HISTÓRIA E O HISTORIADOR
É uma ciência que estuda as ações dos seres humanos e da natureza, no tempo e no espaço e esse estudo envolve as realizações humanas, as transformações naturais, as transformações sociais, assim como as permanências (aquilo que pouco mudou ao longo do tempo).
O HISTORIADOR investiga e interpreta as ações humanas que, ao longo do tempo provocaram mudanças e continuidades em vários aspectos da vida pública ou privada: Seja na economia, nas artes, na política no pensamento, nas formas de ver e de sentir o mundo, no cotidiano.
O trabalho do historiador consiste em perceber e compreender esse processo histórico.
O TERMO – HISTÓRIA
Os gregos foram os primeiros a utilizá-lo: histor, originalmente, significava aquele que apreende pelo olhar, aquele que sabe o testemunho, aquele que testemunhou com seus próprios olhos os acontecimentos.
“História” (“his” + “oren”) significava apreender pelo olhar aquilo que se sucede dinamicamente, ou seja, testemunhar os acontecimentos, a realidade.
Por influência de Heródoto, que deu o título de Histórias ao resultado de suas pesquisas acerca das Guerras Médicas, o termo assumiu o sentido particular de busca do conhecimento das coisas humanas, do saber histórico.
História passou a significar a busca, a pesquisa e também os resultados compilados na obra histórica.
PROCESSO HISTÓRICO
É o relacionamento do ser humano com a natureza, ou dos indivíduos entre si.
Determinando as leis de movimento da história e relacionar com o conjunto de transformações que podem ser:
QUANTITATIVAS:
Provocadas pelo aumento dos volumes e proporções (aumento populacional, de cidades,...)
QUALITATIVAS:
Ocorridas devido ao surgimento de novas condições, são as mudanças que se refletem imediatamente na totalidade da sociedade (fogo, renascimento, revolução industrial,...)
O processo histórico é representado por acontecimentos, cada fato é a sequência ou sucessão, do que já ocorreu. O processo histórico se transforma, deixa de ser equilibrado, com as mudanças qualitativas, é um período de transição onde as transformações acontecem rapidamente.
FUNÇÃO DA HISTÓRIA
A História nos auxilia a conhecer o passado e, assim, compreender melhor o presente e desse modo, nos tornamos mais capazes de agir para transformar a sociedade dando consciência aos seres humanos do seu poder de transformar a realidade.
FONTES HISTÓRICAS
São os vestígios, disponíveis, utilizados pelo historiador para obter informações, pistas sobre as ideias e realizações dos seres humanos no transcorrer do tempo.
Fonte histórica é tudo aquilo que traz informações sobre o passado, e que serve para a construção do conhecimento histórico.
Basicamente se dividem em ESCRITAS E NÃO ESCRITAS, embora atualmente essa divisão seja maior e mais detalhada.
FONTES HISTÓRICAS
FONTE ESCRITA: É a mais utilizada pelos historiadores, pois facilita compreensão do pensamento da época, livros, documentos, jornais, revistas.
FONTE ORAL: transmitida de geração a geração através de costumes, contos e lendas.
FONTES VISUAIS: Mapas, anúncios de publicidade, quadros e pinturas, fotografias.
FONTES SONORAS: Discos, trilhas sonoras, músicas, jingles.
FONTES ARQUITETÔNICAS: edificações, casas, castelos, monumentos, cemitérios.
FONTE MATERIAL: É a cultura material, móveis, joias, armas, vestimentas, instrumentos de trabalho, utensílios domésticos.
FONTE IMAGÉTICA: São a reprodução de pinturas, fotos antigas ou atuais, reprodução de cenas de filmes, de história em quadrinhos.
TEMPO
Sucessão de momentos, duração dos acontecimentos, percepções de mudanças, critérios pelos quais distinguimos acontecimentos anteriores, simultâneos ou posteriores.
Importante lembrar que o modo como medimos o tempo – o relógio, por exemplo – não é universal.
Esse sistema não é valido para todas as épocas e todos os povos, é apenas uma possibilidade de medição desenvolvida pela nossa cultura, portanto uma construção histórica puramente convencional.
CONCEITOS
TEMPO CRONOLÓGICO
É uma invenção que resulta de uma combinação de fatores, onde cada povo escolheu uma data importante para dar início a seus calendários.
Os Judeus começam a contar o tempo a partir da criação do mundo, que segundo eles se deu no ano 3760 a.C.
Já os muçulmanos a partir da fuga de Maomé de Meca para Medina a “Hégira” em 622
Os Cristãos, por sua vez, escolheram o nascimento de Cristo para dar início à contagem do tempo.
TEMPO HISTÓRICO
É o tempo das transformações, das mudanças e das permanências e continuidades que se verificam nas sociedades humanas ao longo do tempo.
CONCEITOS
TEMPO DA NATUREZA
É a organização e divisão do tempo baseado nos fenômenos naturais, como o nascer do sol, as fases da lua, a época das chuvas e etc.
TEMPO DA FÁBRICA
Surge no século XVIII com a revolução industrial, e os horários eram rigidamente controlados, e os operários associavam o tempo com a vida deles dentro das fábricas.
TEMPO DA INFORMÁTICA
Com os avanços e a popularização da informática e das telecomunicações, criou-se uma nova maneira de perceber e sentir o tempo.
CALENDÁRIO
Organização do tempo em unidades – SEMANA, MÊS, ANO.
É uma criação sociocultural ligada a diversos fatores como crenças religiosas, valores sociais, observações astronômicas e etc.
Diferentes povos criaram diferentes calendários de acordo com seus conhecimentos e critérios.
Supõe-se que o primeiro foi criado pelos CHINESES, EGIPCIOS ou SUMÉRIOS, entre 3000 e 2000 a.C com base na observação do sol e da lua.
O CALENDÁRIO CRISTÃO
Atualmente o calendário cristão é o mais utilizado no mundo, embora nem todos os povos o tenham adotado.
Tem como marco básico da contagem do tempo o nascimento de Cristo e segundo esse calendário as datas anteriores a esse fato recebem a abreviatura a.C. (antes de cristo)
No calendário cristão o ano fixado para o nascimento de Cristo era o ANO UM (1) DA ERA CRISTÃ, e não o ano zero, isso porque o conceito de ZERO ainda era pouco difundido na Europa ocidental.
O calendário gregoriano é utilizado oficialmente pela maioria dos países e foi promulgado pelo Papa Gregório XIII em 24 de Fevereiro do ano 1582 pela bula Inter gravissimas em substituição do calendário Juliano implantado por Júlio César (100–44 a.C.) em 46 a.C.
“Como convenção e por praticidade, o calendário gregoriano é adotado para demarcar o ano civil no mundo inteiro, facilitando o relacionamento entre as nações.”
Essa unificação decorre do fato de a Europa ter, historicamente, exportado seus padrões para o resto do globo.
O TEMPO E SUAS DURAÇÕES
CURTA DURAÇÃO – Fato breve, com data e lugar determinados. Ex. Eleição de um presidente.
MÉDIA DURAÇÃO – Fenômenos conjunturais que resultam de flutuações no interior de uma estrutura. Ex. Revolução francesa.
LONGA DURAÇÃO – Fenômenos estruturais como o cristianismo ocidental ou o capitalismo, é a articulação de um modo de produção.
DECÁCADAS - Dez em dez anos
SÉCULOS - Cem em cem anos
MILÊNIOS - Mil em mim anos
GERAÇÃO - Período entre 25 e 30 anos (período médio onde os indivíduos constituem família)
IDADE – Espação de tempo onde ocorreram fatos importantes pra história. (idade média, idade moderna)
ÉPOCA – Período iniciado por um fato importante. (época do renascimento)
PÉRIODO – É o espaço de tempo entre dois acontecimentos. (período helenístico)
ETAPA – É a parte de um processo que se realiza de uma só vez.
FASE – É um estado transitório, menor que a etapa ou o período. (fases da revolução francesa)
CONTAGEM DOS SÉCULOS
O “século” é a unidade de tempo muito utilizada nos estudos da história e se indicam em algarismos romanos
1 século = 100 anos, começando do 1 e terminando no ZERO.
Ex. De 1401 até 1500 é SÉCULO XV.
Se os dois últimos números forem iguais à zero DEIXA COMO ESTÁ
Ex. Ano 2000 é SÉCULO XX.
Se os dois últimos números for diferente de zero SOMA 1 ao número de centenas.
Ex. Ano 1789 é SECULO XVIII.
PERIODIZAÇÃO
Para organizar a compreensão dos estudos históricos, as periodizações foram criadas para ordenar os acontecimentos e temas analisados.
Importante lembrar que as periodizações históricas estão de acordo com o ponto de vista de quem as elaborou.
Além do mais, adotam certos fatos como marcos dos períodos, dando a errônea ideia de ocorreram repentinamente e não sendo parte de um processo longo e gradativo.
A LINHA DO TEMPO - TRADICIONAL
OS MODOS DE PRODUÇÃO
São formados pelo conjunto das forças produtivas e pelo conjunto das relações de produção, na sua interação, num certo estágio de desenvolvimento.
Simultaneamente designam as condições técnicas e sociais que constituem a estrutura dum processo historicamente determinado.
IMPORTANTE: “A maneira como as forças produtivas, relações sociais e a forma da apropriação dos produtos excedentes do trabalho estão combinadas determina um sistema especifico.”.
MODO DE PRODUÇÃO = FORÇAS PRODUTIVAS + RELAÇÕES DE PRODUÇÃO
MODO DE PRODUÇÃO COMUNAL PRIMITIVO
É considerado o primeiro modo de produção da história.
Iniciou-se a partir da época em que o homem deixou de ser nômade e passou a plantar e caçar. Tal modo se baseia no uso coletivo dos meios de produção, nas relações familiares e no cooperativismo, semelhantemente ao que ocorre em muitas aldeias indígenas.
Assim, no modo de produção comunal primitivo, não havia propriedade privada, uma vez que todos os bens e modos de produção eram coletivos.
MODO ASIÁTICO DE PRODUÇÃO
Presente principalmente nas civilizações da antiguidade, como Egito e Mesopotâmia. Foi marcado pela existência de um Estado forte que apresentava mecanismos burocráticos e eficientes com o fim de submeter toda a sociedade ao seu poder.
Todos os bens e meios de produção eram pertencentes ao Estado, sendo este encarnado pelo rei, imperador, etc.
MODO DE PRODUÇÃO ESCRAVISTA
Diferentemente do comunal primitivo, o modo de produção escravista foi o primeiro a estabelecer o conceito de propriedade privada. Os senhores, a minoria, eram proprietários dos escravos. As relações aqui não são de cooperação, como no modo comunal primário, mas sim, de domínio e sujeição, uma vez que os escravos eram vistos como instrumentos, como objetos, animais, etc.
MODO DE PRODUÇÃO FEUDAL
Predominante na Europa ocidental entre os séculos V e XVI, foi marcado pelas relações entre senhores e servos. Os senhores eram os donos da terra e do trabalho agrícola do servo, contudo, os servos não eram vistos apenas como objetos, como no modo escravista. O servo tinha o direito de cultivar um pedaço de terra cedido pelo senhor e viver ali com sua família. Em troca, ele pagava impostos, rendas, além de trabalhar para o senhor. Os senhores feudais tinham certa independência em relação ao sistema político presente, visto que possuíam seus próprios exércitos.
MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA
O capitalismo é um sistema econômico em que os meios de produção e distribuição são de propriedade privada e com fins lucrativos; decisão sobre oferta demanda preço, distribuição e investimentos não são feitos pelo governo, os lucros são distribuídos para os proprietários que investem em empresas e os salários são pagos aos trabalhadores pelas empresas.
É dominante no mundo ocidental desde o final do feudalismo.
O termo capitalismo foi criado e utilizado por socialistas e anarquistas (Karl Marx, Proudhon, Sombart) no final do século XIX e no início do século XX, para identificar o sistema político-econômico existente na sociedade ocidental quando se referiam a ele em suas críticas, porém, o nome dado pelos idealizadores do sistema político-econômico ocidental, os britânicos John Locke e Adam Smith, dentre outros, já desde o início do século XIX, é liberalismo.
O que caracteriza o modo de produção capitalista são as relações assalariadas de produção (trabalho assalariado). As relações de produção capitalistas baseiam-se na propriedade privada dos meios de produção pela burguesia, que substituiu a propriedade feudal, e no trabalho assalariado, que substituiu o trabalho servil do feudalismo. O capitalismo é movido por lucros, portanto temos duas classes sociais: a burguesia e os trabalhadores assalariados.
O capitalismo compreende quatro etapas:
Pré-capitalismo: o modo de produção feudal ainda predomina, mas já se desenvolvem relações capitalistas.
Capitalismo comercial: a maior parte dos lucros concentra-se nas mãos dos comerciantes, que constituem a camada hegemônica da sociedade; o trabalho assalariado torna-se mais comum.
Capitalismo industrial: com a revolução industrial, o capital passa a ser investido basicamente nas indústrias, que se tornam à atividade econômica mais importante; o trabalho assalariado firma-se definitivamente.
Capitalismo financeiro: os bancos e outras instituições financeiras passam a controlar as demais atividades econômicas, através de financiamentos à agricultura, a indústria, à pecuária, e ao comercio.
MODO DE PRODUÇÃO SOCIALISTA
A base econômica do socialismo é a propriedade social dos meios de produção, isto é, os meios de produção são públicos ou coletivos, não existindo empresas privadas. A finalidade da sociedade socialista é a satisfação completa das necessidades materiais e culturais da população: emprego, habitação, educação, saúde. Nela não há separação entre proprietário do capital (patrão) e proprietários da força do trabalho (empregados). Isto não quer dizer que não haja diferenças sociais entre as pessoas, bem como salários desiguais em função de o trabalho ser manual ou intelectual.
Socialismo refere-se a qualquer uma das várias teorias de organização econômica advogando a propriedade pública ou coletiva e administração dos meios de produção e distribuição de bens e de uma sociedade caracterizada pela igualdade de oportunidades/meios para todos os indivíduos com um método mais igualitário de compensação. O socialismo moderno surgiu no final do século XVIII tendo origem na classe intelectual e nos movimentos políticos da classe trabalhadora que criticavam os efeitos da industrialização e da sociedade sobre a propriedade privada. Karl Marx afirmava que o socialismo seria alcançado através da luta de classes e de uma revolução do proletariado, tornando-se a fase de transição do capitalismo para o comunismo.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
REVOLUÇÃO – Ocorrem quando fatos significativos acontecem próximos uns dos outros acelerando as transformações sociais, políticas, econômicas, culturais e até religiosas.
MODO DE PRODUÇÃO – Conceito que permite pensar o modo de organização da vida em que a economia exerce papel determinante.
SISTEMA – Equivalente ao MODO DE PRODUÇÃO, mas consiste na ideia de uma combinação de partes que mantêm relações necessárias entre si. O sistema inclui bases materiais, relações sociais e um conjunto de padrões de comportamento.
ESTRUTURA – Forma pela qual se articulam as partes de um modo de produção ou sistema.
CONJUNTURA – Palavra que designa mudanças momentâneas indicando fragmentos mensuráveis: Salários, taxas demográficas e etc.
PROCESSO - Compreende-se processo o conjunto de acontecimentos, cujo encadeamento permite compreender a situação no tempo atual do sujeito agente e sua possível projeção no futuro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
JÚNIOR, Alfredo Boulos. 360° História sociedade & cidadania. Volume 1, 2.ed. São Paulo: Ftd, 2015.
JÚNIOR, Alfredo Boulos. 360° História sociedade & cidadania. Volume 2, 2.ed. São Paulo: Ftd, 2015.
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COTRIM, Gilberto. História Global Brasil e Geral. 8.ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
ARRUDA, José Jobson de; PILETTI, Nelson. Toda a História: História geral e história do Brasil. 6.ed. São Paulo: Ática, 1996.
WRIGHT, Edmund; LAW, Jonathan. Dicionário de História do Mundo. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.