As primeiras Fautas de ouro

Por André Luiz Medeiros

Relacionaremos neste artigo as primeiras flautas de ouro de que se tem notícia. O tema é meio nebuloso, visto que muitas delas se perderam com o tempo e de outras não se tem senão poucos registros. Alguns anos de fabricação dessas flautas podem apenas ser conjecturados. 

Apesar das dificuldades implícitas em tal tipo de levantamento, procuramos fazê-lo da melhor forma possível, consultando fontes escritas confiáveis e conhecidos experts no assunto. 

1860 - 1862 – A mais antiga flauta de ouro de que se tem notícia, segundo o expert Robert Bigio, foi feita pela firma inglesa Rudall, Rose & Carte. Suas especificações e seu destino são infelizmente desconhecidos.

1862 – A mesma firma exibiu em Londres outra flauta de ouro, também com especificações desconhecidas. 

1862 - 1865 – Flauta de ouro Rudall Carte, fabricada no sistema Patent. Este instrumento tinha corpo de ouro e mecanismo de prata. Atualmente encontra-se no Stadtmuseum, em Munich. É a mais antiga flauta de ouro localizada e com paradeiro atual conhecido.

1868 – Outra flauta semelhante à anterior, "uma espetacular peça de artesanato, com todas as chaves ornamentadas".  Encontra-se em coleção particular.

1868 – Flauta do mesmo ano, construída por James Chrysostom para a Rudall Carte. Encontra-se exposta na Bate Collection of Musical Instruments, em Oxfordshire, Inglaterra.

1869 – A única flauta de ouro francesa de que se tem notícia: trata-se da famosa Louis Lot no.1375, feita pelo ilustre artesão Louis Esprit Lot. Nela está inscrito: "Homage des membres de la Societé Philharmonique de Shangai à M. Rémusat".

O flautista Claude Rémusat (1896-1982), que posteriormente tomou posse da mesma, pertencia a uma família de músicos – seu pai fora um flautista de renome, Jean Rémusat, fundador da Orquestra Sinfônica de Shangai e assíduo freqüentador das salas de concerto parisienses. 

Mais tarde, em 1948, este fantástico instrumento viria a ser adquirido por Jean-Pierre Rampal casualmente em um antiquário em Paris. Estava totalmente desmontado, mas felizmente completo. Encontra-se hoje muito bem guardado pela família Rampal num cofre parisiense.

1890s (?) – Flauta de ouro fabricada por Bettoney-Wurlitzer.  Excelente instrumento construído por encomenda de um flautista amador de Boston. Era em tubos de ouro com chaves de prata. Talvez seja a primeira flauta de ouro proveniente dos Estados Unidos (o ano exato é desconhecido).

1894 – A primeira flauta de ouro produzida por William Haynes para John C. Haynes Co, segundo se supõe hoje em dia. O local onde atualmente se encontra é desconhecido.

1896 – Flauta de ouro, por J.C. Haynes and Co. Conforme descrições, era em ouro 18K. As chaves eram de prata maciça com molas de ouro, e ornamentos de ouro incrustados em cada chave. O porta-lábios, ornamentado também em ouro, era de marfim, montado no tubo de ouro do bocal. O tubo era sem costuras (seamless), o que atraía para o fabricante a atenção pelo "avanço" tecnológico atingido na fabricação de flautas e casualmente descoberto por W.Haynes. Fato controverso: comenta-se que William Haynes não teria aprovado abertamente esta flauta, e talvez por isso tenha sido ela considerada um fiasco na época, inclusive quanto ao rendimento sonoro.

1902 - 1906 – Conhecida flauta de ouro feita por Dayton Miller, em ouro 22K, mecanismo em 18K, tubo extrudado (seamless), pé em Bb, G# aberto, com uma escala projetada pelo próprio D.Miller. Possuía um tipo de mecanismo não encontrado em nenhuma outra flauta da época. Miller a fez para seu uso particular, e o instrumento encontra-se ainda em perfeito estado de uso, mesmo um século após sua construção.  Pertence hoje à famosa Dayton Miller Collection, catalogada sob no. DCM 0010.

Por André Luiz Medeiros

Fonte: Revista Pattapio, Ano XII, No 26, Julho de 2006

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