Roger Burdin
Roger BOURDIN (1923 - 1976)
Um músico sem comparação, um homem de grande coração, o maravilhosamente efervescente Roger Bourdin tinha um apetite pela vida que rivalizava apenas com seu amor pela música que ele procurava, com toda a humildade, ser digno de tanto expressar quanto defender. Uma hemorragia cerebral encerrou sua carreira em 23 de setembro de 1976, em Versalhes. Ele estava dando uma aula de música na época.
Roger Bourdin nasceu em 27 de janeiro de 1923 em Mulhouse, na França, filho de funcionários públicos. Ambos eram apaixonados por música; sua mãe tilintava no piano enquanto seu pai, um homem de letras, sempre cheio de bom humor, cantava músicas alegres ao final de cada refeição. Quando o filho começou a mostrar seus talentos, o pai mudou-se para Versalhes, onde procurou o diretor do Conservatório, Claude Delvincourt, um homem muito surpreendente: “Se ele gosta de música, descobriremos muito rapidamente. Mas ele tem que aprender a teoria musical primeiro, e se isso der certo, em dois anos, ele poderá aprender um instrumento de sopro! Eu tenho um professor de flauta muito bom, Jacques Chalanda”, um ex-militar, rigoroso e disciplinado, de quem os estudantes não se atreviam sequer a pedir uma pausa no banheiro!
Depois de ganhar o primeiro prémio de flauta por unanimidade com apenas treze anos, que adquiriu em Paris em 1939 na classe de Marcel Moyse, “foi lançada uma carreira… Era uma espécie de certificado fofo e simbólico. Faz para uma anedota de infância encantadora. Algo assim é certamente muito apropriado quando você é jovem, mas acaba percebendo que ainda tem tudo o que fazer. Enquanto estudava flauta, de quatro a cinco horas por dia, obtive um ótimo vício: o piano. No fundo, queria ser pianista. Eu trabalhei nisso em segredo e em harmonia com a minha outra busca. Ele acompanha sua irmã mais nova, Madeleine, nas melodias de Fauré: Ele tinha um ouvido excepcional, nada lhe escapava. ”Por insistência de Delvincourt, ele aprendeu harmonia e Versailles, obteve seu primeiro prêmio em 1941.
Bourdin foi solista na rádio em 1938 (e maestro no final de 1962), foi admitido em 1940 nos Concerts Lamoureux, “Um privilégio sem preço”. Igualmente Moyse, Fernand Caratgé ficou impressionado com este talentoso adolescente com tal experiência e uma bela qualidade tonal. Para o grande flautista (“O mais sublime de meus professores”, Roger mais tarde confiaria), foi uma alegria ter ao seu lado esse jovem, a quem ele tratou como um filho. E que grandeza de alma lhe confiar o solo de flauta no Prélude à l'Après-midi d'un Faune de Debussy antes de uma Salle Pleyel cheia. Foi a época da ocupação alemã. “Um contemporâneo de Maurice Allard, Pierre Pierlot e Jacques Lancelot, eu era de uma idade em que poderia ser alistado. Os alemães, que respeitavam um pouco a música, tinham pouco respeito pelos músicos. Um dia, uma espécie de comandante alemão, diretor de música, veio para ouvir o Orchester Lamoureux. Ele achou tão extraordinário que ele o alistou na hora! ”
Roger Bourdin ocuparia essa posição por vinte e sete anos (ele foi nomeado a primeira flauta da orquestra em 1960), viajando pelo mundo tocando sob a direção dos maiores regentes de orquestra do mundo (Paul Paray, Eugène Bigot, “Talvez o mais fantástico mão que já existiu, precisão total… ”, Jean Martinon, Antal Doráti, Pierre Monteux, Igor Markevitch, etc.). “Leonard Bernstein, o maestro mais sensível que já conheci (em novembro de 1958), e Ferenc Fricsay são duas figuras que simplesmente me deram uma surra. Lembro-me muito bem de a orquestra realmente chorar ao tocar embaixo deles; de fato soluçando. Eu vi meu professor Caratgé durante a Nona Sinfonia de Beethoven com lágrimas escorrendo por suas bochechas. Vi violinistas tremendo de emoção, rostos radiantes, como se por um instante seus pés tivessem deixado o chão. ”A esse respeito, sua mais bela lembrança foi permanecer seu próprio solo durante Daphnis et Chloé, de Ravel, dirigido por Charles Münch na antiguidade. Teatro de Dionísio em Atenas, logo abaixo da Acrópole, em 1964. Pouco antes do concerto, eles o encontraram nos banheiros. “Ele disse para mim: meu pobre rapaz, toca como você fez esta manhã. Cinto, eu vou acompanhar, apenas cinto. Eu disse para mim mesmo: meu pobre Bourdin. É dificilmente crível que vida rica você tenha. Você é um flautista. Você tem a chance de tocar a música dos deuses, escrita por um deus neste cenário único no mundo. Eu fui atingido no meu núcleo. Eu não acho que eu já toquei tão bem, com tanta emoção. ”
Ele seguiu uma carreira na orquestra sinfônica, mas também em música de câmara. Em 1945 fundou um quarteto de flautas com Pol Mule, Jean-Pierre Rampal e Eugène (Marcel) Masson (a Orquestra Colonne). “Com Jean-Pierre, entre '47 e '50, fizemos todos os ritmos gravados em 78rpm para o prestigiado pianista Henri Leca, que tocava mergulhando em seu teclado. Nós o imitou com os nossos instrumentos.”Jacques Royer (que tocou no Concerts Lamoureux e, em seguida, a Orquestra de Paris), Robert Hériché (que jogou na Ópera de Paris), Marcel Vigneron (membro do Garde Républicaine), Léon Gamme, todas as pessoas de talento e, acima de tudo, grandes músicos clássicos, os sucederam.
Em 1966, foi a vez do Trio de Versailles com a intérprete de alto nível Colette Lequien e a harpista Annie Challan, com quem Bourdin mais tarde formaria um dueto. Eles cruzaram a França em nome das Jeunesses Musicais de France (JMF): aproximadamente duzentas cidades. Além disso, ele produziu inúmeras outras peças, como o Rapsodie derramar flûte et orchestre pelo Wal-Berg, o Concerto pour quatre flautas successives compostas por Pierre Ancelin (em Maio de 1963, relativa do francês Lucienne Bernadac programa de televisão Musique derramar vous), o Concerto pour flûte por božidar kantušer em 1965, flautas en vacances por Jacques Castérède (em abril de 1966), Comptines por Pierre Ancelin (para soprano, flauta e harpa, em 1968 na ORTF), Le soleil multicolore (para flauta, harpa e viola ), Swing N ° 1 (para flauta e harpa), estas duas obras de Jacques Bondon, ou que Trio pour flûte, alto et harpe de Claude Ballif. Roger não ficou nem um pouco orgulhoso de ter sido pioneiro da surpreendente flauta baixo, "essa espécie de bazuca", fruto de uma estreita colaboração com o fabricante de instrumentos de cordas e ex-aluno Jacques Lefèvre, o futuro Jack Leff.
Ravel, “que me emociona”, Debussy e Fauré foram todos mencionados, e todos eram compositores que ele venerava no mesmo nível de Mozart, Beethoven, Wagner e especialmente Bach: “Eu penso seriamente que ele era Deus Pai em forma musical. Este ser excepcional tinha compreendido tudo: a pulsação do coração, a elevação da alma e especialmente o aspecto rítmico da música, esse instinto para o ritmo possuído pelos grandes mestres do século XVIII. Quando ouço o Aria, um dos mais belos temas já escritos, é para mim uma música completa e total, de inspiração fantástica. As harmonias são sublimes. E depois há o Cello Continuo, que me faz pensar na mais bela dança lenta que poderia ser dançada com uma mulher adorada. É música espiritual e sensual ”.
No ensino (a partir de abril de 1943) como sacerdócio: “O professor e o solista se completam. Os alunos me ensinaram como ser solista. Que enriquecimento fantástico! É divertido.”Mesmo que certos aspectos de seu curso poderia aparecer‘folclórico’na natureza, o professor era intransigente no rigor do seu ensinamento, mas sempre respeitado o caráter de cada indivíduo. Com uma disponibilidade sempre ensolarada, ele trouxe um amor intransigente para seus alunos, que o adoravam, seguindo-os e ajudando-os em suas carreiras. Ele era o grande amigo que nunca fez cadetes militares ou estudantes sem dinheiro pagarem por aulas particulares, e a quem ele freqüentemente enviava com uma mordida para comer. Depois de uma competição, pela qual ele era membro do júri, ele tentou falar com todos e cada um dos candidatos. “Essa atmosfera jovem me mantém jovem de coração. Eu desejo ser um homem do futuro. Eu tenho uma mentalidade que está se tornando mais jovem ”, declarou ele em 1969.
Ele tinha uma personalidade calorosa, ansioso por agradar, seu temperamento (por todos os relatos) nunca deixando de ser otimista. Réplicas cheios de spiritedness iria estourar fora de sua boca, como o famoso episódio quando, apresentados com um pianista preening que tinha dito a ele: "Eu não vou apertar sua mão, como eu sou um pianista", ele respondeu na mesma moeda com: "E eu não vou te beijar na boca como sou flautista." Essa alma vencedora, sem dúvida, sabia não se levar muito a sério e cortaria as pessoas que usavam o termo "maestro" com uma piada que desafia a tradução para o inglês; esse homem que diria que "somos todos tão efêmeros".
É difícil separar o homem do músico que, quando tocava, tentava comunicar o máximo de seu entusiasmo, sua alegria, através de uma abordagem sentimental da música e com um charme nostálgico. O músico possuía essa vantagem de ser uma figura completa. É raro que um grande solista seja um excelente compositor, arranjador e pianista. Seu temperamento levou-o à percepção de que a música é em si um todo. Pode-se citar, por exemplo, este trecho de um texto que acompanha uma de suas gravações de LP: "No campo da dance music de qualidade, Roger Bourdin teve o mérito de sair de caminhos bem trilhados e tentar infundir renovação na sonora a cor do todo. O uso, flauta, mas nunca exagerado, da flauta, tanto em conjuntos como em solos, dá às suas gravações um particular prestígio. "
Três vezes vencedor do Grand Prix du Disque (1952, 1954 e 1956), ele tinha uma sensibilidade visceral para todos os gêneros, exceto talvez para o contemporâneo. Levando as coisas de todo o coração e moldando-os à tarefa (sua impressionante discografia sendo um testemunho disso), sua carreira foi tão rica quanto diversificada: maestro nos cassinos de Aix-en-Provence (em julho de 1950), de Enghien. , Arcachon, Sables d'Olonnes e Pontaillac, e diretor do conservatório de Marly-le-Roi em 1971. «Fiz tudo. Essa é a sorte, a alegria da minha vida, o meu equilíbrio. »Essa criatividade apaixonada que o caracterizava distinguia-o dos seus pares. Ele foi muito criticado por tal fluência. Parece evidente que ele perturbou aqueles puristas para quem a música é composta de nada além de rótulos. Uma visão não condizente com os fatos! Esse lado de todos os ofícios era, na verdade, um amor não adulterado pela música. "Isso me deu tudo, doou o mundo para mim. Eu simplesmente não posso viver sem isso. Eu adoro isso sem reservas ou fronteiras, mas tocava perfeitamente ... temos na música uma suposta variedade de temas eternos, que dão essa sensação física de bem-estar e de alegria, uma verdadeira fonte de harmonia em um mundo onde a violência afeta a gentileza ... Aqueles que não gostam, que não têm sensibilidade para a música, são realmente azarados ". Flertando com os gêneros do jazz - "Duke Ellington foi instigadora do meu amor pelo jazz. Eu tive um choque extraordinário quando ouvi Caravan," - easy listening, "que ninguém pode confundir", música com Marcel Amont e Les Frères Jacques , variedade, sob os pseudônimos de Red Moore Flauta Mágica e Cuco Chicos et ses Boys (!), música de filme (The Christine Keeler Affair), musical (Allez vous rhabiller! e Torero et face-à-main) e até ballet (Une Ladye) poderia ter lhe custado muito caro, e até mesmo lhe causou problemas de carreira, tanto mais que ele fez um trabalho tão esplêndido de todos eles. Ele detestava coquetéis: "Tenho muito o que fazer, para trabalhar no meu instrumento, para me aperfeiçoar ... Você não pode baixar a guarda por um momento; você tem que tentar tocar peças difíceis ou ficar enferrujado e depois acabou, o colapso é final ". Esse artista sincero afastou a gravação de grandes obras: era preciso ir mais fundo, chegar ao fundo das coisas.
Burdin tocava com as seguintes flautas:
Flauta em Jack Leff No. 402 em ouro maciço 18k.
Flauta de níquel prata André Jardé folheada a ouro
Flauta Jack Leff folheada a ouro
Flauta baixo Jack Leff
Flautim de madeira e banhado a ouro Jack Leff
Piccolo de madeira Bonneville
Jack Leff era um construtor de flauta artesanais em Paris que tentava recuperar as qualidades das flautas Louis Lot. Na verdade, o pai de Jack foi o último mestre técnico artesão que trabalhou para Louis Lot.
Burdin e suas flautas
Autoria: Philippe Bourdin (Tradução: David Lobel) - Citações são retiradas de entrevistas realizadas pela Radio France
Debussy, Sonata for Flute, Viola and Harp. Flautista Roger Bourdin
Quantz, Flute Concerto G major, Arioso. Flautista Roger Bourdin
Divertissement avec Antonio Vivaldi, Concerto "La Notte". Flautista Roger Bourdin
Viv'aldi et à la mémoire de Maurice Ravel de Roger Bourdin
Nilson Mascolo e Cinthia Mascolo
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Devido atividade de professor, peço que por favor, confirme antes o horário que virá pessoalmente.
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