A construção da Escola Municipal George Ricardo Salum – EMGRS foi iniciada na gestão do Secretário Municipal de Educação, Professor Orlando Vaz Filho, a partir de Decreto de Criação datado de 1977, e concluída na gestão do Secretário Municipal de Educação, Professor Guilherme de Azevedo Lage, sendo inaugurada em 14 de março de 1979 pelo então prefeito Luiz Verano.
A autorização de funcionamento para atender o Ensino Fundamental foi publicada no Diário Oficial, pela Portaria SEE nº 071/81 de 19/02/1981 e Portaria SMED nº 009/99 de 04/05/1999. Além disso, a escola também está regulamentada pelos seguintes documentos: Parecer nº 93/0002, de 07/11/2002 e Resolução nº 001 de 05/06/2003 do Conselho Municipal que instituem as diretrizes para a Educação de Jovens e Adultos - EJA.
A escola foi projetada para atender em três turnos nas suas 12 salas em torno de 1440 alunos da comunidade do Bairro Taquaril e outros da região. Na época, a escola contava com uma sala maior, denominada auditório, onde funcionava o “ Centro Educativo Comunitário”, que tinha como principal objetivo promover a integração entre a escola e a comunidade. Experiência esta que se mostrou pioneira no Brasil.
No primeiro ano de seu funcionamento, a escola não recebeu alunos. As professoras confeccionaram material didático-pedagógico para receber as crianças no ano seguinte. Passou a funcionar em 1980 com alunos nos turnos da manhã e tarde. Cabe lembrar que ainda hoje, em 2014, temos professoras que estão na escola desde que a mesma foi iniciada.
A história do noturno começou em 1982, com Dona Didi, uma senhora da comunidade, que ajudava os alunos com dificuldade de aprendizagem. Ela iniciou um atendimento, à noite, com um pequeno grupo de alunos, nas dependências da escola. Este foi o primeiro passo para a criação do curso noturno. O curso de Suplência foi consolidado em 1996 e em 2003 passou a ter Educação de Jovens e Adultos (EJA).
A escola conta hoje com 23 turmas de 1º e 2º ciclos, 1 turma de Entrelaçando (Fase I e Fase II), 4 turmas de EJA, 1 turma do Programa Floração e uma Unidade Municipal de Educação Infantil – UMEI Alto Vera Cruz, com início das atividades em agosto/2014; além de ter, desde 2007, o Programa Escola Integrada, atendendo mais de 340 alunos em 2014. Por ter como característica marcante sua interação com a comunidade, a escola desenvolve ainda várias atividades como: Programa Escola Aberta, Programa Fica Vivo e disponibilidade do espaço físico para cursos, eventos religiosos, comemorações de aniversário e outros.
As duas comunidades com maior número de alunos atendidos pela Escola Municipal George Ricardo Salum são Taquaril e Alto Vera Cruz, que estão localizadas na região leste de Belo Horizonte. Suas áreas fazem limite com os municípios de Sabará e Nova Lima, situadas entre o leito do Ribeirão Arrudas e a Serra do Curral. Os moradores, em sua maioria, são de origem rural vindos do interior do Estado. Algumas ocupações começaram de forma irregular e depois foram oficializadas pelo poder público, mas grande parte continua até hoje sem qualquer registro.
O Taquaril é um bairro relativamente novo, com pouco mais de 25 anos de criação. A ocupação da área se deu por volta de 1987. Anteriormente, a área pertencia à Rio Empreendimentos e foi vendida para a então Companhia de Desenvolvimento Urbano de Belo Horizonte – CODEURB. Já existiam as vias principais, rede de energia elétrica e até uma barraca da Polícia Militar para impedir as ocupações.
As pessoas da comunidade começaram a se reunir com o “Movimento dos Sem Casa” para criar estratégias de pressão, junto ao poder público.
Foram feitas as primeiras manifestações e caminhadas até a Prefeitura para exigir a liberação e demarcação dos lotes. Do movimento formado por cerca de 600 moradores surgiu o Centro Comunitário Pró-Construção e Desenvolvimento do Taquaril – CECOM/PCD/TECA. A Prefeitura repassou áreas para as sete associações existentes que demarcaram os lotes em regime de mutirão, sem a mínima infraestrutura necessária.
Além da conquista de lotes, ocorreram muitas invasões em áreas sem condições para construção e, portanto, consideradas áreas de risco. As famílias chegaram com barracas de lona e aos poucos foram construindo seus barracos.
Algumas obras do bairro foram conquistadas como a construção de escolas, centros de saúde e pavimentação de ruas, eleitas através do Orçamento Participativa da Prefeitura de Belo Horizonte. O comércio também se desenvolveu muito nos últimos anos com a abertura de armazéns, bares e mercados.
O bairro Alto Vera Cruz foi ocupado sem qualquer infraestrutura ou saneamento básico. Aos poucos as áreas vagas foram preenchidas. Antes da formação do bairro, havia antigas fazendas das famílias Necésio Tavares, Marçola e Jonas Veiga.
Parte dessas terras foi vendida para a Companhia Mineira de Terrenos – COMITECO, que cedeu um trecho para a FERROBEL, empresa que fazia a exploração de minério e, em troca, se comprometia a executar a urbanização da área explorada. O compromisso da FERROBEL nunca foi cumprido, deixando no lugar as marcas da área explorada, exibindo buracos por todo o terreno. A COMITECO tinha uma dívida com o Instituto de Aposentadoria e Pensão do Industriário – IAPI, que foi liquidada com a transferência para o Instituto de mais de 600 lotes no antigo Parque Vera Cruz, também conhecido na época como Alto dos Minérios ou Flamengo.
Por volta dos anos 60, surgiram as primeiras manifestações religiosas e culturais. Alguns serviços sociais foram implantados pelos Freis Capuchinhos. Eles construíram a primeira igreja com painéis de compensado em 1968.
O auge do povoamento da região ocorreu na década de 60, com ocupação dos lotes por trabalhadores, na maioria da construção civil. Uma das lutas mais antigas foi pela construção da ponte sobre o córrego Jequitinhonha, hoje canalizado, para permitir o acesso de veículos até o bairro. Foi nesse período que se iniciou o processo de urbanização, infraestrutura e serviços para a comunidade. A E. E. Engenheiro Prado Lopes foi a primeira escola a ser fundada, em 1961, seguida pela E. E. Necésio Tavares, em 1963, a E. M. Israel Pinheiro, em 1976, a E. M. George Ricardo Salum, em 1979 e a E. M. Prof. Alcida Torres, em 1985.
No fim da década de 80, o bairro Alto Vera Cruz já contava com uma organização comunitária significativa: sete associações comunitárias e vários grupos de cultura, esporte e lazer.
Portanto, é pautado nesse contexto que se pretende elaborar o PPP para a Escola Municipal George Ricardo Salum. São vários os desafios e diversidade de situações, entre as quais, destacam-se as sociais, econômicas e políticas que carecem de uma atenção especial. No plano educacional, espera-se que, a partir da execução da proposta, possa haver uma resposta prática positiva na vida da comunidade escolar envolvida nessa realidade.
Tal desafio é que instiga e motiva os educadores, profissionais e parceiros da escola, além de todos os demais segmentos, a pensar, com a comunidade escolar, em propostas exequíveis e ações afirmativas que possam beneficiar todos os envolvidos, tanto quem elabora esse Projeto, quanto quem será beneficiário, direta ou indiretamente pelo mesmo.