2º Bimestre 

4º TERMO

**O Perigo do Extremismo Político para a Democracia Moderna**


No cenário político atual, tanto o extremismo de esquerda quanto o de direita representam ameaças significativas para a estabilidade e saúde da democracia. Ambos os extremos tendem a adotar uma abordagem polarizadora, minando o diálogo construtivo e promovendo uma visão sectária da sociedade.


O extremismo de esquerda muitas vezes se manifesta através de ideologias radicais que defendem uma redistribuição extrema de riqueza e uma intervenção estatal excessiva. Enquanto isso, o extremismo de direita pode se caracterizar por uma ênfase excessiva na ordem e na autoridade, muitas vezes acompanhada de xenofobia e nacionalismo extremo.


As redes sociais e os algoritmos desempenham um papel significativo na propagação e amplificação dessas ideologias extremistas. As plataformas de mídia social frequentemente utilizam algoritmos que favorecem conteúdos polarizadores, pois tendem a gerar mais engajamento. Isso cria bolhas de filtro onde os usuários são expostos principalmente a opiniões que confirmam suas crenças existentes, alimentando assim a radicalização.


Além disso, as redes sociais fornecem um espaço para a disseminação rápida de desinformação e teorias da conspiração, alimentando ainda mais a polarização e minando a confiança nas instituições democráticas.


Para proteger a democracia moderna, é essencial promover o pensamento crítico, o debate saudável e a compreensão mútua. Isso envolve a regulamentação responsável das redes sociais para combater a disseminação de conteúdo extremista e desinformação, bem como o incentivo à educação cívica e ao engajamento político construtivo. Somente assim podemos garantir que a democracia continue a prosperar em face das ameaças do extremismo político.


Q

As lições que vêm do Sul

Claudio LottenbergColunista convidado

16/05/2024 04h00


O judaísmo nos oferece um conceito extremamente útil no momento em que enchentes avassaladoras submergem o Rio Grande do Sul. Tzedaká, a ajuda aos necessitados, é uma obrigação ética e religiosa. A palavra expressa o conceito de caridade, mas, de fato, sua tradução é, literalmente, justiça.

Logo, quando doamos roupas, mantimentos, remédios, dinheiro ou trabalho para socorrer quem precisa, estamos fazendo o que deve ser feito. Para os religiosos, a missão da Tzedaká é restituir a um ser humano a dignidade que Deus lhe deu. Não é favor. É um compromisso inadiável e uma oportunidade de construir uma ponte entre a injustiça e a justiça.

Desde que as enchentes desabrigaram centenas de milhares de gaúchos e tiraram as vidas de mais de 140 pessoas, a comunidade judaica vem atuando permanentemente. Há quem defenda que esse tipo de ação não deva ser divulgado, porque "dizer que fez" pode ser confundido com tentativa de autopromoção. De fato, o foco não somos nós, mas os 

Por outro lado, no próprio judaísmo, há estudiosos que sustentam outra tese: contar o que está sendo feito é uma prestação de contas, além de inspirar mais gente a fazer o mesmo. Em suma: o importante é fazer. A dor e as necessidades dos gaúchos são gigantescas e incomparáveis. Omitir-se é inaceitável.

As comunidades judaicas gaúcha e brasileira estão atuando em conjunto com incontáveis segmentos culturais, étnicos, religiosos, profissionais, econômicos e acadêmicos nesse imenso esforço de socorro e de reconstrução. Não há protagonismo, mas sim soma.

Por iniciativa da Federação Israelita do Rio Grande do Sul e com apoio do Confederação Israelita do Brasil, foi arrecadado mais de R$ 1 milhão, que será investido, prioritariamente, em ações emergenciais e na reestruturação das escolas atingidas pelas enchentes.

Além disso, 18 mil kits com refeições, organizados pelos residentes do asilo de idosos da comunidade judaica gaúcha, alguns deles quase centenários, foram entregues à Defesa Civil. Purificadores de água, tão necessários nesse momento, estão sendo trazidos de Israel.

Há centenas de voluntários judeus trabalhando anonimamente, ao lado de outros irmãos gaúchos, em abrigos, operações de resgate, hospitais e campanhas de arrecadação. Há doações de indivíduos e de empresas ligadas à comunidade judaica de todo o país chegando diariamente ao Rio Grande do Sul. Muitos pedem que seus nomes não sejam mencionados, nem internamente.

Infelizmente, a dor nos oferece algumas lições. No caso das enchentes gaúchas, a união em torno da vida, da dignidade, da liberdade e do futuro supera o radicalismo, o oportunismo, o egoísmo e o preconceito. Lado a lado, gaúchos e brasileiros mostram ao mundo que trabalhar em conjunto é a única solução. Fica aqui a nossa solidariedade, nosso respeito e o nosso orgulho de fazer parte desse gigantesca corrente de Tzedaká.


* Claudio Lottenberg é presidente da Confederação Israelita do Brasil e presidente da Conib (Confederação Israelita do Brasil)

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Fonte: https://noticias.uol.com.br/opiniao/coluna/2024/05/16/as-licoes-que-vem-da-onda-de-solidariedade-ao-rio-grande-do-sul.htm acessado em 16/05/2024