Igreja Metodista. Eu tinha 5 anos de idade quando nos mudamos.
Quando fui ESTUDAR, em escola pública, obviamente, iniciei na 1ª série do ensino fundamental, pois minha mãe já tinha me alfabetizado em casa. Sempre fui um bom aluno em todas as disciplinas à exceção da disciplina de história; nunca gostei muito de história. Que me perdoem as professoras Fernanda e Sandra, grandes personalidades da história Pedro Calmon. Por falar no Pedro... quero registrar meu carinho com os professores daquele colégio, pelos quais tive a oportunidade de aprender grandes lições, não apenas lições de Matemática (profa. Gildete, profa. Márcia e prof. Evaldo), Português (profa. Marta), Física (prof. Carlos), Química (profa. Célia), Geografia (profa. Tereza Cristina e profa. Cristiane), Biologia (profa Agacy e prof. Eustáquio), Artes (prof. Rubens) e até mesmo História (afinal, estou contando uma história agora -kkk), mas também lições de moral, respeito, compromisso e fidelidade com a educação. Não sei onde estão alguns professores, gostaria de falar com todos! Saudades! Deus os abençoe.
Meu “DESPERTAR” PELA INFORMÁTICA começou quando eu tinha 12 anos (em 1998), foi quando meu pai chegou em casa com um panfleto de um tal curso de “Windows 95”, dizendo que eu iria fazer o curso (meu pai e eu escutávamos pela primeira vez alguém dizer "computador"). Até os dias atuais tenho guardado comigo as apostilas daquele curso, toda vez que as folheio relembro quando estive aprendendo pela primeira vez, na magia infantil de clicar nos ícones e manipular janelas. A partir dessa experiência, mesmo sem computador em casa, comecei a me interessar pela área, uma nova janela se abriu.
Com 16 anos, cursando o ensino médio, tive a oportunidade de estagiar no INSTITUTO DO PATRIMÔNIO ARTÍSTICO E CULTURAL DA BAHIA - IPAC. Não poderia deixar de mencionar esta época muito proveitosa de trabalho com o Cléber Paradela. Dentre muitas lições, ele me ensinou a “erguer a cabeça”. Minha timidez estava aos poucos indo embora!
Em certo dia, três de agosto de dois mil e três,
encontrei a JAMILE, como não a tinha encontrado antes.
No seu olhar encontrei alegria sem par,
e no seu coração encontrei AMOR, tudo com um lindo sabor.
Namorada de todas as horas, de todos os momentos,
que um dia passou na minha peneira, maravilhosa companheira.
Logo chega o tempo dos vestibulares. Muito estudo. Fiz o VESTIBULAR da UNEB, fiquei classificado, mas não fui chamado, também não passei na UFBA. Frustação.
Em um belo dia, cheguei em casa, encontrei Sandoval e Valéria na sala conversando com meus pais. Valéria perguntou-me: “Gil, você não conhece o FAZ UNIVERSITÁRIO não?” Eu falei: “Não, conheço não”. Então ela começou a falar que era um programa do governo que concedia bolsas de graduação para alunos bem classificados no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM)... através dessa conversa fiquei sabendo do que seria a porta para o meu curso superior. Valeu Valéria! No dia em que fiz a prova do vestibular da UNIFACS, minutos antes de entrar na sala, vi o resultado do vestibular da UFBA no jornal, não tinha passado nem na primeira fase. Após o abalo, sabia que não iria bem na prova da UNIFACS também. Resultado: passei em último lugar no vestibular da UNIFACS. Disse eu: “Entrei pela janela”. Mas entrei, e só precisava entrar.
Contudo, chegando o período da matrícula, não tinha saído o resultado da bolsa de graduação, nem tínhamos certeza se eu ia ser aprovado para a bolsa, o fato é que eu teria que conseguir o dinheiro da matrícula que era imediata. Minha família, por ela mesmo, não teria como resolver meu problema. Mas Deus resolveu! Através da minha segunda família, a IGREJA METODISTA, que me ajudou com a matrícula.
Depois que efetuei a matrícula em Janeiro de 2004, tive que esperar o resultado da bolsa. Os boletos não paravam de chegar e, sem a bolsa, a dívida com a Facs acumulava mês a mês. Passou fevereiro, passou março, abril... meu aniversário... e nada. Nesse período de incerteza e boletos acumulados, as lágrimas da minha mãe se converteram em mais uma experiência com Deus. O resultado saiu apenas em meados de maio. Para a glória de Deus, fui aprovado.
Na GRADUAÇÃO, tive muitas dificuldades de acompanhar meus colegas. Nesta época trabalhava durante o dia e estudava a noite. No entanto, da turma que iniciou o curso (45 alunos) concluíram comigo apenas 3 alunos. Deus me abençoou durante todo o curso. Claro que muitas vezes tive que dormir menos, tive que deixar de pegar o "bába” de sábado e ir à biblioteca, etc. Mas tudo tem sua recompensa! Com notas boas, saí do trabalho para fazer iniciação científica no 3º semestre (indicado pelo prof. Leobino Sampaio) e cheguei até a receber prêmios semestrais de “melhor aluno do curso", veja só!
Mesmo com a oportunidade da INICIAÇÃO CIENTÍFICA, eu ainda estava tentado a não sair do IPAC, uma vez que a iniciação poderia ser voluntária. Além disso, recebi propostas que dobrariam meu salário ou eu trabalharia apenas meio turno.. foi uma decisão difícil. Eu estava convicto da importância da iniciação científica, então pedi para sair do IPAC. O período de três anos de iniciação científica no grupo de pesquisa em redes ópticas da UNIFACS, sob a qualificada e dedicada orientação do professor Giozza e do professor André Soares, me trouxe grandes vitórias e me preparou para uma excelente conclusão de curso, com direito a boas publicações e ao prêmio de aluno laureado da turma. Foram 6 artigos publicados e 8 apresentações de trabalho, inclusive internacionais, e olha que o menino não gostava de falar... evitava ao máximo apresentações em público, tímido ao extremo. Mas dou graças a Deus por isso, porque sem as nossas limitações não observaríamos o que apenas Deus pode Fazer. Anote aí: "O Poder de Deus se revela em meio às nossas fraquezas"! Foi nesta fase de conclusão do curso que tracei o objetivo de retornar ao curso de Ciência da Computação da UNIFACS, como professor!
Com a finalização da graduação (2007), decidi em inscrever-me na seleção do MESTRADO em Sistemas e Computação da UNIFACS. Eu sabia que tinha grandes chances de ser classificado, como fui, porém teria que ficar em primeiro ou segundo lugar para garantir uma bolsa, o que era um grande desafio pra mim, inclusive tinha um concorrente que tinha sido meu professor na graduação. Semelhantemente à época da graduação, eu iniciei o mestrado na esperança de conquistar uma bolsa e poder continuar o curso, pois não tinha condições financeiras de fazê-lo.
Nada como a mão de Deus. Às vezes as coisas acontecem e achamos tudo “normal” e não reconhecemos o amor e o cuidado de Deus. Ele está no controle das nossas vidas. Foi essa a experiência que tive a partir do dia 7 de janeiro quando Jamile sonhou (dormindo) que eu teria passado em 1º lugar e que teria conseguido a bolsa. Ansiosa, ela ligou cedo para mim perguntando se já tinha falado com o coordenador do curso, Professor Suruagy. Não consegui falar com ele aquele dia, e quando consegui, ele me disse que só teria informações referentes à bolsa no final de março. Além disso, era possível que aquele ano não tivesse mais bolsas para o programa. Assim fui eu novamente iniciar um curso esperando por bolsa, sem ter a certeza se iria poder concluí-lo. Mas já vi essa história antes! Em meados de março recebi o tão esperado e-mail do Prof. Suruagy. As bolsas da CAPES estavam confirmadas, e uma delas era para mim!!! Ele não podia informar minha posição, só pôde dizer: “você ficou bem posicionado”. Deus é Bom!
Em 8 de maio de 2008, foi minha colação de grau da graduação. Confesso que sabia da grande chance que tinha de ser laureado pelo meu desempenho acadêmico. Contudo, isso não poupou a emoção pelo prêmio. Mais uma vitória! Só pude agradecer, principalmente, a Deus, à minha família e à UNIFACS, por tudo que eles me proporcionaram.
O trabalho do mestrado gerou bons frutos, com destaque para uma publicação em uma das revistas internacionais mais bem qualificadas da área. Durante o mestrado e inicio do doutorado realizei estágio docente de um ano e meio no curso de Engenharia Elétrica da UNIFACS e, em seguida, fui contratado como professor do meu curso de origem, o curso de Ciência da Computação da UNIFACS. Lecionei três turmas, orientei um trabalho de conclusão de curso e um projeto de iniciação científica. Mais um sonho estaria se realizando!
No segundo semestre de 2009, seis meses antes da conclusão do mestrado, escrevi o projeto de DOUTORADO, o qual iniciou imediatamente após o término do mestrado, em março de 2010, seguindo a mesma linha de pesquisa do mestrado. O caminho percorrido, sem interrupção e sem desvio da área de pesquisa, desde a iniciação científica até o doutorado foi fundamental para o meu processo de amadurecimento e conclusão dos projetos de pesquisa no tempo previsto.
Deus é muito bom! Eu vi portas fechadas por homem serem abertas por Deus, eu vi a lei do homem ser alterada pela Lei de Deus, eu vi Deus curar corpo, eu vi Deus curar alma, eu vi meu pai sair do fundo do poço, eu vi meu pai visitar o fundo do poço novamente para tirar alguém de lá! Eu vi muitas coisas. Eu vi Deus!
Desde julho/2011, sou professor do Instituto Federal Baiano (IF Baiano), no campus de Catu, onde leciono no Ensino Médio Integrado, na Graduação Tecnológica em Análise e Desenvolvimento de Sistemas e no Mestrado em Educação Profissional e Tecnológica (2018). O IF é mais um presente de Deus. Poder ver alunos formandos e orientandos, crescendo profissionalmente e exercendo sua autonomia na pesquisa e extensão, não tem preço! Assim foi no dia de hoje, em mais um Seminário de Pesquisa e Extensão do nosso instituto.
"Provai, e vede que o Senhor é bom".