Percebendo a afinação na flauta por Alexandre Braga

Percebendo a afinação na flauta

por Alexandre Braga


Como flautistas, é importante sabermos que tocamos um instrumento com a afinação "móvel", ou afinação relativa. Isso porque dependendo da função tonal da nota que tocamos, temos que ter a consciência de "desafiná-la" para afinarmos. Nosso objetivo aqui é ajudar o flautista a perceber a afinação/desafinação da flauta e saber como trabalhá-la. Vou explicar: Uma vez eu estava tocando primeira flauta em uma orquestra na Abertura Rienzi, de Richard Wagner. A obra começa com as madeiras entoando um coral. Eu sustentava um lá agudo tentando manter a afinação mais fixa possível. Percebi que nos dois últimos compassos do coral, um compasso estava afinado, outro não. O que estava acontecendo é que o lá agudo mudava de função dentro desses dois compassos. Quando era tônica ( sobre Lá maior ), estava afinado; quando era quinta ( sobre a tonalidade de Ré maior ), soava desafinado, embora estivesse com o ponteiro do afinador no centro. Isso aconteceu porque tocamos um instrumento com afinação relativa. Como disse antes, é preciso "desafinar" as vezes para se afinar. Embora o lá estivesse correto com o afinador, ele soava desafinado mediante a tonalidade. Como quinta, ele precisava estar um pouco mais alto para soar afinado. Assim, precisamos conhecer os batimentos, ou desafinações. Os batimentos acontecem quando duas notas tocadas em uníssono têm frequências diferentes, ou seja, uma está afinada, outra desafinada. Digamos que um lá estava afinadíssimo, com freqüência 442. Tocando um outro lá junto com este, mas com freqüência 438, haverá um batimento de ondas Esta é justamente a diferença de 4 batimentos que precisariam para soarem afinados. Para percebermos os batimentos, sugiro um exercício simples: Coloca-se uma fonte sonora (pode ser um afinador eletrônico) para tocar um lá, por exemplo.

Tocamos junto, de preferência em frente, onde esteja saindo o som do afinador. Tocamos com a afinação bem baixa, e vamos subindo. Ao abaixarmos a afinação, os batimentos se tornam mais lentos e ao subirmos, estes se tornam mais rápidos. Assim percebemos onde estão os batimentos, e através de suas características, notamos claramente quando a nota está mais alta ou mais baixa. Fica muito nítido, quando ao estarmos baixos, subimos e chegamos na mesma afinação: os batimentos param. O mais importante é que percebemos também quando estamos afinados! Parece que um só instrumento está tocando. Isso está afinado!

E por que temos que desafinar para afinarmos? Cada função tonal exibe comas mais altos ou mais baixos. No livro de Trevor Wye há uma tabela mostrando exatamente isso:

Se tocarmos um lá 442, com o ponteiro do afinador exatamente no centro, ok, o lá está absolutamente afinado. Isso se o que estivermos tocando está em Lá maior ou menor! Essa mesma nota lá tocada em ré maior soará baixa, embora esteja afinada com o ponteiro no centro. Isso porque a quinta precisa ser alta. Sugerimos o seguinte exercício: Em primeiro lugar afina-se o instrumento no padrão ( 440 ou 442, depende do padrão que vc toca ). Coloca-se o afinador eletrônico a tocar uma nota pedal constante, ex: lá. Tocamos esse lá com o afinador, até não ter batimentos ( ou seja, estar afinado ). Tocamos uma quinta acima ( ré ) , depois uma quarta abaixo ( Mi ), enquanto o afinador continua tocando o pedal,

Ou seja, em um pedal Lá tocado por uma fonte sonora de afinação fixa (afinador eletrônico), tocamos a tônica, a quinta e a quarta abaixo dessa tônica, evitando o tempo todo os batimentos. No começo vamos demorar mais tempo para perceber, mas com a pratica e consequentemente a automatização, faremos os ajustes de afinação que forem necessários. Essas correções de afinação são sutis, não precisamos abrir ou fechar o instrumento a cada modulação que enfrentamos. Minha sugestão é fazermos esse exercício com varias notas pedais. Pode-se começar com o lá pedal, e ir subindo cromaticamente por uma oitava. Vale lembrar que há algumas maneiras de fazermos pequenos movimento para subir ou descer a afinação na flauta. Siga a maneira que o seu professor lhe orienta. Sugiro algumas como os movimentos do queixo, mudança na velocidade do ar, movimento da flauta para dentro ou para fora, etc. Após este exercício, você vai estar mais se sentindo mais "intimo" com os batimentos. Sugiro um exercício fantástico para a automatização deste processo: Novamente coloca-se o afinador para tocar um pedal (ex: Lá ). Toca-se a escala de Lá Maior bem lenta, legado, percebendo principalmente se há batimentos no Lá, Ré e Mi. Ainda com o pedal, toca-se dentro do mesmo Lá maior, começando do Ré até uma oitava acima, lento e legado. Faça ainda o mesmo procedimento começando com o Mi até uma oitava acima, terminando com um lá longo. Isso " afina " nosso ouvido e nos faz perceber as funções tonais dentro de uma escala Espero ter contribuído para conhecermos e trabalharmos melhor a afinação da flauta!.

https://www.flutetunes.com/tuner/

Alexandre Braga é natural de Varginha-MG, onde iniciou seus estudos ainda criança com a Professora Leonilda Silva. Graduado pela UFMG na classe do professor Artur Andres, Alexandre foi flautista da Sinfônica de Minas Gerais e da Orquestra Ouro Preto. Integra o naipe de flautas da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde sua fundação, em 2018.Paralelo à experiência de quase 20 anos de músico de orquestra, lecionou no Conservatorio de Varginha e no Cefar- Escola de Musica do Palácio das Artes. Desenvolve um intenso trabalho com Duo de flauta e piano com a Professora Elvira Gomes. Alexandre gravou seu cd em 2017 e fez vários recitais de divulgação, inclusive no Festival Flautas del Mondo, em Mendoza, Argentina, onde também ministrou masterclass.

https://filarmonica.art.br/en/philharmonic/the-orchestra/alexandre-braga/

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