Mathieu-André Reichert

Mathieu-André Reichert (Maastricht, 1830 - Rio de Janeiro, 15 de março de 1880) foi um compositor e flautista virtuoso belga. Foi influenciado e influenciou a música brasileira. Reichert trouxe ao Brasil a Escola Francesa de Flauta. e moderna flauta de prata de Theobald Boehm.

Reichert, juntamente com Joaquim Antônio da Silva Callado são os pais do choro gênero de música popular e instrumental brasileira.

Mathieu-André Reichert era filho de músicos belgas nômades. Estudou no Conservatório Real de Bruxelas tendo como mestres Jules Demeur e François-Joseph Fétis. Se apresentou no Teatro Lyrico Fluminense na cidade do Rio de Janeiro a convite do imperador D. Pedro II. A partir desta apresentação atuou em São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Bahia e Pará. Teve um grande número de discípulos notáveis, entre eles Manoel Marcelino Vale e Duque Estrada Meyer. 

No Rio de Janeiro, ele se tornou amigo de Joaquim Antônio da Silva Callado flautista brasileiro da época.

Reichert morreu pobre, acometido de convulsão cerebral causada por meningoencefalite, epidemia que estava devastando o Rio de Janeiro. Está enterrado no Cemitério de São João Batista.

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Reichert era um flautista virtuoso, contratado em Paris em 1859, junto com outros músicos, para se apresentar na corte do Imperador do Brasil, Dom Pedro II.

O eminente flautista belga Mathieu-André Reichert chegou ao Rio de Janeiro em 8 de junho de 1859, como membro de um grupo de artistas notáveis contratados em Paris por ordem do imperador para fazer música na corte imperial, no Palácio Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão. Juntamente com Reichert, vieram o eminente clarinetista Cavallini, e o tocador de trompa Cavalli - ambos italianos -, além dos notáveis violinistas holandeses André e Luís Gravenstein, que foram acompanhados pelo pai, um excelente violinista. Esse seleto grupo ficou com o chip francês [sic] Ville Riche, que passou cinquenta dias vindo do porto de Havre, na França, para o Rio de Janeiro. Reichert, Cavallini, Cavalli e Gravenstein foram contratados em Paris, onde estavam fazendo concertos.

A chegada de Reichert impactaria significativamente o ensino e o modo de tocar flauta brasileira.

Embora Reichert nunca tenha estudado no Conservatório de Paris, é possível traçá-lo de volta à linhagem francesa da flauta através de seu professor, Jules Antoine Demeur (1814-1847), que havia sido aluno de Louis Dorus em Paris. Antes de se mudar para o Brasil, Reichert havia estudado no Conservatório de Bruxelas com Demeur e François-Joseph Fétis, ganhando o primeiro prêmio no conservatório aos 17 anos. Logo depois, ele foi contratado pela corte belga la Musique du Roi Léopold II, logo se tornando um solista aclamado nas principais cidades da França, Inglaterra, Holanda e Estados Unidos. Seu professor e historiador da música Fétis o descreveu como "um dos flautistas mais hábeis e extraordinários do século XIX".

Depois de se mudar para o Brasil em 1859, Reichert se tornou a principal flauta do Teatro Provisório. No mesmo ano, começou a atuar como flautista solista, dando concertos em muitos estados brasileiros. As impressionantes performances de Reichert despertaram rapidamente interesse pela flauta de Boehm. Ele não apenas influenciou flautistas de seu tempo a tocar o novo instrumento, mas também compositores brasileiros compuseram peças para ele. Carlos Gomes, um dos mais importantes compositores brasileiros da época, compôs a cavatina de sua ópera Joanna de Flandres a ser executada especificamente por Reichert. As composições de Reichert são exemplos dos primeiros trabalhos da flauta moderna no Brasil. Além de ser flautista virtuoso e compositor talentoso, Reichert também foi um grande pedagogo da nova flauta "francesa". Seu Journal Exercices Journaliers Opus 5, escrito para seus alunos, está entre os livros de exercícios mais utilizados para a técnica de flauta de professores e estudantes de todo o mundo.

Musical Example 1. Reichert’s Sept Exercices Journaliers Opus 5, No.1

Juntamente com os exercícios de Taffanel e Moyse, os exercícios de Reichert se tornaram uma parte importante da pedagogia da flauta no século XX. Publicado em 1872, seus exercícios consistem em estudos em todas as chaves, focados na obtenção de fluidez na técnica. Os exercícios tornaram-se não apenas parte da pedagogia da flauta no Brasil, mas posteriormente foram utilizados por professores da escola francesa, como Fernand Caratgé,que a republicou no século XX. Alguns outros flautistas também usaram os exercícios de Reichert como modelo em seus livros de flauta, como Michel Debost, ex-professor de flauta do Conservatório de Paris e Oberlin, e Trevor Wye.

Quando Reichert já estava estabelecido como um flautista famoso no Brasil, outro grande jovem flautista estava adquirindo uma avaliação do público, Joaquim Antônio da Silva Callado (1848-1880). Callado ainda era jovem quando Reichert chegou ao Brasil, mas os dois se conheceram posteriormente e suas particularidades de tocar acabaram se tornando a base da moderna escola brasileira de flauta.

Principais composições

Carnaval de Venise, Op.2 

La Coquette, Op.4

7 exercícios diários para flauta, Op.5

Plaisanterie Musicale, Op.13

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